Laços de Uma Paixão: Apaixonada por Um Cowboy
Laços de Uma Paixão: Apaixonada por Um Cowboy
Por: L.Crowe
Prólogo

O som das minhas botas ecoa pelo piso de madeira da varanda. Observo os vidros das janelas levemente embaçados; parece tudo normal. O inverno impiedoso e rigoroso já começa a se mostrar, e as nuvens pesadas e escuras cobrem praticamente toda a paisagem de Jackson.

Observo a porta entreaberta, e um ar quente é emanado de dentro da casa.

Voltar para casa depois de dois anos deveria ser reconfortante. Mas tudo estava igual – e eu, completamente diferente. Antes, achei que faria medicina pelo resto da vida. Agora, nem sei direito o que estou fazendo aqui.

— Filha? — Escuto a voz rouca do meu pai vinda da cozinha. — Ellie! Que bom que voltou!

Sorrio, vendo o velho barrigudo que meu pai se tornou durante minha ausência.

— Jimmy Carter! — Exclamo seu nome, sabendo que ele não gosta que o chame assim. — Como você está, pai?

Ele sorri, mostrando como o tempo foi cruel. Estava em Denver estudando por dois longos anos, mas sempre fui incentivada a estudar. O problema é que não o vejo há muito tempo. Meu pai é fazendeiro há pelo menos trinta anos, e ele não teve tempo nem de se cuidar, quem dirá de me visitar. De certa forma, não me importo com isso; ainda continuo amando muito ele.

— Estou bem. Estamos com o estrangeiro em casa — Ele murmura, me olhando. — Acho que ele é brasileiro. Veio me ajudar com os bois; ele tem um pouco mais de experiência que nossos conterrâneos — disse, sorrindo.

Pelo que conheço do meu pai, ele é um velho caquético e quase colocando as botas no túmulo.

— Que ótimo, então ele está morando aqui com você e a mamãe? — Pergunto. Meu pai assente com a cabeça. — E por falar nela, onde está?

Meu pai respira fundo e me olha.

— Com as amigas em um bar na cidade. Eu nem ouso perguntar mais que isso — sorri. — Vamos, entre, está congelando aí fora.

Assenti e o segui até dentro de casa. Nada mudou. Parece que o cheiro amadeirado continua. As cobertas felpudas sobre as poltronas permanecem, e os bifes grandes e largos descongelam para o almoço sobre a bancada da cozinha. Fico feliz em ver que tudo continua igual.

A casa é, e sempre foi, incrível. Toda feita de carvalho, com decorações rústicas, como chifres e cabeças de veado na parede. Meu pai sempre gostou muito disso, e me impressiona que minha mãe ainda não os tenha tirado do lugar.

Há uma sala de estar, com poltronas de couro bastante confortáveis, ao lado também há uma cozinha americana, e o que separa os dois cômodos, é nada mais que um balcão.

Entre os cômodos tem uma escada, que sobe diretamente para o segundo andar, onde ficam dois quartos, um escritório e um banheiro, logo no fim do corredor. Não esquecendo de mencionar o lavabo logo abaixo da escada.

A fazenda fica no meio de uma clareira, e as árvores presentes estão um pouco distantes, assim como o celeiro. O único momento que usamos ele, é no inverno quando as temperaturas caem.

A porta da cozinha é virada para a varanda, então a vista das montanhas congeladas é quase que como uma TV.

— Como foi o inverno do ano passado? — Pergunto, mas antes que ele possa responder, alguém me interrompe.

— Perdemos diversas vacas pelo frio — Uma voz grossa, um tanto insolente, veio de trás de mim.

Assim que me virei, obtive uma visão melhor do dono da voz insolente. Um homem de um metro e noventa, pele bronzeada e cabelos cacheados. Sua barba levemente crescida, em tons escuros, esconde um pouco do seu rosto, e o boné que usa também cobre parte dos seus olhos. Ele me olha com desdém e parece não se importar muito com minha presença.

Seus lábios não são finos, mas também não são muito grossos. Seus olhos são castanho-esverdeados e seu nariz, fino e delicado para um homem, me faz pensar que ele deveria ser modelo ao invés de fazendeiro.

— E quem é você? — Pergunto, o observando, um pouco desconcertada com sua postura. Ele sorri, mostrando seus dentes naturais, perfeitamente brancos.

— James Callahan. Sou assistente do seu pai — Ele diz, me observando.

— Ah, é o especialista em bois, certo? — Ele assente com a cabeça. — É bom que esteja aqui — Murmuro, sem demonstrar nenhuma emoção. — Pai, onde vou ficar?

Ele me observa por alguns segundos, e um sorriso surge em seu rosto, como se estivesse se divertindo com a minha reação.

— Como você não estava na cidade, coloquei James no seu quarto, mas vou arrumar algo para você — Meu pai murmura. — Me dê um momento. Enquanto isso, vá atrás dos seus animais, eles sentem sua falta.

Assenti com a cabeça. Observei James, ainda parado onde estava, apenas encostado em uma pilastra de madeira com os pés cruzados.

Saí da casa em direção ao celeiro, onde encontrei meu cavalo, um belo garanhão de pelagem preta. Ele estava muito bem cuidado, já estava com saudades do Black Jack.

— Eu cuidei dele enquanto esteve fora — James murmura, sua voz baixa. — Vamos até a cidade, seu pai quer que compremos mais algumas coisas para reforçar as cercas com a chegada da neve.

Assenti com a cabeça e o segui até a caminhonete. Me sentei no banco do motorista enquanto ele dirigia. Moramos um pouco distante da área comercial, então não dava para ir andando.

— Está trabalhando há quanto tempo para meu pai? — Pergunto, quebrando o silêncio.

— Acho que tem um ano. Ele é um bom chefe, apenas um pouco ignorante — Murmurou. Assenti com a cabeça. — E você, Srta. Carter, o que faz de volta em Jackson?

— Boa pergunta, nem eu sei — Murmuro, de braços cruzados. — Quer dizer, desisti da medicina no segundo ano, não era para mim.

Ele assente com um sorriso ligeiro.

— Interessante — Ele murmura entre dentes, parecendo mais pensativo do que antes.

— O que foi? — Pergunto, me virando para ele, intrigada com o tom da sua resposta.

— Medicina é uma faculdade muito importante, acho curioso alguém desistir no meio do caminho — Ele murmura, ainda com os olhos fixos na estrada.

Cruzo os braços e o olho com um olhar desconfiado.

— Acho que deveria parar de supor coisas sobre mim. Não me conhece nem há uma hora — Murmuro, e ele me lança um olhar rápido antes de desviar os olhos novamente para o para-brisa.

— Não conheço você, mas conheço sua família e sei bem onde estou me metendo — Ele murmura. — Não espere que eu seja um príncipe com você só porque seu pai é meu chefe. Vou te tratar da mesma forma que todo mundo.

Argh! Como ele pode ser tão arrogante? Essa audácia me irrita, mas ao mesmo tempo, fico curiosa sobre o que ele realmente pensa. Eu não sou uma patricinha qualquer, mas ele não sabe disso. E, sinceramente, não sei o que mais me incomoda: o tom de superioridade dele ou o fato de que ele está me fazendo questionar quem eu realmente sou.

A caminhonete estaciona em frente a uma loja de materiais de construção, mas vejo que, logo ao lado, há um bar. Tinha esquecido das coisas dessa cidade.

Desço do carro e vou direto para a porta do bar. Em uma mesa de quatro mulheres, acabo encontrando minha mãe. Ela toma uísque puro em um copo baixo, com uma pedra de gelo. Está sentada em uma banqueta com um vestido de franjas, nele há uma fenda lateral, que acaba mostrando um pouco das suas pernas, e também suas botas de bico fino e cano alto. Sobre seus ombros, há uma jaqueta jeans, que ela não veste, mas mantém as costas aquecidas.

— Ellie? — Ela pergunta, se levantando e vindo em minha direção. — Chegou cedo, minha filha.

Minha mãe sempre me visitava na faculdade, e quando desisti do curso, ela estava lá para apoiar. Quando saí de casa para tentar ser médica, tinha dezoito anos, e agora, com vinte, me sinto mais perdida do que antes.

— O voo adiantou um pouco. James está na loja aqui do lado, passei apenas para te dar um oi — Sorrio e em seguida a abraço.

— Mais tarde estarei em casa para o jantar — Ela diz e volta para a mesa.

O casamento da minha mãe com meu pai é bem difícil. Ela parece não se importar, e mesmo que ame meu pai, as coisas não vão bem há anos. Eles parecem “empurrar com a barriga” por minha causa. É difícil conviver no meio de um casal que briga o tempo todo.

Volto para o lado de fora e vejo James comprando o reforço para as cercas. Em seguida, colocamos os materiais na carroceria da caminhonete e voltamos para casa. Assim que desço em direção à fazenda, vejo meu pai passando com alguns pedaços de madeira. Eu apenas observo.

— Para que são esses pedaços de madeira? — Pergunto, curiosa.

Meu pai me olha incrédulo.

— Como para o quê? Estou montando uma beliche para vocês dois! — Ele exclama, e agora, quem está boquiaberta sou eu.

— Pai, não pode me colocar para dormir com um desconhecido! — Exclamo, ainda atordoada pela minha descoberta.

Cruzo os braços e o observo, mas ao perceber que pareço uma criança mimada, os desfaço.

— Prefere dormir no celeiro? — Ele pergunta, contente. Eu apenas nego com a cabeça e respiro fundo.

— Ótimo! — Ele responde, satisfeito.

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