Zara se esquivou.O vaso caiu no chão e se despedaçou em mil pedaços, espalhando lascas afiadas que cortaram sua perna. O sangue começou a escorrer imediatamente, mas ninguém parecia se importar com isso naquele momento.Carlos apontou para ela com o dedo, o rosto vermelho de raiva:— Foi de propósito, não foi? Você fez isso na frente de todo mundo para se destruir de vez, só para que toda a Cidade N saiba que você é uma vagabunda, não é?! Como eu pude criar uma filha tão sem vergonha como você? Se eu soubesse que seria assim, deveria ter te matado com minhas próprias mãos no dia em que você nasceu! Nunca deveria ter trazido você de volta para casa, para manchar o nome da família Garcia!O silêncio tomou conta do ambiente. Ninguém ousava dizer uma palavra. A voz de Carlos ecoava pelo salão de teto alto, como lâminas afiadas que cortavam Zara uma vez após a outra.Porém… ela não sentia mais dor. Nem um pouco. Nem sequer desviou o olhar de Carlos. Apenas ficou ali, imóvel, olhando-o dire
— Irmã, como você pode falar assim da mamãe? — Antes que Vera dissesse qualquer coisa, Fiona já tinha se aproximado, os olhos vermelhos, encarando Zara. — Ela realmente se preocupa com você! Você não pode pensar isso dela!Zara, no entanto, não queria mais prolongar aquela discussão. Para ela, olhar para aquelas pessoas já era repulsivo. Assim, ignorou completamente as palavras de Fiona, virou-se e começou a caminhar em direção à porta:— Irmã!Fiona parecia querer segui-la, mas Vera a segurou pelo braço. Então, gritou para as costas de Zara:— Muito bem! Zara, se você sair por essa porta, mesmo que morra de fome lá fora, não pense que pode voltar para cá!Ao ouvir isso, Zara deu uma pequena pausa nos passos. Por um instante, Vera achou que ela havia mudado de ideia. Mas, quando Zara se virou, foi apenas para responder com frieza:— Então, eu agradeço por isso.Seu tom era calmo, como sempre. Porém, para Vera, aquela calma parecia gélida… cruel. Como uma serpente venenosa que, com olha
Aquela pergunta de Orson pegou Zara completamente de surpresa. Por um momento, ela achou que tinha escutado errado.Demorou alguns segundos para se recompor, mas, quando finalmente conseguiu, deu um leve sorriso irônico:— Sr. Orson, perguntar isso agora… não acha que é um pouco tarde demais?Orson estreitou os olhos. Quando ela pediu o divórcio pela primeira vez, ele pensou que fosse apenas mais um de seus surtos emocionais. E, mesmo se fosse, ele estava disposto a tolerar aquilo uma única vez. Por isso, na segunda vez, ele simplesmente aceitou.Por orgulho? Talvez um pouco.Mas, naquele momento, ele tinha absoluta certeza de que ela se arrependeria. No entanto, agora parecia que ele estava errado.Sobre o passado dela, Orson já havia descoberto tudo nos últimos dias.O pai adotivo condenado à prisão. A mãe adotiva em coma no hospital.Nada disso ela havia compartilhado com ele.Foi só então que Orson percebeu algo desconfortável: ele nunca conheceu Zara de verdade.— Mas, seja qual f
Quando Zara voltou para casa, desabou diretamente na cama e adormeceu quase que instantaneamente. Não foi surpresa nenhuma que acabou caindo em um pesadelo. Quando acordou, o travesseiro estava encharcado, e o dia já havia amanhecido.Sentada na cama por alguns minutos, ela pegou o celular com uma certa hesitação. Tinha certeza de que seria bombardeada por mensagens e ligações. Porém, para sua surpresa… nada.Nenhuma notícia na internet, nenhum boato nos círculos que frequentava.Se fosse em outras circunstâncias, Ophelia já teria aparecido para zombar e provocar. Mas nem ela havia dado sinal de vida. Isso só podia significar uma coisa: a notícia tinha sido abafada. E, para conseguir fazer isso, só havia uma pessoa capaz.O pensamento mal surgiu na mente de Zara, e ela mesma o interrompeu imediatamente."Não pode ser."Mas, fora isso, ela não conseguia encontrar outra explicação.Nos dias seguintes, Zara continuou atenta a qualquer rumor ou fofoca, mas não encontrou nada relacionado a
Evander não esperou por uma resposta de Zara e continuou:— Você já ouviu, não é? Vou ficar noivo de alguém da família Garcia.Zara, que já havia cortado um pedaço do bolo com o garfo, parou seu movimento assim que ouviu aquelas palavras. Lentamente, colocou o garfo de volta no prato e assentiu com a cabeça.— Da Fiona. — Respondeu Zara. — Eu sei.— Ouvi dizer que você cortou todos os laços com a família Garcia. — Comentou Evander, abaixando os olhos. — Pensando bem, se isso não tivesse acontecido, talvez fosse você quem estaria no meu lugar agora.Dessa vez, Evander soltou uma risada. Mas, não importava o quanto tentasse, aquele sorriso não chegava aos olhos. Pelo contrário, seus lábios carregavam um amargo que parecia impossível de esconder.Zara hesitou por um momento, antes de responder:— Se você não está satisfeito, pode conversar com eles…Evander balançou a cabeça, interrompendo-a:— Desde que me trouxeram de volta, o objetivo sempre foi me espremer até a última gota. Sabia dis
A pergunta direta de Orson deixou Fiona hesitante. Ela abaixou a cabeça e, enquanto suas mãos brincavam nervosamente com a barra do vestido, respondeu em voz baixa:— Eu não sei ao certo... Mas, quando estávamos na escola... ele e minha irmã sempre se deram muito bem.Orson permaneceu em silêncio.Fiona, temendo que ele pudesse interpretar mal suas palavras, rapidamente acrescentou:— Mas Evander foi para o exterior logo depois, para estudar. Então, entre ele e minha irmã... não houve nada. Mesmo assim, sinto que não deveria estar noiva dele. Orson, você acha que sou egoísta? Que sou uma pessoa ruim? Minha família precisa de mim agora mais do que nunca, mas eu...Enquanto falava, os olhos de Fiona começaram a se encher de lágrimas. Orson não respondeu, apenas abaixou o olhar, perdido em seus próprios pensamentos.Fiona mordeu o lábio, hesitante, mas continuou:— Orson, na última vez... o que você e meu pai conversaram? Eu... eu realmente não quero me casar. Você pode me ajudar?Ela e
— Senhorita, por favor, tente se acalmar. Vamos conversar em um lugar mais... O funcionário do hotel ainda tentava conter Ophelia quando, de repente, a porta à frente se abriu. Zara estava lá. Seu cabelo estava um pouco bagunçado, o rosto levemente corado de forma incomum, mas seus olhos estavam frios como gelo:— Ah, então é aqui que você está! Sabia! E o seu amante? Evander está aí dentro? Me deixa entrar... — Gritou Ophelia.Zara ignorou completamente Ophelia. Em apenas alguns passos rápidos, ela já estava em frente a Fiona. Os movimentos de Zara foram tão rápidos que Fiona nem teve tempo de reagir. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Zara já havia arrancado o celular de sua mão.— Mana... Fiona mal havia começado a falar quando Zara apagou o vídeo que ela tinha acabado de gravar. Logo em seguida, com um gesto seco, atirou o celular ao chão, destruindo-o. — O que você pensa que está fazendo? — Gritou Ophelia. Ophelia, que inicialmente estava focada em entrar no quart
Zara endireitou o corpo e inclinou a cabeça para beijar os lábios do homem. Mas Orson virou o rosto rapidamente, desviando do beijo.O corpo de Zara pareceu ficar rígido por um breve instante, mas logo abaixou a cabeça e, com a ponta da língua, lambeu suavemente o pomo de Adão dele.O corpo de Orson imediatamente enrijeceu, e ele segurou o queixo dela com firmeza, obrigando-a a levantar o rosto.Os olhos de Zara estavam vermelhos, e seu cabelo, já solto e levemente úmido, fazia com que ela parecesse um pequeno gato indefeso perdido em uma noite de chuva.Orson franziu levemente as sobrancelhas.Mas Zara não parecia se importar. Sem hesitar, levou as mãos até o cinto dele e começou a desatar. Ele pensou em detê-la.Só que, de repente, o celular de Zara começou a tocar. Com um simples olhar, Orson viu o nome na tela: [Evander].O som familiar pareceu trazer um lampejo de racionalidade a Zara. Seu corpo tremeu levemente, e ela tentou se virar para pegar o celular, mesmo com a mão de Orson