Orson não respondeu. Ele apenas soltou a mão de Erwin e seguiu em frente. Erwin, porém, logo o alcançou. — Ok, não vamos mais falar disso. Agora, onde eu vou ficar? Na sua casa? — No hotel. — Orson respondeu sem expressão. Erwin deu de ombros, sem se importar. Orson tinha outras coisas para resolver e, naquele momento, nem cogitou levar Erwin ao hotel. No entanto, enquanto caminhava em direção a outro carro, ouviu a voz de Erwin novamente. — Ah, quase esqueci. Sua esposa também sabia que eu chegaria hoje. Inclusive, ela disse que quer me oferecer um jantar de boas-vindas. Você vai estar lá, certo? Orson se virou para encará-lo, com os olhos estreitos. Erwin sorriu. — Mas, se você não for, tudo bem. Nós podemos jantar a sós. Era óbvio que Orson jamais deixaria isso acontecer. Mais tarde, quando ele chegou ao restaurante e entrou na sala reservada, foi direto confrontar Zara: — Você não disse que não se encontraria com ele sozinha? O que é isso, então? Zara ficou
Assim que Zara terminou de falar, Erwin ficou surpreso por um instante, mas logo sorriu. — Claro. Eu já disse, se nós dois unirmos forças e destruirmos os negócios dele aqui, ele não terá escolha a não ser voltar comigo para os Estados Unidos. E você, finalmente, terá sua liberdade. Zara apenas sorriu. Mas aquele sorriso, visto pelos olhos de Erwin, o fez franziu levemente as sobrancelhas, incomodado. Foi então que Zara falou: — Mas eu acho que você não está realmente tentando me ajudar. — Ah, não? — Erwin perguntou, arqueando uma sobrancelha. — Fazer Orson perder as esperanças é algo muito simples. Basta você contar a ele que eu me aliei a você. Afinal, você sabe melhor do que eu o tipo de pessoa que ele é. Se você destruir os negócios dele aqui, ele vai te perdoar? Esse não é o resultado que você quer. Na verdade, tudo o que você precisa fazer é convencê-lo de que eu o traí. É isso que você tem tentado forçar de mim esse tempo todo, né? Assim, você pode dizer a ele que ni
Quando Orson percebeu que Zara e Erwin voltaram quase ao mesmo tempo, suas sobrancelhas se franziram imediatamente. — Onde vocês estavam? — Eu fui ao banheiro. Por acaso encontrei o Sr. Erwin no caminho. — Zara respondeu com naturalidade, sua expressão completamente tranquila. Além disso, estavam em Cidade N. Orson sabia que Erwin não faria nada fora do lugar ali. Mesmo assim, ele se sentia desconfortável. Após lançar um olhar de desconfiança para Erwin, Orson voltou para o salão privativo. Os pratos já haviam sido servidos. Erwin, como de costume, não gostava da comida portuguesa, mas, por cortesia, acabou comendo um pouco. O mesmo não aconteceu com o vinho. Ele e Orson beberam bastante. Quando Orson indicou que queria continuar, Zara imediatamente colocou a mão sobre o copo dele, impedindo-o de servir mais. — Já chega. Você não tem descansado direito ultimamente e, com todo esse álcool, seu corpo não vai aguentar. — Ela falou em um tom baixo, mas seu semblante estava sé
Embora os ferimentos de Marta fossem graves, não atingiram nenhum órgão vital. Depois de passar alguns dias no hospital, ela recebeu alta. Dessa vez, Orson não a deixou voltar para a Mansão Harris. Ele providenciou um lugar tranquilo e elegante para ela ficar. Coincidentemente, era final de mês, e Percival havia retornado a Cidade N para prestar contas. Orson então reservou uma mesa em um restaurante e sugeriu que fizessem um "jantar em família". Assim que Zara ouviu essa proposta, já teve um mau pressentimento. Afinal, os jantares da família Harris nunca terminavam de forma harmoniosa... Mas, como Orson já havia decidido, ela não teve escolha a não ser acompanhá-lo. Cidade N já estava oficialmente no inverno, e naquele dia a temperatura estava ainda mais baixa que no anterior. Antes de saírem, Orson fez questão de enrolar um cachecol em seu pescoço. O cachecol branco combinava perfeitamente com o casaco longo da mesma cor que ela usava. Orson, por outro lado, vestia um tra
Paula observava cada movimento de Orson com atenção. Quando ele começou a servir Zara, os olhos dela se estreitaram e sua expressão tornou-se visivelmente tensa. Somente quando Orson percebeu que Zara já havia comido o suficiente, ele finalmente se voltou para Percival. — A propósito, ouvi dizer que você está em contato com o pessoal da FlowFin. Como estão as coisas? Percival, que estava concentrado em sua refeição, congelou no mesmo instante. Ele levantou a cabeça, incrédulo, como se não acreditasse no que acabara de ouvir. Paula, por outro lado, parecia confusa. — O que é FlowFin? — Vovó, talvez a senhora ainda não tenha ouvido falar. — Orson sorriu de leve. — É uma empresa especializada em fluxo de capital. Basicamente, você pode usar suas ações como garantia com eles e, em troca, obter um grande fluxo de caixa. Se as ações subirem até certo ponto, você ainda pode receber dividendos. Mas, se caírem abaixo de um limite, eles podem, de acordo com o contrato, desmontar suas
Paula saiu rapidamente, batendo os pés com força enquanto deixava a sala. Percival ficou parado no mesmo lugar. Demorou um bom tempo até que ele finalmente processasse o que acabara de acontecer. Então, com passos rápidos, ele avançou e agarrou Orson pela gola da camisa. — Então você sabia de tudo... Você sempre soube, mas mesmo assim me deixou continuar. Você fez isso de propósito! Orson, no entanto, apenas sorriu. — Como um adulto, se você não tem nem o mínimo de autocontrole, vai culpar quem por isso? — Foi você quem armou essa armadilha! — Percival gritou, visivelmente abalado. — Talvez. — Orson respondeu calmamente. — Mas quem escolheu pular foi você. Eu não coloquei uma arma na sua cabeça e te obriguei a fazer nada. Enquanto falava, Orson ergueu a mão e começou a soltar os dedos de Percival, um por um, com calma. — Ah, e só para você saber, eu também tenho ações na FlowFin. — Orson sorriu de leve. — Esse “esquema” que você caiu foi feito sob medida para você. Incl
Naquele momento, os sentimentos de Orson estavam bastante confusos. E, ao ouvir a resposta "honesta" de Zara, suas sobrancelhas se franziram ainda mais. — Mas, no mundo dos negócios, não é sempre assim? — Zara continuou. — Ou você sobrevive, ou eu sobrevivo. Não tem nada a ver com ser cruel ou não. Quando ela terminou de falar, os lábios de Orson lentamente se curvaram em um sorriso discreto. Ele assentiu levemente. — E o que vai acontecer com ele depois? — Perguntou Zara. — Quem? O Percival? — Orson soltou uma risada curta. — Não vejo por que se preocupar. De uma coisa você pode ter certeza: ele não vai terminar bem. Com essas palavras, Zara entendeu tudo imediatamente e optou por não perguntar mais nada. No dia seguinte, Zara viu nos noticiários a repercussão sobre o Grupo Harris. As ações de Percival claramente haviam ultrapassado certos limites legais, entrando em zonas cinzentas que perturbavam o mercado de ações. E ele não era apenas um acionista comum do Grupo Harr
Zara não disse mais nada, mas o olhar silencioso que lançou para Fiona transparecia, aos olhos dela, algo entre desprezo e escárnio. Fiona não conseguiu evitar. Seu corpo começou a tremer, e seus dentes estavam cerrados de tanta raiva. Logo em seguida, porém, ela forçou um sorriso. — É mesmo? Que notícia maravilhosa... Eu realmente não sabia. Nesse caso, devo te dar os parabéns, não é? — Faça como quiser. — Zara respondeu com calma. — Para mim, não faz diferença nenhuma se você me parabeniza ou não. Fiona sentiu o peso do desprezo nos olhos de Zara. Era como se tudo pelo que ela havia lutado, tudo o que ela tentava conquistar, fosse absolutamente insignificante para aquela mulher. E, na verdade, era isso mesmo. Durante todos aqueles anos, Fiona tentou de tudo para conquistar Orson. Ela se dedicou, se esforçou, fez tudo o que podia para que ele olhasse para ela, para que ela pudesse ocupar o lugar de Zara no coração dele. Mas, no final, Orson ainda escolheu Zara. Agora,