— Se eu realmente tivesse seguido o plano dela e ido embora, isso não seria uma dupla traição para você? Além disso, agora o Percival está te observando de perto. Eu não teria coragem de te deixar enfrentar tudo isso sozinho. Então, mesmo que eu vá embora, não será agora. — Zara disse tudo de uma vez, sua voz firme e decidida. Seus olhos continuaram fixos nos de Orson, sem ardor, mas repletos de sinceridade e serenidade. Orson a encarou por alguns instantes e, de repente, sorriu. Dessa vez, foi um sorriso genuíno, vindo do fundo do coração. Os cantos de sua boca se ergueram, iluminando seu rosto de maneira tão radiante que ele parecia ainda mais encantador e impressionante. Zara ficou olhando para ele, seus olhos piscando levemente, como se fosse pega de surpresa por aquela expressão. Foi nesse momento que Orson estendeu a mão, segurou delicadamente seu queixo e a beijou. Dentro do carro, o beijo era suave e envolvente, transformando o inverno ao redor em algo caloroso e reconfor
— O que aconteceu? — Perguntou Zara. Orson permaneceu imóvel no banco, seu rosto pálido e rígido de forma assustadora. Zara não conseguiu conter a pergunta, e foi só então que Orson lentamente virou o rosto para olhá-la. Mas ele não respondeu. Em vez disso, deu uma guinada brusca no carro, retornando pelo caminho de onde haviam vindo. A velocidade insana com que ele dirigia fez Zara entender que algo muito grave havia acontecido, mas ela preferiu não perguntar. Apenas apertou o cinto de segurança com força e fixou os olhos na estrada à sua frente. Orson não dirigiu muito longe da Mansão Harris. Quando chegaram, a casa já estava em completo caos. Os gritos das empregadas ecoavam pela sala, enquanto Paula estava no meio do cômodo, batendo no peito com raiva e desespero. — Maldição! É uma verdadeira maldição! Eu já disse antes, alguém como ela não pode ficar aqui! Uma vez não foi suficiente, agora tem que fazer de novo? Ela quer arrastar toda a família Harris para o inferno!
Quando Zara segurou a mão dele, até ela se assustou. A mão de Orson estava gelada como gelo. Se ele não estivesse ali sentado bem ao lado dela, Zara poderia até ter pensado que ele já não estava mais respirando. Talvez fosse porque a temperatura do corpo de Zara estava alta, mas Orson pareceu hesitar por um instante. Então, ele lentamente virou a cabeça para olhá-la. — Você deveria voltar para casa. Eu fico aqui. — Não... Orson inicialmente quis recusar, mas, quando estava prestes a insistir, algo pareceu passar por sua mente. Ele curvou os lábios em um sorriso irônico. — É, faz sentido. Se ela acordar e me vir aqui, talvez nem fique feliz. Quem sabe não tente morrer de novo? Zara não respondeu, mas Orson rapidamente tomou uma decisão. — Melhor você vir comigo. Você também precisa descansar. — Não tem problema, eu posso descansar aqui. Além disso, se deixar só os enfermeiros aqui, você não vai conseguir ficar tranquilo, certo? Quando Zara terminou de falar, Orson fi
O quarto estava mergulhado em silêncio. Paula estava sentada na cama, com as mãos agarrando firmemente o cobertor. Após encarar Orson por alguns instantes, ela soltou uma risada repentina. — E então? Agora você está me ameaçando? Você acha mesmo que eu não tenho como lidar com você, seu moleque? Não se esqueça de que o Percival está no Grupo Harris. Se eu quiser, posso tirar tudo de você e entregar para ele! — Ah, o Percival. — Orson balançou a cabeça levemente, como se estivesse refletindo. — Então o problema está nele, né? — Não diga bobagens. — Paula tentou interrompê-lo, mas Orson continuou, sua voz tranquila e seu raciocínio afiado, como se estivesse montando um quebra-cabeça. — Mas isso não faz sentido. Ela já sabia da existência do Percival antes. Mesmo que a senhora tenha trazido ele de volta de repente, a reação dela não deveria ter sido tão extrema, a menos que haja algo sobre a origem do Percival que ela não sabia. As palavras de Orson caíram como uma bomba, e a
A pergunta deixou Zara sem resposta. Por sorte, o médico chegou rapidamente. Zara imediatamente se afastou, dando espaço para que ele se aproximasse e examinasse Marta. Marta, por sua vez, não disse mais nada. Ela apenas permaneceu deitada, deixando que fizessem o que fosse necessário. Seus lábios estavam firmemente cerrados, e os olhos continuaram fechados, recusando-se a colaborar. Zara ligou para Orson. No momento em que ele atendeu, sua voz ecoou pelo corredor. Zara levantou a cabeça. — Ela acordou? — Orson desligou o celular e perguntou diretamente, cara a cara. Zara assentiu lentamente. — Sim. Vá descansar. Eu vou conversar com ela. — Assim que terminou de falar, Orson se virou para entrar no quarto. Mas Zara segurou sua mão. Orson franziu o cenho, surpreso, e virou-se para ela. Quando seus olhos encontraram os de Zara, ele pareceu entender imediatamente o que ela queria dizer. Ele deu uma leve risada. — Não se preocupe. Vou falar com ela da melhor forma possí
Zara continuava parada na porta do quarto do hospital. Quando Orson saiu e a viu ali, ele ficou surpreso por um instante. Logo em seguida, franziu as sobrancelhas. — Por que você ainda está aqui? Zara não respondeu à pergunta dele. Em vez disso, olhou para dentro do quarto, tentando ver o que estava acontecendo. — Ela está dormindo. — Orson disse rapidamente, entendendo a preocupação dela. — Está tudo bem agora? — Zara perguntou. — O que vocês conversaram? Orson deu um leve sorriso e segurou a mão dela, puxando-a para que andasse com ele. — Me responde. — Zara insistiu, com o cenho franzido. — Estou muito cansado agora. Só quero voltar e descansar. — Respondeu Orson. — Depois que eu dormir, te conto. Orson claramente queria manter o suspense. Não importava quantas vezes Zara perguntasse, ele simplesmente se recusava a responder. No final, Zara desistiu de insistir. Quando Orson falou que precisava descansar, ele realmente a levou de volta para dormir. Zara tinha m
— É exatamente o que você está pensando. — Continuou Orson. Zara, no entanto, não conseguiu acompanhar. — O que eu estou pensando? — Hm? Depois de ver essa foto e o ano em que foi tirada, você não consegue deduzir nada? Zara respirou fundo. — Então... Quer dizer que seu pai conheceu a mãe do Percival primeiro, e ele se casou com sua mãe só por causa do rosto dela? — Isso mesmo. — Orson respondeu de forma direta. Algo que Zara inicialmente achava exagerado e absurdo acabou se confirmando como verdade. Ela abriu a boca para dizer algo, mas, no final, permaneceu em silêncio. Orson riu levemente. — E agora faz sentido por que o Percival e eu somos tão parecidos, não é? No fundo, é porque nossas mães também são muito parecidas. — Sua mãe... Soube disso recentemente? — Zara perguntou em voz baixa. — Sim. Ela já sabia que Luiz tinha outra família, mas nunca imaginou que a outra mulher fosse tão parecida com ela. Na verdade, ela descobriu que era apenas um substituto. E
Quando Orson terminou de falar e antes que Zara pudesse responder, o celular dele começou a tocar. Zara viu o nome no visor: era Erwin. Orson olhou para o nome na tela, lançou um olhar para Zara e então se virou para atender a ligação. Do outro lado da linha, alguém disse algo que fez Orson franzir as sobrancelhas imediatamente. Ele virou a cabeça na direção de Zara enquanto ouvia. — É mesmo? — Ele respondeu. — E depois? Após uma pausa para ouvir a outra pessoa, ele finalizou: — Entendido. E ele desligou o celular. — Foi o Erwin que ligou para você agora há pouco? — Ele perguntou a Zara. — Foi. — Desde quando vocês dois ficaram tão próximos? Zara arqueou uma sobrancelha. — Fazer uma ligação já significa ser próximo? — Ele disse que o voo dele chega amanhã em Cidade N, e a primeira pessoa que ele informou foi você, não eu. Isso não é ser próximo? — Orson continuou, e suas sobrancelhas se franziram ainda mais. Zara não respondeu. Orson fechou os punhos, mas