Esta noite, Zara também não conseguiu dormir bem. Depois de se revirar na cama por um bom tempo, ela finalmente pegou no sono de forma meio turva.Ela não sabia quanto tempo havia passado, mas de repente sentiu como se uma presença tivesse surgido ao lado de sua cama.Ainda com a mente enevoada, ela fez um esforço para abrir os olhos. Assim que conseguiu, viu, de fato, alguém sentado ali.Zara levou um susto e soltou um grito agudo.— Sou eu. — Disse Orson.Aquela voz leve, quase flutuante, cortava a escuridão como se não tivesse corpo, como o sussurro de uma alma perdida.Zara, ainda assustada, precisou de alguns segundos para recuperar os sentidos. Quando se deu conta, instintivamente levantou o pé para chutá-lo.Ela estava irritada. Afinal, tinha custado a pegar no sono e agora tinha sido acordada de forma tão abrupta. Quem não ficaria de mau humor?Mas, assim que levantou o pé, Orson segurou o tornozelo dela com firmeza.Zara, que estava deitada debaixo das cobertas havia horas, se
Naquele momento, ele apenas respirou fundo antes de continuar:— Esta noite, minha avó e minha mãe brigaram. Ele a encarou por um instante: — Sabe por quê?As palavras dele fizeram Zara parar o que estava fazendo, mas ela rapidamente recuperou a calma e virou-se para olhá-lo.— Por quê? — Ela perguntou.— Porque minha mãe está namorando. — Orson afirmou, sem rodeios.Embora Zara já tivesse uma ideia do que poderia ser, ouvir Orson afirmar isso tão diretamente fez com que sua expressão mudasse, mesmo que só por um instante.Antes que ela conseguisse pensar em algo para responder, Orson prosseguiu:— Então você já sabia, né? — Ele estreitou os olhos.— O quê? — Zara perguntou, tentando entender.— Zara, não tente mentir para mim. — Orson falou sem demonstrar qualquer emoção, e seu olhar voltou a ser tão frio e incisivo quanto antes.As mãos de Zara se fecharam involuntariamente. Depois de alguns segundos, ela finalmente assentiu lentamente com a cabeça.— Quando você ficou sabendo? — E
Orson foi embora novamente. Depois daquela noite, ele passou vários dias sem aparecer na Rua dos Ventos. Zara pensou que, dessa vez, ela realmente o tinha irritado de vez. Será que era o fim definitivo entre eles? Quando essa ideia surgiu em sua mente, Zara olhou ao redor da casa. De repente, sentiu-se perdida, sem saber o que fazer. Depois de ficar sentada no sofá por alguns minutos, ela se levantou e foi direto para a cozinha. Nos últimos tempos, Zara tinha cozinhado com mais frequência. Sua habilidade na cozinha não era das melhores, mas Orson parecia gostar de tudo o que ela preparava. Sempre que ela fazia alguma coisa, ele comia até o último pedaço, não importava a quantidade. Naquele dia, Zara fez dois pratos simples, como de costume. Porém, quando chegou à entrada do prédio do Grupo Harris com a marmita nas mãos, ela se arrependeu de ter ido até lá. Ela ficou parada por alguns minutos na praça em frente ao edifício, hesitando. No final, decidiu ir embora. No entant
— Eu disse isso? — Orson falou, com o rosto completamente impassível. Zara riu. — Então, vai comer ou não? — Ela perguntou, inclinando a cabeça ligeiramente. Orson não respondeu, mas lançou um olhar discreto para o que estava ao lado dela. Vendo a hesitação dele, Zara tomou a iniciativa e anunciou os pratos: — Eu fiz feijoada e bobó de camarão. — Ah. — Orson murmurou, ainda com a expressão inalterada. Mas ele não rejeitou, e Zara, sem esperar mais, colocou a comida sobre a mesa. No entanto, assim que ela pousou a marmita, Orson estendeu a mão de repente, segurando-a com firmeza. Antes que Zara pudesse reagir, ele a puxou, fazendo com que ela caísse sentada em seu colo. — Zara, eu achei que você estava me enganando o tempo todo. — Orson disse, com um tom que misturava provocação e algo mais sombrio, enquanto mordia o ombro dela como uma espécie de "vingança". — Enganando você sobre o quê? — Ela perguntou, franzindo as sobrancelhas. — Você realmente já gostou de mim?
Zara reencontrou Marta dois dias depois. Foi Marta quem tomou a iniciativa de ligar para ela, marcando um encontro em uma cafeteria. Zara não sabia qual era o propósito daquele encontro, mas também não recusou. — Decidi deixar Cidade N. — Marta foi direta assim que chegaram à cafeteria. As palavras dela fizeram os olhos de Zara se arregalarem imediatamente. — Como assim? — Ela perguntou, surpresa. — O que eu disse. Literalmente. — Marta respondeu, com um tom calmo. — É por causa do que aconteceu da última vez? A senhora está chateada com o Orson... — Não. — Marta interrompeu rapidamente. — E posso te dizer o motivo: estou indo porque ele passou no teste que Orson colocou para ele. Zara sentiu os olhos se apertarem levemente ao ouvir aquilo. Ela respirou fundo e perguntou: — Então a senhora quer dizer que... — Que há muitas pessoas que nos conhecem em Cidade N. — Marta explicou, enquanto cruzava as mãos sobre a mesa. — Por muitos anos, minha posição social me sufocou
Naquele momento, Zara sentiu que aquele envelope era como um objeto em chamas. Parecia que, não importava onde o colocasse, ele nunca estaria seguro. Por fim, ela decidiu tirá-lo da gaveta e colocá-lo junto à pilha de livros em sua mesa. Estava bem visível, mas, naquela noite, quando Orson voltou para casa, ele não percebeu nada. Ele parecia estar de ótimo humor ultimamente. Depois de tomar banho, ele caminhou até Zara, fechou o laptop dela e, sem aviso, a pegou no colo. Como Zara continuava se recusando a se mudar daquele apartamento, e Orson não queria mais conter seus desejos, ele havia decidido alugar o apartamento ao lado. Assim, pelo menos, ninguém reclamaria do barulho. Naquela tarde, Cidade N havia recebido a primeira neve do inverno. Zara não tinha nenhuma ligação especial com neve, mas Orson parecia adorar. Tanto que ele a pressionou contra a janela por um longo tempo enquanto admirava a paisagem, deixando-a sem forças. Quando Zara já não conseguia mais se manter
O hospital durante a madrugada sempre tinha um ar particularmente sombrio. A luz forte da sala de emergência, no final do corredor, parecia tingida de sangue, apertando o coração de quem a observava. Para surpresa de Zara, além do assistente de Orson, também estava ali Fiona, sentada diante da porta da sala de emergência. Havia manchas de sangue na roupa dela, e seu rosto estava pálido. Assim que viu Orson, Fiona se levantou de repente e correu em sua direção. — Orson! — Ela gritou, com a voz trêmula. Era como se toda a tensão que ela segurava tivesse se rompido naquele instante. As lágrimas começaram a escorrer imediatamente. — Você finalmente chegou! O que vamos fazer? A Sra. Marta está muito ferida! Você acha que ela vai… Orson lançou um olhar breve para Fiona, mas logo desviou para o seu assistente, com a expressão carregada. — O acidente ainda está sendo investigado. — O assistente começou, hesitante. — Mas, de acordo com as pessoas no local… Não havia outros veículo
O assistente de Orson se aproximou logo em seguida, com uma expressão séria, e disse algo em voz baixa. Orson manteve o rosto completamente impassível e não deu nenhuma resposta imediata. — Sr. Orson, se as coisas se espalharem amanhã e a situação piorar… — Contate alguém para abafar isso. E entre em contato com a família de Ian. — A voz de Orson era fria e controlada, como se estivesse lidando com algo banal, apenas mais um problema para resolver. — Eu mesmo falarei com minha avó. — Ele disse, enquanto já se virava para sair. No entanto, ao passar por Zara, ele pareceu se lembrar de algo e parou por um instante. — Vou te levar para casa primeiro. — Acho melhor eu ficar no hospital essa noite. — Zara sugeriu, hesitante. Ela sabia que Marta estava na UTI e que sua presença ali não faria diferença, mas, naquele momento, ela temia ainda mais a ideia de ficar sozinha com Orson. As palavras de Fiona ainda ecoavam em sua mente, e ela não tinha como argumentar contra elas. Z