— Você tá falando besteira! — Fiona rebateu sem nem pensar, a voz carregada de irritação. — Zara, para de semear discórdia! Eu sei muito bem que você só tá com inveja...— Sim, foi a mãe dele que insistiu para que ele se casasse comigo, isso é verdade. Mas o problema é que o Orson também não fez questão nenhuma de lutar contra isso. Talvez, pra ele, tanto fazia com quem se casaria. E mais importante: Se ele realmente gostasse de você, acha que teria deixado você ficar noiva do Evander? Fiona, nunca subestime o instinto de posse de um homem. Então, tudo isso só prova uma coisa... Ele não gosta de você tanto quanto você imagina. Além do mais, eu já me divorciei dele, não temos mais nada um com o outro. O que significa que tudo isso que você tá fazendo agora... É simplesmente inútil. — Zara soltou tudo de uma vez, sem rodeios.O rosto de Fiona ficou lívido, os olhos fixos em Zara enquanto seu peito subia e descia descontroladamente, tomado pela fúria.Zara, no entanto, não se deu ao traba
— Fui eu que arranjei o seu encontro com o Leander. — Ivo disse, a voz firme. — Mas eu não sabia que aquela mulher apareceria de repente, muito menos o que ela diria. Zara, independentemente de qualquer coisa, ainda somos amigos. Eu... Não cheguei ao ponto de querer te manipular desse jeito.Zara não respondeu, mas seu olhar baixou lentamente, como se estivesse pesando a veracidade das palavras dele.Ivo suspirou e continuou:— De qualquer forma, o que aconteceu hoje foi um erro meu. Eu te devo um pedido de desculpas. A partir de agora...— Não precisa. — Zara o interrompeu, sem hesitar. — Acho que, daqui pra frente, não tem mais motivo pra gente se ver.— O que isso quer dizer? — A voz de Ivo ficou tensa. — Você ainda não acredita em mim?Zara apenas sorriu de leve.— Eu vou subir. Boa noite.Sem esperar resposta, deu um passo à frente, pronta para sair dali. Mas, no instante em que passou ao lado de Ivo, sentiu seu pulso ser segurado com firmeza.— Vamos nos casar. — Ele declarou.O
Foi a primeira vez que Laura visitou a casa de Orson. Cuidadosa como sempre, trouxe presentes tanto para a avó dele quanto para sua mãe.As duas a receberam com entusiasmo. Aquele casarão, silencioso por meses, parecia finalmente ter recuperado um pouco de sua vitalidade.Orson, por outro lado, ficou surpreso com a reação de sua mãe. Sempre acreditara que ela gostava de Zara e respeitava profundamente o último desejo de seu falecido marido.Mas, naquela noite, ele percebeu que não era bem assim. Parecia que sua mãe simplesmente não suportava Fiona e, como já dissera antes: qualquer uma poderia ser sua esposa, menos Fiona.O sorriso que um dia fora destinado a Zara, agora era oferecido a Laura.Durante o jantar, Paula repentinamente mencionou o leilão da noite anterior.— Ouvi dizer que teve um certo tumulto ontem à noite.Orson interrompeu momentaneamente o movimento dos talheres, mas Laura apenas sorriu.— Vovó, como a senhora ficou sabendo disso?— O assunto já correu por toda parte
Orson não voltou imediatamente para a sala de jantar depois de terminar sua ligação. Em vez disso, ficou sozinho no jardim, acendendo um cigarro. O gosto de menta se espalhou lentamente por sua boca, enquanto sua mente, antes inquieta, começava a se acalmar. Quando restava apenas uma última tragada, seu celular vibrou. Ele olhou para o visor e, sem hesitar, recusou a chamada. Mas o celular tocou novamente. Orson franziu o cenho, irritado. Depois de dois segundos de hesitação, finalmente atendeu. — Orson. — A voz de Evander veio tensa. — O projeto EcoHorizonte... Foi você que deixou para o Ivo de propósito? Orson soltou um breve “hum”, sem qualquer emoção. Evander riu, mas sem humor. — Você é mesmo generoso, hein? Um projeto desse tamanho e simplesmente entrega de bandeja? Tá assim tão determinado a fazer o Ivo subir na vida? — Já terminou? — Orson interrompeu, impaciente. — Se for só isso, vou desligar. — Você sabia que o Ivo vai se casar com a Zara? A frase, dita c
— Se essa pessoa não existe, então por que não escolher alguém que possa ajudar na sua carreira? — Marta perguntou, a expressão completamente racional. Era exatamente assim que Orson a conhecia. Se não fosse essa mentalidade dela, ele próprio não teria se tornado quem era hoje. Mas, dessa vez, Orson a encarou por alguns segundos antes de perguntar: — E por que eu preciso me casar? A pergunta pegou Marta de surpresa. Orson sorriu de leve. — Eu realmente não tenho ninguém que goste agora, mas também não vou usar meu casamento como moeda de troca. Então... Não vou me casar com a Laura. Quando essa parceria acabar, não teremos mais nenhuma ligação. Dizendo isso, ele se virou para sair. Mas, antes que pudesse dar mais um passo, a voz de Marta soou novamente: — Mas você já usou seu casamento como troca uma vez, não foi? O que tem de diferente agora? Ou será que, da última vez, você aceitou apenas porque a noiva era a Zara? Os passos de Orson pararam instantaneamente. Ele
Orson não sabia ao certo por que havia dirigido até a Rua dos Ventos.Segurando o volante, ele lançou um olhar rápido para as ruas estreitas e sinuosas à frente. Depois de um instante de hesitação, ele decidiu não descer do carro. Apenas deu meia-volta e seguiu outro caminho.Mas, logo em seguida, ele avistou Zara saindo de uma farmácia. Ela enfiou as mãos nos bolsos e abaixou a cabeça, evitando o frio cortante daquela noite em Cidade N. Ela vestia um casaco de plumas preto, e seus cabelos caíam soltos sobre os ombros. A ponta de seu nariz avermelhada denunciava a baixa temperatura. Havia algo de delicado e tranquilo nela naquele momento.Orson a observou por alguns segundos e, sem querer, ele lembrou-se das palavras de sua mãe naquela noite. Sim, ele nunca aceitaria trocar seu casamento por algum tipo de benefício. Mas, quando as famílias começaram a discutir seu noivado com Zara, ele também não se opôs.Por muito tempo, ele acreditou que fora a insistência de sua mãe que o influencia
Zara só percebeu o cheiro forte de álcool quando Evander começou a falar. Seus olhos estavam avermelhados, e a expressão um tanto transtornada deixava claro que ele não estava completamente sóbrio. — Se tem algo a dizer, diga logo. — Ela cortou. Evander ficou parado na porta, olhando para ela fixamente por alguns segundos antes de finalmente perguntar: — Por que você não foi ao meu noivado? Desde o último acontecimento, os dois não haviam mais se falado. A pergunta repentina pegou Zara de surpresa, mas ela logo recuperou a compostura. — Não havia motivo para eu ir. — Como assim, não havia motivo? Nós não somos amigos? A palavra “amigos” saiu da boca dele de um jeito estranho, como se fosse difícil pronunciá-la. Zara segurou o olhar dele por um instante antes de sorrir, sem humor. — Não. Desde o momento em que você e a Fiona armaram para mim, deixamos de ser amigos. Evander ficou em silêncio por alguns segundos, até que sua expressão se fechou completamente. — Entã
Evander falava tão perto que seu hálito quente roçou a pele de Zara. Aquela sensação fez com que, por um instante, ela se lembrasse de quando esteve diante de Roberto. A mesma repulsa, a mesma náusea subiu de repente, fazendo seu estômago revirar. Zara cerrou os dentes devagar, seus olhos fixos no homem à sua frente. — Evander, se você tentar qualquer coisa, eu chamo a polícia agora mesmo... — Chame. — Evander riu, sem o menor traço de preocupação. — Mas você realmente acha que, com a sua reputação no momento, alguém vai acreditar em você? Acha mesmo que, quando isso chegar aos ouvidos dos outros, eles não vão dizer que foi você quem me provocou? O sorriso de Evander se manteve intacto, do mesmo jeito que ela sempre o conheceu. Mas, naquele momento, aquele rosto familiar parecia o de uma serpente, pronta para dar o bote. Zara abriu a boca, mas não conseguiu encontrar palavras. Tudo o que sentia era um nó sufocante na garganta. Evander percebeu sua hesitação, e seu sorriso