Os sentimentos das crianças são simples e diretos: quem as trata bem, ganha sua afeição. Marta era sempre gentil. Sempre que via Natália, ela exibia um sorriso caloroso e acolhedor. Por isso, não era difícil entender por que Natália gostava tanto dela. Com Orson, no entanto, a história era completamente diferente. Desde o primeiro encontro, ele havia deixado uma péssima impressão em Natália. E, se Zara não estava enganada, até aquele momento ele sequer tinha sorrido para a menina uma única vez. Sempre que Natália o via, ele estava com uma expressão séria e distante. Somando isso à péssima primeira impressão, era natural que ela não gostasse dele.Melissa realmente fazia bastante tempo que não via Natália, então, quando finalmente se encontraram naquele dia, as duas estavam radiantes. Depois do almoço, Melissa levou Natália ao fliperama. Ela era excepcionalmente boa em pegar bichinhos de pelúcia naquelas máquinas de garras, e as duas terminaram a brincadeira com vários prêmios. Por
— Não esperava encontrar vocês aqui, que coincidência. — Comentou Emory.Melissa, que estava ao lado, ficou visivelmente entusiasmada.— Você é o Emory, presidente da E.A., né?— Sim, sou eu. Prazer, Melissa. — Emory rapidamente estendeu a mão, apertando a dela.Melissa acenou com a cabeça, empolgada, e logo em seguida virou-se para Zara, lançando-lhe um olhar cheio de perguntas. Zara, no entanto, não deu a ela nenhuma resposta, apenas a ignorou. Melissa, sem se abalar, abaixou o olhar para Natália e perguntou:— Nati, como é que você conhece o Emory?— O tio Emory foi me visitar no hospital. — Natália respondeu com seriedade, e então acrescentou de forma estratégica. — Titia, você não disse que ia me levar pra ver a fonte?— Ah, é mesmo! Vamos lá. — Melissa entendeu imediatamente o recado da menina. Sem hesitar, segurou a mão de Natália e, antes de sair, virou-se para Zara.— Vou levar a Natália pra ver a fonte. Vocês dois aproveitem pra conversar.Sem esperar uma resposta, Melissa p
Melissa estava decidida a assumir o papel de cupido até o fim. Quando Natália já tinha se divertido o suficiente, Melissa alegou que tinha um compromisso urgente e precisava ir embora. Assim, a tarefa de levar Zara e Natália de volta para casa ficou nas mãos de Emory. O plano de Melissa era tão óbvio que, aos olhos de Zara, parecia até um pouco desajeitado. Mas Emory, em vez de desmascará-la, aceitou a situação de forma tranquila. Ele não apenas concordou com um sorriso no rosto, como ainda agradeceu Melissa de maneira bastante educada. Melissa levantou uma sobrancelha para ele, satisfeita, e depois cochichou algumas palavras no ouvido de Natália antes de finalmente se despedir e ir embora. Zara sabia que Melissa provavelmente não havia dito nada de bom para Natália. Por isso, no caminho de volta, ela tentou ao máximo prender a atenção da filha para que ela esquecesse o que tinha ouvido. No entanto, Natália era uma criança muito determinada. Quando encontrou a oportunidade
Ela até pensou em dizer que aquilo tinha sido apenas um encontro casual, mas, depois de uma breve pausa, respondeu:— Agradeço pela sua preocupação, mas eu e a Natália sabemos muito bem a verdade. Não precisa se preocupar com isso.Assim que terminou de falar, Zara segurou a mão de Natália e começou a caminhar para frente. Natália, como sempre, a seguiu sem hesitar. Durante todo o tempo, não demonstrou qualquer emoção em relação a Orson, nem mesmo olhou para ele mais do que o necessário.Mais tarde, enquanto Zara ajudava Natália a tomar banho, a menina, de repente, perguntou:— Mamãe, o papai não gosta de mim, né?— Claro que não. — Zara respondeu prontamente, sem pensar duas vezes.— Então por que ele sempre age daquele jeito quando me vê? — Natália franziu a testa ao fazer a pergunta, e os cantos de sua boca se curvaram para baixo, imitando a expressão séria de Orson. A semelhança entre os dois era inegável.Zara não conseguiu segurar a risada. Ela apertou levemente o nariz de Natá
Orson se lembrava bem da cena que havia visto na noite anterior, quando estava no terraço. Ele viu Natália se despedindo de Emory com um sorriso no rosto. A imagem entre os dois era tão harmoniosa que, por um instante, pareceram... Uma verdadeira família.E, se Orson não estava enganado, aquela tinha sido a primeira vez que Natália falava com ele de forma espontânea. Mas o que ela disse foi... Que não queria vê-lo.Orson quase respondeu que aquela era sua casa e que ele não precisava de permissão para estar ali. No entanto, ao encontrar os olhos de Natália, ele engoliu as palavras e apenas disse:— Tudo bem.Sua resposta foi curta e direta. Natália, no entanto, não pareceu se importar. Ela apenas assentiu, satisfeita, e desceu as escadas para encontrar Zara.Orson ficou parado, observando o pequeno corpo da menina se afastar. Suas mãos se fecharam em punhos involuntariamente enquanto uma dor crescente tomava conta de seu peito. Só então ele percebeu o que estava sentindo. Inspirou fund
Nos dias seguintes, Zara não viu mais Orson. Ela, no entanto, não deu muita importância ao fato. Ele já aparecia pouco por lá, então não havia nada de estranho nisso. Quanto a Jéssica, foi Melissa quem contou a Zara quem ela era. — Parece que Jéssica era uma influenciadora antes, fazia lives como streamer. — Melissa comentou, franzindo a testa enquanto falava. Para ela, ser influenciadora ou streamer não era exatamente uma profissão respeitável, especialmente para alguém como Jéssica, que tinha uma boa aparência. Melissa ainda mostrou a Zara um vídeo de Jéssica em uma de suas transmissões. No vídeo, Jéssica usava um vestido branco e sorria enquanto conversava com os espectadores, sentada em frente à câmera. Zara assistiu, acenou com a cabeça e soltou um simples: — Ah, entendi. — Só isso? — Melissa arregalou os olhos. — Você não vai dizer nada? — O que você quer que eu diga? — Zara perguntou, achando graça. — Bom, ela é... Bonita. — Isso é filtro! E você não viu a qu
Zara não comentou nada sobre as últimas palavras de Melissa. Na verdade, até hoje, ela não sabia exatamente quem havia causado a queda da família Aragão. Mas, fosse quem fosse, ela já não tinha mais interesse em descobrir. Quando Natália desceu do carrossel, elas decidiram sair do shopping juntas. Natália estava tão animada que seu rosto estava coberto de suor. Zara se abaixou para limpar o rosto da filha, mas, de repente, Melissa segurou seu braço com força. O movimento foi tão brusco que Zara sentiu uma pontada de dor. Ela franziu a testa, mas Melissa parecia não notar. Com os olhos arregalados, Melissa apontou para frente, segurando o braço de Zara com firmeza. — Olha rápido! Quem é aquela ali? A voz de Melissa estava baixa, quase um sussurro, para evitar que outras pessoas a ouvissem. Mesmo assim, ela não ousou apontar diretamente para não chamar atenção. Zara seguiu o olhar de Melissa, mas demorou a entender. O shopping estava cheio, afinal, era época de férias, e o
— O que a titia está rindo? — Perguntou Natália. — Ela só lembrou de uma coisa feliz. — Respondeu Zara. — Isso mesmo, estou feliz, muito feliz! — Melissa logo entrou na conversa, concordando com Zara. Em seguida, completou. — Vamos, Nati, eu levo vocês pra casa. — Ah... — Natália ainda parecia um pouco confusa, mas ninguém parecia disposto a dar mais explicações, e ela resolveu não insistir no assunto. Melissa fez questão de dirigir pessoalmente e levou todos até a Residência do Lago. Durante todo o trajeto, Melissa parecia estar de ótimo humor. Ela segurava o volante enquanto cantarolava baixinho, ansiosa para pegar o celular naquele instante e ligar para Orson, convencendo-o a ir até o hotel para pegar alguém no flagra. Mas Melissa se conteve. Afinal, de que adiantaria apenas Orson descobrir a traição? Ela queria que todo mundo soubesse, queria que a reputação dele fosse jogada na lama. — Não vai aprontar. — Zara disse diretamente, do banco de trás. Melissa hesitou po