O parque de diversões logo apareceu diante deles. Apesar de ser um dia útil, havia muitas pessoas no local. No entanto, Orson já tinha feito contato antecipado. Assim que chegaram, um funcionário veio recebê-los. Não importava qual atração Natália escolhesse, eles tinham acesso a um corredor exclusivo e não precisavam enfrentar filas. Zara, no fundo, não gostava dessa forma de tratamento. Afinal, ela e Orson já não tinham mais nenhum vínculo, e essa era a primeira vez que ele vinha ao parque com Natália — provavelmente seria a última. Zara não queria que a filha criasse hábitos ou expectativas irreais. Mas, naquele momento, Natália estava visivelmente animada. Além disso, com o calor daquele dia e o estado de saúde da menina, ficar em filas longas ao ar livre não seria ideal. Então, Zara preferiu não dizer nada. A primeira atração foi o carrossel. Esse carrossel tinha algo especial: no centro havia uma fonte, e, enquanto ele girava, jatos de água eram lançados em alguns mom
Natália claramente havia se cansado com as brincadeiras do dia. Ela dormiu o caminho inteiro no colo de Zara. Nas últimas semanas, a menina parecia estar mais feliz, e seu peso também havia voltado ao normal. Mas, quando Orson estacionou o carro, Zara mal conseguia sentir os braços. Orson saiu do banco do motorista e deu a volta rapidamente. — Deixa que eu a levo. — Disse ele. — Não precisa. — Zara respondeu sem pensar duas vezes. Orson, no entanto, olhou para os braços finos dela e perguntou: — Tem certeza de que consegue carregá-la até lá em cima? Se não, podemos acordá-la e deixá-la andar sozinha. Zara sabia que seus braços estavam exaustos. Ela quase não conseguia segurar o peso da filha. Mas, ao olhar para o rosto tranquilo de Natália enquanto dormia, ela não teve coragem de acordá-la. Orson, percebendo sua hesitação, não esperou uma resposta. Ele se abaixou e pegou Natália nos braços. Inicialmente, ele achou que a menina fosse leve, afinal, era só uma criança. M
Orson ficou parado ali, sem dizer nada. Só ele sabia com que tipo de sentimento havia feito aquela sugestão minutos atrás. Zara estava certa. Ele ainda não a perdoara. Ele também sabia que o que existia entre eles agora não passava de um campo cheio de cicatrizes. Mas o dia tinha sido tão bom, não tinha? Orson admitia que, no início, sua ideia de ir ao parque com elas nasceu por causa do sonho da noite anterior, onde Emory aparecia. Ele não suportava a ideia de que o homem que poderia estar ao lado de Zara no fim fosse Emory. Então, ele havia se intrometido, forçado sua presença naquele passeio. E, para sua surpresa, Zara havia concordado. E o dia tinha sido incrivelmente feliz. Muito mais do que Orson havia imaginado. Por um momento, ele chegou a pensar que talvez eles pudessem continuar assim. Que, mesmo que fosse apenas por causa de Natália, poderiam seguir vivendo dessa forma. Mas, agora, Orson percebia o quão ingênuo havia sido. Zara só havia permitido aquilo para
A força dele era descomunal. Ele apertava o braço de Zara como se quisesse esmagar seus ossos. A dor fez com que Zara franzisse as sobrancelhas, mas ela não deixou escapar nenhum gemido. Em vez disso, ela o encarava com firmeza, os olhos fixos nos dele. Então, com uma voz calma, ela começou a falar: — Sabe, Orson? Quando Natália ficou doente, você foi a primeira pessoa em quem pensei. Minha primeira reação foi pegar o celular e tentar te ligar. Mas nunca tive coragem de fazer isso. Eu sabia que, quando fui embora, te machuquei. E, sinceramente, não fazia ideia do que você sentia por mim ou pela nossa filha. Depois, foi a Melissa quem me contou que você estava se preparando para um casamento arranjado. E que você sabia da situação de Natália, mas escolheu não fazer nada… — Isso é um mal-entendido! — Orson a interrompeu bruscamente. — Naquela época, quando encontrei a Melissa, eu achei que ela estava falando sobre o que tinha acontecido no seu trabalho, no set. Por isso eu não…
— Ele? — Natália perguntou de repente, olhando para Zara. Zara ficou surpresa por um momento antes de pegar o estojo de lápis de cor e entregá-lo à filha. — Quem? Natália pegou os lápis e começou a colorir a grama no desenho que fazia. Ela não respondeu de imediato. Continuou colorindo com mais força do que o necessário, pressionando o lápis contra o papel. Só depois disse: — Ele… Foi então que Zara entendeu. — Você está falando do seu pai? Natália fez que sim com a cabeça, levemente. — Não sei. Por que está perguntando? Você quer falar com ele? Orson não costumava aparecer tanto por ali, e, mesmo quando vinha, Natália geralmente não fazia perguntas sobre ele. Na verdade, às vezes, ela demonstrava até mesmo rejeição à presença dele. Mas, naquele dia, ela o mencionou de forma inesperada. Zara observou a filha por alguns instantes antes de perguntar: — Por que você está perguntando sobre ele agora? — Por nada… Só queria perguntar. Natália desviou o olhar e con
— Como assim não tem lugar? Eu coloco na sala de estar. — Disse Marta, sorrindo. — Não combina muito com a decoração daqui. — Respondeu Zara. — E o que tem? Foi minha neta que fez para mim. Isso aqui é único, ninguém pode comprar, por mais que queira. Com aquele argumento, Zara ficou sem resposta. Marta então se virou para Natália, ainda com um sorriso no rosto: — O que você quer, querida? Fala pra mim que eu mando buscar! — Não precisa, vovó. — Respondeu Natália, balançando a cabeça. E, depois de uma pausa, acrescentou. — Ah, vovó, eu quero voltar para casa. As palavras de Natália pegaram Marta de surpresa. Depois de alguns segundos de silêncio, ela finalmente perguntou: — Voltar para casa? Mas você já está em casa… — Não, vovó. Quero voltar para Cidade F, para a casa que é só minha e da mamãe. — Natália respondeu com seriedade. As sobrancelhas de Marta se franziram lentamente. Ela olhou para Zara, como se buscasse alguma explicação. Zara também não esperava ouvi
Zara sabia que Natália queria dizer algo a Orson, então ela apenas lançou um olhar para ele antes de se virar e sair da sala. Na entrada do hospital havia uma loja de conveniência. Zara comprou o leite que Natália queria e aproveitou para pegar um pacote de bolinhos. Ela não fazia ideia do que Natália e Orson conversariam, mas também não tinha pressa de voltar. Depois de pagar, deu algumas voltas pelo térreo do hospital. Só então decidiu subir novamente. Quando Zara chegou, a conversa entre Natália e Orson já havia terminado. Os dois estavam sentados lado a lado em silêncio, sem trocar nenhuma palavra. Zara sempre achou que os traços de Natália eram mais parecidos com os dela, mas, ao vê-los juntos, percebeu que a menina tinha algo de Orson. O formato do rosto, especialmente quando ambos apertavam os lábios em silêncio, parecia ter saído do mesmo molde. Ela ficou parada por um momento, observando, antes de se aproximar. — Mamãe! — Assim que viu Zara, os olhos de Natália bri
Zara não respondeu. Apenas virou o rosto para olhar pela janela do carro. O silêncio tomou conta do ambiente. Depois de um tempo, foi Natália quem quebrou o clima: — Mamãe, eu queria brincar com a titia de novo. — Hum, já combinei de jantar com ela hoje à noite. — Respondeu Zara. — O tio Emory vai também? — Perguntou Natália. Assim que a menina falou, Zara não conseguiu evitar e lançou um olhar para Orson. Não era por outro motivo, apenas temia que ele pudesse perder o controle de repente. Para sua surpresa, Orson não disse nada. O carro continuou seguindo em frente, mantendo a mesma velocidade estável. Zara, então, voltou sua atenção para Natália e respondeu com um leve “sim”. Natália sorriu, animada, e balançou a cabeça afirmativamente. — Que ótimo! Eu adoro brincar com o tio Emory. — Por quê? — Perguntou Zara, curiosa. — Porque o tio Emory é muito bonito e, com ele por perto, eu sei que ele vai proteger você, mamãe. Assim que Natália terminou de falar, Orson