VINCENZO ROMANO
Meu coração disparou de tal forma que, mesmo tentando controlar o ritmo da minha respiração, ainda conseguia ouvir as fortes batidas que vinham dele. No instante em que ela entrou no ambiente, algo dentro de mim estava descontrolado. Comecei a beber o meu uísque numa tentativa de controlar a agitação que estava sentindo. Quando o leilão começou, parecia algo normal como já havia presenciado antes. Porém, no instante em que ela finalmente levantou a cabeça e seu olhar foi na direção de Bernardo, ao girar novamente o pescoço, ela retirou sua máscara. O que vi diante de mim fez tremores percorrerem todo o meu corpo. Não... Não... Embora tivesse certeza de que era ela, me negava a acreditar. Minha boca ficou seca no mesmo instante em que minha garganta se fechou. A bebida que havia ingerido só serviu para esquentar ainda mais o meu corpo. Uma vez que o incômodo que estava sentindo horas atrás tornou-se cada vez mais intenso. Meus pulmões continuavam funcionando em espasmos, enquanto a calmaria foi rompida e toda uma agitação se fez presente no instante em que o lance inicial foi substituído. Uma disputa começou em seguida, com predadores em busca de uma boa presa, assemelhando-se a uma guerra que havia sido iniciada. Meu corpo parecia um campo de batalha. Depois de longos minutos, quando o leiloeiro voltou a se manifestar, sabia que logo o leilão chegaria ao fim. Suas palavras fizeram meu coração disparar de tal forma, parecendo que sairia do meu peito. Já não podia mais lutar contra tudo o que estava sentindo, e a sensação era de que uma explosão havia acontecido dentro de mim. O nó que havia se formado em minha garganta enfim se desfez, e não hesitei um só instante em dar o último lance. - 1 milhão de dólares. Alguns zeros fizeram aquela disputa chegar ao fim, com toda a atenção de Bernardo Carter voltada exclusivamente para mim. Ele logo veio em minha direção, seus olhos brilhavam intensamente, pois sua conta bancária logo ganharia um alto valor, assim como a daquela que no passado era apenas uma adolescente lutando para sobreviver sob o sol escaldante, mas que havia encontrado meios mais fáceis de se manter. Pelo valor acertado, combinamos que ao amanhecer faria a transferência. Enquanto isso, vi no exato momento em que a senhora Fiona saiu com aquela que descobri chamar-se Ava Thompson. Instantes depois, me afastei da multidão. Abigail me lançou um olhar de raiva, já que das últimas vezes que nos vimos neste lugar, acabei a escolhendo. As portas duplas foram abertas e fui guiado até o local onde ela se encontrava. Assim que parei em frente à porta, Fiona se pronunciou. _ Por hoje, ela é toda sua. _ disse e seguiu adiante, se afastando de mim. Suas palavras fizeram aquela sensação ruim tomar conta do meu corpo e alguns pensamentos pipocaram em minha cabeça, aumentando ainda mais o desconforto ao lembrar dos olhares famintos que foram lançados na direção dela. Certamente, por ser nova na casa, todos eles não vão descansar até tê-la em seus braços. Deixo os devaneios de lado e, ao abrir a porta, meu olhar fica cravado na mulher à minha frente. AVA THOMPSON Meus batimentos estavam acelerados. O pânico tomou conta de mim assim que deixamos o grande salão. A mulher que segurava meu braço aumentou o ritmo de seus movimentos, atravessando o corredor que dava acesso ao quarto número cinco, que representa a luxúria, o pecado associado aos desejos sexuais, destinado ao vencedor do leilão. Meus pensamentos foram interrompidos assim que paramos em frente à porta. Ela levou a mão em direção à maçaneta e, ao abrir, me puxou bruscamente para dentro do quarto. _Depois de hoje, você será como todas as outras. Espero que sua primeira vez seja inesquecível. Dito isso, ela saiu do ambiente. Eu estava tão atordoada, pois o inevitável estava prestes a acontecer. Por mais que algo dentro de mim gritasse para reagir, sabia que seria Clara quem sofreria as consequências. Meus pensamentos foram interrompidos quando a porta foi aberta, revelando uma figura alta. Assim que ele entrou no cômodo, senti uma forte agitação no meu interior. O silêncio predominou por alguns instantes. Ele deu alguns passos para trás, enquanto eu tratava de recuar. O homem parou em frente ao móvel que tinha um balde com gelo, duas garrafas de champanhe e alguns copos. Ele logo se serviu, bebendo em seguida todo o líquido que havia em seu copo. Quando ele se desfez do copo, retirou o paletó e, em seguida, sua camisa. Engoli em seco e não conseguia desviar o olhar da imagem à minha frente, seu peitoral desnudo à mostra. Ele era lindo, tinha a pele mais clara no peito do que nos braços, o abdômen definido, um físico perfeito. O homem, que ainda mantinha boa parte do rosto encoberto, me analisou por alguns segundos, como se estivesse tentando decifrar algo no fundo da minha alma. Saí do transe em que estava e o choque da realidade pairou sobre mim quando ele caminhou em minha direção. Comecei a tremer como se tivesse levado um choque, recuando até que meu corpo se chocou contra a parede. "Não! Por favor, pare!" digo, na esperança de algum milagre acontecer. Mas pelo valor que ele havia pago, não iria desistir de saciar seus desejos mais obscuros usando o meu corpo, até então intocável. Roubando a minha pureza, alcançando o prazer através da minha inocência. Volto à realidade assim que sua boca se abre e meu coração agitado começa a bater freneticamente, e minhas pernas ficam pesadas. "Por que toda essa relutância? Você sabe muito bem o que acontece nesse lugar. Alguns anos atrás, quando passei pela praça e você estava com alguns potes de doce, seus olhos foram algo que ficaram cravados em minhas lembranças, e os reconheceria em qualquer lugar. No entanto, jamais pensei que voltaria a encontrá-la desta forma. Uma jovem tão bonita ter parado justamente aqui. Mas essa deve ter sido sua escolha, então faremos o que de fato vim fazer neste quarto." Eu fiquei confusa. Ele já me conhecia? As dúvidas martelavam em minha cabeça, porém, assim que o homem levou suas mãos até o objeto que estava em seu rosto, ao retirá-lo, fez com que um arrepio desconhecido corresse pela minha espinha. Meus olhos se arregalaram, meu coração batia tão alto como se a qualquer momento fosse sair pela minha boca. Os pelos dos meus braços se arrepiaram e, num fio de voz, as palavras escaparam entre meus lábios. "Vincenzo Romano!"AVA THOMPSONEu fiquei gélida, incrédula e petrificada. Sentia como se o sangue do meu rosto tivesse se esvaído ao ver que justamente aquele que por anos vem ocupando os meus pensamentos, o qual sonhava tanto em conhecer, estava ali parado feito uma estátua à minha frente. Uma sensação de alívio pairou sobre mim por alguns instantes.Encaramo-nos por alguns segundos e o silêncio entre nós cresce ainda mais. Diante da calmaria que tomava conta do lugar, de repente, senti como se tivesse levado um tapa no rosto, me fazendo sair daquele estado de devaneio e aceitar a realidade à minha frente, fazendo um misto de sensações tomar conta de todo o meu ser. O alívio deu lugar à decepção, senti um bolo se formar em minha garganta e meu coração apertado dentro do peito Vincenzo Romano, o homem que até então era objeto de minha admiração e que poderia trazer conforto diante de tudo o que estou vivendo, estava ali para usufruir do meu corpo, já que pagou uma alta quantia como se eu fosse um objeto
AVA THOMPSONNo fundo do meu coração, ainda havia um fio de esperança de que o homem à minha frente, que era muito mais bonito pessoalmente, ainda era aquele que foi o único capaz de fazer meus batimentos cardíacos ficarem tão acelerados. Em meio às dúvidas, medo e tristeza, quando ouvi sua pergunta, pude ver uma tristeza estampada em seu rosto e a repulsa em seus olhos, me dando a certeza de que ele estava enojado ao descobrir quem de fato era Bernardo Carter.Quando seus dedos tocaram meu rosto, enxugando minhas lágrimas, uma corrente de eletricidade passou por mim. Tinha certeza de que ele podia ouvir meu coração bater, e aquele simples toque trouxe uma calmaria em meio a toda aflição que vinha vivendo nos últimos dias. Ele suspirou pesadamente e pediu que eu contasse toda a verdade. Embora temerosa pelas ameaças contra minha irmã, naquele momento eu tinha a mais pura certeza de que somente Vincenzo Romano poderia me libertar daquele lugar.Nos instantes seguintes, contei tudo o que
AVA THOMPSONNão era segredo para mim que VINCENZO morava no Upper East Side, já que havia lido em uma revista que falava um pouco sobre a família Romano. Porém, quando o veículo chegou ao Central Park depois de alguns minutos, embora sonolenta, não conseguia parar de admirar a paisagem magnífica. Clara ainda não conhecia o lugar pessoalmente, mas eu sim, já que meus pais me trouxeram algumas vezes de carro. No entanto, o automóvel seguiu em movimento e tudo o que olhava fazia jus às fotos que tinha visto na internet.O bairro é considerado o mais chique de Nova York, uma área residencial e elegante, famosa pelos residentes ricos, restaurantes chiques e lojas de luxo ao longo da Madison Avenue. Pouco tempo depois, estávamos andando entre modernos prédios de estruturas diferenciadas. A competição entre eles era acirrada.Depois de alguns minutos, o veículo parou e não demorou muito para que o motorista viesse abrir a porta traseira do carro.- Chegamos, senhorita Ava.Quando saí do auto
Algum tempo depois...AVA THOMPSONTantos pensamentos se misturam em minha cabeça. Por algumas horas, me senti segura ao estar aqui, longe da crueldade daqueles que são capazes de tudo para terem o que desejam, sem se importar em destruir qualquer obstáculo que esteja em seu caminho. Vincenzo fez muito por mim e Clara, mas não poderei mais abusar de sua boa vontade.Fiquei tão perdida em meus pensamentos que só voltei ao meu estado de lucidez quando um mini furacão de cabelos loiros dourados, como de um anjo, abriu a porta e veio correndo em minha direção.__ Ava!Abri meus braços enquanto ela se jogou em cima de mim e a abracei fortemente. A sensação de paz que senti naquele instante era inexplicável. Pela minha irmã, sou capaz de desistir da minha própria vida, e tudo que mais desejo é que ela seja muito feliz. Farei o impossível para que isso aconteça. Instantes depois, era como se ela tivesse engolido um gravador, pois não sei como Clara conseguia falar tanto.Ela acabou contando c
AVA THOMPSONComo ele já havia informado horas atrás, assim que terminasse de resolver alguns assuntos, íamos sair. Clara está eufórica, afinal, jamais colocou os seus pés em um shopping. Já dentro do veículo, o mesmo foi colocado em movimento ao lado do motorista. Tinha um dos seguranças, enquanto nós três estávamos acomodados nos bancos traseiros. O homem que estava sentado ao meu lado mantinha sua atenção no seu notebook, enquanto minha irmã tinha seus olhos arregalados, analisando cada imagem por onde o automóvel passava.O trânsito estava calmo e o trajeto foi rápido. E quando o carro parou, saímos do veículo e, pela primeira vez, ela viu um shopping em sua frente. Ela ficou parada olhando por longos minutos, feito uma boba.- É muito mais bonito do que eu imaginava - Clara falou no instante em que passamos pelas enormes portas de vidro. Assim como ela, eu estava maravilhada com tudo a minha volta. Qualquer um que olhasse para nós duas logo saberia que éramos duas pobretonas que n
Na manhã seguinte...VINCENZO ROMANOUm mundo que para muitos é sinônimo de devassidão, mas no qual eu vivia em busca da lascívia carnal e do prazer absoluto. Embora já tivesse tido os mais variados tipos de mulheres à minha disposição, de várias idades, nacionalidades e temperamentos, exclusivamente para meu deleite, além da minha mãe e das funcionárias da minha casa, nenhuma outra mulher havia entrado em minha casa. No entanto, desde aquele leilão, sensações que eu não conhecia pairaram sobre mim. Meu coração está constantemente agitado e, ao ver a felicidade nos olhos de Clara, tive a confirmação de que estou fazendo a coisa certa.Foi sem dúvida obra do destino que me fez reencontrá-la novamente, e fico extremamente feliz em poder contribuir para que elas se sintam protegidas e possam recomeçar. Ontem, quando chegamos em casa, recebi uma ligação da minha mãe e acabei contando tudo o que havia acontecido no dia anterior, visto que já havia saído nos noticiários. Embora não tenham me
AVA THOMPSONO clima ficou pesado; a calmaria reinou no espaço. Era como se somente o corpo do homem estivesse ali, enquanto sua alma divagava pelo desconhecido. Segundos e minutos se passaram, e minha irmã segurou novamente minha mão, apertando-a com força, indicando que também estava apreensiva e com medo. Ciente de que era o certo a fazer, minhas pernas, que antes estavam pesadas, ficaram mais leves, e eu me movi para sair dali quando uma voz grave reverberou no ar.__Ava Thompson, você me faz lembrar alguém__ ele finalmente quebrou seu voto de silêncio, e Clara, por sua vez, se sentiu novamente confiante e não se manteve quieta.__Ela é a cara da nossa falecida mãe.__Por acaso sua mãe se chamava Angelina ?__ eu estava tão nervosa que abri a boca, mas as palavras não saíam, e agradeci que, ao contrário de mim, Clara era uma tagarela.__Sim, o senhor a conheceu?__Ela trabalhou alguns anos no meu restaurante na filial de Nebraska. Apesar de ser bem nova, era uma das minhas funcioná
VINCENZO ROMANOEstar na companhia dos meus pais sempre foi algo que priorizei em minha vida, mas hoje a sensação que eu tive foi que algo que nunca soube explicar, como se tivesse um vazio, havia sido preenchido. Depois de subir para o meu quarto, tomei um banho e acabei por checar alguns e-mails que havia recebido ao longo do dia. Entretanto, assim que terminei e tentei dormir, todos os meus pensamentos estavam voltados para Ava. Após me revirar na cama por diversas vezes, acabei me levantando e deixei meus aposentos na tentativa de tomar um copo de leite, pois o mesmo sempre foi algo que me deixou sonolento.Instantes depois, cheguei ao meu destino e tudo o que jamais cogitei foi que iria me deparar com a mulher que vem ocupando meus pensamentos em meus braços. Seu corpo estava trêmulo, seus olhos arregalados e fixos nos meus. O silêncio predominou no ambiente. Aproximei ainda mais o meu corpo do seu em um misto de desejo, deixando nossos rostos colados. Ao ver aqueles lábios carnud