VINCENZO ROMANODesde o instante em que acordei naquele quarto de hospital, sinto um vazio como se estivesse faltando uma parte de mim. Aquela desconhecida que até então descobri que se chamava Ava tinha os olhos semelhantes aos que tinha visto em meio àquele clarão e, ao saber pelos meus pais que a mulher era minha noiva, fiquei perturbado.Toda aquela luz emanada dela me trazia um desconforto enorme e aquela situação não fazia sentido. Minha mãe relatou tudo o que havia acontecido e, por mais que me forçasse a lembrar, tudo o que sentia era um latejar intenso em minha cabeça. É difícil acreditar que tantos anos haviam se passado e o choque da realidade só veio a se tornar sobre mim quando olhei meu reflexo no espelho, já que meus pais estavam com a mesma aparência, como se o tempo não tivesse passado para eles.Ao longo dos dias, a tal Ava deixou de vir e toda a inquietação que sentia só ficou pior ainda. Por diversas vezes, um forte clarão surgiu em minha frente no mesmo instante e
VINCENZO ROMANOMeus pulmões estavam ardendo, dificultando a minha respiração. Meu coração parou de bater por apenas alguns segundos, mas isso foi suficiente para me causar um incômodo que jamais havia sentido antes. Sussurros ecoavam ao meu redor, mas ao ouvir o choro de Clara, saí do estado catatônico em que me encontrava.- Eu sei que você não lembra da Ava, mas ajude-a. Ajude minha irmã, Vincenzo - suplicou em meio ao pânico, o qual fazia seu pequeno corpo tremer. Minha mãe se juntou a ela, fazendo-a se acomodar no sofá.- Clara! - digo, e seus olhos logo buscaram os meus, e pude ver que, em meio à tristeza, surgiu um pouco de brilho em seu olhar.- Você lembrou da gente? - indaga esperançosa.- Claro que sim. Agora, eu sei que você está nervosa, mas quero que me conte tudo que aconteceu - faço uma pausa - e minha atenção se voltou para Sebastian, e então prossigo - Enquanto isso, Sebastian, chame Jacob.- Sim, senhor - ele rapidamente sumiu do meu campo de visão, e antes que vies
Algumas horas depois...VINCENZO ROMANOEstou prestes a fazer um buraco no chão. Já fazem mais de duas horas que trouxemos Ava para o hospital e aguardamos por notícias. Desvio o olhar para o casal que está junto a Clara, a expressão cabisbaixa e triste toma conta do rosto da pequena. Continuo inquieto, andando de um lado para o outro, enquanto os últimos acontecimentos surgem em minhas lembranças.Mesmo contra a vontade dos meus pais, fui com a equipe do sargento Oliver. Pela localização do rastreador, eles estavam num galpão que pertencia ao maldito Bernardo Carter. Dúvidas começaram a tomar conta dos meus pensamentos e, ao chegar no lugar, um confronto foi iniciado, já que havia alguns homens armados em prontidão. O barulho de tiros ressoou pelo espaço e não demorou muito para que os malfeitores fossem abatidos. Deixei o carro e, assim que invadimos o lugar, senti a raiva inflando em minhas veias ao ver a minha mulher jogada no chão. Ao gritar o seu nome, o infeliz que então foi re
AVA THOMPSONMinha cabeça ainda está latejando, mas a felicidade que tomou conta de mim é bem maior do que qualquer desconforto que possa estar sentindo. As lágrimas desciam pelo meu rosto, mas eram de felicidade, dando lugar a um amor indiscutível, incrível, incontável e imensurável.***Os dias passaram voando e hoje faz certamente dois meses que deixei o quarto daquele hospital. Soube por Vincenzo que Anastácia estava aliada àquele homem que acabou morrendo durante o confronto. Depois de estar recuperada, voltamos para a casa que pertence a nós duas e, por vontade de Clara, ela não quis que alugássemos o imóvel. Acabei atendendo ao seu pedido e sempre vamos aos sábados para lá. Confesso que, se dependesse de mim, não sairia daquela sorveteria. Em contrapartida, começaram os preparativos para o nosso casamento, assim como voltei às aulas, pois quero futuramente realizar o meu grande sonho. Sei que onde meus pais estiverem, estarão felizes ao ver que tanto eu quanto a Clara estamos b
AVA THOMPSONJá havíamos trocado de roupa, entramos no veículo e seguimos para a pista de pouso. Durante o percurso, meu olhar encontrou o anel de casamento adornando meu dedo e vários pensamentos surgiram enquanto um sorriso bobo tomou conta do meu rosto. Fiquei tão distraída que, quando voltei ao meu estado de lucidez, o carro parou e a porta foi destravada. Seguimos em direção à escadaria que conduzia ao jatinho, tudo era incrivelmente luxuoso. Havia uma champanheira cheia de gelo com uma garrafa de espumante e duas taças dentro. Ele abriu a garrafa, encheu as taças e parou em minha frente, entregando-me uma delas.— Um brinde à nossa felicidade — murmurou ele e, assim como eu, levou a taça aos lábios, sorvendo o líquido gelado, onde saboreei cada gota que continha no recipiente. Logo depois, acomodei-me em uma das poltronas e coloquei o cinto. Vincenzo, por sua vez, sentou-se ao meu lado e minutos depois, o avião começou a taxiar pela pista e, enfim, decolamos.DEPOIS DE LONGAS HO
Meses depois...AVA THOMPSONA cada mês, uma nova fase. Os primeiros meses de gestação foram tranquilos e logo passou a fase do enjoo, o que me permitiu comer direito novamente.Ao longo de todos esses meses, foi como percorrer uma estrada cheia de atalhos. Eu tive que lidar com cada fase, onde tinha dias em que eu mal conseguia levantar da cama, minhas pernas estavam muito inchadas, as dores fortes eram constantes em minhas costas e minha barriga cresceu tanto que já tinha dúvidas se era somente um bebê que estava dentro dela.Momentos de descobertas, de medo e incertezas ao ter um novo sangramento, porém, tudo deu lugar a uma imensa felicidade ao descobrir que, apesar dos obstáculos, havia uma pequena guerreira que lutava bravamente para se manter viva dentro de mim. Todos ficaram em festa ao saber o sexo do bebê, mas a princípio Vincenzo se manteve em silêncio, como se estivesse em transe. Acredito que ele já estava prevendo que logo surgiriam pequenos fios de cabelo branco ao ser
Cinco anos depois...AVA THOMPSON ROMANONão foi fácil chegar até aqui, mas ninguém disse que seria. Mesmo com tantos obstáculos que surgiram em meu caminho, hoje minha felicidade não é só pelo meu grande sonho que se tornou realidade, e sim por saber que minha irmã também conseguiu alcançar aquilo que tanto almejava. Clara, ao longo dos anos que se passaram, só veio a aperfeiçoar ainda mais seu talento, e minha adorável irmã conseguiu ser aprovada para estudar na melhor faculdade de moda do mundo, o "London College of Fashion". Deixo meus pensamentos de lado quando ouço meu amado esposo anunciando que havíamos chegado.Saímos do veículo e, enquanto retirei Camila de seu assento e ela segurou uma de minhas mãos, Vincenzo fez o mesmo com o pequeno Henry, que é somente dois anos mais novo que sua irmã, e o pegou em seus braços. Com passadas firmes e precisas, seguimos em direção à entrada principal do restaurante. Atravessamos o curto corredor e as portas duplas foram abertas, reveland
Manhattan - Distrito de Nova YorkAlguns anos atrás...VINCENZO ROMANOMeu nome é Vincenzo Romano. Há mais de trinta anos, meu pai Lorenzo, que é o dono da Antinori, uma das mais antigas vinícolas italianas, mudou-se da Itália para Nova York. Sendo um visionário para os negócios, ele fundou o primeiro restaurante italiano de Manhattan e, seis anos depois, conheceu minha mãe Amber, com quem se casou. Meu pai fez questão de que eu nascesse em solo italiano e, devido a uma série de complicações durante o meu nascimento, sou o único filho e herdeiro das redes de restaurantes Romano, que se espalharam pelo território americano como uma erva daninha, e também da segunda maior exportadora de vinho do mundo. Embora eu tenha apenas vinte e sete anos, tenho me dedicado ao máximo aos negócios do meu pai desde cedo. No entanto, sei que seu maior desejo é que eu deixe a vida de libertinagem e mostre interesse em me casar, algo que não está nos meus planos. Tanto que, neste exato momento, estou indo