O médico pausa o exame, trocando um olhar silencioso e significativo com Hunter, que instantaneamente percebe o peso da situação. Sem hesitar, ele senta-se ao lado de Hazel, suas mãos grandes e firmes pousando delicadamente sobre as dela. Com um cuidado quase reverente, ele afasta as mãos dela do rosto, revelando o desespero profundo em seus olhos, um mar revolto de sentimentos que transbordava sem controle. O choro incessante dela parecia preencher o quarto, como se cada lágrima carregasse o peso de tudo o que ela vinha guardando.Hunter não diz uma palavra, mas seus gestos falam por ele. Ele a envolve em um abraço firme, aconchegando-a contra seu peito, onde ela podia ouvir o batimento constante do coração dele, uma tentativa desesperada de acalmá-la, de dar a ela algum tipo de conforto no meio daquele caos interno. Sua mão acaricia suavemente as costas dela, num movimento reconfortante, quase como se estivesse tentando segurar os pedaços dela que estavam desmoronando.Com um olhar
Hunter enfia as mãos nos bolsos, os punhos cerrados, numa tentativa desesperada de conter a raiva que lateja em cada fibra do seu corpo, alimentada pelo ciúme intenso que o consome naquele momento.— Hazel, você está bem? — Pergunta Liang ao se aproximar, sua preocupação evidente, ignorando completamente a presença de Hunter.— Estou bem, Liang, não se preocupe. — Responde Hazel com um sorriso tenso, tentando manter a calma, enquanto seus olhos captam a expressão de Hunter endurecendo a cada segundo. — Só que…— Achei que você já tivesse retornado ao seu país, senhor Zhang. — Interrompe Hunter, a voz cortante, cada palavra carregada de hostilidade. — Meus planos mudaram, senhor Hill. — Responde Liang, com um sorriso sutil, percebendo claramente o ciúme que ferve em Hunter. — Surgiram motivos interessantes para eu ficar. — Acrescenta, levando o olhar deliberadamente para Hazel, numa tentativa de intensificar o desconforto e provocar ainda mais ciúmes. O brilho de diversão em seus olho
As portas de um dos elevadores se abrem, e Hunter se move sem hesitar, caminhando até ele e segurando a porta aberta. Seu olhar permanece fixo em Hazel, que faz de tudo para ignorá-lo, seus olhos inquietos saltando de um ponto ao outro, como se qualquer coisa fosse mais segura do que encarar a presença imponente dele.— Você vai entrar? — A voz de Hunter corta o silêncio, chamando sua atenção, forçando-a a olhar para ele.— Sim. — Responde Hazel, quase apressada, suas mãos nervosas passando pela ponta dos cabelos em um gesto automático. Com passos hesitantes, ela caminha em direção ao elevador. — Desculpa, estava distraída. — Mente, sabendo muito bem que sua verdadeira intenção era evitá-lo. O pensamento de dividir um espaço pequeno com ele a fazia sentir-se exposta, vulnerável de um jeito que ela não queria admitir.— Como você está? — Pergunta ao entrar no elevador, parando ao lado dela, sua presença irradiando uma intensidade silenciosa.— Por que as pessoas nunca entram no elevado
Hazel solta um suspiro pesado, suas mãos tremendo levemente ao repousarem ao lado do corpo. Ela sabe não haver saída para aquela situação e qualquer tentativa de argumentar será inútil. Ele não aceitará um “não”. Sem outra escolha, abre a porta do carro e entra em silêncio, o barulho seco do cinto sendo afivelado ecoando no pequeno espaço. Enquanto Hunter acelera, o vazio entre eles se expande, sufocante. A indiferença dele é cortante, penetrando fundo, fazendo com que ela se sinta nada mais do que uma sombra, invisível.— Para onde te levo? — A voz de Hunter irrompe o silêncio como uma rajada fria, sem emoção.— Para o meu apartamento. — Murmura Hazel, a garganta apertada. Hunter assente brevemente, sem sequer desviar o olhar da estrada. A cada quilômetro percorrido, o desconforto de Hazel se intensifica, como um peso crescente sobre seus ombros. Ele praticamente a obrigou a entrar no carro, e agora age como se ela fosse um fantasma. Nem mesmo um olhar furtivo, nem um segundo de hes
O beijo é uma tempestade de emoções, um choque de desejo e frustração reprimida por tempo demais. Cada segundo parece uma eternidade, cada toque, cada pressão dos lábios de Hunter contra os dela é um campo de batalha silencioso, onde ambos tentam se entregar, mas, ao mesmo tempo, lutam para não ceder completamente. Hazel segura o rosto dele com delicadeza, seus dedos trêmulos traçando linhas invisíveis enquanto o coração dela bate tão forte que quase dói. Quando ele enrosca a mão em seus cabelos e a puxa mais para perto, o gemido que escapa de seus lábios é involuntário, um reflexo puro da necessidade que ela tem por ele.Mas, tão abruptamente quanto começou, Hunter interrompe o beijo. Ele se afasta, respirando fundo, enquanto luta contra a vontade quase irresistível de mantê-la em seus braços. O conflito entre o desejo e a razão é evidente em cada movimento hesitante, seu corpo tenso, preso entre a necessidade de proximidade e a consciência de que talvez devesse recuar. Seus olhos en
Ao entrar no apartamento, Hazel mal consegue fechar a porta antes de ouvir o celular tocando na bolsa. Ela tenta ignorar o som insistente, como se o mundo lá fora não merecesse sua atenção naquele momento. Mas, quando ele volta a tocar quase imediatamente, a persistência do toque a vence. Resignada, Hazel se deixa cair no sofá, o corpo exausto, afundando-se nas almofadas como se pudesse se esconder do peso das últimas horas. Com um suspiro, ela enfia a mão na bolsa e, ao ver o nome da irmã piscando na tela, uma sensação incômoda se forma em seu peito.— Oi, irmã. — Murmura Hazel ao atender a ligação, sua voz quebrada pelo cansaço e pelas lágrimas que ela tenta enxugar apressadamente, sem sucesso. — Você está bem? — Pergunta Kristen, a voz soando controlada, mas o nervosismo por trás das palavras é evidente. — Liang me contou o que aconteceu ontem. — Dispara, a preocupação cada vez mais palpável, deixando claro que ela não veio para rodeios.— Estou bem, Kristen. Só preciso de um pouc
Hazel sente os passos de Liang logo atrás dela, uma presença impossível de ignorar, mas naquele momento, tudo o que ela deseja é desaparecer, evaporar em meio à multidão, longe do caos emocional que cresce dentro de si. Ela respira fundo, tentando ignorar o nó que se forma em seu peito, mas o trabalho chama, e ela sabe que não pode fugir. Com o coração pesado e a mente em turbilhão, Hazel se força a se juntar à equipe do grupo NexGen no estande, forçando um sorriso educado, embora frágil, para as pessoas ao redor. O time está concentrado, focado em vender as soluções inovadoras da empresa, mostrando o que há de melhor em seus produtos. Hazel se agarra a essa rotina como se fosse a última coisa capaz de mantê-la em pé.— Hazel, você está bem? — Pergunta Joshua, com o olhar preocupado enquanto nota o rosto pálido dela.— Estou be… — Bom dia, pessoal. — A voz de Hunter ecoa pelo estande, interrompendo a fala dela, com aquele tom seguro e controlado que Hazel sempre admirou, mas que agor
O silêncio que se segue é denso, quase sufocante, e o olhar de Hunter se estreita perigosamente ao ouvir a resposta de Hazel. Ele odeia quando o cronograma não é seguido, e o fato de Hazel se recusar abertamente a cumprir o que ele designou, na frente de todos, é um golpe em seu orgulho e controle. A irritação cresce dentro dele, latejando como uma ferida aberta.— Como assim não vai? — Pergunta Hunter, sua voz baixa e ameaçadora. Ele se aproxima de Hazel, a raiva pulsando em cada passo, o corpo tenso, como se estivesse a um passo de explodir. — Acho que você me ouviu bem, senhor Hill. — Responde Hazel, sua voz firme e controlada, carregada com a irritação de alguém que se recusa a ser subjugada. O simples fato de ele ousar pedir que ela acompanhasse Chiara, a mulher que ele havia desfilado pelo coquetel, inflamava ainda mais seu desprezo. — Não quero ser acompanhante de ninguém. — Reafirma, com cada palavra dita como uma provocação deliberada.— Quero você em uma hora no escritório.