Depois que terminamos o café da manhã, subi até o meu quarto e comecei a me arrumar. Minha missão do dia era clara: ir até o Hotel Hunter e observar de longe o tal Andrew Montanaro. Um jovem rapaz que, se depender de mim, está com os dias contados. Não pretendo falhar. Vestir uma calça reta preta, uma camisa cinza e uma bota de cano baixo foi minha escolha para o dia. Soltei meus cabelos, deixando-os cair em ondas naturais sobre os ombros. A maquiagem foi leve, apenas um toque de rímel e um batom neutro. Borrifei um perfume adocicado, algo que não chamasse atenção, mas que me deixasse confiante. Peguei minha bolsa, conferi o conteúdo pela última vez: um celular descartável, uma pequena faca escondida em um compartimento secreto e um par de luvas finas. Estava pronta.Ao chegar na sala, Henrique estava sentado no sofá, com um copo de café na mão e um olhar preocupado. Ele tentou mais uma vez me persuadir a desistir da missão.— Você não precisa fazer isso — disse ele, a voz carregada d
Tanto que eu pedi para a Kara não aceitar esse trabalho, tanto que avisei que esses caras são muito mais espertos do que pensamos, e ela insistiu em ir. Durante toda a manhã fiquei preocupado. Sabe quando você tem a sensação de que não vai dar certo? Pois é exatamente o que estou sentindo. Esse novo trabalho tem tudo para dar errado, eu sei disso, eu sinto isso.Estou na sala pensando em alguma estratégia para fazê-la esquecer desse trabalho, quando meu telefone toca. Ao olhar a tela, vejo que é ela e, no automático, sei que algo deu errado. Apenas espero o que ela tem a dizer.— Henrique, sou eu. Aconteceu algo com o carro. Preciso que você venha e traga um borracheiro. Os pneus estão rasgados, os quatro pneus. Por favor, Henrique, não demore.— Onde você está agora?— Em frente ao restaurante Ferreto. Não demora...— Estou a caminho. Mas me diz, foi só isso mesmo?— Sim, estou bem e intacta, mas tenho certeza de que foi algum dos seguranças. Devem ter me notado, mesmo comigo mantend
Assim que entro no porão, Henrique já está bastante pálido e sem forças. Ainda nem olhei onde ele foi ferido. O tiro acertou, mas minha preocupação está bem nítida pela perda de sangue dele. Sei que é grave. Quando finalmente entramos, vou o apoiando e, com cuidado, o deito em uma cama que fica em um canto. Dá para entender por que minha mãe manteve essa casa o tempo todo; esse lugar foi muito bem projetado para socorro.Começo a tirar a camisa do Henrique e me assusto ao ver que o tiro foi no abdômen. Isso me faz estremecer, pois a situação pode ficar ainda mais séria. Só sei o básico de primeiros socorros, e, com certeza, Henrique precisa de cuidados médicos...Escuto ele falar, no limite de suas forças, para ligar para o primo e pedir ajuda. Não penso duas vezes e ligo para o primo, que, por sinal, ainda nem sei o nome. Depois de uma eternidade tentando, finalmente ele me atende na quinta tentativa:— Primo, você sabe que não pode ficar me ligando assim. O que está pegando, hein?—
Já faz um mês desde que tudo aconteceu, e finalmente Henrique tem demonstrado uma melhora significativa. Apesar de ainda carregar as marcas físicas e emocionais da última investida de Richard, ele está mais forte, mais determinado. E, pela primeira vez desde que nos conhecemos, começamos a criar planos concretos para que eu me aproxime de Andrew Montanaro. Esta noite, darei início à caça... ou ao jogo, como prefiro pensar.O dia transcorreu tranquilamente, mas com uma tensão palpável no ar. Conversei com Henrique pela manhã, e ele sugeriu que saíssemos juntos à noite para tentar encontrar Andrew em um de seus locais habituais. Um dos contatos de Henrique nos garantiu que ele ainda está em Portugal, preso por um contratempo causado pela Máfia O Monopólio. Parece que os negócios que ele veio fazer aqui não foram concluídos como planejado, e ele está tentando resolver a situação da melhor maneira possível. Isso nos dá uma janela de oportunidade, mas também aumenta os riscos. Andrew não é
Desde sempre soube quem sou e qual é a minha responsabilidade dentro da Khazar. Desde sempre fui treinado de todas as formas para não ser um alvo fácil e, mesmo assim, já sofri diversos atentados, inclusive dentro do território da Calábria, minha cidade natal.Meus treinamentos sempre foram bastante intensos: lutas, disfarces, infiltração. Fui treinado pessoalmente por meu pai para ser tão cruel quanto ele ou até pior, posso dizer. Não sou um homem de corpo espetacular ou forte, mas acho que sempre chamei atenção entre as mulheres. Gosto bastante de curtir um pouco, de foder a mulherada nos nossos bordéis. Mas, como a tradição na Máfia é de fato levada a sério, sei que tenho uma noiva determinada desde o meu nascimento, com a qual precisarei me casar em breve. Afinal, um filho de Capo precisa de uma esposa bem treinada para ser fria e ajudar o marido da forma que ele precisar. E a minha noiva, assim como eu, tem sido treinada para assumir o posto que será dela em breve.Desde o início
"Solte-o! Vamos deixar a boneca se sentir à vontade, relaxar o corpo e me mostrar do que ela é capaz. Hahahaha!" As gargalhadas dentro do galpão se tornaram ainda mais fortes, mais altas. Um dos meus homens foi até o imbecil e o soltou, fazendo-o cair sobre os joelhos.Sei que ele já está com a mente toda fodida pelo que foi obrigado a presenciar. Os gritos, os pedidos de ajuda da esposa e da filha devem estar martelando em seus ouvidos. E, sem falar que saber que elas serão prostitutas em algum dos bordéis da Khazar deve ser um martírio para qualquer pai e marido. Saber que suas "mulheres" agora servirão de objeto para cada membro do clã, que serão usadas e descartadas, sem ganhar uma mísera lira pelos serviços prestados...Após recuperar o fôlego — ou melhor, as forças —, ele se lança em minha direção com os punhos cerrados, tentando me acertar de todas as formas. Eu me desvio de cada golpe, e em um desses movimentos, ele perde o equilíbrio e cai. Mais uma vez, os meus homens caem n
Quando meu filho me convenceu a deixar um pouco o imprestável do Anthony descansar das dores que estava sentindo, para que depois eu pudesse causar muito mais, eu não imaginava o que estava por vir. Assim que chegamos em casa, fui direto para o escritório, e meu filho foi para o seu quarto. Fiquei vendo alguns papéis das últimas compras de drogas, armas, o controle de entrada e saída de dinheiro, e as cobranças pela segurança fornecida aos moradores da Calábria. Notei que o desfalque que nos foi dado é ainda maior do que eu imaginava, e tive que voltar a calcular o tamanho do prejuízo que me fora causado. Já estava ficando cada vez mais irritado a cada folha que eu conferia. Via que os números não batiam, e minha raiva só aumentava. No mesmo instante, meu telefone toca, e sou avisado pelo meu pessoal que faz o controle da entrada da cidade que vários carros suspeitos entraram na cidade e que eles estavam os seguindo de longe, para ver o itinerário que eles estavam seguindo.Não demor
Não demorou quase nada para elas serem entregues no galpão. As mulheres estavam dentro de uma das vans próximas e logo foram trazidas por dois dos meus homens. Quando ele as viu, o desespero estava estampado em seu rosto. Anthony se debateu, tentando se soltar de todas as formas, mas estava muito bem preso, com a boca livre para falar o que quisesse e quando quisesse.— Como eu disse antes, seu verme, está nas suas mãos...Ele se manteve calado. Então, me aproximei da mesa de ferramentas e ordenei que deitassem a filha dele na mesa, prendendo seus pés e mãos.— Como pode ver, ela será a primeira. — Peguei algumas lâminas de bisturi, o kit de agulhas, chaves de fenda e um martelo, caminhando em direção à mesa onde a menina já estava, cada vez mais apavorada, pedindo ajuda à mãe e ao pai. Assim que fiquei ao lado dela e comecei a me preparar para fazer as incisões, entre as lágrimas da filha e da esposa, ele decidiu ceder.— Eu falo, seu miserável! Eu falo tudo o que você quer, mas deix