Acho que consegui convencer a Kara; afinal, ela não insistiu mais nas perguntas. Depois que eu falei um pouco sobre os meus pais, finalmente ela voltou ao quarto dela, me deixando sozinha com os meus pensamentos e medos...Não consegui dormir durante a noite. Fiquei rolando na cama e tentei ligar mais algumas vezes para o Andrés, imaginando se ele atenderia, mas as ligações não foram completadas e, inclusive, algumas vezes foram desligadas propositalmente. Com a minha vasta experiência, sei muito bem o que isso quer dizer: ele está vivo e nas mãos de seus algozes. Na manhã seguinte, recebi uma ligação muito estranha de Ary, me perguntando como estávamos; mais claramente, a preocupação era em como a Kara está...— Ary, por que está tão estranho? — Não é nada, apenas estou preocupado com a minha filha Amália. Desde que você a tirou daqui de Terni, as coisas não estão fáceis e estou com medo por ela... — Do que você está com medo, Ary? Está acontecendo algo que eu deva saber para pro
Procurei encontrar o número de telefone do Henrique. Ele seria a última pessoa em quem eu imaginaria que devia confiar, mas, dessa vez, tanto o Andrés quanto o Henrique me surpreenderam. Eu jamais imaginaria que esses dois fossem amigos... Depois de vários minutos na agonia de encontrar o número dele, finalmente o encontrei jogado em um canto da minha bolsa de trabalho. Respiro fundo, tentando encontrar coragem para falar com ele, pois lembro-me perfeitamente da última vez que nos encontramos. A briga não foi nada agradável; Henrique é um homem muito difícil de lidar e não é à toa que ele ainda esteja vivo depois de tudo o que ele já fez...Respiro fundo e faço a bendita ligação que poderia pôr um fim a toda essa agonia que estou sentindo. Que saco, era só isso que faltava. Jogo o telefone em cima da cama e caminho até a minha janela. Fico dando voltas no quarto, com um aparente desespero. Eu realmente estou desestabilizada e isso é péssimo. As lembranças da imagem do vídeo conseguir
Após cortar a garganta de um dos homens de Richard e apoiá-lo na queda para não chamar atenção, vou me aproximando cada vez mais, desmaiando uns, matando outros. Em meio à minha ação, sinto uma lâmina raspar minhas costas. Giro o meu corpo a tempo de não ser cortado e dou de cara com mais um dos seguranças do barco. Não sei de onde ele surgiu, mas passou despercebido por mim. Quando giro o corpo, já encaixo um soco e ele perde o equilíbrio, não esperando a minha reação. Continuamos ali lutando até que ele me acerta, me deixando atordoado momentaneamente. Quando ele vem novamente para me acertar, é alvejado e cai, sem entender de onde veio o tiro que o atingiu. Respiro aliviado ao vê-lo dar sua última arfada de ar e fechar os olhos.Sigo avançando em direção ao barco quando Amália também se aproxima, um pouco mais atrás. Estamos cada vez mais próximos de chegarmos ao nosso objetivo quando um deles consegue nos ver e vem em minha direção. Ainda estamos a uns 15 metros do barco, mas o ho
Não, Kara, você não pode sair. Fique aqui. Eu vou em busca da sua mãe. Se ela não voltou ao hotel, com certeza teve seus motivos. Você não deve se arriscar desse jeito. Fique aqui com meu primo; ele cuidará de você e do Andrés. "Falo olhando para o meu primo, que concorda com a cabeça."Não demora, pego uma arma já com o silenciador, coloco nas costas e saio do quarto, olhando para todos os lados. Quando chego à recepção, pergunto onde encontro a farmácia mais próxima e, assim que sou informado, sigo em frente. Saio do hotel e, não muito longe, vejo a maldita farmácia. Dirijo-me até ela, sempre olhando ao meu redor, mas não consigo ver nada de suspeito. Entro na loja e fico procurando, mas também não a vejo. Vou em direção ao balcão de atendimento e peço informações sobre a Amália. Para a minha decepção, sou informado que a tal moça não apareceu aqui. Não consigo acreditar que isso esteja acontecendo; é muito azar em um mesmo dia...Pego as coisas que preciso para ajudar o Andrés e vo
O ódio que carrego não diminuiu. Pelo contrário, só cresceu, alimentado pela impotência e pela sede de justiça. Richard desapareceu do Canadá, e com ele, qualquer rastro que pudesse me levar até ele. Suspeito que tenha voltado para a Itália, refugiando-se sob as asas daquela corja que ele chama de "amigos". Esses mesmos que se dizem protetores, mas não passam de abutres disfarçados de anjos. Eles são como uma teia de aranha, invisível até que você se enrosque nela. E eu, Henrique, não sou mais uma mosca desprevenida. Sei que, para derrubá-los, preciso ser paciente, metódico e, acima de tudo, implacável.Enquanto isso, meu foco tem sido Kara. Ela tem estado cada vez mais imprevisível, e isso me preocupa profundamente. Tento mantê-la ocupada, distraída, mas ela insiste em se dedicar aos treinos de combate e tiro. Já era exímia, mas agora está se tornando implacável, quase perfeita. Cada movimento, cada disparo, é calculado com uma precisão que beira o inumano. A morte de Amália a deixou
Desde o momento em que vi minha mãe voar com o carro para fora da pista, minha alegria se foi. A imagem daquele acidente ainda me assombra, como um filme que se repete em minha mente todas as noites. Eu me apeguei muito a ela durante os anos em que moramos juntas. Ela era minha única família verdadeira, minha protetora, minha mentora. E, é claro, não fiquei nada feliz com o que aconteceu. Ela era minha luz. Com ela, respirei, vivi intensamente, corri riscos e aprendi a me defender da melhor maneira. Com sua morte, só me restou tristeza, dor e angústia. Cada dia que passava era de escuridão. Claro que eu não estava feliz, ainda mais sabendo que o responsável pela morte dela foi o homem que seria meu noivo, aquele com quem eu teria sido obrigada a me casar. Isso foi a gota d'água. A verdade é que eu queria ter morrido junto com ela naquele dia. Queria que tivessem me deixado entrar naquele carro no estacionamento do hotel.Desde o sepultamento, tenho estado aqui na casa que herdei dela
Depois que terminamos o café da manhã, subi até o meu quarto e comecei a me arrumar. Minha missão do dia era clara: ir até o Hotel Hunter e observar de longe o tal Andrew Montanaro. Um jovem rapaz que, se depender de mim, está com os dias contados. Não pretendo falhar. Vestir uma calça reta preta, uma camisa cinza e uma bota de cano baixo foi minha escolha para o dia. Soltei meus cabelos, deixando-os cair em ondas naturais sobre os ombros. A maquiagem foi leve, apenas um toque de rímel e um batom neutro. Borrifei um perfume adocicado, algo que não chamasse atenção, mas que me deixasse confiante. Peguei minha bolsa, conferi o conteúdo pela última vez: um celular descartável, uma pequena faca escondida em um compartimento secreto e um par de luvas finas. Estava pronta.Ao chegar na sala, Henrique estava sentado no sofá, com um copo de café na mão e um olhar preocupado. Ele tentou mais uma vez me persuadir a desistir da missão.— Você não precisa fazer isso — disse ele, a voz carregada d
Tanto que eu pedi para a Kara não aceitar esse trabalho, tanto que avisei que esses caras são muito mais espertos do que pensamos, e ela insistiu em ir. Durante toda a manhã fiquei preocupado. Sabe quando você tem a sensação de que não vai dar certo? Pois é exatamente o que estou sentindo. Esse novo trabalho tem tudo para dar errado, eu sei disso, eu sinto isso.Estou na sala pensando em alguma estratégia para fazê-la esquecer desse trabalho, quando meu telefone toca. Ao olhar a tela, vejo que é ela e, no automático, sei que algo deu errado. Apenas espero o que ela tem a dizer.— Henrique, sou eu. Aconteceu algo com o carro. Preciso que você venha e traga um borracheiro. Os pneus estão rasgados, os quatro pneus. Por favor, Henrique, não demore.— Onde você está agora?— Em frente ao restaurante Ferreto. Não demora...— Estou a caminho. Mas me diz, foi só isso mesmo?— Sim, estou bem e intacta, mas tenho certeza de que foi algum dos seguranças. Devem ter me notado, mesmo comigo mantend