Estou no meu quarto, envolto em um silêncio pesado, à espera das informações que podem mudar tudo. A luz fraca do abajur cria sombras dançantes nas paredes, enquanto o tic-tac do relógio parece ecoar como um contador regressivo para o inevitável. Finalmente, a porta se abre, e ele entra, acompanhado do outro. Muralha, meu braço direito, avança com passos firmes e me entrega um papel. Mal preciso ler para saber do que se trata. O homem que acompanhou Kara Grecco até sua casa confirma o que eu já suspeitava: ambos os assassinos estão juntos e estão tentando se aproximar de mim. Não é para me matar, com certeza. Eles precisam da minha ajuda, da ajuda da Khazar...Dou um sorriso frio, quase imperceptível, com a confirmação daquilo que já sabia. Dispenso os outros com um gesto de mão, e a sala esvazia-se, deixando apenas o eco dos passos. Está na hora de dar mais um passo no jogo de Kara. Vamos ver até onde a ousadia dela vai...Deitado na minha cama, o cansaço finalmente me vence. O peso
Kara GreccoNa minha última tentativa para chamar a atenção de Andrew Montanaro, arrisquei convidá-lo para jantar. Sei que foi arriscado fazer esse convite, mas, segundo Henrique, eu preciso arriscar até o último instante, especialmente porque Andrew Montanaro está prestes a voltar para a Itália definitivamente a qualquer momento, e eu continuo com a corda no pescoço. Estiquei o convite a todos os seguranças, talvez deixando claro que não faço ideia de quem ele seja. Ao menos, é isso que quero que ele pense...Henrique se arrumou e saiu. Segundo ele, eu devo ficar despreocupada, pois ele conseguirá armar o que planejamos. Eu só preciso me preocupar com os meus convidados. Depois de hoje, se eu não conseguir fisgar o coração do mafioso, ou opto por matá-lo ou morro sem tentar.Afinal Andrew Montanaro não era apenas mais um mafioso. Ele era o filho do Don, o herdeiro de um império construído com sangue e lealdade. Seu pai, Giorgi Montanaro, era uma lenda no submundo, e Andrew carregava
No meu quarto ainda, depois de alguns minutos, escuto os tiros recomeçarem, e dessa vez ainda mais intensos. Claramente, a noite que era para ser perfeita se tornou um pequeno inferno. O som dos tiros se intensificou, rajadas eram disparadas, e mesmo em meio ao caos, me pergunto quem ousaria invadir uma casa de assassinos de aluguel, ainda mais estes recebendo visitas de mafiosos... A adrenalina corre nas minhas veias, mas junto com ela, uma sensação de desespero silencioso. Tudo o que eu construí, tudo o que eu protegi, está agora sob ameaça. E eu não posso falhar. Não dessa vez. Cada tiro que ecoa parece um lembrete de que não há espaço para erros. A vida que eu escolhi me trouxe até aqui, e agora só me resta lutar até o fim.Vou até a janela de vidro e fico a observar, quando vejo um rosto bastante conhecido. Não imaginei que esse filho da puta teria coragem de invadir o meu espaço depois de ter armado para matar a minha mãe... Dessa vez, acertarei as minhas contas pessoalmente com
Estávamos sentados à mesa, ainda durante o jantar, quando escutamos passos circulando a casa. O som era discreto, mas suficiente para nos alertar. O ar, que antes estava carregado de conversas e o aroma da comida, agora parecia pesado, como se o próprio ambiente soubesse do perigo que se aproximava. Está claro para mim que será um ataque. Resta saber se foi planejado por Kara e seu amigo ou se eles estão realmente inocentes nisso. Optei por acreditar na inocência ao ver nos olhos dela um pouco de medo, uma faísca de vulnerabilidade que não combinava com a mulher forte que eu conhecia. Levantei da mesa junto com meus irmãos e, claro, pegamos nossas armas. Sabemos que aqui dentro estamos em desvantagem: temos pouca munição e só poderemos contar com a experiência, os utensílios da casa e um pouco de sorte, apesar de não acreditar muito nisso.Quando Kara se aproximou de mim, automaticamente a empurrei para trás, surpreendendo a mim e aos meus irmãos, que olharam sem acreditar no que eu e
Ainda deitado na cama, de olhos fechados e acalmando a respiração, curtindo o momento pós-sexo, sinto os dedos de Kara percorrendo meu peito, fazendo alguns desenhos carinhosos. Entre esses pequenos carinhos, escuto a pergunta que estava evitando ao máximo...— Andrew, quanto tempo ainda ficará aqui em Portugal? — ela pergunta. — Vim aqui para falar com você sobre isso, e acabamos aqui na cama... Então, Kara, eu vou embora este final de semana. Provavelmente, essa será a nossa primeira e última vez juntos e...Quebrando todas as regras que impus a mim mesmo e também algumas regras da Khazar, me deixo levar. Nunca deixei mulher nenhuma beijar meus lábios, apenas usei seus corpos da melhor maneira. Estou aproveitando o momento em que estamos deitados na cama, quando sinto os braços de Kara começarem a me envolver. Sem esperar, vejo sua boca se aproximar da minha. Seus lábios quentes e macios ao tocarem os meus me trazem um misto de satisfação. Sinto sua língua pedir passagem, e eu dou.
Perdido nos beijos e abraços de Kara, os dias passaram tão rápido que mal me dei conta. Finalmente, chegou o grande dia. Estaremos todos embarcando para a Itália, e com certeza terei que enfrentar mais uma vez o meu pai, que, desde a ligação, não tem falado comigo. Espero, de verdade, conseguir resolver isso logo e que eles a aceitem como minha companheira...Acordo cedo com Kara ainda em meus braços, me presenteando, desde a nossa noite juntos, com sua presença constante e noturna. Acaricio seu rosto e deposito um beijo em sua testa antes de me desvencilhar cuidadosamente dela para que não acorde. Vista um roupão e vou na ponta dos pés para o banheiro, onde tomo um banho para iniciar o meu dia, que promete ser gostoso e, ao mesmo tempo, preocupante. Assim que entro no banheiro, coloco a banheira para encher e paro em frente ao espelho. Sem pressa, começo a fazer a barba, deixando um visual impecável. Em seguida, tiro o roupão e entro na banheira para aproveitar a água quente, que rela
Assim que o avião pousa, começamos a nos preparar para descer. Da janela, pude ver uma grande quantidade de homens muito bem vestidos, à espera de que o futuro don desça. Me aconchego um pouco mais nele e sinto-me confortada quando ele me puxa pela cintura, trazendo-me ao encontro de seu corpo, claramente dando a entender que não preciso ter medo e que ele cuidará de tudo. Sorrio para mim mesma com a sensação nova que tenho experimentado, estando totalmente entregue a Andrew.Aos poucos, os rapazes começam a descer, e eu e Andrew ficamos por último, aproveitando nossos últimos minutos sozinhos ali. Andrew, mais uma vez, me conforta com um abraço e sela nossos lábios. Em seguida, saímos do avião. Os carros já estão preparados, nos aguardando para entrarmos, e assim o fazemos. Assim que entro no carro, Andrew senta-se ao meu lado. Pouco depois de nos acomodarmos, o motorista dá partida. Acomodo-me no braço de Andrew, e ele apenas me deixa aconchegar. Preciso me fazer de indefesa, afinal,
A manhã passou rápido, e logo após o almoço com os mesmos homens que estavam reunidos na mesa pela manhã, me olhando com atenção e com meu estômago revirando, finalmente don Giorgi Montanaro me chamou para a conversa que eu tanto temia. Sentia que minha máscara cairia a qualquer momento...Respiro fundo, tentando acalmar os nervos que pareciam estar à flor da pele. Cada passo em direção ao escritório era como caminhar sobre brasas. As borboletas no estômago se transformaram em um turbilhão de ansiedade. Assim que entro, ouço sua voz gutural, que ecoa como um trovão no silêncio da sala:— Feche a porta e sente-se. A conversa que quero ter com você será esclarecedora, e não quero ficar com dúvidas sobre você, garota.Concordo com a cabeça, minhas mãos trêmulas trancando a porta. Sento-me na poltrona, tentando manter a postura, mas meu coração batia tão forte que eu quase podia ouvi-lo. Don Giorgi se levanta com uma calma que só aumenta minha apreensão. Ele coloca duas doses de uísque, en