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combate foi cruel e mortal. Os primeiros Guaicurus sucumbiram, mas dezenas logo apareceram e Acauã avançou contra eles. Seus homens o seguiram e ali se travou uma batalha mortal entre bordunas e adagas. Os Guaicurus eram realmente ferozes e atacavam energicamente os homens de Acauã, que sabia serem mais fortes e ágeis com suas adagas. A quantidade de guerreiros, porém era demasiadamente desproporcional e então alguns deles acabaram sendo mortos rapidamente.
Acauã avançava facilmente sobre os Guaicurus, que se assustaram ao encontrar entre os inimigos um mestiço tão forte e grande como ele. Acauã se defendia e atacava co
CAPITULO IX E assim Acauã e os capitães de Felipe resolveram que ao raiar do dia sairiam e enfrentariam os Guaicurus numa tentativa de buscarem a fuga. Sabiam dos riscos que corriam, mas não havia alternativa senão enfrentar Kaluanã frente a frente. Se tivessem que sucumbir, que fosse enfrentando o inimigo e não morrendo a mingua sob um cerco mortífero e cruel. As horas que antecipavam as primeiras luzes do dia chegavam trazendo ansiedade e temor a todos na clareira. Era a chance que teriam de tentar uma fuga pelas trilhas e salvarem suas vidas. Porém, teriam que enfrentar Kaluanã e suas hostes e o q
CAPITULO X O s Guaicurus atravessaram o grande rio e voltaram para a aldeia carregando seus mortos. A tribo toda se reuniu e pranteou por dias a morte de tantos guerreiros. Terminado os preparativos, os corpos foram enfaixados e colocados sob uma esteira que seria conduzida por um cavalo até o local sagrado. Comidas, e animais mortos eram separados para irem junto. Abriam-se as covas e os corpos eram cuidadosamente depositados. Sob elas uma esteira era colocada e ao seu lado as comidas e jarros de água. Aqueles guerreiros mais importantes tinham seus cavalos sacrificados e enterrados a parte. Acreditavam que no mundo dos mortos estes guerreiros ainda precisariam deles. Suas armas e um poste com vários utens
CAPITULO XI A manhã logo chegou e Kaluanã não pregara o olho. Ficara pensando na conversa que tinha tido com Acauã. Suas revelações o haviam impactado profundamente. Não acreditava mais em um dia reaver alguém de sua tribo natal, e mais ainda sendo ele um mestiço. Isso o deixou ao mesmo tempo ansioso e frustrado. Ansioso em querer saber como Acauã chegara até ali e de que tribo ele realmente era descendente. E Frustrado por ser ele um possível Panará a serviço de seus piores inimigos. Desde que o atacara na floresta, viu que usava em seu pescoço aquele colar que lhe era familiar. Quando finalmente lhe arrancou, pode ver o símbolo de sua tribo entalhada nele. Fora isso o motivo de n
CAPITULO XII K aluanã chegou junto com a noite e Apoema o aguardava. Ao vê-lo entrar no arraial foi ao seu encontro. — Vejo que já encontrou suas respostas Kaluanã... — Apoema... — Respondeu surpreso ao vê-lo ali. — Estava a sua espera... — Aconteceu alguma coisa? O prisioneiro? — Não, está tudo bem... Ele continua no mesmo lugar. — Então o quer de mim? — Saber se seus fantasmas ainda o afligem... Kaluanã silenciou-se por um momento. Parecia procurar algo em seus pensamentos. — Muitos deles ainda me cercam Apoema... — Acho que será melhor enfrentá-los de uma v
CAPITULO XIII A pós três dias, logo ao amanhecer, Kaluanã pediu para que trouxessem Acauã até o terreiro. Com um olhar desconfiado, ele acompanhou os guardas sem dizer uma palavra. Esperava qualquer coisa, até a própria morte. Quem sabe se Kaluanã resolveu que seria naquele dia? Enquanto caminhavam, as crianças o acompanhavam curiosas. Ao chegarem ao grande terreiro, Kaluanã os esperava junto a Apoema e toda a tribo. Cerca de cem guerreiros pareciam estar prontos para alguma ação, pois portavam seus arcos, suas bordunas e as aljavas cheias. Pinturas de guerra camuflavam os rostos e curiosamente carregavam muitas das armas que Acauã sabia que eram dos homens de
CAPITULO I O forte alarido, vindo dos grandes sinos do pátio do colégio de São Paulo, alertava em alto e bom som, os habitantes da Villa de Piratininga, que algo de grande vulto estava em andamento. Ansiosos em saber o que ocorria, o povo da Villa largou rapidamente o que estava fazendo e saiu apressado para a praça do colégio. Apinhados no pátio, toda a Villa pode vislumbrar ao longe a chegada de uma das Bandeiras, que meses antes, havia se embrenhado pelos sertões. Isso agitou os corações aflitos daqueles que tinham amigos e familiares entre os Paulistas que compunham as tropas. O que viam, porém, não era aquilo que esperavam. Dos mi
CAPITULO II A visão dos combalidos bandeirantes chegando a Villa de Piratininga remeteu a população a se lembrar da chegada de Dom Gabriel meses antes. Eram os mesmos rostos cansados e desiludidos, os mesmos feridos, a mesma baixa estima. Mal chegaram e o povo veio lhes acudir. Padre Nicolau os recebeu fraternalmente e pediu que os feridos e doentes fossem levados à enfermaria do colégio. João Dias se reuniu com as autoridades da Villa e lhes relatou o ocorrido. Fora surpreendido pelos Guaicurus e não houve como enfrentá-los, tamanha era a ferocidade e força com que os atacaram. Não soube dizer a quantidade de guerreiros de Kaluanã, ma
CAPITULO III M uitas léguas dali, uma grande fogueira mantinha a carne de uma “Tapira”[1], assando lentamente, enquanto alguns guerreiros Guaicurus dançavam ao redor dela. Pintados e carregando seus colares no pescoço, entoavam canções nativas enquanto em seus tornozelos, as maracas de pequi soavam numa compassada melodia. A harmonia daquele momento trazia conforto a toda tribo. Alegremente cantavam e dançavam despreocupados com a vida. Kaluanã, sentado a frente da grande fogueira, tinha ao seu lado o cacique Apoema, que placidamente observava feliz, seus aldeões dançando. Kaluanã lembrou-se dos tempos em que os Panarás fazia