Fascinada com aquele homem, não percebi que eu devia ter ficado olhando para ele mais do que deveria, minhas bochechas pareciam o inferno de tão quente. Só consegui voltar da minha viagem de pensamentos impuros que me deixaram muito envergonhada, quando o homem estalou os dedos na minha frente.
"Algum problema?" Perguntou ele suprimindo um sorriso descaradamente. Fiquei brava.
"Sim. Olha o que você fez comigo!" Respondi apontando para o meu corpo todo sujo e molhado. Ele me estudou de cima a baixo por um segundo. Por um breve momento pensei ter visto um olhar malicioso em seu rosto. Mas ignorei, certamente era coisa da minha cabeça.
"Ah, então era você a mocinha boca suja?" Perguntou ele com olhar divertido.
"Eu não quis ter xingado." Disse me sentindo mal de verdade por ter xingado a mãe dele. "Mas fiquei muito brava, olha o que você fez. Tinha uma rua enorme para você passar com o seu carro, mas você preferiu passar por cima de uma poça de lama na minha frente, difícil entender que tenha sido sem querer." Falei sem respirar, tão rápido que até eu mesma me surpreendi quando parei e tive que respirar para ganhar fôlego.
"E o que você pretende, mocinha?" Perguntou-me me encarando.
"Eu queria que você ao menos parasse e se desculpasse, por que é isso que pessoas educadas fazem!" Falei em meio tom.
"Eu não sou uma pessoa educada, querida." Disse ele e eu estupidamente estremeci de leve ao ouvi-lo me chamar de querida.
"Argh!" Rangi os dentes furiosa e virei as costas continuando meu caminho pra casa. Seria inútil conversar com uma pessoa que pelo que eu pude notar, era um idiota.
"Para onde está indo?" Ele me perguntou seguindo-me com o carro em baixa velocidade.
"Para minha casa!" Respondi automaticamente. "E também, não é da sua conta." Eu estava verdadeiramente irritada com o pouco caso que ele me tratara a pouco.
"Deixe-me redimir com você. Eu te levo para sua casa." Disse ele.
"Claro que não. Muito obrigada. Além do mais, não quero sujar seu belo carro." Dei de ombros e respondi sem parar de andar.
"Vamos, moça. Entre nesse carro, não sou do tipo paciente." Continuou insistindo.
"Talvez, você não tenha ouvido direito. Eu vou andando!" Apressei os meus passos tentando fugir dele. Certamente em vão, pois ele estava com o seu carro e poderia me alcançar com facilidade.
"Porque?" Perguntou-me calmamente.
"Por que, a minha avó me ensinou a nunca aceitar carona de estranhos. Aliás, a nunca nem falar com estranhos." Falei lembrando-me dos ensinamentos de minha avó para a minha própria segurança. Mas havia algo naquele homem que me chamava, eu estranhamente estava gostando dele estar me seguindo e insistindo para me dar carona.
"Tenho certeza que sua avó iria preferir que alguém te levasse para casa em segurança, do que um maníaco a solta pegar sua linda netinha e fazê-la dela uma próxima vítima." Naquele mesmo momento eu congelei. Era verdade, o maníaco a solta que estava passando nos jornais. Engoli em seco com um medo incomum começando me percorrer. Olhei para ele e ele estava me encarando com o carro já parado.
"É verdade..." Sussurrei baixinho para que ele não me ouvisse.
"Então, vamos?" Ele saiu do carro e estendeu sua mão para mim.
O olhando de perto, e de pé, notei que ele era bem alto comparado a mim, minha cabeça bateria em seu peito. Ele estava vestindo roupas elegantes, um terno cinza com um colete branco de giz. Ele parado com uma das mãos no bolso da calça e a outra estendida para mim, era a visão mais bela que eu vira em tempos. Cabelos muito escuro e olhos azuis como o céu. Ele poderia muito bem ser um modelo masculino, sua beleza era fora do normal para mim. Eu não entendia o porque me sentia tão atraída por aquele homem estranho que me sujara toda de lama. Mas eu me senti, eu queria estar perto dele, eu sabia que mal o conhecia, mas era um território totalmente novo para mim, eu nunca havia sentido nada igual.
"Tudo bem. Mas somente por que eu prefiro ser levada por um estranho que me sujou do que ser atacada por um maníaco, não quer dizer que você seja uma pessoa legal." Dei de ombros e fui em direção a porta do carro ignorando sua mão entendia. Tinha certeza de que se eu segurasse aquela mão, eu não iria querer solta-la.
"E eu não sou mesmo." Disse ele com um sorriso de lado e olhar divertido. Como ele era bonito. Céus!
"Não é educado. Não é legal. Você é um monstro!" Brinquei tentando parecer séria, mas não resisti e soltei um sorriso. Ao olhar para seu rosto ele parecia iluminado olhando para mim, eu estava iludida por pensar aquilo, eu sabia. Mas eu não podia deixar de notar aquilo.
"Sim. Isso eu sou mesmo." Respondeu ele tentando manter um tom de brincadeira com um sorriso no rosto, mas no fundo eu senti um leve tom de verdade em suas palavras. Mas não importava, eu estava encantada demais para ficar pensando coisas.
"Espera, seu carro vai ficar todo sujo." Olhei para o meu corpo completamente sujo. Mesmo ele sendo o culpado, eu não queria sujar o carro dele.
Eu sempre fui assim, mesmo quando me faziam o mau, eu não conseguia pagar com a mesma moeda. Consciência limpa para mim sempre foi o mais importante.
"Surpreende-me que você não queira sujar o meu carro, mesmo após eu ter sujado você." Ele deu uma pausa me estudando de cima a baixo e continuou: "De propósito."
"Ah então foi de propósito mesmo! Eu sabia! Porque? O que você ganhou com isso?" Perguntei chateada e furiosa.
"O prazer de você vir até mim tirar satisfações. E eu ter o prazer novamente de levá-la em casa." Respondeu como se fosse a coisa mais normal do mundo sujar as pessoas só para levá-las em casa após isso.
"Seu!" Gritei buscando a palavra certa. Eu não tinha o costume de xingar, então para mim era difícil. "Seu... Seu idiota!" Quando olhei ele estava parado bem a minha frente, muito próximo a mim.
"Não me importo de ser xingado, querida." Disse ele em tom suave. "Tome." Falou a parte de cima do seu terno e colocando sobre meus ombros. Naquele momento eu inalei o seu cheiro peculiar, mas muito, muito agradável. Sem perceber eu tinha fechado os meus olhos e imediatamente senti minhas bochechas queimarem. Eu odiava o fato de estar corando tão facilmente na frente dele. "Assim não precisará se preocupar em sujar o meu carro."
"Obrigada." Respondi morrendo meu lábio inferior, eu tinha a mania de fazer isso quando estava nervosa.
"Agora, vamos." Ordenou. Abriu a porta do carro pra mim e eu entrei. Ele deu a volta e entrou também se sentando e dando partida.
Dentro do carro, ficamos em silêncio durante alguns minutos. Eu não ousava se quer me virar para olha-lo, eu estava como uma estátua sem me mexer, o frio que eu sentia antes, havia passado com o abraço de seu terno cheiroso e quente sobre o meu corpo.
"Tudo bem para mim se você respirar, ou se quiser piscar os olhos, não sei, talvez relaxar aí nesse banco." Queimei de vergonha ao saber que ele percebeu o meu nervosismo ao estar dentro daquele carro com ele. Instantâneamente relaxei um pouco, encostando minha cabeça no banco. "Qual seu endereço?"
"Dallas. Rua Outlander N° 12." Respondi.
"Bem perto daqui." Disse ele sem tirar os olhos da estrada. Em seguida ele me entregou um lenço, imaginei que era para eu secar o rosto. Peguei da mão dele e sequei meu rosto.
"Você é daqui?" Perguntei curiosa por ele saber que meu endereço era perto.
"Sou sim. Estive um tempo fora, mas cresci aqui, na cidade ao lado." Explicou-me.
"Legal." Falei apenas.
"Como você se chama, moça?" Perguntou baixinho.
"Eloíse Espinoza. E você?" Ele pareceu um pouco surpreso ao ouvir meu nome, ou o meu sobrenome. Tive essa leve impressão no momento.
"Eloíse..." Sussurrou como se estivesse analisando e admirando o meu nome. "Julian. Me chame de Julian." Em seguida respondeu ele em meio tom enquanto trocava a marcha do carro e virava numa esquina.
Eu não parava de morder minha bochecha por dentro da boca, eu tinha aquele mal costume quando eu me sentia nervosa. E que merda, por que aquele homem infernal de bonito tinha que me deixara tão. Tão... Sem palavras.
Totalmente concentrada no caminho que o carro fazia na estrada, eu estava. Eu não consegui me atrever a dizer uma palavra se quer. O medo de dizer algo embaraçoso ou idiota, que era algo muito típico de mim, era maior do que minha vontade de fazer perguntas. A mistura de ansiedade e um medo estranho por estar dentro daquele carro, me incomodava e eu me mexia constantemente. Até que de tanto morder meu lábio inferior sangrou."Aí! Droga." Exclamei baixinho colocando um dedo na ferida e olhando o rastro pequeno de sangue."O que foi?" Ele perguntou-me me olhando rapidamente e voltando o olhar para a estrada. Ele só poderia ter ouvidos de um vampiro para ouvir sussurros."Nada. Só eu mordendo a minha boca até sangrar." Respondi como se não fosse nada e dei de ombros."Por que você faz isso? Gosta de machucar a si própria?" Com sua voz grave e sedosa ele me perguntou virando nu
Quando entrei em casa, fechei a porta atrás de mim e encostei na mesma com a respiração ofegante. Julian havia me deixado muito intrigada e curiosa sobre ele. Quem era ele? Porque eu ficara tão estranha perto dele, de uma forma que eu nunca me sentira antes na vida. Eu me sentia uma tola pelo que aconteceu no carro, eu fui vulnerável e se ele fosse um homem mau, teria se aproveitado de mim com facilidade.Minha mente estava confusa, eu estava a ponto de chorar. Será que era normal eu me sentir atraída por um homem estranho e praticamente permitir que ele me tocasse sem protestar? Mas eu sentia no fundo do meu ser, algo me dizia que ele não era qualquer um, senti assim que coloquei meus olhos nele. O homem era um deus grego da beleza. Só que era além da beleza, eu senti algo diferente com seu toque e proximidade. Sua voz grave e bonita, sua presença confiante e elegante.Decidi deixar pra l&aac
"Alô"Sussurrei subindo as escadas correndo."Olá, Eloíse."A voz sombria e estranhamente sensual, um arrepio percorreu todo o meu ser e eu estremeci.Era ele.Julian.Eu não soube como reagir aquilo, será que eu ainda dormia e sonhava que Julian estava me ligando? E como ele tinha o número da minha avó... Mas é claro, eu havia esquecido meu celular no carro dele."Hhn... Julian?" Ele não estava ali pessoalmente, mas senti meu corpo e minhas bochechas esquentarem."Muito bem, já reconhece minha voz." respondeu ele."O que você quer? Quer dizer, porque está me ligando? E como conseguiu o número da minha avó?" Perguntei com cuidado para não parecer ignorante com minhas perguntas. Tentei fingir que não sabia que meu celular havia ficado dentro do carro dele."Seu telefone ficou no meu carro. Me
O que eu iria fazer com aquele homem todo machucado dentro do meu quarto? Minha vó com certeza estava dormindo feito pedra após o remédio que ela tomou, e mesmo que não tivesse eu não teria coragem de ir até ela falar que Julian estava dentro do meu quarto no meio da madrugada. Eu precisava saber o que havia acontecido com ele."Eu vou buscar um pano e uma vasilha com água. Espera aqui." Falei baixinho e sai do quarto. Desci até a cozinha e peguei um pano limpo e um balde pequeno com água.Coloquei o pano dentro do balde e levei também um copo de água filtrada pra ele beber. Minhas mãos estavam trêmulas. Subi de volta para o quarto, não sem antes dar uma olhada na vovó. Ela ainda estava na mesma posição e parecia que não iria acordar tão cedo. Quando entrei no meu quarto, coloquei o copo com água encima da minha cômoda e o bal
No dia seguinte eu acordei um pouco assustada, me sentei na cama rapidamente com um possível pesadelo, mas eu não me lembrava de nada, a única coisa que eu me lembrava era de ter dormido e não sonhado com nada, também de Julian ter vindo ao meu quarto de madrugada.Olhei para o lado e ele estava lá, ainda dormindo. Senti uma sensação de alívio ao saber que não havia sido frutos da minha imaginação, ele realmente estava ali. Corri para olhar no celular que horas eram, cinco da manhã, daqui a pouco eu teria que me arrumar para ir a escola e minha avó iria acordar, Julian tinha que ir. Com o coração apertado balancei ele de leve, na mesma hora ele abriu os olhos, parecia um pouco assustado."Shh... Sou eu..." Sussurrei pra ele."Já é de manhã?" Perguntou ele baixinho passando as mãos no rosto."Sim, cinco da manhã
"Vamos abóbora, não fique com o focinho virado pra mim para sempre vai." João disse tentando me fazer cócegas."Você é um falso João Pedro. Eu sei que você está todo alegrinho por seu nome ter saído junto com o nome da Antonella!" Exclamei tirando as mãos dele de mim."Eu não tive culpa, meu nome saiu pra fazer o trabalho com ela, e você que vai fazer o trabalho com o novato? Você acha que não vi você olhando pra ele e ele te comendo com os olhos não é? A reação dele ao saber que seria seu companheiro de trabalho foi nítida que ele já ficou afim de você." Disse ele enquanto caminhavamos para o carro dele."Obrigatoriamente irei fazer o trabalho com o tal do Harry, mas você sabe que eu não gosto. Só consigo me sair bem nos trabalhos quando faço com você ou com a Liv. Você
Olhei para os lados vendo se tinha algum vizinho bisbilhotando como a senhora do lado, por sorte ela não estava do lado de fora, mas com certeza estava nos vendo, precisava acalmar aquela situação estranha e constrangedora."Acho melhor entrarmos." Disse apenas e dei sinal para ele entrar. Pisando duro ele entrou em casa.No momento em que fechei a porta, Julian subitamente me prendeu contra a porta atrás de mim, ficando a pouquíssimos sentimentos do meu rosto, mesmo que para isso ele tivesse que abaixar a cabeça um pouco. Me estudando e me queimando com aquele olhar azul penetrante, me senti levemente tonta ao sentir seu hálito quente e agradável contra o meu rosto."Eu não estou brincando! Quem era ele?" Grunhiu com o maxilar enrijecido, eu só conseguia me concentrar no calor que eu estava sentindo, com o olhar preso em seus lábios eu tentei falar."E-ele se chama Harry Barrier
Após fechar aquela porta, eu andei bem devagar em direção a escada que levava ao andar de cima onde se encontrava o meu quarto. Olhei para o canto da sala onde eu e Julian havíamos nos beijado a pouco. Senti-me quente na mesma hora, lembrei-me dele tocando o meu corpo, a forma como ele tocou, a forma como levou meus lábios num beijo delicioso. Senti uma umidade se acumular no meio das minhas pernas, um vento frio entrou pela janela e eu senti um arrepio como se ele estivesse respirando em mim.Subi para o meu quarto e tentei esquecer aquele pequeno momento. Deitei em minha cama e fiquei quieta não querendo pensar em nada. Minutos depois acabei pegando no sono. Quando acordei mais tarde, ouvi uma conversa lá embaixo, eu conhecia bem aquela voz. Olívia. Me levantei rápido e desci as escadas correndo, quando cheguei lá ela me olhou e abriu um enorme sorriso, nos abraçamos como se estivéssemos a u