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Continua Capítulo Dois

Parte 2

Talvez fosse a tal da Amanda de quem ele tanto falava. Notava sua empolgação e mudança de voz ao se referir a ela. Tinha visto algumas fotos dela em revistas e também em um site na internet que ele lhe mostrara. Até seus olhos brilhavam diferente quando se referia a ela.

Isso a preocupava. Não queria ver o filho sofrer.

Ela era sócia dele e dos amigos no hipódromo e também sempre estava entre eles em reuniões e festas. Parecia ser muito educada, além de bonita, mas era estranha com relação ao seu bebê. Lorenzo não conseguia esconder sua admiração por ela, mas ao que notava isso não era correspondido.

“Como alguém pode não admirar seu filho”?

Lorenzo falava muito dela e depois de um tempo começou a desconfiar que houvesse mais do que admiração aí, mas nunca perguntou diretamente porque não queria se envolver em sua vida amorosa, se é que ele tinha alguma com essa mulher.

No passado havia se metido quando decidiu se casar com a golpista da Lyane e quando viu o filho sofrer se amaldiçoou por não ter interferido mais, só que já era tarde. E quando ele avisou que iria se separar ela foi falar diretamente com Lyane e descobriu coisas absurdas.

Mas tinha medo de estar metendo o nariz onde não devia. Antes de se casar com Lyane eles tiveram uma pequena briga porque deixou claro que não gostava da garota e também o pai disse que não deveria se casar com ela. Até os irmãos comentaram que não parecia ser uma pessoa de confiança. Foi bem complicado.

Ele estava cego e foi adiante, mas isso os deixou estremecidos um tempo e era algo que não aceitava em sua família. Eles jamais poderiam se perder por causa de alguém de fora. A união da família era tudo.

Lyane tinha sido uma ótima atriz e enganou perfeitamente Lorenzo que era muito novo e empolgado com a fama e o sucesso e embarcou nas mentiras dela. Depois de se casar ela mostrou quem era de verdade.

Fútil e mentirosa, enganou e quase afastou Lorenzo da família com armações mirabolantes para ele achar que eles eram os culpados quando ficavam contra ela.

Por duas vezes ele brigou com o irmão mais velho e só depois que tudo se revelou, ele pediu desculpas arrependido por não ter acreditado neles. A mulher foi uma cobra esperta e não queria outra Lyane na vida do filho. De modo algum. Dessa vez não.

Ele não iria falar abertamente sobre isso com ela, tinha que ser cautelosa e ir aos poucos até chegar onde queria. Puxou assunto sobre o trabalho e depois foi falando sobre os amigos mais chegados.

— E Paul como está?

—Bem. Ele vai se casar.

— Com aquela mocinha... Gabriela? - colocou um prato na frente dele — Pensei que tinham terminado - sondou.

— Ela mesma.

Paul tinha terminado o namoro e a culpa de certa forma tinha sido sua por se meter na vida do amigo.

— Eles voltaram.

 — E o Mauro?

Estava indo devagar. Quando lhe falou sobre o novo bebê ficou feliz de verdade.

— Que maravilha! Um filho é uma benção, não vejo a hora de vocês me darem netos.

— Não me inclua nessa mãe - Luca gritou da cozinha.

— Está ficando velho filho.

— Eu tenho trinta e dois. O Lorenzo é o que então?

— Preguiçoso! - ela deu um tapa em sua cabeça — Esta casa já deveria estar cheia de netos.

— Pronto – Luca revirou os olhos.

— Começou o discurso da mãe italiana - Lorenzo fez careta.

Mabel ainda estava reclamando dos filhos quando o marido voltou do passeio com o cachorro.

— Lá de fora escutei você mulher - a beijou.

— Ela não para de falar - Lorenzo abraçou o pai — Por que não reclama dessa pança? - ele bateu em sua barriga.

— Ei! – fingiu não gostar — Isso aqui é um calo sexual.

— Anselmo! - Mabel o beliscou.

— Vá tomar um banho para almoçarmos - fez carinho na cabeça do rottweiler.

— E o príncipe?

— Ahmed está fora, foi resolver alguns negócios com o pai e ia ficar no país dele até terminar.

Ahmed era um bom amigo que fazia parte do grupo que amava cavalos e póquer. Ele completava o quinteto e sempre que estava liberado de suas obrigações ele passava o tempo em Londres. Era reservado e sério.

Uma vez tinha aparecido em uma reunião familiar e Mabel gostara muito dele. Ficou um pouco triste por Ahmed sempre ter de andar com guarda-costas, mas entendia que isso era necessário devido sua posição social. O mundo estava muito perigoso.

Quem nunca havia aparecido era a tal da Amanda, apesar de todos os convites que ela enviara. Sempre tinha uma desculpa para não aparecer e um dia Lorenzo desistiu e parou de convidá-la.

Lorenzo tinha o semblante fechado e Mabel ficou com pena do filho. Talvez estivesse triste por ver os amigos dando um rumo às suas vidas e ele estava parado. Não gostava de ver o filho aborrecido.

Seria tão bom que tivesse filhos, ele daria um ótimo pai. As crianças dos vizinhos o adoravam e sempre que estavam por perto vinham vê-lo se soubessem que estavam aqui. Decidiu abrir logo a boca.

— Quero saber quando vai resolver sua vida, Lorenzo.

Luca começou a rir e caiu fora depressa.

— Minha vida está resolvida mama.

— Estou falando sobre casamento, filhos... - gesticulou — Daqui a pouco vai estar velho para ser pai.

— Mama - riu — Leandro é mais velho e não tem filhos.

— Não estou falando de seu irmão. Você é bonito, inteligente, famoso e rico. Que mulher não iria querer se casar com você e ser mãe de seus filhos?

— Uma que seja inteligente - Luca gritou da cozinha.

— Você cala a boca! - ordenou.

— Por que não vai passar um tempo na Itália? Lá você vai encontrar boas moças que seriam ótimas esposas e mães maravilhosas. Sabe que família é muito importante para nossa cultura italiana.

A mãe tinha boas intenções, mas ele não queria se casar para ter uma família como uma obrigação. E ele estava mais para londrino do que italiano, apesar de seu sangue ser descendente de italiano. Queria se casar por amor e queria ser amado também.

— Não é assim fácil mama.

— Depende de você.

— Mãe, quero me casar por amor - suspirou.

— E pra que? O importante é ter uma família.

— Preciso estar apaixonado mãe. Quero escolher a pessoa, saber que ela me ama.

— Quando se casou com aquela lá, você estava apaixonado - fez um bico — E olha só o que deu.

— Ele levou chifre - o irmão gritou rindo.

— Chega! - Mabel foi até a cozinha e o empurrou para fora — Vai usar essa matraca pra lá.

— Mama!

Ele riu quando ela fechou a porta em sua cara e deu a volta na casa para entrar de novo.

Autora Ninha Cardoso.

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