Parte 3
— Quero que se esforce e encontre uma boa garota, diferente da anterior. Não sei o que você viu nela.
— Ela era gata! - Luca passou correndo e eles riram.
— Isso é verdade – ele riu.
— Mas era fútil, mentirosa e egoísta.
— Eu achava que ela me amava – abriu os braços — E que eu a amava também. Foi um erro.
— Sei que foi e burrice também.
— Isso acontece mãe - deu de ombro — Eu apostei e perdi.
— Porque você é homem! - apontou o dedo.
Claro que o filho se encantou por Lyane por causa do sexo e confundiu tudo.
— Um corpo bonito não é tudo.
— Eu sei mãe, fui um tolo - suspirou.
Mabel viu a expressão do filho mudar e ficar longe. Ele não estava mais prestando atenção ao que dizia e seu pensamento estava fora, mas não estava em Lyane tão pouco.
Com receio o observou virar a cabeça e suspirar de novo, então entendeu que o filho estava apaixonado novamente. Que coisa!
“Meu bom Jesus”.
Tudo de novo.
Claro que nem toda mulher seria uma cópia de Lyane, mas não dá pra saber até que elas se mostrem. A cara dele não negava. Havia uma nova mulher. E só faltava ser a tal amiga Amanda de quem ele falava.
Aliás, falava muito. Beleza ela tinha de sobra, mas e o caráter? Não a conhecia pessoalmente porque ela nunca fez questão de aparecer, só sabia o que o filho comentava e não dava pra levar em consideração, porque pelo jeito era ela sua nova paixão. Se havia outra não tinha percebido.
Sabia que tinha sido uma modelo de sucesso, era viúva e muito rica. Além do próprio dinheiro ainda herdou tudo que era do marido. Tinha outros negócios e fazia dinheiro sem precisar trabalhar mais. Esse tipo geralmente é perigoso.
Ela tinha mais de trinta anos e nunca tivera filhos. Com certeza não os queria porque mulheres focadas em suas carreiras nunca querem se prender a crianças para não atrapalhar seu sucesso. Não seria uma boa esposa para Lorenzo. Ele queria ser pai, como todo italiano.
Lorenzo levantou e beijou a mãe.
— Vou embora agora mãe, tenho que ir a outro lugar. Amanhã eu venho almoçar com vocês.
— Aonde vai?
— Gilbert convidou todos os donos de animais para uma pequena reunião comemorativa e para falar sobre as mudanças.
— Então será uma festa.
— Por aí.
Gilbert era o melhor treinador de cavalos do clube e do hipódromo. Tinha uma atenção especial com os cavalos do grupo e mais ainda com os de Amanda. Às vezes até achava que demais.
Desde que ele assumira o cargo que sempre reunia o pessoal para falar como estavam andando as coisas, perspectivas futuras, novas ideias e tudo relacionado às corridas.
Era muito bom no que fazia. Não pretendia comparecer dessa vez para não dar de cara com Amanda. Já havia faltado a cinco reuniões e preferiu ficar em casa ou com os pais para não ter debates com ela.
— Certo - alisou seu braço — E seus amigos vão estar lá também? Mauro e Paul?
—Talvez, mas acho que Mauro não vai.
— É de se esperar. Deve ter muita coisa para organizar agora que a mulher vai ter um filho. Essas coisas levam tempo e é bom adiantar tudo para a chegada do bambino.
Então talvez só a viúva estivesse presente nessa reunião. Se assim fosse, o interesse dele era nela e não nas novidades do hipódromo.
— Aquela sua amiga viúva vai estar lá?
Ele deu um sorriso, mas não foi um sorriso feliz, foi mais de cansaço e resignação.
— Sim. Amanda.
Aí estava a prova que ela queria.
O filho estava mesmo apaixonado por essa mulher e que pelo jeito não correspondia às suas expectativas. Isso a aborreceu como mãe. Ela achava que seu Lorenzo não era bom o suficiente? Se achava superior ao seu filho?
Talvez fosse burra ou cega para não perceber o quanto seu filho era maravilhoso. Qualquer uma iria querer ter Lorenzo em sua cama e em sua vida. Se ela não o achava bonito e inteligente o suficiente por certo era uma idiota que se achava superior por ter tido fama e dinheiro com facilidade.
Por outro lado, até seria bom que ela não o quisesse, assim o filho não cairia de novo na mão de outra safada aproveitadora que iria ferir seu coração novamente. Ela o puxou pela mão.
— Antes de ir pode provar um pouco do meu mousse de morango que fiz hoje de manhã?- tentou tirar seu pensamento dessa mulher.
Lorenzo aceitou. Não iria negar provar uma das delícias de sua mãe e tinha tempo para outras coisas depois. Sorriu de leve. Poderia ficar um pouco e curtir os mimos que sua mãe lhe fazia.
Se sentia bem sendo acolhido por ela. E estava precisando de forças para o encontro com Amanda.
Era um inferno saber que não conseguia passar mais de dois dias sem vê-la e ela não lhe dava a mínima. Conseguiu evitar de correr até ela hoje, mas teria que vê-la amanhã e seu estado mental começava a ficar prejudicado. Daqui a pouco iria começar a implorar por atenção e isso era um absurdo.
Se fosse a um terapeuta em busca de ajuda, talvez fosse diagnosticado como louco obsessivo. Quem sabe um maníaco por Amanda. De qualquer forma não estava em seu juízo perfeito e a culpa era dela.
Mas precisava mudar ou não iria aguentar mais ficar ao lado dela. Talvez se tivesse provado o gosto de tê-la nem que fosse um pouquinho, essa doença teria passado.
Cada vez que a via seu coração disparava. Se tivesse um infarto seria até melhor do que ter o peito doendo por uma paixão não correspondida. O estrago é menor do que o que ele passa todo santo dia quando a vê e até quando não, porque fica pensando nela, em sua boca, seus olhos, seu sorriso e até nas bobagens que diz quando está brigando com ele.
Loucura! Era um masoquista convicto.
Gostava de sua boca que lhe dizia coisas feias, de seus olhos que brilhavam de desprezo e de seu corpo esguio e sensual que o provoca a todo momento. Acabaria ficando louco se não tivesse ao menos uma noite com ela. Qualquer pequeno momento que pudesse provar a si mesmo que era só idiotice sofrer por alguém que não vale a pena.
Se fosse fazer terapia para se curar dessa paixão obsessiva acabaria ficando sem um centavo e o terapeuta riquíssimo, porque talvez tivesse que fazer terapia até o dia de sua morte.
Já a convidara para vir em sua casa e na casa dos pais, como uma simples reunião de amigos e ela nunca aceitara. Talvez se fosse direto e a chamasse para sair como um encontro ela dissesse sim e aí poderia notar que não era tudo isso o que ele imaginava.
Não tinha nada a perder mesmo, já que nunca ganhara nada dela. Se dissesse não seria apenas mais um. Mas e se dissesse sim?
Parte 1Quase meio-dia. Já estava um pouco atrasado para a reunião, mas não queria sair antes de acalmar seu coração para o encontro. Sua barriga estava incomodando como se estivesse com fome, mas não estava. Era ansiedade. Ficou tão ansioso que nem voltou para casa e dormiu no antigo apartamento que tinha antes de se casar com Lyane. O dividia com Paul até ele se mudar para outro maior e acabou comprando sua parte. Gostava dali por ser mais perto do centro e era bom para quando precisava resolver algo rápido. A casa era seu refúgio, seu lar onde pretendia morar com sua nova mulher e seus futuros filhos.Pegou a chave da Ferrari e desceu. O dia estava nublado, nada de novo em Londr
Parte 2Não tinha a menor intenção de se casar de novo e menos ainda com a viúva alegre que o desprezava sem motivo aparente. E ele não tinha motivos para amar alguém que era interesseira. Amanda era apenas uma Lyane chique e refinada. As duas queriam a mesma coisa. Dinheiro e poder. Lyane se fez de boazinha enquanto Amanda usou seu charme conhecido em cima de um homem mais velho e conseguiu ficar ainda mais rica do que já era. Ela era uma metida a besta que se achava superior aos homens por causa de seu poder, por sua fortuna e seu nome famoso. Deveria estar acostumada a empinar o nariz e humilhar os imbecis que davam em cima dela e no caso o imbecil maior era ele.
Parte 3Paul lhe dissera que a vida era como as corridas de cavalo, tudo um jogo. Você tinha que escolher, fazer sua aposta e torcer para ganhar. E ele estava certo. O problema era que agora ele era o azarão da corrida que só saberia se ganharia ou perderia na reta final, se aproximando da linha de chegada. Ele deveria ter procurado saber mais sobre Amanda e aí sim apostaria suas fichas, agora estava em cima da linha. Se sentia apertado e não sabia se estava apostando certo. Mas valia a tentativa.Foi passando e acariciando o focinho dos cavalos que estavam com a cabeça para fora em sua baia. Eram todos muito bonitos e muito caros, todos de raças vencedoras. Ali havia muito dinheiro envolvido e também os egos de seus proprietários. Mais à
Parte 4Seu cabelo castanho cheiroso balançou com o movimento e encobriu seus olhos. Ajeitando a alça da bolsa ela o olhou firme.— O que andam fofocando ao meu respeito?— Nada! - ergueu as mãos.Ela o olhou desconfiada.— Nada mesmo. Eu apenas a vi falando com o potro sobre Gilbert e pensei que vocês passam muito tempo juntos e ele é muito reservado, quase não fala com os outros sócios e donos de animais, a não ser em reuniões para falar só sobre isso - encolheu os ombros.— Ah... - deu um sorrisinho — E você acha que comigo é d
Parte 1Mauro estava observando os amigos sentados de frente um para o outro, mas quase não se olhavam. Era esquisito. Já estavam jogando há quase uma hora e eles mal haviam trocado uma frase completa. Amanda estava muito quieta e Lorenzo com o semblante fechado e com olheiras. Muito estranho. Da última vez que os vira no fim de semana eles estavam normais, se espetando e brigando por bobagens como sempre faziam e até divertia os presentes. Agora esse silêncio.Os dois costumavam fazer muito barulho na mesa quando estavam com mão boa ou blefando para ganhar do outro e agora estavam calados, a testa franzida, lábios apertados, muito esquisito mesmo. Tinha acontecido alguma coisa e ele não s
Parte 2— Hum... Também não vou querer dessa vez.Lorenzo ficou em dúvida. Ela era muito boa no blefe e já ganhara várias vezes, mas nunca com uma mão como a que ele tinha agora. Já baixara várias vezes um full house na mesa e sequências que lhe permitiam limpar o grupo, mas agora isso não importava. Ela não poderia bater sua mão. Uma ideia louca começou a se formar em sua mente. Seria ótimo que ela achasse que ele estava blefando porque não teria chance contra seu royal flush e seria muito bom ver sua cara de derrotada.Ele sairia de sua última partida como um campeão em
Parte 3Amanda pegou o bloco com jeito desgostoso e se levantou indo até a varanda e escreveu. Foi rápida e curta, mostrando que já sabia bem o que queria dele. Já ele ficou em dúvida sobre o que pedir exatamente e como.Pensou em uma hora em um motel luxuoso, depois em um dia inteiro em um hotel, mas não conseguia se definir. Só sabia que iria aproveitar para tirar aquele sorriso de superioridade dela.— Não temos a noite toda, garoto - Amanda provocou.Ele era doido por ela, mas estava em um impasse e agora aborrecido pela sua ousadia. Ela merecia que ele fosse o safado playboy que tanto achava que era. Deveria mostrar que ela pagaria pela língua ousada e depois teria sua vingan&cce
Parte 1Amanda estava um pouco nervosa e não sabia bem o porquê de se sentir assim. Já enfrentara Lorenzo outras vezes. Talvez pela última conversa ter sido um pouco pesada e ela ter se arrependido depois de ter dito tantas coisas ruins para ele. No fundo ela sabia que ele era um bom homem, mas seus costumes causavam problemas de vez em quando e achava isso errado. Coincidiu de estar em um dia ruim quando ele lhe questionou sobre o que achava de sua pessoa e desandou a falar sem pensar duas vezes. Estava errada também. Deveria ter tido mais cuidado e calma ao falar, mesmo abrindo o jogo. Tinha sido agressiva. No fundo ela sentia que Lorenzo tinha qualidades, é claro, mas o modo como ele agia a deixava irritad