Parte 1
Quase meio-dia. Já estava um pouco atrasado para a reunião, mas não queria sair antes de acalmar seu coração para o encontro.
Sua barriga estava incomodando como se estivesse com fome, mas não estava. Era ansiedade. Ficou tão ansioso que nem voltou para casa e dormiu no antigo apartamento que tinha antes de se casar com Lyane. O dividia com Paul até ele se mudar para outro maior e acabou comprando sua parte.
Gostava dali por ser mais perto do centro e era bom para quando precisava resolver algo rápido. A casa era seu refúgio, seu lar onde pretendia morar com sua nova mulher e seus futuros filhos.
Pegou a chave da Ferrari e desceu. O dia estava nublado, nada de novo em Londres. O dia anterior estava até com um calorzinho gostoso, mas hoje amanhecera cinza. Esperava que isso não fosse um anúncio do que estava por vir. Ligou o carro e saiu devagar da garagem.
Uma coisa que todo londrino deveria ter em seu carro era um guarda-chuva. Nunca se sabia se o dia iria segurar o sol ou a chuva cairia de repente. Se sabia que iria chover, isso sim.
Adorava chuva, mas em um dia como o de hoje que pretendia dar um passo adiante com Amanda, queria que o sol estivesse brilhando alto e forte para lhe dar mais ânimo.
Nem acreditava que iria mesmo dar esse passo. Já não sabia se era perseverante ou masoquista de verdade. Sempre tinha sido insistente quando queria algo, mas geralmente era algo que ele sabia que iria conseguir.
Com Amanda a única certeza era a dúvida. Poucas vezes em sua vida havia desistido de algo, geralmente quando se mostrava ser impossível de conseguir e isso se tratando de coisas e trabalho.
Amanda era a primeira pessoa em que investia sem saber se haveria retorno e era assustador.
Seria direto com ela e exigiria que fosse também. Queria o não definitivo ou pelo menos um talvez. O não o colocaria no chão, mas um talvez poderia representar uma possível mudança futura e com isso ele poderia suportar mais um tempo.
Tinha que se manter positivo até encontrar com ela e poder lhe falar. Se mantivesse o espírito calmo, talvez desse sorte dela o ouvir sem o questionar antes.
Ela nunca era vista com ninguém, então deveria ser sozinha. Pelo menos nunca soube de outro homem que não fosse seu falecido marido e que soubesse, ela não gosta de mulheres para relacionamento, então teria aí uma brecha.
Talvez tivesse um amante escondido de todos. Viajava bastante e às vezes ficava fora por mais de uma semana. Quem sabe nessas viagens ela levasse alguém com ela ou fosse ao encontro de um homem secreto.
Não dava pra saber, porque com relação à vida pessoal ela era muito reservada. Sobre negócios era falante, sobre o que fazia em seu tempo livre, pouco se sabia. Nem acreditava que ele estava indo em mais um encontro com ela. Já começava a ficar ansioso.
Ela não devia ser uma freira também e com certeza tinha seus amantes escondidos da mídia e de todos para que não falassem mal dela como sempre acontece. Estava viúva tempo demais para ficar em casa sozinha sem um corpo quente para aquecer suas noites frias.
Não gostava de pensar que ela pudesse ter um amante, mas não poderia ser tolo pra acreditar que era celibatária. Tinha tido outros namorados antes de se casar e com certeza o marido deveria exigir de volta o que ele lhe dava.
Ela deveria ter algum tipo de arranjo, talvez até o amante fosse comprometido e não podia se revelar. Vai saber o que ela gostava nesse quesito. Se conseguiu ficar casada com um homem muito mais velho que ela quando ainda era tão jovem, vai ver que tinha estômago para ter casos com homens casados.
Pena que ele não foi um deles. Mesmo casado com Lyane, se ela tivesse lhe dado atenção esqueceria os votos de fidelidade e teria caído em seus braços.
De repente talvez ela gostasse de aproveitar a liberdade com homens mais jovens para compensar o tempo que ficou casada e dormia com os modelos que conhecia, ficava um tempo com eles e depois os dispensava.
Ela era muito segura do que queria, não deixaria de ter um caso só porque alguém poderia achar errado.
Só gostaria de ter tido a sorte de ser um dos escolhidos, ainda que não gostasse da ideia de dividí-la. Aceitaria dividir sua paixão se ela ficasse com ele tempo suficiente para fazer com que enjoasse de seu cheiro e de seu corpo.
Só de pensar em estar com ela em uma cama seu corpo ficava aceso. Era de impressionar o tanto de tesão que sentia por Amanda. E isso nunca aconteceu antes com outra, nem mesmo por Lyane, a quem ele chegou a amar. Com Amanda era diferente.
Só de pensar nela por baixo dele, se embolando em uma cama ou em qualquer outro lugar já ficava excitado. Ajeitou o volume dentro da calça antes que chegasse de forma vergonhosa ao local marcado. Só faltava essa para completar a humilhação.
Já estava pensando que teria que fazer um pacto com o diabo em pessoa para poder convencer Amanda a sair com ele e aplacar essa sede que sentia por seu corpo.
Entrou na rua de acesso ao estábulo de Gilbert e viu de cara o carro dela. Estava com o Porsche azul e não com a Ferrari. Eram seus dois carros preferidos.
Soube que ela tinha se desfeito da coleção do marido e ficado com apenas esses dois para uso pessoal. Poderia aproveitar e usar como desculpa que não havia local para estacionar, mas a ideia se perdeu quando viu que ainda havia três vagas.
Parou a Ferrari e ficou pensando um pouco no que diria para que ela aceitasse sua investida. Ele não era covarde, mas as palavras dela as vezes o deixavam desconfortável e isso minava sua confiança. O que ele tinha com relação às outras, perdia quando era com ela.
E já estava lá, chegando no horário como sempre. Amanda era muito organizada com seus compromissos, uma coisa que a ajudou bastante no tempo de modelo porque todos comentavam como era fácil trabalhar com ela e como era correta com sua agenda.
Sobre seu trabalho nunca houve uma única pessoa que comentasse algo diferente. Suspirou e saiu do carro.
Deu uma olhada no visual e ajeitou o cabelo com os dedos para se recompor. Tinha que entrar como se fosse um encontro normal, pelo menos para ela, tinha que fingir que não sentia nada.
Não gostava dessa sensação de parecer um menino envergonhado diante da menina mais bonita do colégio.
Infelizmente, ele ficou tão ansioso por ter esse encontro decisivo que acabou esquecendo de fazer a barba e uma sombra se mostrava no rosto seguindo o contorno do queixo. Agora era tarde, tinha que ser assim mesmo. Ela que falasse o que quisesse, desde que dormisse com ele naquela noite.
Tinha tempo para fazer com que aceitasse. O dia era hoje.
Parecia um idiota que vai pedir a mão da mulher que ama em casamento, mas ele era só idiota, não apaixonado de verdade. Isso tudo era só desejo não correspondido. Tinha certeza de que algumas horas de sexo com ela acabariam de vez com sua psicose.
Parte 2Não tinha a menor intenção de se casar de novo e menos ainda com a viúva alegre que o desprezava sem motivo aparente. E ele não tinha motivos para amar alguém que era interesseira. Amanda era apenas uma Lyane chique e refinada. As duas queriam a mesma coisa. Dinheiro e poder. Lyane se fez de boazinha enquanto Amanda usou seu charme conhecido em cima de um homem mais velho e conseguiu ficar ainda mais rica do que já era. Ela era uma metida a besta que se achava superior aos homens por causa de seu poder, por sua fortuna e seu nome famoso. Deveria estar acostumada a empinar o nariz e humilhar os imbecis que davam em cima dela e no caso o imbecil maior era ele.
Parte 3Paul lhe dissera que a vida era como as corridas de cavalo, tudo um jogo. Você tinha que escolher, fazer sua aposta e torcer para ganhar. E ele estava certo. O problema era que agora ele era o azarão da corrida que só saberia se ganharia ou perderia na reta final, se aproximando da linha de chegada. Ele deveria ter procurado saber mais sobre Amanda e aí sim apostaria suas fichas, agora estava em cima da linha. Se sentia apertado e não sabia se estava apostando certo. Mas valia a tentativa.Foi passando e acariciando o focinho dos cavalos que estavam com a cabeça para fora em sua baia. Eram todos muito bonitos e muito caros, todos de raças vencedoras. Ali havia muito dinheiro envolvido e também os egos de seus proprietários. Mais à
Parte 4Seu cabelo castanho cheiroso balançou com o movimento e encobriu seus olhos. Ajeitando a alça da bolsa ela o olhou firme.— O que andam fofocando ao meu respeito?— Nada! - ergueu as mãos.Ela o olhou desconfiada.— Nada mesmo. Eu apenas a vi falando com o potro sobre Gilbert e pensei que vocês passam muito tempo juntos e ele é muito reservado, quase não fala com os outros sócios e donos de animais, a não ser em reuniões para falar só sobre isso - encolheu os ombros.— Ah... - deu um sorrisinho — E você acha que comigo é d
Parte 1Mauro estava observando os amigos sentados de frente um para o outro, mas quase não se olhavam. Era esquisito. Já estavam jogando há quase uma hora e eles mal haviam trocado uma frase completa. Amanda estava muito quieta e Lorenzo com o semblante fechado e com olheiras. Muito estranho. Da última vez que os vira no fim de semana eles estavam normais, se espetando e brigando por bobagens como sempre faziam e até divertia os presentes. Agora esse silêncio.Os dois costumavam fazer muito barulho na mesa quando estavam com mão boa ou blefando para ganhar do outro e agora estavam calados, a testa franzida, lábios apertados, muito esquisito mesmo. Tinha acontecido alguma coisa e ele não s
Parte 2— Hum... Também não vou querer dessa vez.Lorenzo ficou em dúvida. Ela era muito boa no blefe e já ganhara várias vezes, mas nunca com uma mão como a que ele tinha agora. Já baixara várias vezes um full house na mesa e sequências que lhe permitiam limpar o grupo, mas agora isso não importava. Ela não poderia bater sua mão. Uma ideia louca começou a se formar em sua mente. Seria ótimo que ela achasse que ele estava blefando porque não teria chance contra seu royal flush e seria muito bom ver sua cara de derrotada.Ele sairia de sua última partida como um campeão em
Parte 3Amanda pegou o bloco com jeito desgostoso e se levantou indo até a varanda e escreveu. Foi rápida e curta, mostrando que já sabia bem o que queria dele. Já ele ficou em dúvida sobre o que pedir exatamente e como.Pensou em uma hora em um motel luxuoso, depois em um dia inteiro em um hotel, mas não conseguia se definir. Só sabia que iria aproveitar para tirar aquele sorriso de superioridade dela.— Não temos a noite toda, garoto - Amanda provocou.Ele era doido por ela, mas estava em um impasse e agora aborrecido pela sua ousadia. Ela merecia que ele fosse o safado playboy que tanto achava que era. Deveria mostrar que ela pagaria pela língua ousada e depois teria sua vingan&cce
Parte 1Amanda estava um pouco nervosa e não sabia bem o porquê de se sentir assim. Já enfrentara Lorenzo outras vezes. Talvez pela última conversa ter sido um pouco pesada e ela ter se arrependido depois de ter dito tantas coisas ruins para ele. No fundo ela sabia que ele era um bom homem, mas seus costumes causavam problemas de vez em quando e achava isso errado. Coincidiu de estar em um dia ruim quando ele lhe questionou sobre o que achava de sua pessoa e desandou a falar sem pensar duas vezes. Estava errada também. Deveria ter tido mais cuidado e calma ao falar, mesmo abrindo o jogo. Tinha sido agressiva. No fundo ela sentia que Lorenzo tinha qualidades, é claro, mas o modo como ele agia a deixava irritad
Parte 2Paul mal sabia o que acontecia ali, mas Ahmed e Mauro estavam atentos. Eles desconfiavam, só não falavam.— Não é verdade - Lorenzo disse — Eu já a havia convidado antes e você me disse não.— Ah, mas eram sempre convites familiares - ela fingiu não ligar — E sabe que eu não tenho muita paciência para reuniões assim.Ele podia jurar que ela não estava debochando dele agora. Mas com certeza ele estava delirando porque Amanda nunca iria querer um programa a sós com ele. Já deixara claro que não o suportava. Se tivesse convidado para uma saída só os do