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Continua Capítulo Três

Parte 3

Paul lhe dissera que a vida era como as corridas de cavalo, tudo um jogo. Você tinha que escolher, fazer sua aposta e torcer para ganhar. E ele estava certo. O problema era que agora ele era o azarão da corrida que só saberia se ganharia ou perderia na reta final, se aproximando da linha de chegada.

Ele deveria ter procurado saber mais sobre Amanda e aí sim apostaria suas fichas, agora estava em cima da linha. Se sentia apertado e não sabia se estava apostando certo. Mas valia a tentativa.

Foi passando e acariciando o focinho dos cavalos que estavam com a cabeça para fora em sua baia. Eram todos muito bonitos e muito caros, todos de raças vencedoras. Ali havia muito dinheiro envolvido e também os egos de seus proprietários. Mais à frente ele viu que o portão da baia de número vinte estava aberto. Se aproximou e ouviu a voz dela.

— Sim... Você é muito lindo...

Lorenzo caminhou devagar para não fazer barulho e esticou a cabeça para dentro da baia. Amanda estava em frente ao potrinho e sorria para ele enquanto lhe fazia um afago suave pelo pescoço.

— Quando você crescer vai ser um lindo cavalo e vai ganhar todas as corridas desse hipódromo. Ninguém vai conseguir te passar.

Ela falava suave e carinhosa com o animal que se deixava abraçar pelo pescoço. Sortudo.

— Gilbert disse que você tem sangue de campeão. E que você vai ficar o mais lindo daqui porque tem um belo porte majestoso ainda pequeno, imagine quando for adulto. Vai ser perfeito.

Passou a escova dentada pelo flanco do animal que mexeu a cabeça em resposta ao carinho e relinchou baixinho.

— E o melhor é que você é só meu - beijou seu focinho.

Lorenzo ficou pensando se seria loucura sentir inveja de um cavalo porque tinha mais atenção do que ele durante todo esse tempo em que a conhecia.

Ela nunca havia sido carinhosa assim com ele, nunca falou suave e menos ainda o acariciou com aquelas mãos macias.

E sentiu ciúme de Gilbert. Eles conversavam muito e sempre que ela aparecia ele a chamava para falar algo sobre os negócios do clube. Mas será que seria apenas isso? Vai ver seria ele o amante que ninguém sabia que existia, escondido bem embaixo do nariz de todos.

Teve um instante de pânico em pensar que eles poderiam ser amantes e ele como um tolo dava em cima dela sem saber que seria motivo de chacota da parte dos dois. Gilbert passava muitas horas ao lado dela quando estava ali, mas nunca os tinha visto fora desse ambiente. O que não quer dizer que não tivessem encontros às escondidas.

Ficou angustiado em pensar que essa hipótese poderia ser real.

Apertou os punhos enfiando as unhas nas palmas das mãos, irritado em imaginar que ela poderia dividir a cama com ele. Isso não poderia ser mais do que uma crise de ciúme de sua parte. Ele nunca havia notado nenhum gesto mais íntimo entre eles. Ela não estaria doando seu corpo para Gilbert, não poderia.

Ela tinha que ser dele.

E se eles fossem amantes isso explicaria porque nunca a virá com outro homem ou nunca trazia alguém para as corridas. O amante estava ali o tempo todo e ninguém desconfiava.

Jesus”.

Estava ficando paranoico.

O potro estava sendo melhor tratado do que ele. Amanda o acariciava e falava com tanto carinho que imaginou se faria o mesmo quando estava com Gilbert. Engoliu em seco. Sua mente não estava boa.

O animal balançou a cabeça em sua direção e relinchou mais forte. Amanda se virou e o viu parado observando a cena. Arregalou os olhos e ficou um pouco sem graça, parecia que estava desgostosa de ter sido pega em um momento tão íntimo. A máscara de frieza retornou e ela se aproximou dele.

— Por que está aí, parado como um poste?

Perguntou aborrecida. Abriu a porta da baia e saiu rápido antes que o potro a seguisse.

— Não deveria estar na sua reunião normal?

Ela falava do almoço na casa de sua mãe, mas do modo como soou parecia até um encontro da máfia italiana ao invés de uma reunião comum em família. Só que ele era honesto e trabalhador, não um gangster.

— Oi Amanda, bom dia pra você - torceu a boca.

— Agora já é boa tarde.

— Eu sei querida Amanda - disfarçou sua raiva interna provocada pelos pensamentos anteriores — Mas preferi vir ver você e dividir meus bons momentos com sua grande gentileza para comigo. Eu não posso ficar um dia longe de você - disfarçou com uma brincadeira o que era verdade.

Ela ignorou o sarcasmo e cuidou para que a tranca da porta estivesse bem fechada. Depois voltou a olhar para ele com frieza.

— Se é assim, por que não veio ontem?

— Ah, quer dizer que notou minha falta? - sorriu — Fico feliz em saber que me procurou.

— Eu não disse isso - jogou o cabelo para trás e ergueu uma sobrancelha — Apenas notei que o ambiente estava mais calmo sem você por perto.

— Ah! - uma patada inicial — Bom, ao menos notou que eu não estava e isso já é um começo.

— Começo? - fez uma careta.

— Está azeda hoje por que?

Queria segurar a língua, mas parecia que tinha vida própria. Sua agonia em saber se ela era amante de Gilbert era maior do que se proteger do perigo. No caso, dela.

— Eu acabei de chegar, então não é culpa minha dessa vez.

Desceu o olhar devagar por seu corpo alto e esguio. Amanda tinha curvas perfeitas e aquela calça colada ao corpo mostrava suas pernas bem torneadas. A camiseta rosa clarinho salientava o busto empinado.

“ Meu Deus, vou ter um troço”.

Ele notou que ela não usava sutiã. Engoliu em seco de novo. Os mamilos estavam duros e pontudos sob o algodão da camiseta.

Estava desesperado para descobrir se sua ideia sobre o caso com Gilbert seria verdade. Queria convidá-la para sair, mas não antes de ter uma pista sobre isso. Já vinha fazendo papel de tolo há muito tempo.

Sua barriga doeu ao imaginar que aqueles seios poderiam estar sendo acariciados por outro, sugados, mordidos... Virou o rosto.

— O que você tem? Parece mais idiota hoje!

Amanda notou que estava agitado demais.

— Amanda... Quero lhe perguntar algo - tentou se mexer, mas as pernas não obedeceram.

— E sou obrigada a responder? - cruzou os braços.

— Não, mas agradeceria muito que o fizesse e que fosse honesta comigo - ela era seca.

— Ok, vou tentar, mas se não gostar da pergunta eu não vou responder. Entendeu? - inclinou a cabeça de lado.

— Claro! - torceu os lábios não querendo demonstrar o que sentia e esperava não se arrepender — Você e Gilbert... São amantes?

Pela expressão dela entendeu que tinha sido uma pergunta inconveniente. Ela ficou literalmente de boca aberta, franziu a testa e abriu as narinas tal qual um cavalo, esbaforido da corrida. Ainda assim ela se controlou e se recuperou rápido do susto.

Suas feições bonitas voltaram ao normal e o vermelho das bochechas sumiu. Seu autocontrole assumiu e ela o ignorou com deliberada calma enquanto pegava a bolsa e a jaqueta de couro que estavam pendurados no gancho ao lado.

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