Parte 1
Mabel estava regando as flores em seu jardim muito bem cuidado por ela mesma. Suas rosas estavam enormes e as gérberas começavam a despontar criando um colorido perfeito em frente a janela.
Ela viu o carro de Lorenzo entrando pela estradinha de pedras recentemente feita pelo filho mais novo, Luca. Sorriu e retirou as luvas amarelas que usava para proteger as mãos dos espinhos e foi até ele.
— Meu filho lindo! - o abraçou — Eu só o esperava amanhã para o almoço - apertou sua bochecha carinhosamente.
— Eu sei mãe.
Beijou seu cabelo. Mabel era baixinha e gordinha com cabelos branquinhos. Era como se fosse um bibelô da família e todos a paparicavam. Alguns anos atrás ela tinha ficado muito doente, mas havia se recuperado e depois disso os homens da família passaram a prestar mais atenção a ela.
— Me deu vontade de vir te dar um abraço e comer sua comida gostosa - a apertou de novonos braços.
— Ah, então a comida foi o que te atraiu? - riu.
— Adoro sua comida mãe, me faz sentir como se tudo fosse mais fácil. Não é á toa que aprendi a cozinhar cedo e hoje meus livros de culinária são famosos no mundo inteiro por causa disso. Foi seu tempero e carinho para criar os pratos que me incentivou.
— Meu bebê está triste? - fez uma cara de preocupação.
Lorenzo era um homem muito bonito de um metro e noventa e oito de altura. Alto igual ao avô e magro como o pai, mas de corpo definido. Também tinha o gênio muito parecido com o avô paterno. Era uma mistura de vários homens da família.
Quando Lorenzo se aborrecia demorava para deixar a mente relaxar. Ficava horas, ás vezes dias pensando no ocorrido e já sabia que ele voltava para casa sempre que estava chateado com algo.
— Não mãe, só um pouco cansado - torceu a boca.
Mabel sabia que tinha algo mais o incomodando.
— Algumas coisas demoram para mudar e me aborrece não ter o controle da situação.
— Problemas no trabalho? - ela questionou curiosa.
Ela tinha muito orgulho de seu segundo filho. Lorenzo desde pequeno foi decidido e ia atrás do que queria, mesmo sendo difícil. Conseguiu sucesso trabalhando da forma certa e mesmo abandonando projetos por causa da opinião pesada do pai, ele continuou até que conseguiu.
Era muito inteligente e bonito. O irmão Luca estava seguindo os passos dele e também mostrava que teria sucesso no caminho escolhido.
— Não. O trabalho vai muito bem.
Abriu a porta para a mãe entrar. A sala estava começando a ser decorada para o natal que se aproximava.
— Mãe, não está cedo para decorações natalinas?
— De forma alguma. Sabe que o natal é importante pra mim e eu amo decorar a casa.
— Mas ainda faltam dois meses mãe - sorriu.
— E daí? Sou uma mulher organizada. Aos poucos vou colocando um enfeite aqui, outro ali e quando menos se espera a casa está linda, cheia de luzes.
Ele a apertou nos braços de novo. Era muito carinhoso.
— Vamos almoçar?
— Não estou com fome, mãe.
Mabel se surpreendeu com essa declaração. Lorenzo era magro, mas comia como um animal faminto. Rejeitar comida não era algo comum e tinha algum problema aí.
— Você não rejeita comida filho. O que aconteceu?
— Isso é verdade.
Eles olharam para a cozinha. Luca vinha de lá, trazendo uma bandeja que colocou em cima da grande mesa de refeições da sala. O irmão caçula também adorava cozinhar e fazia da cozinha da mãe um laboratório de experiências culinárias, a maioria bem sucedidas.
— Oi, Luca.
Abraçou o irmão que correspondeu forte. Luca era o mais carinhoso dos três, sempre cuidando com atenção dos pais. Morava pertinho deles e todos os dias estava na casa, as vezes mais de uma vez e não se mudava para longe, apesar de ter tido uma ótima proposta para trabalhar porque não queria deixar os dois sozinhos.
Mesmo que não estivessem realmente, porque Lorenzo sempre estava por perto. Lula praticamente morava com eles ainda.
— O que está fazendo? - Lorenzo perguntou.
— Uma receita nova que estou testando. Segredo.
— Se der certo já quero provar.
— Sei! - deu risada — Quer roubar minha ideia pra algum livro novo de culinária?
— Eu? - franziu a testa — Que absurdo! - riram juntos — Onde está o pai?
— Ele já deve estar voltando - Mabel disse — Foi dar uma volta lá atrás com o cachorro.
— Papai precisa é de uma academia, isso sim. Ele está ficando redondo demais.
Lorenzo puxou uma cadeira.
— Está chamando meu marido de gordo?
— Não, só de bem cevado - Lorenzo disse.
—Verdade - Luca gargalhou.
— Está ficando redondinho igual a um leitão.
— Esperem só até ele chegar - ela disse, fazendo um gesto com a mão para cima.
Mabel riu também. Desconfiou da mudança proposital de assunto. Conhecia bem os três filhos, cada um com seu jeito particular, mas no geral o comportamento era quase idêntico e sabia quando algo não ia bem, mesmo que tentassem esconder.
Ela era de um pequeno povoado da Toscana e tinha conhecido o pai dos meninos em uma viagem para estudar em Roma. A paixão foi imediata e logo já estavam na cama. Pouco tempo depois se casaram e ela já estava grávida de seu primeiro, Leandro.
Por causa de problemas com a família de Anselmo eles mudaram e saíram da Itália amada e maravilhosa para viver em Londres, muito diferente em tudo, inclusive no clima.
Chovia demais e até os dias de hoje ela ainda não se acostumava com aquele sol fraco. Na Itália o sol é especial e as cores são vívidas.
O segundo filho já nasceu em Londres e eles não tinham muito dinheiro. Foram tempos complicados. O emprego oferecido não foi o que Anselmo esperava e não queriam retornar por causa de divergências na família, então seguiram se apertando e fazendo o que podiam para criar os dois meninos. Lorenzo já era um londrino de nascimento.
Cinco anos depois veio Luca, seu caçula e último filho. Um problema de saúde a fez retirar o útero e infelizmente não teve a sorte de ter tido uma menina como queria, mas seus três rapazes eram maravilhosos.
Cada um seguiu um rumo e tentavam de tudo para obter sucesso e graças ao bom Deus nenhum deles tinha se metido com coisas ruis e trabalhavam honestamente.
Leandro agora tinha sua própria empresa e Luca começava a sua também. Lorenzo ajudava os irmãos em tudo o que podia e sempre os incentivava. Era o filho do meio e era como uma cola entre todos eles. Sempre tinha sido encantador desde pequeno e cheio de charme.
Ele não a enganava, sabia que tinha alguma coisa o aborrecendo bastante para ele aparecer assim do nada e ainda dizer que não tinha fome.
Com certeza era uma mulher. Lorenzo estava muito bem financeiramente e isso não o preocupava. Seu programa ia bem e cada coisa que ele investia crescia lhe trazendo mais dinheiro, então não era isso.
Com certeza era mulher. Suspirou.
Parte 2Talvez fosse a tal da Amanda de quem ele tanto falava. Notava sua empolgação e mudança de voz ao se referir a ela. Tinha visto algumas fotos dela em revistas e também em um site na internet que ele lhe mostrara. Até seus olhos brilhavam diferente quando se referia a ela. Isso a preocupava. Não queria ver o filho sofrer.Ela era sócia dele e dos amigos no hipódromo e também sempre estava entre eles em reuniões e festas. Parecia ser muito educada, além de bonita, mas era estranha com relação ao seu bebê. Lorenzo não conseguia esconder sua admiração por ela, mas ao que notava isso não era correspondido.“Como algu
Parte 3— Quero que se esforce e encontre uma boa garota, diferente da anterior. Não sei o que você viu nela.— Ela era gata! - Luca passou correndo e eles riram.— Isso é verdade – ele riu.— Mas era fútil, mentirosa e egoísta.— Eu achava que ela me amava – abriu os braços — E que eu a amava também. Foi um erro.— Sei que foi e burrice também.— Isso acontece mãe - deu de ombro — Eu apostei e perdi.&
Parte 1Quase meio-dia. Já estava um pouco atrasado para a reunião, mas não queria sair antes de acalmar seu coração para o encontro. Sua barriga estava incomodando como se estivesse com fome, mas não estava. Era ansiedade. Ficou tão ansioso que nem voltou para casa e dormiu no antigo apartamento que tinha antes de se casar com Lyane. O dividia com Paul até ele se mudar para outro maior e acabou comprando sua parte. Gostava dali por ser mais perto do centro e era bom para quando precisava resolver algo rápido. A casa era seu refúgio, seu lar onde pretendia morar com sua nova mulher e seus futuros filhos.Pegou a chave da Ferrari e desceu. O dia estava nublado, nada de novo em Londr
Parte 2Não tinha a menor intenção de se casar de novo e menos ainda com a viúva alegre que o desprezava sem motivo aparente. E ele não tinha motivos para amar alguém que era interesseira. Amanda era apenas uma Lyane chique e refinada. As duas queriam a mesma coisa. Dinheiro e poder. Lyane se fez de boazinha enquanto Amanda usou seu charme conhecido em cima de um homem mais velho e conseguiu ficar ainda mais rica do que já era. Ela era uma metida a besta que se achava superior aos homens por causa de seu poder, por sua fortuna e seu nome famoso. Deveria estar acostumada a empinar o nariz e humilhar os imbecis que davam em cima dela e no caso o imbecil maior era ele.
Parte 3Paul lhe dissera que a vida era como as corridas de cavalo, tudo um jogo. Você tinha que escolher, fazer sua aposta e torcer para ganhar. E ele estava certo. O problema era que agora ele era o azarão da corrida que só saberia se ganharia ou perderia na reta final, se aproximando da linha de chegada. Ele deveria ter procurado saber mais sobre Amanda e aí sim apostaria suas fichas, agora estava em cima da linha. Se sentia apertado e não sabia se estava apostando certo. Mas valia a tentativa.Foi passando e acariciando o focinho dos cavalos que estavam com a cabeça para fora em sua baia. Eram todos muito bonitos e muito caros, todos de raças vencedoras. Ali havia muito dinheiro envolvido e também os egos de seus proprietários. Mais à
Parte 4Seu cabelo castanho cheiroso balançou com o movimento e encobriu seus olhos. Ajeitando a alça da bolsa ela o olhou firme.— O que andam fofocando ao meu respeito?— Nada! - ergueu as mãos.Ela o olhou desconfiada.— Nada mesmo. Eu apenas a vi falando com o potro sobre Gilbert e pensei que vocês passam muito tempo juntos e ele é muito reservado, quase não fala com os outros sócios e donos de animais, a não ser em reuniões para falar só sobre isso - encolheu os ombros.— Ah... - deu um sorrisinho — E você acha que comigo é d
Parte 1Mauro estava observando os amigos sentados de frente um para o outro, mas quase não se olhavam. Era esquisito. Já estavam jogando há quase uma hora e eles mal haviam trocado uma frase completa. Amanda estava muito quieta e Lorenzo com o semblante fechado e com olheiras. Muito estranho. Da última vez que os vira no fim de semana eles estavam normais, se espetando e brigando por bobagens como sempre faziam e até divertia os presentes. Agora esse silêncio.Os dois costumavam fazer muito barulho na mesa quando estavam com mão boa ou blefando para ganhar do outro e agora estavam calados, a testa franzida, lábios apertados, muito esquisito mesmo. Tinha acontecido alguma coisa e ele não s
Parte 2— Hum... Também não vou querer dessa vez.Lorenzo ficou em dúvida. Ela era muito boa no blefe e já ganhara várias vezes, mas nunca com uma mão como a que ele tinha agora. Já baixara várias vezes um full house na mesa e sequências que lhe permitiam limpar o grupo, mas agora isso não importava. Ela não poderia bater sua mão. Uma ideia louca começou a se formar em sua mente. Seria ótimo que ela achasse que ele estava blefando porque não teria chance contra seu royal flush e seria muito bom ver sua cara de derrotada.Ele sairia de sua última partida como um campeão em