Normalmente, Jayce e Debra não faziam determinados trabalhos de campo. Dificilmente procuravam evidências na casa da vítima, pois tinham sua própria equipe para fazer aquilo. Costumavam confiar no trabalho de seus colegas e obtinham sempre bons resultados com as pistas que eles encontravam, entretanto, o casal de detetives estava, em plena manhã, na residência de Penelope Ayburn em busca de qualquer coisa que pudesse clarear suas mentes para aquele caso. Estavam obcecados por aquela história, não dormiam há dias e mal tinham fome. Saber que um monstro ainda estava à solta e podia tirar a vida de mais pessoas era desconcertante.
Aparentemente, não havia nada de interessante que eles pudessem acrescentar como pista, mas foi Debra quem encontrou, bem no fundo de uma gaveta, um frasco de antidepressivos e também uma receita para mais
Não demorou muito para Rowan ficar sabendo sobre o psiquiatra e sobre Penelope Ayburn. Naquele mesmo dia mais tarde, enquanto jantava com Faith, seu contato lhe telefonou, dando-lhe todas as informações, e ele as passou para a namorada, em seguida. — Depressiva? Síndrome do Pânico? — imediatamente ela associou aqueles detalhes às flores que vira na casa de Shelby Noor. As duas eram teoricamente solitárias, tristes e não era para ser assim, afinal, tinham tudo a seu favor. Faith comentou isso com Rowan, e ele também ficou intrigado. — Realmente é muita coincidência — sem precisar de nenhuma prova, ele acreditou em seu dom de compreender as flores. Aliás, a achava ainda mais especial por conta daquilo. — O que será que as
Na noite seguinte, um pouco mais cedo, Debra estava em casa assistindo a um filme açucarado na televisão, enquanto comia um enorme pacote de pipoca de micro-ondas. Várias vezes suas amigas perguntavam como ela tinha coragem de lidar com a morte todos os dias, ver tanto sangue, chegar em casa e ainda comer e ver televisão tranquilamente. Ela sempre respondia que não era fácil, mas que se desligar de tudo era a melhor saída. Também, dificilmente compreendiam como uma moça bonita e tão delicada podia ter tanta coragem para ser policial. Mas essa resposta era bem mais fácil. Seu pai fora detetive e morrera com dignidade, feliz por estar salvando vidas. Ela também queria fazer sua parte. Estava entretida em uma cena romântica quando seu celular tocou. Ela achou que fosse Jayce e atendeu com pressa, afinal, ele prometeu que pas
Faith sabia que ainda não havia amanhecido. Sabia também que Rowan dormia sereno ao seu lado, por isso, mantinha os olhos fechados, mas não conseguia adormecer novamente. Já estava praticamente decidida a se levantar, quando sentiu aquela sensação estranha de estar sendo sufocada. Tentava respirar fundo, mas não conseguia. Sentou-se na cama, começando a ficar desesperada, especialmente pelo fato de que não sentia que teria uma visão, como estava acontecendo nos últimos dias. Não demorou para Rowan acordar também, percebendo que havia algo de errado. Ele viu e ouviu Faith tossindo, ofegante, quase perdendo os sentidos. Outra vez apavorado, ele a abraçou forte, embalando-a, pedindo para que ela se acalmasse. Então, alguns minutos depois, como em um passe de mágica, ela realmente pareceu melhorar. Parou
Por duas noites consecutivas, Faith dormiu sem ter nenhum pesadelo, nenhum sonho amedrontador, finalmente conseguindo descansar. Sentindo-se tranquila e mais descansada, decidiu levantar-se antes de Rowan. Ele fora tão maravilhoso nos últimos dias, que merecia ser mimado, que era exatamente o que ela pretendia fazer. Era domingo, um dia para apenas ficarem juntos. Um dia com o qual Faith vinha sonhando há muito tempo. Desde os incidentes em sua casa, os dois estavam morando lá. Era mais fácil para Faith, por conta de seu trabalho, e Rowan reparava que ela se sentia mais à vontade. A casa dele, apesar de não ser exatamente uma mansão como aquela onde seus pais moravam, era muito maior que a sua, e ela não estava acostumada com tanto espaço.&nbs
Jayce estava tão transtornado com tudo aquilo que não conseguiu falar mais nada. Desde a época da academia de polícia, ele e Steve eram amigos, encontraram uma incrível afinidade, mesmo não tendo muitas coisas em comum. Jayce tinha muitos irmãos, mas todos estavam em Porto Rico, e seu colega de profissão, junto com Debra, se tornaram sua família naquele país. Por todos esses motivos, a última coisa que ele queria fazer era brigar, mas sabia que estava estressado e ferido, o que o faria perder a razão. Para que isso não acontecesse, achou melhor ir embora. Tudo que desejava era chegar em casa, mas o destino preferiu guiá-lo até a floricultura de Faith. Estacionou o carro em frente ao local e ficou observando enquanto ela trabalhava ao
Jayce não foi para casa. Dirigia desnorteado, avançando sinais, quase entrando na contramão em algumas ruas. Ao invés de tomar o rumo de sua casa, acabou indo parar na de Debra. Ficou parado por um tempo dentro do carro, apenas observando o prédio onde ela morava, sem ter coragem de enfrentar o lugar. Porém, não resistiu às lembranças e preferiu entrar. Por mais que a dor fosse muito intensa, quase física, ele não queria esquecê-la, exatamente porque ela merecia ser lembrada. Ele tinha uma cópia da chave e pôde abrir a porta. A casa estava exatamente do jeito que ela havia deixado, e ele chorou tentando não imaginar que ela poderia voltar a qualquer momento e pegar aquele pacote de pipoca de micro-ondas que estava caído no ch&ati
Desde que Steve e Jayce tiveram aquele fatídico encontro na delegacia, onde este descobriu que Faith havia previsto a morte de Debra, ninguém soube mais nada sobre ele. A última notícia que recebera dele veio de Faith, que lhe contou que ele esteve na floricultura, aparentando um grande descontrole emocional, o que deixou Steve ainda mais apreensivo. Já fazia uma semana desde que ele sumira do mapa. Não atendia telefonemas, não respondia e-mails e não estava em casa. Só havia um lugar onde ele poderia estar, portanto, Steve bateu à porta do apartamento de Debra, gritando para que Jayce ouvisse que ele não estava disposto a sair dali sem notícias. Porém, mesmo com toda a insistência, o detetive não abriu a porta, e sem alternativa, Steve acabou arrombando-a, e o que viu ali dentro foi o caos total. A primeira
Faith passara o dia todo muito inquieta. Tivera uma boa noite de sono, sem nenhuma interrupção, mas sentia-se intrigada porque sonhara com o mesmo campo vasto de flores. A sensação fora a mesma: paz, liberdade... como se todos os seus sentidos comungassem em harmonia. Durante o devaneio, pôde sentir novamente a brisa gostosa do vento tocando sua face, sua respiração lenta e compassada, o coração batendo tranquilo e todas as emoções em seu lugar. Ela tinha total controle de seus próprios movimentos e, por um momento, desejou não acordar. A única coisa que ela percebeu de diferente nas imagens de seu sonho maravilhoso foi a flor, que era praticamente sua protagonista, não era a mesma planta da outra vez, aquela planta desconhecida. Em seu lugar estava o Amaranto, o mesmo que iniciou a história toda, o mesmo que Lolla lhe pedira para colocar em seu túmulo e que ela usar