Adrian chegara ao final das escadas e se virando, a vira, o mesmo cabelo, as mesmas roupas. Molly! – gritara enquanto alcançava a menina na corrida. Ao se aproximar e tocar no ombro da garota, a mesma voltou-se para ele.
Não era Molly, era uma garota da escola que se chamava Deborah. A altura, o cabelo, o perfil de corpo e as roupas eram realmente semelhantes aos da irmã desaparecida do rapaz, no entanto, não era a mesma. Adrian explicara o ocorrido e a garota entendera imediatamente do que se tratava. Lamentara não poder ajudar e por fim fora uma corrida em vão.
No local onde estivera antes, uma pessoa se aproximara para falar com a menina na cadeira de rodas. Nathalie sequer se virara para ver a pessoa.
—Você não deveria estar aqui. Não posso ser vista com você – dissera ela – E sabe disso. Tenha paciência.
—Preciso de você – resp
Nathalie ponderara alguns segundos.—Você a viu – confirmara a menina – Ela não deveria estar lá. Quando ela apareceu naquele lugar, admito que fiquei surpresa e tentei fazer com que fosse embora logo. Suspeitei que havia nos visto e sabia que isso o deixaria confuso, cheguei a imaginar que viria correndo como fizera antes e para minha surpresa, você foi totalmente indiferente. Sabe que pensei que pudesse ter me enganado e você não tivesse visto nada? Você surpreende mais do que parece, querido.—Onde ela está? – persistira o rapaz.A menina se movera com tamanha velocidade que parecera desaparecer de onde estava para reaparecer na frente do rapaz.—Quando quiser, ela irá aparecer. Ela não é uma prisioneira, não se engane. Molly não foi forçada a me seguir, foi a vontade dela. N
—O que acontecerá com Molly? Não há porque não dizer agora.—Por que não pergunta a ela?Adrian olhara para o lado e vira a irmã. Estava há poucos centímetros dele e estava diferente. Usava uma camisola rosa transparente que deixava todos seus detalhes íntimos à mostra. A pele estava clara como leite, diferente do tom corado de sempre. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo no alto da cabeça e ela também tinha os olhos vermelhos, como a mulher que ele vira antes ao entrar na casa. Seus olhares se encontraram em choque.—Olá, irmãozinho. Como você está? Não deveria estar confortando mamãe?O rapaz finalmente recuperara o controle de seu corpo, se libertando das amarras mentais de Nathalie e abraçando a irmã. O corpo da menina estava frio como gelo, assim c
O som do piano enchia os corredores do colégio Santa Helena com sua doce melodia. Havia no ar um sentimento de paz e tranquilidade tão grande que por aqueles breves momentos todos se esqueciam das tragédias pelas quais a cidade vinha sendo notícia nos jornais da mídia local.A pianista era uma jovem estudante e seu talento para as artes era algo nato. Não apenas referente ao instrumento, mas suas outras habilidades destacavam-se, fosse na pintura ou na escrita. Nathalie Osbourne era uma flor que ainda nem havia desabrochado, mas apenas o botão já causava inveja em todo o jardim.Seus dedos corriam pelas teclas do velho piano de cauda do salão de música da escola enquanto a mesma mantinha os olhos fechados. Costumava dizer que a música não era algo para ser decorado ou aprendido, mas sim para se sentir. Os grandes músicos de todas as épocas – dizia ela &ndash
Os olhos de Nathalie pareciam brilhar mais do que as estrelas naquela noite. Então música era parte da alma daquele garoto? Ela jamais esperara ouvir algo tão profundo de algum menino das várias bandas de rock, estilo único adotado pelas bandas naquele colégio. O garoto permanecera em silêncio aguardando pela resposta. As palavras não saíam direito e a menina engasgou. Ainda mais envergonhada, bebera um gole do suco que pedira. Então o encarara.—C-claro… – respondera – Se os outros estiverem de acordo, podemos falar sobre isso qualquer hora. Mas sinceramente, não sou tão boa. Espero que não se decepcione – emendara.Adrian segurara a mão da menina sobre a mesa. Aquela mão pequena e branca que parecia tão frágil estava fria como gelo. Nervosismo? – pensara ele. Talvez devesse a ter abordado de outra forma, mas era ta
A humanidade crê que a verdade liberta e purifica.Algumas pessoas insistem em dizer que só a verdade traz a paz de espírito, mas essas mesmas pessoas também não acreditam nisso. Alguns podem até mesmo acreditar, contudo, eles mesmos são outras vítimas da única verdade universal sobre a condição natural do ser humano: a de que suas vidas são meras mentiras.Assim que o ser humano sente pela primeira vez a rejeição por seus atos, logo na infância, quando é repreendido por seus primeiros erros, o mesmo adquire uma nova característica que é comum a todos os de sua espécie: ficar calado ante seus erros. Isso seria mentir? Alguns dizem que omitir não é mentir, mas de um ponto de vista mais amplo, isso seria apenas um eufemismo para o caso. Se alguém lhe pergunta algo do qual você sabe a resposta,
Séria? – pensara Nathalie. Talvez fosse um pouco, mas acreditava que os outros prefeririam uma palavra mais adequada para aquela expressão como inválida ou deficiente. De qualquer forma, Adrian parecia ser diferente, tinha sido gentil com ela. Deveria haver uma boa razão para isso e certamente não era apenas o interesse nela tocando com ele na banda.—E você não tem medo de se aproximar de uma menina séria? – indagara ela usando a mesma palavra que o rapaz escolhera para se expressar.—É claro que tenho, não faz ideia. Estou me esforçando para não gaguejar e pensando mil vez em cada palavra antes de dizer. Se me visse agora riria muito de como minhas pernas estão tremendo – respondera ele, parecendo sincero em cada palavra – Mas como disse, você é talentosa e linda. E também educada e charmosa como vejo agor
Havia um período livre entre as aulas de Nathalie onde os alunos estudavam sobre esportes diariamente. O colégio Santa Helena tinha mais de vinte times de diversas categorias esportivas e muitos desses responsáveis por centenas de troféus em eventos regionais e estaduais para a escola, uma grande razão para o estudo de técnicas relacionadas ter logo se tornado parte do currículo escolar. Da mesma forma música e artes tinham seu valor, abrigando diversas bandas e solistas entre seus alunos.Nathalie não precisava assistir as aulas sobre Literatura Esportiva – como chamavam – devido à sua condição, aproveitando esse tempo livre para ler todos os dias. Seu lugar de leitura habitual era na curva entre duas escadarias que levavam para o andar superior do primeiro prédio da escola, onde também ficava localizada a biblioteca. Normalmente Cindy ou Rebecca a ajudavam
Nathalie estava deitada na enorme cama de casal king size que havia em seu quarto. Tinha os braços abertos enquanto se imaginava voando em um céu de nuvens brancas e frias. Vestia apenas uma calcinha cor de rosa com rendas detalhada com um botton com o formato de ursinho na lateral direita.Seu corpo nu estava descoberto, a brisa da noite entrava pela janela aberta fazendo com que todos os minúsculos pelos de seu corpo se arrepiassem. Tinha seios grandes com mamilos rosados e cada vez que se sentia arrepiar lembrava-se das carícias ali recebidas em tempos passados, em outras vidas, em sonhos que ela se negava a esquecer.Abrira os olhos ponderando sobre a equanimidade em sua mente e em seu coração diante das turbulentas ocorrências em sua vida. Quando se tornara tão distante de sua própria humanidade? Quando seus desejos e suas emoções lhe haviam abandonado?O celular tocara, a despertan