Havia algo tranquilizador em poder passear novamente pelas ruas sem ter medo de morrer a cada esquina (mesmo que por ruas eu quisesse dizer os poucos metros asfaltados que dividiam as quadras do condomínio).
Ainda que nuvens escuras que se formavam no horizonte anunciado que aquela seria uma noite tempestuosa, durante a tarde os raios de sol aqueceram minha pele. A grama não era exatamente verde e viva, mas a aparência das casas intocadas pelo apocalipse era nostálgica. Tudo parecia perfeito a sua própria maneira.
Foram dois dias de trabalho até ali, afinal a pior parte foi limpar os corpos, com seus cheiros nefastos que quase tornavam insuportável o trabalho de carregá-los, mesmo que tenhamos enrolado-os com lençóis ou sacos de lixos. Nunca realmente nenhum de nós havia carregado uma dessas coisas por muito tempo (no máximo arrastar para fora do caminho), mas agora era um novo cen&aacut
Amanda que mal conseguia trancar o riso diante das gracinhas dos garotos, mexeu nervosamente nos coques de cada lado da cabeça que fizera especialmente para a nossa festa, agora todo o seu cabelo tinha um tom natural de castanho claro, que se misturava agradavelmente a sua raiz escura.Eu não sei, o que voes acham? Seus olhos correram para o resto de nós, que não se pronunciara.Olha, eu não sei… Mayara levou o polegar a boca e mordiscou a ponta da unha, pegando-me de surpresa. Será que eu estava sendo inconsequente em realmente achar aquela ideia interessante?Ah, que isso May… Guga sorriu, trazendo duas garrafas em cada mão e uma embaixo do braço.Eu não gostava muito de usar, nem ser chamada por apelidos, mas não consegui conter meu riso ouvindo-o chamá-la daquela foram.Ué, Rute, v
Assim, pode ser que isso seja um pouco demais. Guga comentou, olhando para um Elton bêbado e entretido, sentado próximo da tomada, onde mexia em iPhone conectado ao carregador.A sala onde estávamos era iluminada somente pelas luzes secundarias e por um abajur ligado sobre a mesa com as bebidas, que lançava uma luz amarelada em todos nós que estávamos sentados nos sofás e poltronas em volta. A tempestade rugia la fora como se o mundo estivesse realmente no fim, mas dentro daquela pequena festa particular com um pouco de álcool no cérebro eu me sentia intocável.Eu não sou idiota, né Guga… Elton balbuciou concentrado no celular, na verdade, quando ele deu aquela ideia ninguém tinha levado a sério que 1 realmente ainda teria um celucloral na casa conseguiríamos carregá-los e ele conseguir
Eu entendo sério... é louco pensar que você só começou a ser hoje depois que o mundo acabou... ela sussurrou limpando as lágrimas que se formavam. Mas é um peso que você tira dos ombros, né.Calma você é lésbica?O olhar caloroso de Mayara virou uma cara que poderia ir para o dicionário se você procurasse por pokerface. Se ainda existissem pessoas que fizessem dicionários no mundo, claro.Sério, Elton?Meu Deus eu não sabia juro! A Amanda me disse que era bi, mas... E subitamente ele começou a rir como se aquela fosse a coisa mais engraçada no mundo.Aquela interação inesperada era o que precisava para quebrar o clima delicado trazendo novamente tranquilidade enquanto Mayara, Elton e Amanda começavam a conversar. Eu sentia uma alegria quase indescritível dentro de mim vend
Quando cheguei perto da dupla de garotos que conversava descontraidamente, Guga estava de costas pra mim e os olhos de Cláudio me acompanhamam até que me aproximei.Ele ergueu o copo interrompendo a conversa e fazendo guga olhar para trás para ver o que aconteceu.Todo seu ...Agora menos entregue para conversar divertida de antes, não pude resistir ao ímpeto de revirar os olhos. Por mais que Cláudio fosse um pouco divertido em festas ele ainda não me descia em qualquer outro momento prin
Ah seu braço... sussurrei a voz um pouco áspera pela empolgação não é ruim assim pra você?Eu consigo mexer o braço só dói para alguns movimentos anjo... sua expressão maldosa voltou ao rosto. Mesmo se não pudesse só preciso de um pra te fazer gritar.Quando ele colocou a mão dentro do meu shorts e senti seus dedos em mim não precisei de muito para ver como ele falava sério. Enrosquei meus dedos no seu cabelo puxando para ocupar minha boca e não realmente acabar gritando.Ergui uma perna para dar lhe mais acesso e ele a segurou na altura da cintura prendendo-a contra o armário assim. Seu sorriso convencido sempre no rosto enquanto ele me observava reagir ao seu toque.Quando me movimentei e forcei a perna que ele segurava com o braço direito seu rosto se franziu em uma careta de dor.Ah, desculpa respirei fundo e encos
Em determinado momento eu não soube mais dizer quando o som da tempestade em meus sonhos se misturou com o retimbar das trovoadas de fora das janelas. Antes que eu fosse capaz de definir qual era qual, eles misturaram se em um só reverberar, mas só quando ficou claro para mim que o estouro que sacudiu a casa não pertencia a minha imaginação fui arracanda do estado de semiconsciencia que eu estava.O som da chuva era violento e aquela altura a ventania sacudia com foas vidraças ameaçando parti las , mas ainda assim aquele rugido havia sido muito mais barulhento do que qualquer tempestade. Eu já estava sentada na cama e senti, no escuro as cobertas se mexendo enquanto Guga acompanhava meus movimentos.O que houve...Nada capaz de produzir tal som poderia significar algo bom aquela altura, mas somente quando o mesmo barulho ecoou novamente, seguido de baques contínuos, expu
Querer? Guga, a Mayara nem gosta de homem, você é retardado? Respondi, sem medir as palavras. Eu não queria acreditar que eu ouvia aquilo sair da boca dele.Ele franziu o cenho, parecendo completamente incrédulo. Por um momento, achei que tivesse ido muito longe, mas ele me interrompeu antes que eu pudesse me desculpar.Ela ficou com metade dos caras do nosso colégio! Meu Deus Rute, ela já ficou até comigo! De onde você tirou isso?!Sim, eu, com certeza, devo ser a primeira pessoa do mundo que se descobriu tarde! A raiva em suas palavras afastava o nervosismo e hesitação anteriores.Guga ficou em silêncio por alguns segundos, ainda atônito. Assim como Mayara todos os sentimentos pareciam passar por ele dê uma só vez: medo, raiva, incredulidade. Em determinado momento, eu nem saber
Assim que atravessei a porta e as gotas de chuva bateram com força no meu rosto, senti os joelhos tremendos. Havia tantas coisas, tantos sentimentos borbulhando dentro de mim: a dor, a raiva, o medo… principalmente o cansaço…Eu estava exausta fisicamente e também exaurida mentalmente, mas esse sentimento não era exclusivo daquele dia. Enquanto minhas roupas imediatamente ficavam encharcadas conforme a tempestade continuava implacável quis deitar-me no chão em posição fetal e ficar ali para sempre quem sabe terminar aquela história da mesma forma que ela começou.Mas eu não ia, eu sabia disso…Olhei para a casa marrom onde Alex provavelmente dormia. Perguntei-me se ele não ouvira nada, mas logo o relâmpago que iluminou o céu trouxe seu trovão estrondoso sobre o mundo, e pensei que talvez aquele tiro nem houvesse sido t&ati