INDOMÁVEL E SEDUTOR
Vamos contar a história de Fabian e Angel. Um casal improvável. Um homem extremamente rico e sedutor. Fabian cheira a sedução, mas como sempre se dedicou ao trabalho, na intenção de herdar o império da tia Italiana, esqueceu de amar e se tornou um homem frio e autoritário.Agora ele está prestes a descobrir que a herança de Beatrice nunca esteve fácil em suas mãos, havia um preço que mudaria a sua vida e lhe tiraria da zona de conforto em que sempre esteve.Enquanto Fabian está diante do nosso protagonista " o testamento de Beatrice ", uma moça pura e ingênua, filha de pai analfabeto, vive a sua ilusória vida de princesa na fazenda do padrinho, onde os seus pais trabalham e que ela vive desde pequena correndo pelos arredores, subindo em árvores e se imaginando estar a espera de um príncipe encantado, como nos livros de contos de fadas que ela costuma ler.Angel, parece uma princesa desabrochando, loira de olhos bem azuis, assim como o seu padrinho, coronel Ambrósio, vive solta pelo mato, livre para sonhar com o que quiser.Mas, o que esses dois têm a ver um com o outro? E que possibilidade havia de, Fabian, morador da grande São Paulo, descendente de Italiano, lindo ao extremo, comprador de todo o cafezal das fazendas de Minas Gerais, se encontrar com Angel nesta história?Você imaginaria possível, um grande amor entre esses dois, sem grandes desilusões para ambos, com ideias tão diferentes?Seria possível, Fabian ser visto como um príncipe encantado, quando a sua fama de opressor, corre ao redor de todos que o conhece? O que diria os fazendeiros de Minas Gerais, de onde sai todo o café que faz de Fabian o maior exportador do Brasii, e o seu irmão, a sua mãe e os criados da mansão?Onde Angel encontraria uma brecha para ter esperanças de conquistar um homem tão Indomável e Sedutor?Isso, nós vamos descobrir e viver as emoções apartir de agora.***Fabian olhava para o brilho do verniz daquela mesa comprida de madeira antiga. Coisas da sua falecida tia.Sentado à cabeceira da mesa, Fabian tinha a sua esquerda a sua mãe e à direita o seu advogado, que por sua vez foi da sua tia por longos anos.Doutor Augustus Ferreira de Castro era um homem magro, calvo de pele bem branca, nariz acentuado, lábios finos e olhar misterioso.Fabian apertou os olhos castanhos escuros, ou seriam verdes? O queixo torneado formava uma pequena covinha quando expressava um sorriso, ainda que fosse sutil.As mãos espalhavam os cabelos negros para trás, sem tirar os olhos do homem.Dali de onde estavam vinha à luz dos arredores dos prédios em volta.A pele morena clara de Fabian, mais parecia bronzeada. A descendência italiana por parte da tia, irmã do seu falecido pai, se acentuava ainda mais, naquele terno de corte impecável, na cor azul marinho.Giovanna estava apreensiva. Sua pele alva corava enquanto olhava para o doutor Augustus. Vez ou outra arrumava o vestido preto, bem composto, que lhe caía um pouco mais abaixo dos joelhos.Giovanna apertava as mãos e a pedra ametista do seu anel, presente do seu falecido marido, brilhava intensamente com os reflexos das janelas de vidro que alcançavam uma parede inteira daquele recinto.Era uma sala de reuniões. Comportava até vinte pessoas sentadas. Os móveis antigos, em estilo colonial, davam lhe a expressão de sombria.Há muito custo, Fabian conseguiu convencer a tia a colocar persianas. Pelo gosto dela, ainda usariam pesadas cortinas de cor escura e tecidos aveludados.Fabian suspirou Impaciente. — Importa-se doutor, se eu fechar as persianas?—ele indagou inclinando-se para Augustus.O homem pareceu sair de um transe. Sobressaltou-se, levantando a cabeça agitado. — Claro que não! Eu mesmo posso fazer isso!— falava enquanto o seu corpo entendia que a ordem era para que ele o fizesse.Fabian tinha a intenção de impedi-lo de levantar-se, mas não deu tempo. O homem já baixava as persianas.A iluminação foi ficando mais fraca gradativamente, na medida em que a luz externa era impedida de entrar.Fabian observava a postura do seu advogado. Estava tenso, por trás da imagem fria que tentava transmitir.Augustus enfim sentou-se novamente.Ele abriu uma pasta preta de couro e tirou de lá o protagonista daquela história. O testamento de Beatrice De Luca Giordano.Fabian engoliu em seco. Os olhos ansiosos acompanhavam os movimentos dos dedos longos e finos da mão que manuseava o documento.Augustus dispôs o papel sobre a mesa e olhou para Fabian como que a pedir licença para começar a ler.Fabian assentiu com a cabeça, lhe dando o consentimento.Augusto suspirou e começou: — Bem, a dona Beatrice, dona de uma fortuna imensa, como vocês bem sabem e acredito que tenham ciência de todos os bens que ela acumulou ao longo da sua vida —o discurso era bom, mas Fabian não tinha paciência para formalidades e rodeios. Acabou por interrompê-lo. — Sem rodeios doutor Augustus! Vá direto ao ponto! Qual o motivo dessa reunião se desde que me entendo por gente, já sabia que herdaria a fortuna da minha tia? —era a voz grave de Fabian, que exaltado batia na mesa com força.Augustus tentava se controlar, mas as suas mãos trêmulas o entregava. Ele esperou cessar os desabafos do seu cliente. Na verdade, Augustus Já havia presenciado muitos arroubos dos seus clientes, quando lia o testamento, tinha sempre uma surpresa, algum parente que ficava de fora da herança, mas era a primeira vez que teria que transmitir uma vontade excêntrica de um falecido.Ele não levantou a cabeça para encarar Fabian. Tinha os olhos fixos no documento à sua frente. Esperou o silêncio se instalar novamente e entendeu que seria ele, uma deixa para que continuasse. E assim, encheu o pulmão de ar e continuou: — A senhora sua tia, senhor Fabian, deixou-lhe como único herdeiro de todos os seus bens, entre imóveis e ações da empresa do ramo de café, a qual já tem posse administrativa há alguns anos.Fabian se controlava para não interromper Augustus, mas estava nervoso deste que soube que a tia fizera algumas alterações no testamento e que aquela reunião se fazia necessária.Giovanna teria tentado acalmar o filho no dia anterior, dizendo que não devia ser nada de importante, mas vendo como o advogado escolhia as palavras para transmitir, o que para eles não tinha nenhum mistério, também começava a concordar com o filho. Algo de terrível estava escrito ali naquele papel maldito.Fabian passou as mãos, jogando os cabelos pra trás, afastando os mesmos dos seus olhos aflitos.Levantou uma mão num gesto de impaciência e inclinou o corpo na direção de Augustus, dizendo com voz pesada, contendo todo o seu desespero: — Fale de uma vez, Augustus! Tem uma surpresa nesse testamento, eu posso sentir pelas suas palavras. Estar a fazer rodeios por demais.Fabian trabalhou a vida inteira com a tia. Era o seu braço direito. Ainda não completara seus doze anos, quando ela lhe levou para conhecer os cafezais do estado de Minas Gerais, onde fazendeiros forneciam todo o seu plantio para que ela construísse o seu império.Beatrice nunca se casou. Com a morte precoce do seu único irmão, num acidente de carro, ela acolheu a viúva e os dois filhos.Fabian era o mais velho e tinha apenas oito anos. Ele era inteligente e gostava de conversar com a tia sobre a empresa. Queria saber tudo. O que ela fazia para ter toda aquela riqueza.Quando foram morar na mansão, ele ficou deslumbrado com tanto luxo. Morava com os pais e o irmão numa casa grande num condomínio de classe média. O pai era executivo numa grande empresa, mas não se comparava a vida que a tia levava.O pai não se dava muito bem com a irmã. Fabian escutava o seu desabafo na hora das refeições. Mas com a morte do provedor da sua família, não houve outra alternativa, a não ser aceitar o convite da tia para morarem na mansão sob os cuidados da toda poderosa.INDOMÁVEL E SEDUTOR Rodrigo, seu irmão, tinha seis anos na época. Enquanto ele brincava de se esconder pelo imenso jardim da mansão, Fabian passava o dia esperando a tia. Estava sempre pensando numa maneira de agradá-la.Giovanna gostava da postura do filho. Incentivava-o a fazê-lo. Dizia que um dia, toda a riqueza da tia, seria dele se ela o visse como um filho.Apesar de ser taxada como testa de ferro nos negócios, Beatrice se derretia pelo menino. Ela lhe vestia com roupas sóbrias e lhe fazia parecer um príncipe. Penteava os cabelos dele para trás e passava um gel para que ficasse com cara de mais velho. — Parece o seu pai!— ela dizia emocionada.Beatrice, apesar de não se dar bem com o irmão, por achá-lo pouco ambicioso, sentiu muito a sua morte. Nunca gostou de Giovanna, mas pelas crianças, acolheu a todos na mansão.A casa não lhe parecia mais silenciosa em momento algum, chegou a arrepender-se de tê-los feito a oferta, mas aos poucos, Fabian foi conquistando o seu coração d
INDOMÁVEL E SEDUTOR Augustus aproveitou a deixa e levantou, fechando a sua pasta. — Bem, preciso ir.— disse estendendo a mão para Fabian. Contrariado, Fabian levantou-se também e apertou a sua mão. Giovana levantou-se sorrindo com simpatia. Estendeu a mão para Augustus, que a pegou e beijou-lhe com cavalheirismo. O homem se retirou e Fabian deixou-se cair em sua cadeira, desanimado. Ele colocou as mãos na cabeça em desespero. — Mãe, não vou casar, não vou! Por que a minha tia fez isso comigo? Giovanna foi abraçar o filho. — Calma! Nós vamos resolver esta situação.— ela dizia. — É a minha vida mãe! Não me sinto preparado para casar!— Fabian falava inconformado. Giovanna riu enquanto acariciava os cabelos do filho. — Já tem mais de trinta anos, filho! Quando pretende casar?— ela questionava. — Não sei nem se quero casar! Quero ser livre mãe!— ele respondeu se exaltando. Giovanna acompanhou o filho com o olhar enquanto ele se dirigia até a janela e olhava a ru
INDOMÁVEL E SEDUTOR Qualquer sugestão era mal vista aos olhos da conservadora e autoritária soberana. Apenas Fabian podia atrever-se a dar qualquer opinião, mas isso não significava que ela lhe atenderia. Passaram o resto do dia tratando das mudanças. Inclusive, Giovanna achava que tinha que trocar quase tudo em todos os setores. Dizia ter náuseas ao ver tanta velharia. — Tudo bem mãe, semana que vem tenho uma viagem de negócios, aí você aproveita e troca tudo que quiser. Chegaram à noite exaustos. Passaram no lavabo e lavaram as mãos para o jantar. Scarlet, uma senhora que aparentava seus cinquenta anos, alta, magra e elegante, num vestido preto, bem composto ate os joelhos, tinha os cabelos e olhos castanhos claros, era a governanta. Acompanhava Dorothy, outra senhora da mesma idade, sendo essa ultima negra, forte e de estatura mediana, olhos e cabelos bem pretos. Vestia um vestido discreto azul marinho. Elas serviam o jantar em silêncio. Fabian olhou para a mãe com cumpli
INDOMÁVEL E SEDUTOR Fabian ficou desesperado com o silêncio do homem, ali a sua frente. Via nele a sua esperança. Tinha que confiar em alguém. Sabia que por algum motivo Duílio tinha o indicado. Com certeza levava fama de ambicioso e não era à toa. Houve um silencio e Fabian avançou para fazer o que mais sabia: subornar. — Será bem recompensado coronel. Sabe que sou muito generoso quando quero, mas sou muito má quando preciso. Ambrósio, tomou aquilo como ameaça e engoliu em seco. Giovanna percebeu que Fabian estava assustando o visitante e entrou na conversa: — O que o meu filho quer dizer, é que podemos oferecer uma terra de presente para o suposto sogro dele, entendeu? Assim como o coronel receberá uma quantia generosa em dinheiro. Fabian inclinou-se na direção de Ambrósio e indagou com voz falsamente aveludada: — Diga-me coronel, conhece uma moça tão pura capaz de se encaixar nesses requisitos dos quais lhe falei? Os olhos de Ambrósio brilharam enquanto ele responde
INDOMÁVEL E SEDUTOR Quando Ambrósio chegou cansado da viagem à São Paulo, Norma o esperava ansiosa. Já era tarde. Helena lhe fazia companhia. Ele tinha a expressão abatida. — Mas que cara é essa homem?—Norma indagou curiosa. Helena foi abraçar o pai e o levou para a mesa de jantar. Depois de lavar as mãos e o rosto no lavabo, Ambrósio foi sentar à mesa. Norma foi servi-lo, pois Alzira já havia ido embora com Angel. Ambrósio esticou o pescoço na direção da cozinha. — Alzira já foi embora?—ele indagou em voz baixa. Norma se sacudiu e respondeu aborrecida: — Há muito tempo homem! Porque está perguntando? Ambrósio ignorava o ranço que a mulher tinha pela a outra. — Tenho uma bomba pra contar pra vocês. — ele declarou olhando a reação das duas à mesa. — Nossa! Bem que essa viagem estava mesmo estranha! O que esse tal barão do café queria com você? — Norma falava apoiando os cotovelos na mesa e se inclinando na direção do marido. — Mas eu estou até agora sem acre
INDOMÁVEL E SEDUTOR Depois que Ambrósio jantou, subiu com a esposa para o quarto. Estava exausto. Tomou um banho e deitou-se. Norma vestiu uma camisola de algodão, estampada com minúsculas flores amarelas, se perfumou e foi deita-se do lado do marido. Estava fogosa, pois fazia quase um mês que o marido não lhe procurava. Ela achava que ele se deitava com mulheres da noite. Assim ela chamava as prostitutas que atendia em casa noturna. Norma não tinha ciúmes dessas, achava que isso era coisa de homem. Só tinha um ranço por Alzira. Achava estranho que Angel não se parecia com os pais e que tinha o cabelo e os olhos iguais aos do seu marido. Alzira parecia perceber, mas não se importava, isso deixava Norma mais intrigada. Estava feliz pelo marido ter poupado Helena daquele casamento esdrúxulo e não ter se importado com Angel. Deitou-se querendo falar do assunto: — Você acha que o compadre Eusébio vai concordar com o negócio do casamento Ambrósio? Ambrósio virou-se pra ela e re
INDOMÁVEL E SEDUTOR Eusébio segurou firme o seu chapéu e olhou fixamente nos olhos do patrão dizendo: — Eu imagino como deve ser difícil para o senhor, não poder casar a sua filha com esse homem tão generoso! Ambrósio ficou pensativo. Não sabia se o compadre estava sendo irônico. Apesar de ser um homem simples não podia deixar de ficar intrigado pelo fato dele não oferecer Helena primeiro. — Diga-me coronel, quem é esse partido que o senhor arrumou pra minha menina. — Eusébio quis saber. Ambrósio falou de uma vez: — O barão do café. Eusébio ficou boquiaberto. Ambrósio ficou a analisar a reação do compadre. Não sabia se era boa ou ruim, mas tinha que convencê-lo. Eusébio coçou a cabeça pensativo. Depois ficou orgulhoso. Ambrósio suspirou aliviado. Empurrou o contrato para a frente e disse: — É só assinar. Eusébio franziu a testa. O coronel continuou: — Vai ter a sua fazenda e o homem será o seu genro. O que pode querer mais da vida? — Diacho!— Eusébio prague
INDOMÁVEL E SEDUTOR Helena cavalgava sem destino. Fazia sempre isso quando estava angustiada. Como uma vez em que o seu pai lhe comunicou que havia arranjado para ela um casamento com um fazendeiro viúvo de quarenta e cinco anos. Ela simplesmente saiu a cavalo e sumiu no meio do mato. Foi encontrada por Teobaldo horas depois. O pai ficou tão arrependido que desfez o acordo com o seu pretendente e jurou nunca mais lhe impor um marido. Agora, sem que Ambrósio percebesse, ela se embrenhou novamente no meio do mato. Teobaldo saiu na caminhonete atrás dela. Ele já sabia mais ou menos onde ela se escondia. Não era a primeira vez que sumira. Ele parou o carro e desceu. Andou na direção do rio. Ela estava lá. Olhando as águas. O pensamento perdido. — Senhorita Helena!— ele chamou. Ela assustou-se. Virou-se de repente. Ele já estava muito perto. Um beijo foi inevitável. Helena o empurrou ofegante. — Ficou louco? Já falei que isso não podia acontecer novamente! — ela queixou-se,