INDOMÁVEL E SEDUTOR Depois que Ambrósio jantou, subiu com a esposa para o quarto. Estava exausto. Tomou um banho e deitou-se. Norma vestiu uma camisola de algodão, estampada com minúsculas flores amarelas, se perfumou e foi deita-se do lado do marido. Estava fogosa, pois fazia quase um mês que o marido não lhe procurava. Ela achava que ele se deitava com mulheres da noite. Assim ela chamava as prostitutas que atendia em casa noturna. Norma não tinha ciúmes dessas, achava que isso era coisa de homem. Só tinha um ranço por Alzira. Achava estranho que Angel não se parecia com os pais e que tinha o cabelo e os olhos iguais aos do seu marido. Alzira parecia perceber, mas não se importava, isso deixava Norma mais intrigada. Estava feliz pelo marido ter poupado Helena daquele casamento esdrúxulo e não ter se importado com Angel. Deitou-se querendo falar do assunto: — Você acha que o compadre Eusébio vai concordar com o negócio do casamento Ambrósio? Ambrósio virou-se pra ela e re
INDOMÁVEL E SEDUTOR Eusébio segurou firme o seu chapéu e olhou fixamente nos olhos do patrão dizendo: — Eu imagino como deve ser difícil para o senhor, não poder casar a sua filha com esse homem tão generoso! Ambrósio ficou pensativo. Não sabia se o compadre estava sendo irônico. Apesar de ser um homem simples não podia deixar de ficar intrigado pelo fato dele não oferecer Helena primeiro. — Diga-me coronel, quem é esse partido que o senhor arrumou pra minha menina. — Eusébio quis saber. Ambrósio falou de uma vez: — O barão do café. Eusébio ficou boquiaberto. Ambrósio ficou a analisar a reação do compadre. Não sabia se era boa ou ruim, mas tinha que convencê-lo. Eusébio coçou a cabeça pensativo. Depois ficou orgulhoso. Ambrósio suspirou aliviado. Empurrou o contrato para a frente e disse: — É só assinar. Eusébio franziu a testa. O coronel continuou: — Vai ter a sua fazenda e o homem será o seu genro. O que pode querer mais da vida? — Diacho!— Eusébio prague
INDOMÁVEL E SEDUTOR Helena cavalgava sem destino. Fazia sempre isso quando estava angustiada. Como uma vez em que o seu pai lhe comunicou que havia arranjado para ela um casamento com um fazendeiro viúvo de quarenta e cinco anos. Ela simplesmente saiu a cavalo e sumiu no meio do mato. Foi encontrada por Teobaldo horas depois. O pai ficou tão arrependido que desfez o acordo com o seu pretendente e jurou nunca mais lhe impor um marido. Agora, sem que Ambrósio percebesse, ela se embrenhou novamente no meio do mato. Teobaldo saiu na caminhonete atrás dela. Ele já sabia mais ou menos onde ela se escondia. Não era a primeira vez que sumira. Ele parou o carro e desceu. Andou na direção do rio. Ela estava lá. Olhando as águas. O pensamento perdido. — Senhorita Helena!— ele chamou. Ela assustou-se. Virou-se de repente. Ele já estava muito perto. Um beijo foi inevitável. Helena o empurrou ofegante. — Ficou louco? Já falei que isso não podia acontecer novamente! — ela queixou-se,
INDOMÁVEL E SEDUTOR Helena sabia que Angel podia ser quem quisesse, porque o seu espírito era livre. — Queria ser como você Angel. — ela disse com tristeza. Angel se levantou e começou a falar como se estivesse dentro dos seus livros. — E eu queria ser como a senhorita. Linda! Mais parece uma princesa! Helena sorria enquanto comia. Olhava Angel fingindo que usava um vestido de princesa. Quase dava para vê-lo, quão real parecia. Depois que comeu, Helena deu aula para Angel. — Precisa fazer as provas semana que vem. Só então poderá sonhar com uma faculdade. — ela dizia para a sua aluna. — Faculdade! Tenho que fazer faculdade? — Angel indagou curiosa. Helena se diverte com Angel. Ela tinha um jeito infantil de ser. — E o que pretende fazer da sua vida? — Helena quis saber. Angel pensou um pouco, depois disse: — Casar com um príncipe encantado e ser feliz! — Só isso?!— Helena falou incrédula. Angel respondeu-lhe com voz mansa: — Mas a senhorita não estudou
INDOMÁVEL E SEDUTOR No dia seguinte, quando chegou para trabalhar, Alzira já procurou logo falar com Ambrósio. — O senhor me dá licença que eu preciso ter uma prosa com o senhor. — disse em tom de desespero.Ambrósio apontou o caminho do escritório. Alzira seguiu pra lá. Norma queria ir atrás, mas ele lhe repreendeu: — Você fica mulher! O assunto não lhe diz respeito.Norma respirou fundo e foi para a cozinha.Alzira não conseguia se sentar, por mais que o coronel insistisse. — Não fique nervosa comadre! Sua filha vai fazer um bom casamento — ele dizia. — Mas porque não ajeitou tudo isso pra senhorita Helena, que já passa da idade de casar? — Alzira falava sem parar.Ambrósio engoliu em seco. Escolheu as palavras antes falar: — Comadre, a minha filha tem condições de arrumar um pretendente rico. A chance da sua filha é essa. Procure entender que eu estou pensando na minha afilhada.Alzira encheu os pulmões e indagou: — Se Angel fosse sua filha, ainda assim, acharia um bo
INDOMÁVEL E SEDUTOR Rodrigo levantou-se. Vestia-se sempre muito elegante, menos sóbrio que Fabian. Os cabelos pretos encaracolados e desalinhados propositadamente, fazia-lhe parecer mais jovial. Usava uma corrente delicada de ouro no pescoço e deixava a camisa pouco desabotoada para que ela ficasse à mostra. Tinha os olhos pretos, bem expressivos e a boca bem definida. A pele era alva como a da mãe. Na verdade eles se pareciam muito. Usava uma calça preta e camisa marrom. Estava perfumado e apressado para sair. — A conversa acabou? — ele quis saber. Giovana levantou-se e foi abraçá-lo. — Filho, acabou de chegar e já vai sair? — ela falava carinhosa. Fabian suspirou impaciente. — Deixe-o ir mãe! Não está vendo que já combinou de ir pra farra com os amigos?— ele dizia olhando para a mãe, achando patética a sua preocupação. Rodrigo riu abraçando a mãe. — Volto logo! Estou mesmo cansado da viagem. — ele disse olhando para Fabian que se roía de ciúmes. Rodrigo se aproxim
INDOMÁVEL E SEDUTOR Sobre a cômoda tinha um castelo de papel em miniatura. Uma réplica perfeita. Angel escovava os cabelos encaracolados e muito loiros olhando para a maquete e sonhando. Estava curiosa em saber como seria esse tal barão do café. Angel imaginava ele um homem extremamente bonito e fino. Até aí tudo bem, mas a imaginação dela ia mais além. Imaginava Fabian um homem meigo, carinhoso, de voz suave e doce. Ficou ali sonhando até adormecer. Os pais estavam em pé de guerra. — Eu devia ficar aqui nessa casa e deixar você sozinho nessa tal fazenda Eusébio. — Alzira resmungava, enquanto Eusébio tentava lhe acarinhar. Ele não respondia, estava fogoso como nunca. Talvez por conta da alegria de saber que no dia seguinte seria dono de terra, fazendeiro. Sempre morou nas terras do coronel Ambrósio. Sempre trabalhou para ele. Conheceu Alzira, ela já trabalhava na fazenda. O povo de língua ferina, lhe dizia que ela era gazela do coronel. Mesmo assim, ele se engraçou por ela.
INDOMÁVEL E SEDUTOR Mais alguns dias passaram. Eusébio fechou negócio com a fazenda. Era muita correria por lá. Ambrósio ajudava no que podia. Enquanto que na casa grande, só se falava no vestido de Angel. A casa estava animada. Norma estava agachada dando alguns retoques na barra do vestido e a costureira também estava lá ajustando a cintura enquanto comentava: — Pronto! Só mais esse ajuste e ficará bom. Só tome cuidado para não engordar muito. O vestido já está no ponto. O vestido branco e longo, tinha uma saia extra que lhe caía pouco mais abaixo dos joelhos. Todo trabalhado em apliques de renda com detalhes perolados. As mulheres se agitavam pelo quarto em volta de Angel. A moça inquieta e feliz, olhava em volta sorrindo. Chamava aos gritos: — Ô mãe, ô mãe vem ver! Helena se divertia com Angel. Sorria enquanto falava meneando a cabeça: — Para Angel! Fica quieta. A sua mãe foi ver a fazenda nova. Seu pai vive lá há dias, arrumando as coisas para vocês mudarem. —