Capítulo 5

Caroline

Atualmente.

Meu coração ainda acelera perto dele. Dante continua lindo, senão mais do que antes. Sinto seus olhos verdes me perscrutar, mas mantenho a postura.

Temo ceder se olhar de volta. Dante me magoou demais, não apenas a mim, como a Manu e o Dominic, mas Dom o perdoou, pois é irmão dele e a Manu… bem, a Emanuele não existe, ela perdoaria conhecendo o Dominic ou não. Ela é assim, mas comigo foi diferente. Ele me fez achar que me amava e que se casaria comigo, porém do nada, Dante descobriu uma paixão louca pela Emanuele e isso acabou comigo e quase acabou com a amizade que ela e eu temos. Não posso me permitir sofrer daquele jeito de novo.

Ele continua lindo, mas com certeza, continua imprevisível.

— Até mais tarde, volto assim que me hospedar e avisar a mamma que cheguei — ele avisa e, hesitante, se despede e sai.

— Já pode respirar, amiga! — Emanuele zomba e seu marido acha graça.

— Não riam, ainda é difícil para mim, embora não pareça ser para ele. — Me sento em frente à minha amiga.

— Não quero defender, é o Dante afinal de contas, mas é difícil para ele sim, Carol, Dante está pagando o preço — Dominic diz e me olha com compaixão.

— Dominic!

— Só estou dizendo a verdade, Raio de sol — Dom se defende.

— Não é isso, por que não defenderia o seu irmão?

— Ele fez burrada, agora vai ter que correr atrás do prejuízo. — Ele a serve.

— É, Dante cometeu muitos erros. Mas o clima entre vocês ainda existe. Respeito se não reatarem, mas torço para que aconteça — minha amiga diz e suspira ao se mexer na cadeira.

— Precisa de mais almofadas? — pergunto, pronta para me levantar.

Seu marido para o que está fazendo.

— Não, estou bem, não se preocupem — Manu responde um tanto aborrecida.

Olho para Dominic que apenas suspira e continua o seu trabalho servindo a salada para ela.

Estamos acostumados às suas mudanças de humor, ela só detesta dar trabalho aos outros. Porém, como eu não me preocuparia? Ela está nessa situação há meses, os médicos disseram que a gestação é um perigo não apenas para os bebês, mas também para ela. Ainda assim, Emanuele e Dominic decidiram levar a gestação adiante. Ela decidiu, na verdade, ele está apoiando, claro. Eu entendo, são os filhos deles. Isso é imensurável.

O que me irrita é que nas primeiras consultas disseram que a placenta voltaria, não voltou e é muito arriscado que ela faça qualquer esforço, principalmente se tratando de gêmeos. Então criamos uma rotina para ajudá-los a atravessar esse problema. Felipe me deu férias e está cobrindo as fotografias da Europa sozinho.

Ele é um ótimo chefe e companheiro de viagens, nos damos muito bem. Tanto que sinto falta do senso de humor e leveza dele.

Começo a me servir em silêncio.

— Me desculpem! — Manu solta os talheres e respira fundo, seus olhos estão marejados. — Eu só não gosto que fiquem tão preocupados, acham que não vejo o quanto estão exaustos?

— Não é sacrifício nenhum, Raio de sol, fazemos isso porque amamos você e os nossos bebês. — Dominic se abaixa e pega as mãos dela.

— Com certeza, e acho bom esses danadinhos obedecerem quando saírem daí! Passamos por muitas bem antes de vocês chegarem, ouviram bem? — Brinco, falando perto da barriga dela.

Um movimento leve aponta que eles estão nos ouvindo muito bem.

E nos emocionamos.

— Ah, é claro que estão ouvindo e serão muito obedientes, não é? — ela diz, alisando a barriga. Depois olha para o seu marido e eu. — Eu sei, também amo vocês! Ao menos a situação trouxe alguma coisa boa.

— O quê? — Dom e eu perguntamos em uníssono.

— Dante voltou, ué! — Ela pega seus talheres e volta a comer.

— Não me faça sentir ciúmes e despachá-lo para o México, Raio de sol!

Ela ri.

— Sabe que não existe nada disso.

— Claro que sei. — Ele beija a sua têmpora e se levanta. — Preciso ir até a empresa, volto em duas horas. Tudo bem?

— Pode ir em paz, o Enzo daqui a pouco chega — digo enquanto experimento a foccacia maravilhosa que Dominic fez.

— Não sei se paz e Enzo cabem na mesma frase, Carol! — Ele murmura.

— Dominic! — Emanuele ralha, ele sorri e sobe em direção aos quartos.

Comemos em silêncio por alguns minutos, Manu continua contemplando a barriguinha linda e franze a testa algumas vezes. Sei que está incomodada, mas não digo nada.

— Estou bem, Carol! Apenas preocupada, não quero que nada de mal aconteça aos meus bebês.

— Ok, prometo ser menos chata.

— Você não é chata, eu sou grata demais pelo que fez, agradeça ao Felipe por mim. — Ela abre um sorriso.

— Ele vem para o Brasil mês que vem, talvez possa vir visitá-la e ver os bebês.

— Não vejo a hora! — Ela solta um suspiro cansado. — Mas me conte, como está se sentindo com a volta do Dante?

— Sobre isso, você não tem jeito, hein! Nos fez vir juntos aqui e não me avisou nada, não vem dar uma de cupido, Manu — reclamo.

— Fico lisonjeada por pensar que eu mirabolei todo esse plano, mas não, eu sabia que Dante viria, só não fazia ideia de que seria aqui a sua primeira parada — ela diz com seriedade.

— Ok, acredito em você, mesmo assim, não tente nos juntar. Te conheço!

— Eu até gostaria de discutir com você sobre isso, mas não vou. Acho que vão se acertar sozinhos, seja para uma coisa ou outra.

— Podemos não falar sobre ele, não agora? — peço e ela assente.

— Para onde vai depois das férias? — Manu muda de assunto radicalmente.

— Não sei, estamos esperando a revista nos enviar as informações, gostaria de visitar as pirâmides de Gizé, seria incrível fotografá-las — me empolgo.

— E o Felipe, como é viajar e trabalhar com ele?

— Maravilhoso! O Fê é divertido, gentil, inteligente e bonito. Gosto de trabalhar com ele porque aprendi muito. Não é apenas nós dois, temos uma equipe de cinco pessoas, são todos muito bons e gentis.

— O que torna o seu trabalho mais fácil.

— É, mas tem momentos que eu gostaria que fosse apenas o Felipe e eu, sabe, é mais divertido e sei lá, apenas gosto — fito o vazio e algumas lembranças da Irlanda preenchem minha cabeça.

— Gosta dele? — ela manda a pergunta à queima roupa.

— Sim, mas não dessa forma. — Sinto a pele do rosto esquentar.

— Que forma? — Ela franze a testa, fingindo inocência.

— A que você está insinuando, ora — respondo na defensiva.

Manu ri.

— Não insinuei nada, apenas te fiz uma pergunta inocente

— Emanuele Rizzo, se existe uma coisa que você não é, é inocente.

Nós duas rimos.

Meu telefone começa a apitar desenfreado.

— O que é isso?

— Mensagens, o Enzo deve estar enchendo o grupo de bobagens de novo. — Pego o aparelho e meu sorriso morre um pouco.

— O que houve? — Manu se preocupa.

— O Dante está no grupo…

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