Dante
Atualmente. — Dante… Dante! — Dom me sacode pelos ombros. — Oi, o que foi? — digo, atordoado. — Eu é que pergunto, está com aquela cara… — Dom abre um sorriso. — Que cara? Do que está falando? — Olho ao redor e vejo que Manu não está mais ali, provavelmente, subiu com a Carol. — A mesma da qual nossos irmãos me acusaram de fazer quando eu olhava para a Emanuele. — Ele caminha até a cozinha da casa. A casa deles é ampla e clara, os móveis são simples e modernos. A sala é ligada à cozinha, e sei que Dom pensou nisso por conta do tamanho da nossa família que dobrou depois que ele e Manu se casaram. — Quer comer alguma coisa? Sei que chegou hoje de viagem — ele oferece. — Fiz uma foccacia de alecrim e cebola, a preferida de Raio de sol. — É, eu sei. Aceito um pedaço, estou faminto. Me sento no banco à sua frente, me apoiando na bancada de mármore claro. Ele retira a perfumada foccacia do forno e nos serve, pegando um vinho da safra da família para acompanhar. — A Carol está no Rio há quanto tempo? — pergunto, tentando parecer indiferente. — Desde que descobrimos o descolamento de placenta da Emanuele. Ela e a Paola têm nos ajudado muito. A família inteira, na verdade. Por isso consigo trabalhar, na medida do possível. O observo, Dominic parece cansado, mas feliz. Embora a gravidez da Manu seja de risco, sei que ele está radiante pelos gêmeos. — Que bom que voltaram para o Brasil. — Não tinha como deixá-la sozinha na Toscana, sei que ela ama aquele lugar, mas precisamos da família agora. — Ele me olha. — E fico feliz em tê-lo aqui por perto. — Mesmo sabendo que será um tormento para mim? — O encaro. — Sei que é difícil estar aqui sentindo o que sente pela Emanuele, Dante, mas… — Não falo da Manu — o interrompo. — Isso é passado, irmão, garanto. Dom só eleva a sobrancelha. — Falo da Carol, e sei que fui um idiota. — É, você foi. — Obrigado por reforçar! É só que sinto a falta dela e não sei o que ela sente, a magoei demais. Além disso, o que importa agora são os bebês e a Manu. Meu irmão me observa por um longo momento. — Carol pediu férias no trabalho, chega aqui todos os dias à uma da tarde e fica até às seis, depois reveza com a Paola e nossos irmãos. Vou te colocar no grupo que Enzo fez, tem escala e tudo! — Ele sorri e pega o celular. — Não avisei a ninguém que cheguei… — A mamma não está no grupo, só nossos irmãos, a Carol e o Fábio. Sabe como os mais velhos são, eles aparecem sem aviso, cheios de comida, roupas de bebê, brinquedos… Abro um sorriso. — Nada mudou! — Em absoluto. — Ele bebe um gole do vinho. — Deveria ligar para a mamma e avisar que chegou. — Farei isso. Agora que mencionou sobre brinquedos, lembro que não comprei nada para os meus sobrinhos, são meninos, meninas ou os dois? Ele faz uma careta. — Não sei! Paola e Enzo colocaram na cabeça de Emanuele que deve ser surpresa, querem fazer um tal chá revelação, seja lá o que for isso, apenas sei que não podemos saber o sexo dos bebês até o dia desse chá. Rio. — Eles querem animar a Manu, ela parece bastante exausta, vocês dois, na verdade. Dom suspira. — Sim, ela tem sofrido bastante. Faz poucos dias que parou de chorar durante as madrugadas, ela teme perder os nossos bebês. — Sua expressão entristece. — Vai dar tudo certo, o que a médica disse? — Que ela precisa repousar enquanto os bebês formam os pulmões por completo, falta pouco, precisamos aguentar por três semanas. Enquanto isso, acompanhamos de perto. Ela nunca fica sozinha, o que às vezes a incomoda. — É compreensível, não consigo imaginar viver com a família a todo instante mandando ela fazer isso, não fazer aquilo, tem comer e não comer… — Perco a paciência só em pensar. — Vicenzo teve uma conversa franca com todos pedindo para pararem, por isso, nossos irmãos fizeram o grupo e estão sempre aqui para controlar os mais velhos e suas ordens, sei que é por amor, mas atrapalha muito. Eu não estou em condições de pedir nada sem magoar alguém, tem dias que me escondo da Emanuele para chorar… — Ele dá de ombros e vejo os seus olhos brilharem, nunca imaginei que veria essa cena e não o condeno ou zombo, jamais faria isso. — Não posso perdê-los, Dante! Eles são a minha vida, não consigo sequer imaginar viver sem qualquer um dos três… — Dom para de comer e chora. Salto do banco e o abraço, igualmente emocionado. — Ei, cara, eles já são seus, mano… sei lá, a nonna sempre diz que Deus nos dá o que merecemos e você mais do que ninguém merece isso. Não acho que Deus seja Alguém mal para tirar a sua família de você. Vai ficar tudo bem, conte comigo também para controlá-los, sou o rebelde da casa, lembra? Dou um jeito! Meu irmão assente. — Eu sei, obrigado! — Ele funga. — Não tem o que agradecer, somos família. Dom seca os olhos e me afasto. Ouvimos as vozes das duas vindo. — Manu pode descer as escadas? — Não, fizemos um elevador para ela, você ficou tão arrebatado quando viu a Caroline que não respondeu quando ela falou com você e tampouco viu quando as duas subiram. — Ele passa um guardanapo nos olhos e pigarreia. Me sinto um tanto idiota quando ouço isso. — Hum… esse cheirinho está me chamado! — Manu diz ao ser empurrada em uma cadeira de rodas por Caroline. Sua barriga está enorme, ela ganhou um pouco de peso, o que a deixa bem mais bonita, mesmo com olheiras abaixo dos olhos e os cabelos ruivos escapando do coque alto. — Que bom, pois eu fiz para você! — Dom a beija levemente. — Venha, Raio de sol, vamos alimentar esse batalhão! — Ele ocupa o lugar em que Carol estavs e empurra a cadeira até uma mesa de jantar no canto direito da cozinha. — Dante, venha almoçar conosco — Manu me chama. — Eu bem que gostaria, mas preciso ir ver a mamma, ela não sabe que cheguei, vim direto para cá. — Vou colocá-lo no grupo, mas estou dando tempo para que ele avise, você conhece os seus cunhados — Dominic alerta. — Certo, então vá e por favor, volte, não desapareça de novo. — Seus olhos azuis estão brilhando. Como recusar? E nem desejo ir, ficaria mesmo se não precisasse ver um lugar para ficar e passar na casa dos meus pais. — Não se preocupe… — Olho dela para Caroline quando digo: — Eu não vou a lugar algum.Caroline Momento em que conhece o Dante Corro ao sair de casa após mais uma discussão com a minha mãe. Confesso que estou farta dessa situação e no momento, a minha falta de emprego não ajuda. Eu preciso trabalhar para conseguir alugar uma kitnet, apartamento ou qualquer coisa que dê para ficar que não seja perto dela. Nosso relacionamento nunca foi muito bom e depois do fim do meu noivado, só piora. Só a Manu para me fazer sair no meio da semana para me mostrar o seu dentista. Minha amiga tem um enorme apego a esse amigo dela, mas ao que tudo indica, o relacionamento é de amizade apenas. Ela diz que o consultório é lotado e de modelos, já que o tal dentista é um homem lindo… Suspiro e sigo até a praça onde marcamos, ela está me aguardando em seu carro que ela não se desfaz de jeito nenhum. Aquilo parece que vai se desintegrar a qualquer instante. — Oi, desculpe o atraso, amiga! — Entro e afivelo o cinto. — Não se preocupe, lá é lotado, vamos chegar a tempo. Manu dá a partida
CarolineAtualmente.Meu coração ainda acelera perto dele. Dante continua lindo, senão mais do que antes. Sinto seus olhos verdes me perscrutar, mas mantenho a postura.Temo ceder se olhar de volta. Dante me magoou demais, não apenas a mim, como a Manu e o Dominic, mas Dom o perdoou, pois é irmão dele e a Manu… bem, a Emanuele não existe, ela perdoaria conhecendo o Dominic ou não. Ela é assim, mas comigo foi diferente. Ele me fez achar que me amava e que se casaria comigo, porém do nada, Dante descobriu uma paixão louca pela Emanuele e isso acabou comigo e quase acabou com a amizade que ela e eu temos. Não posso me permitir sofrer daquele jeito de novo.Ele continua lindo, mas com certeza, continua imprevisível.— Até mais tarde, volto assim que me hospedar e avisar a mamma que cheguei — ele avisa e, hesitante, se despede e sai.— Já pode respirar, amiga! — Emanuele zomba e seu marido acha graça.— Não riam, ainda é difícil para mim, embora não
DanteEstou no hotel, e ao fechar a porta do quarto, escuto o meu telefone tocar como louco. Me sento na poltrona e abro para ver as mensagens.Missão GêmeosDominic Rizzo Missão Gêmeos adicionou DanteEnzo:Dante?Matteo:É o que parece…Filippo:Qual é o problema, não é nosso irmão também?Enzo:Nenhum, só não entendi, ele está nos Estates,não quer saber da família.Vicenzo:Não diga bobagens, Enzo.Enzo:Menti? Cadê ele agora? E o Dom? Que joga a bomba e sai correndo.Filippo:O Dom tem mais o que fazer, e você já chegou na casa deles para ajudar a Manu?Enzo:Estou a caminho. Já que o Dante está no grupo, cadê ele que não fala nada?Eu:Estou aqui, Enzo.Matteo:Aqui é meio vago, né?Eu:Acabei de chegar ao Brasil, fui ver a Manu e o Dom primeiro,Depois passei na mamma.Filippo:Bem-vindo de volta, mano!Eu:Obrigado, Pipo!Matteo:A Carol já sabe que você voltou?Enzo:Pois é, ela está no grupo…Carol:Gente, fala sério! Não tem problema nenhum o Dante estar no grupo, est
Dante Todos os dias me faço a pergunta que Vicenzo pediu para fazer quando acordasse, e eu ainda não tenho a minha resposta, até hoje. Por essa razão eu fugi, era demais ver a Manu e Carol e não sentir nada. Pensei que desaparecer seria uma ótima saída daquela situação desagradável.Nossa história foi uma grande bagunça! Manu e eu nos tornamos amigos, depois eu me apaixonei por sua melhor amiga, Caroline, porém, quando estava prestes a me casar com a Carol, Manu e meu irmão inventam um noivado falso que se torna real.... aquilo mexeu comigo e notei que sentia algo mais do que amizade pela Emanuele... Agora, parado na sala da casa da Manu e do Dom, vejo os dois juntos, atravessando o momento complicado que estão vivendo, conseguindo ser cúmplices, e acima de tudo, conseguindo sorrir juntos. Isso me faz ter apenas uma certeza, ela nunca foi para mim e não me sinto tão mal em reconhecer isso…, não muito. Fui tão idiota, tão imaturo que me envergonho de estar aqui, mas estou porque o m
DanteDia em que conhece a Manu.— Eu quelo papai! — Escuto a minha sobrinha, Giovanna, pedir ao meu irmão uma boneca que passa em um comercial de televisão, durante o almoço na casa dos nossos pais.Vicenzo apenas sorri, meu irmão ainda anda entristecido depois da perda da minha cunhada, Antonella. Foi uma perda horrível para toda a família. Antonella se foi após uma batalha contra o câncer e deixou meu irmão e a Gio.Desde então, é difícil para ele, temos a nossa família que o apoia em tudo, no entanto, sei que mesmo escondendo a sua dor, Vicenzo ainda sofre com a ausência da esposa.Bato levemente no seu ombro.— Pode deixar que eu compro a boneca — falo e Vicenzo ergue a sobrancelha.— Eu não faria isso se fosse você! — Ele olha de novo para Gio que agora brinca com a Paola, nossa irmã caçula.— Por que não? Ela pediu com aqueles olhos brilhantes, como consegue negar algo para ela? — Cruzo os braços.Meu irmão ri alto.— Que coração mole, você esconde ele bem, hein! — Ele dá uma
DanteAo sair do shopping, ligo para Vicenzo, vencido. Meu irmão gargalha às minhas custas e diz para eu ligar para o Dominic, a boneca é italiana e lá não é tão popular quanto por aqui.Tenho uma ideia imediatamente, só preciso pedir ao meu irmão mais velho para mandar duas bonecas e não apenas uma.— Por que quer duas do mesmo modelo, Dante? Vai presentear outra criança? — ele pergunta quando ligo para pedir.— Isso não importa, apenas saiba que é imprescindível que mande duas, o quanto antes, por favor, Dom!— Imprescindível?! O que está tramando, hein?! Certo, se eu for para o Brasil, levo, caso não, mando como encomenda, vai chegar antes do Natal — ele responde tranquilamente.— Não, mano! Mande o quanto antes, preciso mesmo dessas bonecas aqui, as duas e mande para a minha casa — insisto e meu irmão suspira.— Ok, Dante. Deve chegar em dois dias, no máximo.— Perfeito, quando você volta?— Não sei, estou esperando a Lívia decidir se vai ou não passar o Natal aí comigo, porém,