Caroline
Momento em que conhece o Dante Corro ao sair de casa após mais uma discussão com a minha mãe. Confesso que estou farta dessa situação e no momento, a minha falta de emprego não ajuda. Eu preciso trabalhar para conseguir alugar uma kitnet, apartamento ou qualquer coisa que dê para ficar que não seja perto dela. Nosso relacionamento nunca foi muito bom e depois do fim do meu noivado, só piora. Só a Manu para me fazer sair no meio da semana para me mostrar o seu dentista. Minha amiga tem um enorme apego a esse amigo dela, mas ao que tudo indica, o relacionamento é de amizade apenas. Ela diz que o consultório é lotado e de modelos, já que o tal dentista é um homem lindo… Suspiro e sigo até a praça onde marcamos, ela está me aguardando em seu carro que ela não se desfaz de jeito nenhum. Aquilo parece que vai se desintegrar a qualquer instante. — Oi, desculpe o atraso, amiga! — Entro e afivelo o cinto. — Não se preocupe, lá é lotado, vamos chegar a tempo. Manu dá a partida e tagarelamos sobre o mês de dezembro o qual ela tem certo pavor. Não julgo, mas acho exagerado. — Sinceramente, você acha que a essa hora um consultório de dentista vai estar cheio? — pergunto, beirando a incredulidade. — Você não entende quando digo que o Dante é de outro mundo… — Ela suspira. — Vai ver, estamos chegando. Entramos no prédio e estacionamos. Depois subimos no elevador. O lugar é bem elegante e claro. Quando entramos no consultório, penso que estamos no lugar errado. Está mesmo cheio e a maioria das pacientes são mulheres lindas! — Nossa, achei que você estava exagerando, Manu, mas dou o braço a torcer. Parece que você não é a única a nutrir um crush pelo dentista! — Me sento ao lado dela. — Não sei porque pensou que fosse. — Ela abre um panfleto que pegou na recepção. — Emanuele, você é a pessoa mais exagerada que conheço! — Uau! Mui amiga és tu — ela diz. — Eu te amo, sabe disso. E sabe que falo a verdade. — Passo o braço ao seu redor. — Também amo você, e sim, é possível que eu tenha tendências grandiosas, porém não precisa dizer em voz alta! — ela responde me fazendo sorrir. Manu e eu somos amigas desde sempre. Costumo dizer que somos irmãs geradas em úteros diferentes. Ela é a minha rocha, se não fosse por ela, certamente eu teria me perdido por aí. — Será que o seu dentista tem um irmão? — pergunto, de repente. — Tem sim, mas acho que tem namorada, é noivo, ou algo assim, por quê? — Ah, depois que o Ricardo terminou o noivado, minha mãe tem me alugado, diz que já estou velha demais para morar com ela, aquele velho blá blá blá que você conhece. — Solto um suspiro. Não gosto sequer de pensar em Ricardo, aquele crápula traidor. — Já te convidei para ficar comigo lá no meu apartamento, Carol. Tem um quarto extra. Poderia se mudar ainda esse ano, assim, eu diria para a minha família que vamos passar o Natal da solteirice juntas! — ela diz, empolgada. — Natal da solteirice? — repito, franzindo o nariz. Ela desata em um monólogo sobre como a sua família pega no seu pé com o fato de ela ter 34 anos e ainda estar solteira. Eu discordo, bem, em parte. Eles questionam bastante, mas porque se preocupam. Ela sabe que é por amor que pegam no pé dela. — Hum… sinto muito, amiga, mas não acho que pegam tanto no seu pé ou se pegam, é pelo que aconteceu com você. Além disso, eu gosto muito de passar o Natal com a sua família. Nunca tive nada assim. Paro para pensar, Manu quase sofreu um sequestro arquitetado pelo próprio ex-noivo, e foi algo grande. Ele participava de uma quadrilha especializada em tráfico de mulheres e quase levou a minha amiga para esse buraco. — Ah, Carol! Sabe, você é uma pessoa boa, é linda. Vai encontrar a felicidade em breve e vai esfregar na cara da sociedade! — ela diz com tanta ênfase que me faz gargalhar. — Só você mesmo, Emanuele! E já estou ficando passada, sabe, não estou mais tão bonita quanto antes… Minha amiga abre a boca para responder, mas somos interrompidas. — Eu discordo! — a voz do homem é grave e ecoa no recinto de forma que me faz olhar para cima. — Embora nunca tenha visto você antes! Como vai, Manu? — Ele estende a mão para cumprimentá-la, mas seus olhos verdes estão sobre mim. Fico tão absorta naquele olhar que não vejo quando levantamos e sinto um empurrão de leve. — …é a minha amiga, Caroline. Eu a trouxe para uma consulta experimental — ela nos apresenta. — Duvido que precise de muita coisa, Caroline! Abro um sorriso sem jeito e ajeito os meus fios longos. — Obrigada, Dante! — respondo, curtindo como soa o seu nome. Depois de alguns segundos nos encarando, ele agradece a Manu por um trabalho que fez para ele. — Vou voltar, chamarei vocês logo — ele diz e volta para a sua sala. Minutos depois, é a vez de Manu. Ela se levanta parecendo um tanto animada, o que me faz sorrir. Quem não ficaria feliz ao ver seu dentista se fosse tão bonito assim? Leio o panfleto até ela rapidamente voltar com o olhar meio perdido. Não tenho tempo para perguntar o que houve, pois o meu nome é chamado. Deixo o panfleto com a minha amiga e entro na sala moderna e clara. — E então, Carol, posso te chamar de Carol? — Dante pergunta, ele está sentado atrás de sua mesa. — Ah, sim. Sem problemas! — Ótimo, me diga, não precisa de consulta experimental, não é? Seus dentes me parecem saudáveis…eu sei que devo avaliar antes de falar, mas imagino que esteja certo quanto a isso — ele observa. — Bem, eu já tenho uma dentista mesmo, ela é ótima e não pretendo trocar, sem ofensas! — Não me ofende, a Manu é incrível, ela sempre traz novos pacientes para nós, ainda estamos crescendo no mercado. Bem, não é bem por isso que a minha amiga me trouxe, mas o restante tenho certeza de que foi para ajudá-lo sim. — Então não vou tomar o seu tempo, está bem cheio lá fora — falo já me levantando. Ele segura o meu pulso levemente. — Não, fique. Ainda temos alguns minutos, assim posso te conhecer um pouco mais, afinal, somos amigos da Manu e acho que ela iria querer isso. Penso por alguns instantes e volto a me sentar. É fácil conversar com Dante, ele é divertido e lindo! Me conta um pouco sobre a sua família, o seu consultório nos Estados Unidos e sua sociedade com um amigo de longa data. Falo um pouco sobre a minha vida também e que gosto de fotografias. Comento que quero viajar fotografando o mundo. E ele acha o máximo. Perdemos a noção do tempo e só nos damos conta quando a secretária dele liga dizendo que algumas pacientes estão reclamando da demora. Fico sem jeito e me levanto apressada, minha amiga vai me matar pelo tempo que a fiz esperar. — Nossa, não vi como a hora passou rápido! — ele diz e sorri. — Verdade, sinto muito por isso, não queria atrapalhar. — Não atrapalhou em nada, ao contrário! — Dante faz uma pausa. — O que acha de nos encontrarmos mais tarde para terminarmos a conversa? — Hoje? — Sim, à noite. Conheço um lugar ótimo para uma boa conversa, acho que não vai se arrepender. — Pode ser! — respondo apressadamente. Dante sorri e me passa o seu número, dou o meu para ele que salva na hora e já manda um oi por mensagem. — Nos veremos mais tarde, então — digo me aproximando da porta. — Com certeza, estou ansioso para estar lá! — Ele dá uma piscadinha. Saio com o meu coração aos saltos, agora eu preciso contar para a Manu, mas ela não se importará, não é? Afinal, eles dois nunca tiveram nada, é só amizade e o crush dela não deve ser sério, o cara é mesmo lindo, quem não teria?CarolineAtualmente.Meu coração ainda acelera perto dele. Dante continua lindo, senão mais do que antes. Sinto seus olhos verdes me perscrutar, mas mantenho a postura.Temo ceder se olhar de volta. Dante me magoou demais, não apenas a mim, como a Manu e o Dominic, mas Dom o perdoou, pois é irmão dele e a Manu… bem, a Emanuele não existe, ela perdoaria conhecendo o Dominic ou não. Ela é assim, mas comigo foi diferente. Ele me fez achar que me amava e que se casaria comigo, porém do nada, Dante descobriu uma paixão louca pela Emanuele e isso acabou comigo e quase acabou com a amizade que ela e eu temos. Não posso me permitir sofrer daquele jeito de novo.Ele continua lindo, mas com certeza, continua imprevisível.— Até mais tarde, volto assim que me hospedar e avisar a mamma que cheguei — ele avisa e, hesitante, se despede e sai.— Já pode respirar, amiga! — Emanuele zomba e seu marido acha graça.— Não riam, ainda é difícil para mim, embora não
DanteEstou no hotel, e ao fechar a porta do quarto, escuto o meu telefone tocar como louco. Me sento na poltrona e abro para ver as mensagens.Missão GêmeosDominic Rizzo Missão Gêmeos adicionou DanteEnzo:Dante?Matteo:É o que parece…Filippo:Qual é o problema, não é nosso irmão também?Enzo:Nenhum, só não entendi, ele está nos Estates,não quer saber da família.Vicenzo:Não diga bobagens, Enzo.Enzo:Menti? Cadê ele agora? E o Dom? Que joga a bomba e sai correndo.Filippo:O Dom tem mais o que fazer, e você já chegou na casa deles para ajudar a Manu?Enzo:Estou a caminho. Já que o Dante está no grupo, cadê ele que não fala nada?Eu:Estou aqui, Enzo.Matteo:Aqui é meio vago, né?Eu:Acabei de chegar ao Brasil, fui ver a Manu e o Dom primeiro,Depois passei na mamma.Filippo:Bem-vindo de volta, mano!Eu:Obrigado, Pipo!Matteo:A Carol já sabe que você voltou?Enzo:Pois é, ela está no grupo…Carol:Gente, fala sério! Não tem problema nenhum o Dante estar no grupo, est
Dante Todos os dias me faço a pergunta que Vicenzo pediu para fazer quando acordasse, e eu ainda não tenho a minha resposta, até hoje. Por essa razão eu fugi, era demais ver a Manu e Carol e não sentir nada. Pensei que desaparecer seria uma ótima saída daquela situação desagradável.Nossa história foi uma grande bagunça! Manu e eu nos tornamos amigos, depois eu me apaixonei por sua melhor amiga, Caroline, porém, quando estava prestes a me casar com a Carol, Manu e meu irmão inventam um noivado falso que se torna real.... aquilo mexeu comigo e notei que sentia algo mais do que amizade pela Emanuele... Agora, parado na sala da casa da Manu e do Dom, vejo os dois juntos, atravessando o momento complicado que estão vivendo, conseguindo ser cúmplices, e acima de tudo, conseguindo sorrir juntos. Isso me faz ter apenas uma certeza, ela nunca foi para mim e não me sinto tão mal em reconhecer isso…, não muito. Fui tão idiota, tão imaturo que me envergonho de estar aqui, mas estou porque o m
DanteDia em que conhece a Manu.— Eu quelo papai! — Escuto a minha sobrinha, Giovanna, pedir ao meu irmão uma boneca que passa em um comercial de televisão, durante o almoço na casa dos nossos pais.Vicenzo apenas sorri, meu irmão ainda anda entristecido depois da perda da minha cunhada, Antonella. Foi uma perda horrível para toda a família. Antonella se foi após uma batalha contra o câncer e deixou meu irmão e a Gio.Desde então, é difícil para ele, temos a nossa família que o apoia em tudo, no entanto, sei que mesmo escondendo a sua dor, Vicenzo ainda sofre com a ausência da esposa.Bato levemente no seu ombro.— Pode deixar que eu compro a boneca — falo e Vicenzo ergue a sobrancelha.— Eu não faria isso se fosse você! — Ele olha de novo para Gio que agora brinca com a Paola, nossa irmã caçula.— Por que não? Ela pediu com aqueles olhos brilhantes, como consegue negar algo para ela? — Cruzo os braços.Meu irmão ri alto.— Que coração mole, você esconde ele bem, hein! — Ele dá uma
DanteAo sair do shopping, ligo para Vicenzo, vencido. Meu irmão gargalha às minhas custas e diz para eu ligar para o Dominic, a boneca é italiana e lá não é tão popular quanto por aqui.Tenho uma ideia imediatamente, só preciso pedir ao meu irmão mais velho para mandar duas bonecas e não apenas uma.— Por que quer duas do mesmo modelo, Dante? Vai presentear outra criança? — ele pergunta quando ligo para pedir.— Isso não importa, apenas saiba que é imprescindível que mande duas, o quanto antes, por favor, Dom!— Imprescindível?! O que está tramando, hein?! Certo, se eu for para o Brasil, levo, caso não, mando como encomenda, vai chegar antes do Natal — ele responde tranquilamente.— Não, mano! Mande o quanto antes, preciso mesmo dessas bonecas aqui, as duas e mande para a minha casa — insisto e meu irmão suspira.— Ok, Dante. Deve chegar em dois dias, no máximo.— Perfeito, quando você volta?— Não sei, estou esperando a Lívia decidir se vai ou não passar o Natal aí comigo, porém,
Dante Atualmente. — Dante… Dante! — Dom me sacode pelos ombros. — Oi, o que foi? — digo, atordoado. — Eu é que pergunto, está com aquela cara… — Dom abre um sorriso. — Que cara? Do que está falando? — Olho ao redor e vejo que Manu não está mais ali, provavelmente, subiu com a Carol. — A mesma da qual nossos irmãos me acusaram de fazer quando eu olhava para a Emanuele. — Ele caminha até a cozinha da casa. A casa deles é ampla e clara, os móveis são simples e modernos. A sala é ligada à cozinha, e sei que Dom pensou nisso por conta do tamanho da nossa família que dobrou depois que ele e Manu se casaram. — Quer comer alguma coisa? Sei que chegou hoje de viagem — ele oferece. — Fiz uma foccacia de alecrim e cebola, a preferida de Raio de sol. — É, eu sei. Aceito um pedaço, estou faminto. Me sento no banco à sua frente, me apoiando na bancada de mármore claro. Ele retira a perfumada foccacia do forno e nos serve, pegando um vinho da safra da família para acompanhar. — A Carol e