Edgar ofereceu o seu braço a ela com tamanho cavalheirismo. Os dois caminhavam à frente conversando como velhos amigos, enquanto Barbara ia atrás a uns dois passos de distância. Ela não estava nem um pouco a fim da companhia dele e odiava que a sua mãe tivesse aceitado. Sentaram-se no melhor restaurante e tomaram champanhe até que fizessem os seus pedidos. Edgar quis pedir para Barbara, que deixou claro que ela tinha capacidade mental de escolher a própria comida. Ele ficou um pouco constrangido, é claro. Barbara não era fácil como as garotas que conhecia. Um tempo depois, Ângela levantou-se, indo ao banheiro. Os dois ficaram a sós e esse momento era tudo o que ele queria.— Eu lhe devo um pedido de desculpas, não é?— Deve? — Encarou-o.Ele riu um pouco sem graça.— Sim. Não imaginei que eu ia ficar tão louco. É que faz muito tempo que eu não ia a uma boa festa.— Boa festa, ela só foi para você. Eu tive que ficar te cercando e cuidando para que não arranjasse uma confusão onde nós s
O caminho foi feito com pouca conversa resumida em ele fazer perguntas tolas e ela dar respostas curtas e diretas. Até Edgar estava se questionando se deveria mesmo lhe ter convidado para sair. Quando chegaram à festa, desceram juntos do carro. Mais uma vez ela não esperou pela gentileza dele, o que o fez revirar os olhos, descontentes.— Posso pegar na sua mão? — perguntou ele.— Não! — Barbara passou rente a ele indo em direção à entrada da casa noturna, onde acontecia uma festa privada a qual Edgar garantiu que eles tinham nomes na lista.— Edgar Correa e acompanhante — anunciou ele ao homem na entrada, parando atrás da Barbara. Lentamente ela virou a cabeça em direção dele, que forçou um grande sorriso.— Acompanhante, seu cretino? — ela perguntou.— Ué?! Você está me acompanhando essa noite, não está?Ela estreitou os olhos para ele.— Aqui está. Achei. Divirtam-se — disse o homem, que retirou o cordão azul de veludo liberando a passagem.Quando entraram, logo deram de cara com u
— Eu esperei muito que a gente se encontrasse de novo — disse Barbara, o fazendo rir. Ela já gostava muito de ouvir aquilo.— É mesmo? E por quê?— Eu quero te conhecer melhor. Sou Barbara. — Estendeu a mão para ele.— Matheus. — Apertou a mão dela. Ela sabia, pois naquela noite ouviu pessoas o chamarem pelo nome duas vezes.Ele olhou para as palmas unidas, sentindo com apreço a pele da Barbara, que era extremamente macia, enquanto a dele, não. Matheus considerava as suas mãos verdadeiras lixas em comparação com a dela. Sentiu-se envergonhado e isso o fez soltar rapidamente a sua mão.— Eu te devo uma bebida, Matheus.— Era apenas água com gelo e boa parte dela está nas suas costas agora. Vem, deixa eu secar você.Ele caminhou até o bar e ela seguiu-o.— Guardanapo, por favor.O barman entrou um suporte cheio deles para Matheus, que pegou alguns.— Vire-se.Barbara virou-se e ele começou a secar as suas costas com delicadeza. O passar leve do papel a fez arrepiar. Ficou envergonhada,
Edgar o encarou pronto para uma briga. Barbara ficou nervosa, não queria que isso acontecesse. Não queria que Edgar tivesse a oportunidade de machucar Matheus com as suas mãos, além das palavras grotescas. Ela puxou Matheus pelo braço e enfiou-se entre os dois homens, que eram muito maiores do que ela.— Quer saber, Edgar? Por que não corre para contar ao meu pai agora mesmo? Quer um telefone emprestado?Ela escutou Matheus rir baixinho atrás dela, o que deixou Edgar ainda mais furioso.— Conte a ele que estou indo curtir a noite toda com este preto aqui. — Abraçou Matheus, sorrindo para Edgar. — Ah, mas não se esqueça de dizer para que tipo de lugar me trouxe.Eles viraram-se e saíram sem olhar para trás. Edgar olhou para os lados, constrangido. Passou as mãos pelos cabelos e caminhou para o bar. Olhou para porta a tempo de ver o casal sair. Quando chegaram à calçada, Matheus a soltou. Instantaneamente, Barbara lamentou por dentro. Ele era cheiroso, mais que a sua primeira companhia
Matheus desviou o olhar e engoliu em seco. O que dizer?, se perguntou.— Tava trabalhando.— Com o que trabalha? — perguntou, séria.Olhou-a, nervoso. — A gente num tem que falar disso agora. — Apanhou uma mecha do cabelo dela e o colocou atrás da orelha.Barbara sentiu que ele estava nervoso. Sem querer julgar, mas já fazendo isso, ela temia que Matheus fosse um homem envolvido com o crime. Afinal, ele morava em uma comunidade comandada por criminosos. E não que todos que morassem ali fossem pessoas que mexiam com o errado, mas ele tinha uma moto que devia custar mais de cem mil. E pela casa em que vivia, ela entendia que ele não tinha condições para aquilo. Por um momento, se perguntou se ele poderia ter algo a ver com aquela festa regada de cocaína. Ele disse estar trabalhando lá. Será que poderia representar perigo para ela?— Você está bem? — Tocou o rosto dela com carícias.— Tudo bem. Podemos falar sobre isso depois.Respirando fundo, chegou mais perto dele e segur
Barbara estava suada. O cabelo já não estava mais bonito. Ela e Matheus dançavam em meio à multidão depois de algumas cervejas. Sempre sorrindo um para o outro, sempre se beijando. O dia estava prestes a amanhecer. O céu já não era mais tão escuro. Ela apanhou o celular na pequena bolsinha que carregava atravessada ao corpo e viu que passava das cinco da manhã. Precisava ir embora. Era domingo e em algumas horas devia estar na casa dos pais e bem apresentável para um almoço em família.— Eu preciso ir — disse no ouvido de Matheus.— Posso te levar em casa?Ela sorriu, assentindo.— Adoraria.Os dois subiram na moto e Matheus fez o caminho mais longo que poderia até o apartamento da Barbara, passando pela orla de Copacabana. Quando estacionou junto ao meio-fio, em frente ao prédio de luxo, ele ajudou-a descer. Matheus retirou o capacete dela e riu baixinho ao ver a confusão que estava o seu cabelo.— Eu sei do que está rindo, não faça isso — disse ela em um tom divertido.Ele colou os
Logo que se aproximou, escutou a gargalhada do pai e em seguida, a voz do Edgar.— Olha ela aí — disse a sua mãe, levantando-se e indo ao seu encontro. — Estávamos apenas esperando você para servir o almoço.— Bom dia, Barbara — cumprimentou Edgar.— Bom dia a todos — disse ela sem dirigir o olhar a ele, que se sentiu ofendido.Edgar levantou-se e foi até ela com uma taça de champanhe na mão, oferecendo-a com um gesto.— Não, obrigada.— Ouvi dizer que mais álcool ajuda a curar a ressaca.Ela olhou-o, finalmente.— E quem disse que estou de ressaca? — Forçou um sorriso.— Como foi a festa na favela? Se divertiu com o neguinho? — O seu tom era de pura provocação.Barbara fechou o semblante para ele e cruzou os braços à frente, o encarando com firmeza.— Você não tem o direito de falar assim dele, ou de qualquer outra pessoa de pele preta!Ele riu com deboche, antes de dar um gole no champanhe.— Imagina se o seu pai soubesse por onde andou na noite passada. Sabe, eu não gostei de ter s
Barbara estava deitada sobre uma toalha na faixa de areia da praia de Copacabana. Estava sozinha, mas aguardava por alguém quando uma sombra pairou sobre ela. Olhou para o lado e viu um homem vestindo uma sunga azul e usando óculos escuros.— Foi aqui que pediram alguém para passar protetor solar em uma linda moça?Ela franziu o cenho e conteve o riso.— Essa é a sua melhor cantada? — Sentou-se.Ele deu de ombros e sorriu, retirando os óculos.— É o que tem para hoje, gata. Vai querer? — O seu tom soou um tanto arrogante.Ela riu e sentiu uma aproximação na sua direção. Olhou sobre o ombro e lá estava Matheus, caminhando pela areia em direção dela. Ele estava lindo com aquele abdômen à mostra. Não era definido como o de alguém que frequentava fielmente uma academia, mas era de dar água na boca, principalmente quando mostrava aquelas longas cavas que desciam para virilha. Ela mordeu o lábio inferior com desejo dele e pensou que adoraria poder o lamber ali mesmo.— É, eu vou querer. —