capítulo 05

Luna

A biblioteca está mais silenciosa do que o normal. Talvez porque seja sexta-feira e a maioria dos alunos tenha encontrado lugares melhores para estar do que enfiados entre estantes de livros acadêmicos.

Eu, no entanto, não me importo. Esse sempre foi meu refúgio. O lugar onde posso existir sem que ninguém repare em mim.

Ou, pelo menos, era.

Porque agora, sentada em uma mesa no canto, estou esperando por ele.

E, para piorar, me sinto nervosa.

Isso é ridículo.

Respire fundo, Luna. É só um trabalho.

Estou no meio desse mantra interno quando Damian entra na biblioteca.

E, claro, ele faz isso como se estivesse invadindo um território desconhecido.

Ele passa os olhos pelo lugar, o cenho levemente franzido, como se não soubesse bem o que fazer ali. Seu cabelo está mais bagunçado que o normal, e ele usa um moletom escuro com a logo do time estampada no peito. Mesmo em um ambiente como esse, sua presença é impossível de ignorar.

Quando finalmente me vê, ele sorri daquele jeito convencido.

Eu já me arrependo disso.

Ele caminha até mim, se j**a na cadeira à minha frente e solta um suspiro exagerado.

— Uau. Então é assim que se sente estar no habitat natural de um nerd.

— E é assim que se sente ser insuportável? — rebato, sem levantar os olhos do meu caderno.

Ele ri.

— Pronta para me ensinar como escrever um trabalho perfeito?

— Você sabe escrever um trabalho, né?

— Sei. Mas não tão bem quanto você.

Reviro os olhos.

— Vamos só começar.

Ajeito meus papéis e começo a explicar a estrutura do que fizemos até agora. Damian me escuta, apoiando o queixo na mão, os olhos verdes fixos em mim.

E isso é extremamente desconfortável.

— Você precisa mesmo me encarar desse jeito?

Ele sorri.

— Você fala tão rápido quando está focada. Tá acostumada a trabalhar sozinha, né?

A pergunta me surpreende.

Pigarreio e tento parecer indiferente.

— E qual o problema disso?

— Nenhum. Só… curioso.

Curioso? O que há para se ter curiosidade sobre mim?

Balanço a cabeça, decidindo ignorar isso.

— Podemos focar no trabalho?

— Sim, senhora.

Finalmente, conseguimos começar.

E, para minha surpresa, Damian realmente colabora. Ele dá ideias boas, escreve trechos coerentes e não tenta fugir do assunto. Ele não só entende do impacto do esporte na vida das pessoas, como parece sentir isso.

E é isso que me pega desprevenida.

Porque, pela primeira vez, percebo que talvez Damian Hayes seja mais do que o clichê que imaginei.

---

Damian

Eu não esperava gostar disso.

Trabalho em grupo nunca foi minha coisa. Normalmente, deixo os outros fazerem o que quiserem, enquanto faço minha parte do jeito mais rápido possível.

Mas Luna?

Luna faz questão de organizar tudo. Ela tem anotações detalhadas, argumentos sólidos e um jeito impaciente que é surpreendentemente divertido de provocar.

E, acima de tudo, ela é intensa.

Fala com paixão sobre o tema, defende suas ideias com firmeza e não tem medo de discordar de mim.

Isso é… refrescante.

E perigoso.

Porque, pela primeira vez em muito tempo, estou interessado em algo fora do hóquei.

E isso tem tudo a ver com ela.

— Certo — ela diz, depois de um tempo. — Acho que avançamos bastante hoje.

Olho para o relógio e percebo que já se passaram duas horas.

Nem senti o tempo passar.

— Parece que sim.

Ela fecha o caderno, estalando os dedos levemente.

— Podemos revisar amanhã? Quero garantir que a argumentação está bem amarrada antes de começarmos a apresentação.

Apenas sorrio.

— Tá tentando me fazer gostar de estudar, Navarro?

Ela bufa.

— Seria um milagre.

Me inclino um pouco na mesa, sem perder o sorriso.

— Você acredita em milagres?

Ela hesita por um segundo.

E então, em um tom mais baixo, diz:

— Não.

Algo na forma como ela responde me faz perceber que essa não é só uma resposta casual. Há algo mais ali.

E, por algum motivo, quero saber o que é.

Mas Luna já está guardando suas coisas, encerrando a conversa antes que eu possa continuar.

Então, apenas observo enquanto ela se levanta e coloca a alça da bolsa no ombro.

— Amanhã. Mesmo horário.

— Claro, estressadinha.

Ela lança um olhar mortal antes de sair da biblioteca.

E eu fico ali, assistindo-a ir embora, me perguntando o que diabos estou fazendo.

Porque sei que isso deveria ser só um trabalho de faculdade.

Mas a verdade?

Isso já está se tornando algo muito maior.

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