— Eu juro, chefe, que não tenho nada a ver com isso! Desde que meu pai morreu, eu nem vejo mais Halina. — Damon está suando, sentado na cadeira, os olhos arregalados, suas mãos tremem enquanto ele implora por misericórdia.Estamos há horas interrogando ele em um dos quartos do galpão, e o advogado, Fabiano, está no quarto ao lado, aguardando sua vez de ser questionado. Passei o dia inteiro tentando limpar essa bagunça. Mal dormi na noite passada, com a cabeça cheia de pensamentos sobre ela.Eu sinto falta dela, eu preciso vê-la.Enquanto Damon continua a se defender, me afasto um pouco, meus pensamentos se voltando para Halina e para o que está acontecendo ao nosso redor. Eu preciso de respostas, e rápido.— Rodolfo — Alexander me chama com firmeza. — Ele está falando a verdade. Pelas investigações e pelas palavras dele, Damon está fora dessa bagunça.Eu sei que Damon está limpo. Mas isso não significa que toda essa confusão acabou. Há mais por trás disso, eu sinto. — Vamos para o ou
Saio do galpão e dirijo direto para o antigo galpão da máfia, que fica atrás da velha casa onde cresci. Ao chegar, passo pela casa da árvore e continuo por mais um minuto até alcançar o galpão abandonado. Desço do carro, observando o lugar com atenção. Foi aqui que vi Halina pela primeira vez. Rio sem humor ao lembrar daquela menininha segurando seu coelho de pelúcia. Hoje, ela se transformou em uma mulher incrível, com o poder de me destruir psicologicamente.Caminho até o interior do galpão, seguindo em direção a um canto repleto de prateleiras enferrujadas pelo tempo. Na primeira prateleira, encontro uma velha caixa. Ao abri-la, retiro uma sacola onde está o maldito coelho de pelúcia. O tempo o deixou encardido, feio, mas ele ainda está aqui, como se estivesse esperando pacientemente para reencontrar sua dona. O toque do tecido desbotado me traz de volta a lembranças de um passado distante, onde tudo parecia mais simples, mas hoje carrega um peso que mal consigo suportar.Seguro o
— Rodolfo? — Roberta nos olha surpresa ao abrir a porta. — Otávio? Vocês dois de novo?Entro no apartamento sem pedir licença, seguido por Otávio.— A Yakuza está rondando seu apartamento novamente e espero que, dessa vez, as câmeras de segurança estejam funcionando.Ela revira os olhos e cruza os braços. — Vocês são insuportáveis. Já sabem onde ficam os computadores, vão até lá.Otávio segue para o escritório, e eu a observo ainda refletindo sobre minha conversa com meu irmão. Os dois desconfiam dela, isso é algo difícil de ignorar.— E você, tem saído ultimamente? — pergunto, tentando entender sua rotina.Roberta se senta, cruzando as pernas de forma calma e serena. — Eu estou namorando, Rodolfo. Então, sim, eu estou saindo quase todas as noites.Seu tom sugere que não está envolvida em nenhum plano contra Halina, mas continuo cauteloso.— Bom. — Viro-me para ir ao escritório, mas ela me para.— E você, como está? — Sua voz carregada de um tom curioso.Me viro para responder, tentan
— Eu tenho um plano. — Zael anuncia assim que entramos no escritório de Paola.Paola está tão concentrada no computador que nem sequer levanta a cabeça para nos cumprimentar.— E qual seria? — Pergunto, tentando entender a proposta.— Você precisa seduzir alguém. — Zael diz, com um tom quase casual.A palavra "seduzir" faz meu cérebro travar. Olho para Paola, que finalmente desvia o olhar do computador, encarando Zael com uma expressão de desdém.— Zael, se Halina souber disso, você está morto. — Paola avisa.— Halina não está aqui. — Zael responde com um sorriso enigmático.— Mas eu estou!— Então finja que não viu nada. — Ele conclui. Paola balança a cabeça e volta ao seu trabalho.— Do que vocês estão falando? — Otávio pergunta, acomodando-se em um dos sofás enquanto eu me sento ao seu lado.— Estou desconfiado de uma mulher chamada Roberta. — Zael revela, o que aumenta minha certeza sobre ela.— Tenho uma proposta. Não quero prejudicar ninguém sem ter 100% de certeza do envolvimen
Duas semanas depois...Estamos em uma reunião para decidir o que realmente fazer com tudo o que aconteceu. Zael, Alexander, Otávio e eu não tivemos descanso até agora, debatendo cada detalhe. Levantando os prós e contras de cada ação, tentando encontrar uma solução viável para todo o acontecimento.— Aqui, o que você tanto queria. — Zael joga o endereço de Halina na mesa, e por um segundo, o mundo ao meu redor parece parar.Eu não consigo acreditar que, depois de mais de duas semanas de incerteza, finalmente tenho o endereço dela em minhas mãos. Minha mente corre, tentando assimilar a informação, foi impossível rastrear qualquer ligação ou sinal. Todas as pessoas que entraram em contato com Paola foram investigadas minuciosamente por mim e por Liam, mas nenhum deles tinha qualquer ligação com Halina.Zael, o bastardo maldito, conseguiu o que ninguém mais foi capaz de fazer, esconder algo de mim. O ódio cresce em meu ser a cada segundo. Ele joga as peças desse jogo de poder com frieza,
Amsterdã; capital da HolandaEu simplesmente comecei a amar as manhãs em Amsterdã. O céu, tingido de tons rosa e dourado, reflete uma tranquilidade que só esse lugar possui. Os campos verdes salpicados de flores silvestres fazem as cores dançarem em uma canção encantadora que me fascina.Apaixonei-me por cada canto deste lugar. A casa da fazenda, com suas paredes de tijolos antigos e janelas de moldura branca, emana um charme rústico e acolhedor que me faz querer nunca mais ir embora.— Aonde vai, Halina? — Cleber grita, aproximando-se montado em seu cavalo, Ami. Ami é um animal lindo, com pelos pretos sedosos e um comportamento completamente manso.— Rio.— Cuidado. — Ele adverte enquanto eu começo a descer a pé em direção à cachoeira. Escuto o som distante de uma vaca junto ao canto alegre dos pássaros que completam o cenário sereno. As árvores que margeiam o canal se movem suavemente, criando um jogo de sombras e luz no chão. À medida que avanço, o horizonte se estende diante de m
Entro na cozinha e encontro Dona Heidi preparando o almoço.— Olha a situação de vocês duas, vermelhas do sol. — Ela comenta, com um sorriso afetuoso.Eu e Diana sorrimos de volta. — Como estou? — Pergunto, limpando alguns matos que grudaram na barra do meu vestido.— Está ótima, por quê?— Temos visita. — Respondo, olhando em direção ao corredor que leva para a sala.— Sim. — Dona Heidi se aproxima, falando baixinho. — É um homem muito bonito, mas seu semblante está muito fechado.Franzo a testa. — Deixe-me ver quem é. Zael ligou?— Não, Halina, acho estranho. Ele está tão quieto.Balanço a cabeça e saio da cozinha. Normalmente, Zael liga todos os dias cedo, mas ontem e hoje ele não fez isso. A preocupação aumenta enquanto me dirijo para a sala, sem saber o que esperar.Quase no fim do corredor, ouço a voz de Cleber.— Eu vou sair, ela já deve estar chegando. Zael pediu para que eu não me intrometesse na conversa de vocês; eu só tenho que obedecer.A voz que se segue faz meu coração
Eu nunca quis muito da vida, apenas um lar repleto de felicidade, um homem que me amasse, me protegesse e que só tivesse olhos para mim. Mas a vida me apresentou um homem totalmente ao contrário de tudo que eu sempre quis.A dor sufocante no peito me relembra das vezes em que sonhei com um amor tranquilo, enquanto agora estou presa em um turbilhão de emoções. Rodolfo é tudo o que eu nunca imaginei: perigoso, intenso, misterioso... e, no entanto, é com ele que meu coração insiste em bater mais forte, mesmo que isso me rasgue por dentro.Minha mente viaja no tempo enquanto levanto a cabeça e encaro Rodolfo nos olhos. Como isso pode ser verdade? A pergunta ecoa dentro de mim, me consumindo com uma angústia que parece sufocar. Como eu não enxerguei tudo antes?O quão cega eu estive por ele, por esse amor que agora se desmorona diante da verdade que sempre temi?O choque da realidade percorre meu corpo como um raio atingindo o chão. De repente, tudo ao meu redor parece distante, o som do