Estou nervosa para o jantar e já joguei quase todas as roupas do meu guarda-roupa na cama, sem conseguir encontrar algo apropriado para sair com Rodolfo, solto um gemido de frustração; já são sete e meia e eu ainda estou de lingerie, andando de um lado para o outro no quarto, sem saber o que vestir. — Paola!— grito, esperando que minha irmã venha ao meu socorro. Me sento no chão perto da cama, a espera de um milagre. Paola estudou moda, tenho certeza que ela saberá o que fazer comigo. Alguns minutos depois, ela entra no quarto, com uma expressão meio exasperada. — Espero que seja algo importante. — Eu não tenho roupa para sair! — digo, gesticulando para a bagunça de roupas espalhadas pela cama. — Como assim "não tem"? — Paola levanta algumas peças, avaliando-as rapidamente antes de me olhar. — Onde você vai? — A um restaurante com Rodolfo. — Para um jantar romântico, o certo é usar algo leve — diz ela, sorrindo enquanto começa a separar algumas opções. — Algo que te deixe confo
Chegamos ao restaurante, e fico surpresa ao ver que se trata do The View. Este não é apenas um restaurante; ele é "o" restaurante. Desde que cheguei a Nova York, ouvi muito falar dele, mas nunca tive a oportunidade de conhecer. Sempre quis desfrutar da vista panorâmica de 360 graus que ele oferece. O mais incrível é que o restaurante gira, e eu estava louca para ter uma visão completa da cidade. — Não acredito que você me trouxe aqui. — espero as portas do elevador se abrirem, e saio, já encantada com cada canto desse lugar. Rodolfo sorri, percebendo meu entusiasmo. — Eu sabia que você iria adorar, especialmente com toda essa atmosfera vibrante de Nova York ao redor. — É incrível! — sento-me como uma garotinha que acabou de ganhar seu presente favorito. Os anos trancafiada no convento me tiraram a oportunidade de viver, conhecer e desfrutar. Naquela época, tudo o que eu podia fazer era sonhar. Agora, podendo finalmente realizar esses sonhos, consigo sentir a liberdade que sempr
Três meses depois... Hoje é o grande dia da inauguração do meu restaurante. Esses meses passaram voando, e eu tive que correr contra o tempo, não só eu, mas Paola também. Minha irmã mal dormiu nessas últimas semanas, pois minha ansiedade está a mil, e é lógico que eu não iria ficar sofrendo sozinha. Rodolfo também esteve muito ocupado, fez duas viagens, e quando perguntei, ele disse apenas que era assunto da máfia. Não quis levar a pergunta mais a fundo, embora eu o sinta um pouco tenso e, às vezes, irritado. Achei melhor não arriscar pressioná-lo para me contar. Já o presenciei duas vezes discutindo ao telefone; em uma delas, ele falava em italiano. Se algo está acontecendo, deve ser muito grave, mas cada um sabe de si, e se ele não quer se abrir, eu aceito. Hoje, no entanto, minha atenção está toda no meu sonho de criança. Esse é o momento pelo qual esperei muito e ele está se realizando. — E aí, animada para a super reinauguração? — pergunta minha irmã, entrando no restaurante
Estou concentrada na cozinha, e são quase oito horas. O restaurante está quase cheio, os pedidos chegam no balcão principal no mesmo instante em que os pratos preparados evaporam.— Risoto de cogumelos com ancho saindo! — escuto um dos chefs gritar, logo em seguida outro anuncia: — Filé-mignon com batata duchesse pronto em dois minutos!Decidi oferecer uma diversidade de pratos hoje, e o cardápio está um pouquinho variado. Iremos servir receitas do mundo, só que cada país terá seu dia.— Chef — um dos garçons se aproxima de mim — a mesa 06 reclamou que o fettuccine com cogumelo paris ficou um pouco duro, e o cliente quer conversar com o chef.Balanço a cabeça, surpresa, porque acho impossível ter errado esse prato.— Estarei lá em um minuto.Termino de montar outro prato de fettuccine com cogumelo paris, em dúvida se devo mandar servir ou não, pois se estiver ruim, será outra reclamação.— Vando, verifica esse prato para mim. Tivemos uma reclamação sobre ele, e eu não quero continuar
Caminho em direção a eles, tentando manter a compostura, embora o sorriso travesso no rosto de Rodolfo me deixe ciente de que ele sabe exatamente o que estou sentindo. Eu poderia estrangulá-lo por me colocar nessa situação.— Boa noite. — Digo, tentando soar profissional e esconder meu nervosismo.— Boa noite. — Responde a mulher de cabelos negros, e os outros acompanham logo em seguida. Não consigo deixar de admirá-la. Há algo nela que se destaca, talvez seja a mistura de confiança e doçura que transparece em seu olhar e na suavidade de sua voz.— Deixe-me apresentá-los. — Rodolfo se aproxima de onde estou, colocando sua mão em minha cintura e enquanto ele fala, me pego questionando se tomar a decisão de me casar com ele foi realmente a escolha certa.— Esses são meus irmãos, Alexander e Otávio.Estendo a mão. — Muito prazer.Ambos me cumprimentam educadamente. Eu esperava que, pelo menos, o chefe fosse mais ríspido, mas ele se mostrou surpreendentemente cordial, apesar de sua expres
— Esse casamento é para quando? — Zael pergunta, e todos os olhares se voltam para mim e Rodolfo.Depois de voltar com os garçons para servir os pratos, encontro meu primo, seu namorado e Paola reunidos com a família Gambino, envolvidos em uma conversa entusiasmada, como se todos se conhecessem há anos.— Um a... — Mês. — Rodolfo interrompe, respondendo por mim. — Em um mês estaremos casados. — Ele conclui, bebendo seu vinho enquanto me lança um olhar divertido. Aperto sua mão por debaixo da mesa, tentando esconder minha ansiedade, o que só o faz sorrir ainda mais.— Um mês? Tão rápido. — Maíra se pronuncia, surpresa. — Meu filho, uma mulher não consegue organizar um casamento em um mês.— Helena conseguiu, ela pode ajudar Halina. — Rodolfo sugere casualmente, sem se importar com meu olhar sério. Sério isso, Rodolfo?— Eu não planejei meu casamento em um mês. Foi minha madrasta. — Helena faz uma cara de pesar. — Ela e Mariana correram contra o tempo, e a cerimônia foi pequena. Se voc
— Você irá mesmo se casar, menina Halina.Eu havia acabado de chegar do apartamento de Rodolfo, e estava tomando café da manhã com Paola e Rose, discutindo algumas ideias para o casamento, mas parece que Rose não ficou muito feliz com o assunto. Isso me deixou incomodada, será que ela sabe de algo que eu não sei?Gosto muito de Rose. Ela é discreta, às vezes parece que nem está em casa, e sua comida é impecável. Estou pensando em levá-la para morar comigo quando me casar, mas para isso terei que apresentá-la a Rodolfo. Por incrível que pareça, eles ainda não se conhecem. Todas as vezes que ele vem aqui, Rose está ocupada ou sai para as compras.— Vou sim, Rose. Você não parece feliz.— É que você é nova, tem uma vida linda pela frente. Casamento traz filhos e esses homens do nosso mundo são complicados. Ele vai deixar você continuar com sua vida depois do casamento?Ela tem um ponto. A dúvida se espalha pelo meu coração, e eu não sei o que dizer. Nunca conversei com Rodolfo sobre isso
Uma semana depois...Se tem uma coisa que amo é o escritório do restaurante. Tirando a cozinha, ele é o meu lugar favorito. Quando planejei essa sala, mandei caprichar, porque é aqui onde passo a maior parte do meu tempo. Estudo, trabalho, e até mesmo momentos de descanso são compartilhados aqui.Hoje, por exemplo, estou focada em um trabalho da faculdade sobre Antropologia e História da Alimentação. É um pouco difícil fazer essa análise, já que a cultura alimentar muda em cada país. Também tenho que levar em consideração as práticas históricas, culturais, e até mesmo ambientais e territoriais, tudo relacionado à alimentação. Ou seja, terei muito no que trabalhar hoje.Rodolfo está fora há uma semana. Depois de fazer sua minuciosa vistoria na mansão e me dar autorização para mudar, ele viajou. Mas liga todas as noites e quando acordo encontro mensagens dele querendo saber como estou, o que me deixa com o coração quentinho. Nunca imaginei que um homem como ele pudesse ser assim. Paola