Eu era livre, sem amarras, e podia ter quem eu quisesse, na hora que eu quisesse. Nunca precisei me preocupar com sentimentos ou com o que viria depois. E agora, aqui estou, velando o sono dela como se minha vida dependesse disso. Como se cada respiração dela fosse a minha também. O que aconteceu comigo? Como eu pude me apegar tanto a uma pessoa dessa maneira? Não consigo entender como me deixei levar a esse ponto, mas não posso negar que, apesar de tudo, essa nova sensação de querer cuidar, de proteger, de estar ao lado dela, me domina completamente. Antes, tudo era mais simples. Eu tinha minhas noites divertidas, quentes, com qualquer mulher que eu quisesse. E quando queria algo mais constante, Roberta estava sempre por perto. Eu tinha controle sobre minha vida, sobre minhas emoções. Eu era feliz... ou pelo menos, achava que era. Halina é diferente de qualquer mulher com quem já estive. É como se, de certa forma, ela tivesse nascido para mim. Com ela, tudo é mais intenso, mais
— Otávio chegou? — É a primeira pergunta que faço ao adentrar o apartamento de Roberta. Observo seu olhar de surpresa assim que ela fecha a porta. — Sim. — diz meio hesitante. — Quero saber por que esse alvoroço todo de vocês dois. Me acompanhe. Ela caminha até o escritório, e eu a sigo. Assim que entramos, encontro Otávio mexendo no computador que contém as imagens de segurança. Fico irritado porque sei que poderia resolver essa merda sozinho e não precisaria estar aqui. — O que aconteceu? — Puxo uma cadeira para me sentar ao lado do meu irmão. Roberta se senta à nossa frente. — Alguém hackeou o sistema de monitoramento e todas as imagens foram apagadas. — Como? Era impossível hackear este sistema; é algo desenvolvido por mim e Liam, um dos melhores no mundo da tecnologia. Otávio olha para mim com seriedade, claramente preocupado. — Não sei como ainda, mas a invasão foi precisa. Eles apagaram tudo sem deixar rastros óbvios. Roberta cruza os braços. — O que isso significa?
— Por que você está nessa agonia? — Fabiano finalmente quebra o silêncio depois de horas insuportáveis. Desde que meu "namoro" foi anunciado por Paola, sinto que algo entre nós se quebrou. — Estou tentando ver se passei na prova, mas o site ainda não atualizou — respondo, tentando controlar o nervosismo. Entrei quase no final do semestre na universidade, tive que estudar em dobro e morro de medo de reprovar. — Você vai se sair bem. Uma mulher inteligente como você nunca fica para trás — ele diz, com um sorriso encorajador. — Obrigada — é tudo o que consigo dizer, enquanto volto a olhar para a tela do notebook, entrando e saindo do site incessantemente, esperando pela atualização que parece nunca chegar. — Você está mesmo saindo com o Rodolfo? Respiro fundo, percebendo o peso daquela pergunta. Não é que eu esteja triste com a situação, mas trabalhar assim é complicado. Fabiano sempre foi um ótimo amigo, além de um excelente advogado. Tirando suas cantadas ocasionais, nosso relaci
Estou nervosa para o jantar e já joguei quase todas as roupas do meu guarda-roupa na cama, sem conseguir encontrar algo apropriado para sair com Rodolfo, solto um gemido de frustração; já são sete e meia e eu ainda estou de lingerie, andando de um lado para o outro no quarto, sem saber o que vestir. — Paola!— grito, esperando que minha irmã venha ao meu socorro. Me sento no chão perto da cama, a espera de um milagre. Paola estudou moda, tenho certeza que ela saberá o que fazer comigo. Alguns minutos depois, ela entra no quarto, com uma expressão meio exasperada. — Espero que seja algo importante. — Eu não tenho roupa para sair! — digo, gesticulando para a bagunça de roupas espalhadas pela cama. — Como assim "não tem"? — Paola levanta algumas peças, avaliando-as rapidamente antes de me olhar. — Onde você vai? — A um restaurante com Rodolfo. — Para um jantar romântico, o certo é usar algo leve — diz ela, sorrindo enquanto começa a separar algumas opções. — Algo que te deixe confo
Chegamos ao restaurante, e fico surpresa ao ver que se trata do The View. Este não é apenas um restaurante; ele é "o" restaurante. Desde que cheguei a Nova York, ouvi muito falar dele, mas nunca tive a oportunidade de conhecer. Sempre quis desfrutar da vista panorâmica de 360 graus que ele oferece. O mais incrível é que o restaurante gira, e eu estava louca para ter uma visão completa da cidade. — Não acredito que você me trouxe aqui. — espero as portas do elevador se abrirem, e saio, já encantada com cada canto desse lugar. Rodolfo sorri, percebendo meu entusiasmo. — Eu sabia que você iria adorar, especialmente com toda essa atmosfera vibrante de Nova York ao redor. — É incrível! — sento-me como uma garotinha que acabou de ganhar seu presente favorito. Os anos trancafiada no convento me tiraram a oportunidade de viver, conhecer e desfrutar. Naquela época, tudo o que eu podia fazer era sonhar. Agora, podendo finalmente realizar esses sonhos, consigo sentir a liberdade que sempr
Três meses depois... Hoje é o grande dia da inauguração do meu restaurante. Esses meses passaram voando, e eu tive que correr contra o tempo, não só eu, mas Paola também. Minha irmã mal dormiu nessas últimas semanas, pois minha ansiedade está a mil, e é lógico que eu não iria ficar sofrendo sozinha. Rodolfo também esteve muito ocupado, fez duas viagens, e quando perguntei, ele disse apenas que era assunto da máfia. Não quis levar a pergunta mais a fundo, embora eu o sinta um pouco tenso e, às vezes, irritado. Achei melhor não arriscar pressioná-lo para me contar. Já o presenciei duas vezes discutindo ao telefone; em uma delas, ele falava em italiano. Se algo está acontecendo, deve ser muito grave, mas cada um sabe de si, e se ele não quer se abrir, eu aceito. Hoje, no entanto, minha atenção está toda no meu sonho de criança. Esse é o momento pelo qual esperei muito e ele está se realizando. — E aí, animada para a super reinauguração? — pergunta minha irmã, entrando no restaurante
Estou concentrada na cozinha, e são quase oito horas. O restaurante está quase cheio, os pedidos chegam no balcão principal no mesmo instante em que os pratos preparados evaporam.— Risoto de cogumelos com ancho saindo! — escuto um dos chefs gritar, logo em seguida outro anuncia: — Filé-mignon com batata duchesse pronto em dois minutos!Decidi oferecer uma diversidade de pratos hoje, e o cardápio está um pouquinho variado. Iremos servir receitas do mundo, só que cada país terá seu dia.— Chef — um dos garçons se aproxima de mim — a mesa 06 reclamou que o fettuccine com cogumelo paris ficou um pouco duro, e o cliente quer conversar com o chef.Balanço a cabeça, surpresa, porque acho impossível ter errado esse prato.— Estarei lá em um minuto.Termino de montar outro prato de fettuccine com cogumelo paris, em dúvida se devo mandar servir ou não, pois se estiver ruim, será outra reclamação.— Vando, verifica esse prato para mim. Tivemos uma reclamação sobre ele, e eu não quero continuar
Caminho em direção a eles, tentando manter a compostura, embora o sorriso travesso no rosto de Rodolfo me deixe ciente de que ele sabe exatamente o que estou sentindo. Eu poderia estrangulá-lo por me colocar nessa situação.— Boa noite. — Digo, tentando soar profissional e esconder meu nervosismo.— Boa noite. — Responde a mulher de cabelos negros, e os outros acompanham logo em seguida. Não consigo deixar de admirá-la. Há algo nela que se destaca, talvez seja a mistura de confiança e doçura que transparece em seu olhar e na suavidade de sua voz.— Deixe-me apresentá-los. — Rodolfo se aproxima de onde estou, colocando sua mão em minha cintura e enquanto ele fala, me pego questionando se tomar a decisão de me casar com ele foi realmente a escolha certa.— Esses são meus irmãos, Alexander e Otávio.Estendo a mão. — Muito prazer.Ambos me cumprimentam educadamente. Eu esperava que, pelo menos, o chefe fosse mais ríspido, mas ele se mostrou surpreendentemente cordial, apesar de sua expres