— Eu não acredito que você me fez levantar às quatro da manhã para resolver os teus problemas — Alexander me encara, com a reprovação clara em seu rosto.Sorrio, sem deixar que o mau humor dele afete minha alegria. Não vai mesmo.— Alguém tem que te manter ocupado, certo? — respondo, com uma pitada de provocação na voz.Alexander suspira, visivelmente cansado, mas o brilho em seus olhos ao me ver sorrir revela que, apesar de tudo, eu posso contar com ele.— O que aconteceu? — Pergunta ele, sentando-se atrás da mesa em seu escritório, enquanto Otávio foi preparar um café.Assim que deixei Halina em casa, liguei para Otávio e viemos direto para cá. Precisava ter uma conversa séria com Alexander antes que a bomba explodisse.O plano era fazer com que Antônio saísse de casa, já que, depois do noivado, o velho se trancou como um urso indo para a hibernação.Liam, não estava conseguindo pôr as mãos nele.Quando Alexander chegou da viagem, tive que ir para a Itália resolver alguns assuntos d
Estamos na sala de reunião do galpão, discutindo o atentado da Camorra. Conseguimos tirar Antônio de casa. Cerca de uma hora depois que as fotos foram enviadas, Liam entrou em contato dizendo que o carro entrou na rota do ataque. Daí em diante, a ladeira abaixo foi inevitável. O enterro será amanhã de manhã, com caixão fechado, já que o carro explodiu e não restaram evidências suficientes para identificar o corpo. A tensão é palpável entre todos os membros da organização. Eles exigem respostas rápidas e estão tentando planejar um ataque em massa contra Liam. Olho para o meu relógio, verificando as horas. Neste momento, Liam e seus homens já devem estar no voo de volta para casa. Eles ficaram um mês em Nova York, esperando a oportunidade certa, que só surgiu quando eu consegui voltar da Itália. — A Camorra simplesmente não pode chegar e nos atacar dentro de nossas próprias casas — diz um velho, com uma voz carregada de frustração. — O maldito Falcone quer se vingar pela morte do
Saio do quarto às três horas da tarde; passei o dia trancada. Depois que Rodolfo me deixou em casa, fiquei deitada na cama, refletindo sobre os prós e contras do nosso relacionamento. Além de Antônio, a única pessoa que realmente me preocupa é Paola. Como farei minha irmã entender que estou me apaixonando por Rodolfo?Não quero brigar com a Paola por causa dele, assim como não quero que eles briguem. Neste exato momento, só tenho os dois e meu primo Zael. Não posso me dar ao luxo de brigar com as pessoas que amo.Chego na cozinha e vejo Paola sentada, mexendo no celular. Ela está tão concentrada que parece nem notar a minha presença.— Bom dia. — Anuncio, arrastando uma cadeira e me sentando à sua frente. Paola levanta a cabeça e me encara. — Pode falar. — Sei que, depois da noite passada, estou prestes a ouvir o sermão da montanha.— Antônio morreu. — Ela solta, e eu fico paralisada, sem saber o que pensar.Franzo a testa, observando minha irmã que ainda me olha com seriedade. Paola
— Então vocês estão namorando? — Minha irmã pergunta, me levando para a sala e se sentando à minha frente. Suspiro, um pouco frustrada. — Não sei. — Como assim não sabe? — Ele não chegou e disse "Halina, quer namorar comigo?". Ele apenas perguntou o que eu faria se ele me reivindicasse como dele. Paola solta uma gargalhada, me fazendo franzir a testa. — Nossa, literalmente ele é o último dos românticos. — É, não foi nada romântico, mas o beijo dele é perfeito. — Digo, sentindo meu rosto esquentar. Paola me olha com um sorriso carinhoso, mas com um toque de preocupação nos olhos. — Eu só quero que você seja feliz. — Ela diz, suavemente. — Não deixe que esse relacionamento te machuque, por favor. — Eu prometo, Paola. — Respondo, tentando tranquilizá-la, mas sabendo que, no fundo, nada nessa situação é simples. Ela se aproxima e me abraça apertado. — Só quero o melhor para você. E peça para o seu sei lá o que vir falar comigo. — Ela diz, se afastando do abraço, mas ain
Vesti um vestido que chegava até os joelhos e deixei meus cabelos soltos. Fui até a sala, coloquei uma música suave, antes de mais nada, pedi a Paola que não aparecesse. Para minha surpresa, minha irmã sorriu e desejou-me boa sorte. Fiquei aliviada ao ver que ela aceitou a situação com tranquilidade. Agora, eu estava sentada no sofá, apreciando minha taça de vinho, mas meus olhos estavam fixos na porta que deixei levemente aberta. Sentia aquele frio na barriga de antecipação, e, por Deus, essa uma hora parecia um ano. Cada minuto que passava parecia se arrastar lentamente, a ansiedade se acumulando dentro de mim. O som da música parecia ecoar mais intensamente à medida que o tempo avançava. Finalmente, ouvi um som na porta e meu coração disparou. Levantei-me rapidamente, tentando controlar a respiração enquanto me dirigia para a entrada. A porta se abriu e o vi, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, seus lábios tomaram os meus em um beijo faminto. Rodolfo, com um braço m
Eu estava deitada com Rodolfo no sofá, encostada em seu peito. Sentindo o calor de sua pele exposta contra a minha, enquanto sua mão acariciava meus cabelos de forma quase instintiva, como se fosse um gesto natural entre nós. Suspirei suavemente ao deslizar minha mão pelo seu abdômen definido, sentindo cada contorno dos músculos até chegar ao seu rosto. Com um movimento delicado, me ajeitei para alcançar seus lábios, buscando um beijo que parecia ser a única forma de expressar a mistura de emoções que sentia naquele momento. — Paola quer conversar com você. — Digo, observando sua reação ao pronunciar essas palavras. Rodolfo sorri, inclinando-se para beijar meus lábios. — Eu também preciso falar com ela. Concordei, tentando me convencer de que Paola e Rodolfo, como dois adultos, saberiam conversar civilizadamente. Rodolfo deslizou a mão pela minha cintura, me puxando para mais perto, enquanto sua expressão se tornava mais séria. — Alexander quer que você vá ao enterro amanhã. — E
Estávamos conversando, eu e meus irmãos um pouco afastados dos presentes no funeral de Antônio quando o carro que trazia Halina parou. Fixei os olhos no veículo e, quando as portas se abriram, a primeira coisa que vi foram saltos vermelhos. Halina desceu e fechou a porta, e eu não estava preparado para a visão que se apresentou. Ela estava vestida de forma completamente inusitada para um funeral, um elegante conjunto de saia e blazer brancos com detalhes vermelhos. Em suas mãos, havia um ramo de cravos amarelos. Halina colocou os óculos escuros e aguardou enquanto Paola se aproximava para encontrá-la. As duas caminharam juntas, e com a cabeça erguida, encaravam todos ao redor. Ela se aproximou e se sentou em uma cadeira reservada à frente do caixão, ao lado de Damon, que a olhou de forma curiosa. O lugar estava claramente reservado para ela, enquanto Paola, ficou em pé ao seu lado. Um murmúrio discretamente crescente percorreu o local quando Halina se acomodou. Um pequeno sorriso
Cheguei ao GRAN HOTEL às duas da tarde. Eu quase não venho aqui, pois meus negócios estão concentrados no galpão da máfia. Sou responsável por todo o transporte de mercadorias do submundo, e prefiro assim; lá eu faço o que gosto e não preciso me esconder. Não tenho traumas de infância; fui amado pela minha mãe, idolatrado pelo meu pai e sempre tive uma convivência boa com meus irmãos, familiares e amigos. Faço o que faço dentro da organização porque gosto. O tempo que sinto faltar é o tempo em que era o executor da Cosa Nostra. Todos, não importava quem fossem, passavam pelas minhas mãos, e eu nunca me importei. Aquela era minha missão e eu amava cumpri-la. A primeira pessoa que executei tinha 14 anos e eu, 11. A idade não importava; o que contava era a lealdade à causa e a eficácia na missão. Desde então, a vida no submundo moldou meu caráter e minhas habilidades, e cada tarefa, por mais sombria que fosse, me aproximava mais do que eu considerava como meu verdadeiro propósito. — S