CAPÍTULO 05 Rodolfo

Dois meses depois...

Fizemos uma reunião para decidirmos o futuro de Halina. Sim, parece até engraçado dizer isso, nós, meros mortais, decidindo o futuro de alguém? Palhaçada.

Na época em que meu pai era o chefe, eu não me importava com essas coisas. Tanto que, sem pensar duas vezes, aceitei me casar com Paola sem ver problemas. Mas agora, não consigo enxergar muita coisa dentro da máfia da mesma forma.

Alexander conseguiu mudar minha maneira de pensar.

O ambiente dentro da máfia e as dinâmicas de poder são bem mais complexos do que eu imaginava. Antes, via tudo em termos simples e aceitava as decisões sem pensar muito. Agora, com a responsabilidade de tomar decisões importantes e proteger aqueles que amo, vejo as coisas de um jeito diferente.

A maneira estratégica e cuidadosa de Alexander me mostrou que há muito mais nuances e consequências do que eu percebia antes. Aprendi que nossas ações e decisões realmente influenciam o futuro das pessoas. Isso mudou a forma como encaro minhas responsabilidades e escolhas.

É um desafio constante equilibrar o que é certo com o que é necessário. A máfia não é apenas uma estrutura de poder; é um jogo de estratégias, lealdades e, às vezes, sacrifícios pessoais. Agora entendo que isso exige muito mais cuidado e reflexão do que eu costumava pensar.

— Já que estamos todos reunidos, podemos começar — diz Alexander, se sentando em sua cadeira.

Ao redor da imensa mesa estão Antônio, seu filho mais velho, cujo nome eu nem sei, Otávio, Alexander e Paola, a responsável legítima por Halina. Em pé na porta está Apolo, com um olhar crítico quando observa Antônio. Eu compartilho o mesmo sentimento de desconfiança e tensão.

— O que será discutido aqui esta noite já foi abordado anteriormente. Como todos sabem, foram proibidos os casamentos arranjados, e também já sabemos que casamentos com menores seriam igualmente inaceitáveis — diz Alexander, começando a reunião.

Ele analisa todos e continua. — Entendo muito bem que a situação atual foi uma decisão de meu pai, entretanto, gostaria de saber se há uma possibilidade de anularmos este noivado

Ele olha para Antônio, que dá um sorriso de canto, e uma tensão assassina toma conta de mim.

— Não — responde Antônio, cheio de si. — Na reunião, foi decidido que casamentos futuros não poderiam ser arranjados, mas os antigos permaneceriam. Quando me prometeram Halina, foi na direção do antigo Dom, e eu pretendo honrar meu compromisso.

Honrar o compromisso? Inacreditável.

Minha vontade é arrancar o coro desse miserável até deixar seu corpo em carne viva. Terei o prazer de droga-lo para que eu possa testemunhar seu sofrimento por mais tempo.

— Otávio? — Alexander se vira para o conselheiro, e eu penso: droga, por que não perguntou a mim?

— Antônio está certo — responde meu irmãozinho, e eu tenho vontade de matá-lo.— Compromissos precisam ser respeitados. Mas vamos considerar alguns pontos.

Ele faz uma pausa, e todos na sala aguardam, ansiosos para ouvir o que ele tem a dizer.

Otávio respira fundo, avaliando a todos antes de continuar.

— Considerando a situação de Halina e o fato de que ela está prestes a completar dezoito anos, talvez possamos encontrar um meio-termo — ele diz, com um tom ponderado.

Antônio franze a testa, claramente desagradado com a sugestão.

— E qual seria esse meio-termo? — ele pergunta, a desconfiança clara em sua voz.

— Já que, pelo visto, você não abre mão do casamento e a garota não tem direito de escolha, eu, como membro da mesa do conselho e legítimo conselheiro, sugiro que o casamento aconteça quando Halina completar 20 anos — propõe Otávio. — Assim, ela seguirá a nova regra imposta e você cumprirá seu compromisso.

A sala fica em silêncio por um momento.

— Não podemos simplesmente cancelar — questiona Paola, já com lágrimas nos olhos.

Alexander ignora Paola e se vira para mim, com um olhar que sugere que eu vou detestar sua pergunta.

— O que você acha?

— Com todo o respeito, mas se alguém aqui deve ter uma opinião, sou eu, Dom — responde Antônio, visivelmente irritado.

— Estamos discutindo a sua situação, Antônio. Primeiro ouviremos o conselho, depois o subchefe, e por último você. Não vamos cancelar o casamento, já que a sua decisão é clara. No entanto, não aceitaremos que ela se case assim que sair do orfanato.

Olho para Alexander, que volta a me dar sua atenção. Ele b**e os dedos na mesa, esperando uma resposta minha.

— Acho que está bom, já que não temos muito o que fazer — respondo, enquanto já começo a arquitetar meus próximos passos. Nem que o inferno venha à terra, esse casamento vai acontecer.

Não sei exatamente o que quero nem o que estou sentindo, mas algo dentro de mim queima de ódio só de imaginar esse velho nojento segurando aquela garota. Inferno.

— Então estamos conversados. O casamento ocorrerá em dois anos; comecem os preparativos para o noivado — diz Alexander, levantando-se. — E não falaremos mais sobre este assunto.

— Mas, Dom... — Paola começa, mas é interrompida pela fala ousada do filho de Antônio.

— Já que estamos todos aqui, poderíamos discutir a possibilidade de um casamento entre eu e Paola.

Alexander levanta uma sobrancelha, claramente desinteressado, enquanto Otávio ri com escárnio.

Paola lança um olhar mortal para ele, e percebo que a expressão no rosto de Apolo muda para algo intimidador. Eu não posso evitar um sorriso.

— Nem se você fosse o último homem na face da Terra — Paola responde, levantando-se e saindo da sala como um furacão.

— Ei... — ele tenta falar, mas é interrompido pelo pai.

— Damon, agora não. Vamos resolver as coisas com Halina primeiro.— Então o nome do idiota e Damon?! — E quanto à herança que foi deixada? — Antônio pergunta, fazendo-me franzir a testa.

A família Sari é extremamente rica, com negócios que valem trilhões até em Dubai. Por isso, o velho procurava casamentos vantajosos para suas filhas, todos sabemos que ele não queria que suas filhas se casassem com alguém que estivesse abaixo de sua hierarquia.

— A herança será dividida entre as duas irmãs, e esses problemas jurídicos não são responsabilidades minhas. O advogado delas que resolva. — Olha para o relógio. — Não tendo mais nada a ser tratado, peço licença.

Alexander sai, e eu me levanto para também sair, ignorando a dupla de patetas à minha frente. Se não fosse considerado traição, eu os mataria agora mesmo.

— Você gosta da garota? — Otávio questiona assim que entramos no carro.

— Não, por quê? — Perco a paciência.

— Então mude essa cara de bunda, porque parece que você teria coragem de matar qualquer um por causa dela.

Aperto minha têmpora, sentindo uma tremenda dor de cabeça. Minha vontade é expressar minha frustração, descontar toda minha raiva naqueles dois filha da puta, mas agora não posso fazer nada. Inferno.

Ligo o carro, ignorando totalmente meu irmão. Preciso de um banho, um bom whisky e uma boa música.

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App