CAPÍTULO 04 Rodolfo

Dias atuais...

Desço do carro e me encosto no veículo, observando o mar de árvores altas e antigas cujas copas se entrelaçam no alto, formando um dossel verdejante que filtra a luz do sol em suaves raios dourados. Alexander escolheu um lugar realmente lindo para morar. A paz que este lugar inspira me faz refletir sobre o que eu pretendo fazer de verdade com o meu futuro.

Talvez se eu tivesse continuado sendo apenas o executor da máfia, as minhas decisões não seriam tão difíceis de tomar, mas agora, como subchefe, o que vivo é uma tremenda dor de cabeça. Tomar decisões importantes que afetam não só a minha vida, mas também a vida de todos ao meu redor, não é fácil.

Olho pela janela do carro e observo a foto de Halina no banco. Ela está sorrindo genuinamente, e me questiono se vale a pena arriscar tantas coisas por uma mulher que ainda nem conheci pessoalmente. É claro que Alexander vai tentar barrar este casamento. Ele já proibiu casamentos arranjados, e garotas com menos de 20 anos só entram em um casamento por livre e espontânea vontade. Os únicos casamentos arranjados que ainda permanecem são os decretados pelo meu pai antes de ser morto, e esses não conseguimos cancelar.

Por isso, sei que terei que encontrar outra maneira de tirar Halina das garras de Antônio. O pior é que não posso simplesmente eliminá-lo, pois isso acarretaria uma guerra. Já perco a paciência só de pensar nessa situação.

Entro na casa e vejo Alice brincando de carrinho com Lucas.

— Olha quem chegou — falo, fechando a porta.

— Tio! — Alice corre para mim, e eu a pego no colo, recebendo um abraço incrível.

— Tio! — Meu pequeno também vem com suas perninhas curtas em uma velocidade invejável.

Eu me abaixo para pegá-lo também. Lucas é um garoto esperto, a melhor parte de toda aquela bagunça que nos aconteceu.

No começo, eu detestava Helena. Eu tinha medo de que Alexander se perdesse ainda mais e, se isso acontecesse, eu descontaria minha raiva nela. Por isso, estava sempre de olho, até que as coisas mudaram como num passe de mágica, e sinceramente, estou feliz pelo meu irmão.

— A mamãe tá braba com o papai — diz Alice, chamando minha atenção.

Franzo a testa ao ouvir suas palavras.

Me sento, colocando Alice no sofá e continuando com Lucas no colo, enquanto ele se interessa por um dinossauro que estava segurando.

— Você ouviu os dois brigando? — pergunto, preocupado. Alexander morre de medo que Alice veja esses tipos de cenas.

— Não — ela balança a cabeça. — Eles não brigam, só que a mamãe disse que estava braba, e o papai riu.

— Por que ela tá brava?

— Porque o seu idolatrado irmão não quer tomar remédio — diz Helena, descendo as escadas com uma expressão nada boa. — Quando era eu, ele vivia me forçando a tomar comprimidos, agora é minha vez de me vingar. Alice querida vá brincar com seu irmão. — Pronúncia se aproximando.

Rio alto, não acreditando na situação.

Alice sai e eu observo Helena. Ela está usando um vestido longo branco bem solto, seus cabelos estão presos em um rabo de cavalo, sem maquiagem nem joias, e ainda assim é incrivelmente bonita. Também percebo que ela é um pouco doida, fala o que pensa e não está nem aí para a opinião dos outros.

— Cunhada, ele odeia remédio e também odeia hospital — respondo, colocando Lucas no chão.

— Engraçado, eu também não gosto e nem por isso dei tanto trabalho assim para ele — ela bufa, revirando os olhos, e eu rio ainda mais. — Mas é aquele velho ditado: o pior filho é o da sua sogra.

— Meu Deus, você é terrível.

Ela faz uma careta. — Vou para a cozinha ajudar a preparar algo para ele comer. Você gostaria de alguma coisa?

— Eu aceito qualquer coisa, desde que não seja algo igual o bolo que você preparou da última vez.

— Nossa, esquece isso — ela ri, e eu me levanto. — Vou subir — aviso.

— Fique à vontade — pronúncia, seguindo para a cozinha.

(๑๑⁠˙⁠❥⁠˙⁠๑๑⁠˙⁠❥⁠˙⁠๑๑⁠˙⁠❥⁠˙⁠๑๑⁠˙⁠❥⁠˙⁠๑๑˙⁠❥⁠˙⁠๑๑⁠)✍️

Abro a porta e encontro Alexander concentrado no notebook. Caralh0, nem quase aleijado o homem para.

Encaro sua perna esticada em cima da cama, enquanto a outra está apoiada em um banquinho no chão.

Ele ergue os olhos ao perceber minha presença e fecha o notebook com um suspiro.

— Você não deveria estar descansando? — pergunto, cruzando os braços.

— Tenho muito trabalho acumulado — responde, tentando disfarçar o desconforto.

Me aproximando da cama. — Como está se sentindo?

— Como alguém que foi atropelado por um caminhão, mas ainda assim, vivo — diz com um meio sorriso.

Olho para sua perna novamente, lembrando-me do motivo da minha visita.

— Precisamos conversar — começo, sentando-me em uma cadeira ao lado da cama. — Sobre a irmã de Paola.

Ele franze a testa, já prevendo a seriedade do assunto.

Eu havia comentado algo com ele ao telefone, mas o assunto é muito delicado e teria que ser discutido pessoalmente.

Alexander suspira profundamente, passando a mão pelo rosto.

— Sei que você quer barrar o casamento, mas isso não resolve o problema. Antônio não vai desistir tão facilmente, e se formos direto ao ponto, teremos sérios problemas.

— Já pensei nisso. — Digo, sentindo algo que não sei explicar. — Vamos precisar de uma estratégia mais cuidadosa, algo que não coloque todos em risco.

Alexander me encara por um momento, então acena com a cabeça.

— Por que quer jogar este jogo? Você nem conhece a garota — questiona, e eu fico sem saber o que dizer.

Por que estou entrando nessa merda toda?

— Eu... — começo, procurando as palavras. — Acho que é porque não consigo ignorar a situação dela.

Ele fica em silêncio por um momento. — Você não tem outro motivo?

Encaro meu irmão, já sabendo para onde ele deseja ir com essa conversa.

— Não. Não tem outro motivo. Prometi a Paola proteção e estou tentando cumprir com minha palavra.

Alexander me olha intensamente, tentando decifrar minha expressão. Finalmente, ele suspira e balança a cabeça.

— Tudo bem, confio em você. Só quero ter certeza de que você sabe o que está fazendo.

Sinto um peso ser tirado dos meus ombros.

— Por onde começamos? — pergunto, não posso fazer nada sem falar com ele.

— Espere minha perna melhorar — anuncia.— Faremos uma reunião e veremos no que dá.

Assinto, entendendo a necessidade de esperar.

— Combinado.

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