— O que foi? — Ela pergunta ao perceber meu olhar, sua voz carregada de curiosidade. Eu me aproximo devagar, segurando sua cintura e afundando meu rosto em seu pescoço. Seu perfume inebriante me atinge como um golpe certeiro, reacendendo o desejo quase impossível de controlar. — Vamos continuar de onde paramos. — Sussurro contra sua pele, incapaz de disfarçar a necessidade que consome cada parte de mim. Meu Deus, como eu a quero. — De jeito nenhum. — Ela me empurra com firmeza, os olhos determinados enquanto me encara. — Vá ver o que Giovanni quer. — Sua voz carrega um tom de autoridade que me surpreende, mas o que realmente prende minha atenção é a preocupação evidente em seu olhar. — E se for algo importante sobre a máfia ou Salma? Não estamos em casa, Otávio. — Ela completa, como se soubesse exatamente como frear meu impulso. Solto um suspiro frustrado, mas sei que ela tem razão. Não estamos em nosso território, e por mais que minha vontade seja arrancar esse roupão dela e me
Chegamos ao salão onde o jantar seria servido, e, para minha surpresa, havia muito mais gente do que o esperado. Isso imediatamente me deixa em alerta. Colocar Desirée em um ambiente como esse, repleto de olhares curiosos e interesses velados, não é seguro, pelo menos não sob o meu ponto de vista.Antes de adentrarmos o salão, viro-me para encará-la, meus olhos deslizando por sua figura. O vestido longo, em um tom profundo de verde, cai perfeitamente sobre seu corpo, destacando sua cintura de forma sutil e elegante. Embora o corte do vestido não seja revelador, há algo em Desirée que transcende. Ela parece a reencarnação de Afrodite, com uma aura de poder e sedução, misturada à serenidade da deusa da lua.Por um instante, sinto-me dividido entre o orgulho e a possessividade. Orgulho por tê-la ao meu lado e possessividade ao imaginar os olhares que inevitavelmente se voltarão para ela. Aproximo-me, ajustando suavemente uma mecha de seu cabelo que caía sobre o ombro.— Não se esqueça do
Somos apresentados a mais alguns membros e, conforme as apresentações avançam, tudo parece perfeitamente bem à primeira vista. Algumas mulheres se aproximam de Desirée, oferecendo elogios à sua aparência e postura. Apesar de tudo, noto sua dificuldade em compreender o idioma italiano. Ela sorri educadamente, mas posso perceber o desconforto que tenta esconder.Intervindo quando seu nervosismo fica evidente, eu a ajudo a responder, traduzindo ou explicando o necessário. Isso parece aliviar um pouco sua tensão, e fico ainda mais aliviado quando alguns membros começam a falar conosco em nossa idioma. A familiaridade com a nossa língua torna tudo mais fácil para Desirée, algo que seu primo, seu pai e até alguns empregados têm feito para ajudá-la a se adaptar.Enquanto a observo interagir com as pessoas ao nosso redor, percebo o esforço genuíno que ela faz para se integrar, mesmo em meio à desconfiança implícita de alguns e à curiosidade de outros. Seu charme natural e sua inteligência to
— Eu simplesmente não acredito que ele se acha no direito de decidir o meu futuro, e pior, o futuro dos nossos filhos.Parei de tirar a camisa ao ouvir as palavras "nossos filhos". Ela falou com tanta naturalidade, e mesmo que, neste momento, estivesse com raiva, não pude evitar sorrir ao olhar para ela, que continuava a arrancar a sandália e reclamava de Francesco.— Ele acha mesmo que vou carregar uma criança por nove meses, sofrer ao dar à luz e entregá-la de bandeja à máfia? Escute aqui, Otávio... — ela se levanta enfurecida, mas para de falar ao me ver com os braços cruzados, sorrindo em sua direção. — Por que você está rindo? Eu estou falando sério!Me aproximo dela, a abraço e beijo seus cabelos, inalando o doce cheiro deles.— Ninguém irá decidir o futuro dos nossos filhos.Ela me olha com esperança nos olhos. — Confio em você.De novo, as palavras que tanto queria ouvir. Confiança. Era exatamente o que eu precisava agora.— Não irei decepcioná-la. — Beijo seus lábios.— Quand
Alguns dias depois...Termino de ajeitar meu cabelo em frente ao espelho e, ao me virar, a porta do quarto se abre. Otávio entra com sua habitual roupa de corrida matinal, o tecido da camisa levemente colado ao seu corpo, destacando cada detalhe de sua forma. Ele enxuga o rosto e o pescoço com uma pequena toalha, os movimentos precisos e despreocupados, quase como se não percebesse o impacto que causava.Meus olhos se detêm por um momento em seus cabelos levemente molhados, os fios bagunçados de um jeito que só intensificam seu charme natural. Meu olhar desce, sem controle, acompanhando o contorno dos braços fortes e definidos, até se perder na visão de sua barriga trincada, uma perfeição que me faz engolir em seco.Ele percebe meu olhar e me encara por alguns segundos, seus olhos cheios de uma intensidade que quase me desarma. Um sorriso suave surge em seus lábios, como se ele soubesse exatamente o que estava fazendo comigo. Desde que voltamos da Itália, as coisas entre nós têm fluí
A clínica tinha uma atmosfera estranha, quase desconfortável. Mesmo com o desejo intenso de agarrar Marcela e tirá-la dali, me contive.Ao entrarmos, a recepcionista nos atendeu prontamente, o ambiente impregnado por uma formalidade que só aumentava o peso do momento.— Estou um pouco nervosa — confessou Marcela, se sentando ao meu lado, as mãos inquietas no colo.— Você só vai entrar, tirar a criança e sair? — tento soar prática, mas sentindo um gosto amargo na boca ao dizer isso.— Sim. Só irei retirar o feto — ela me corrigiu com um tom seco, mas vacilante. — Todos os exames já estão prontos. Daqui a pouco estarei livre.Suspirei profundamente, lutando contra os pensamentos que me invadiam.— Vou entrar com você.Ela segurou minha mão, um sorriso frágil e trêmulo se formando em seu rosto.— Seria ótimo... Não quero ficar sozinha neste momento.Após alguns minutos, a recepcionista nos guiou por um corredor que parecia interminável, com várias portas alinhadas em ambos os lados. Cada
Acordo sentindo que minha cabeça vai explodir, a dor pulsando como uma faca cravada em minhas têmporas. Solto um gemido baixo, tentando mover meu corpo dolorido. Reviro-me na cama estreita, atônita, com a mente enevoada enquanto tento entender o que diabos aconteceu.Levo alguns segundos para me lembrar. O puxão, os gritos, o golpe. De repente, as memórias me atingem com força, como uma enxurrada.Sento-me devagar, levando a mão à cabeça, onde a dor é mais intensa, enquanto meus olhos vagueiam pelo ambiente ao meu redor. O quarto é pequeno e claustrofóbico, com paredes gastas e sujas. Há apenas uma cama desconfortável, uma mesa de madeira desgastada e uma cadeira solitária no canto.Uma janela pequena e alta perto do teto deixa entrar raios de luz fraca, sugerindo que é dia lá fora. O ar é pesado e sufocante, carregado de um cheiro estranho que mistura umidade e mofo.Minha garganta seca parece queimar enquanto tento engolir. Estou sozinha, mas a sensação de estar sendo observada não
Um notebook é colocado diante de mim por um homem, que rapidamente digita algo. Suas habilidades, de certa forma, me impressionam. Logo, um vídeo é pausado na tela. O homem se levanta, se curva diante de Ren e sai do quarto. Eu olho fixamente para a tela, e a imagem que aparece parece um ginásio ou um galpão abandonado, não consigo ter certeza.— Eu queria matá-la, mas graças à aliança de Giovanni com o meu chefe, eu não posso tocá-la. Então, pensei em fazermos um pequeno acordo. — Ele aponta para a tela do notebook. — Esse vídeo mostra o assassino do seu pai. — Ele faz uma pausa, sorrindo de maneira enigmática. — Nesse vídeo, você verá o exato momento em que seu pai foi assassinado.Meu coração, que já estava acelerado, bate ainda mais rápido.Eu esperei tanto por isso.Deixo as lágrimas saírem, um sinal de alívio. Finalmente, depois de tanto tempo, vou conseguir trazer justiça ao meu pai. A sensação de um peso que me acompanhava por tanto tempo começando a se dissipar é quase imposs