Foram oito horas de viagem. Eu já estava exausta e com medo. Era minha primeira vez em um jato, e o pensamento de que ele poderia cair não saía da minha mente. Não consegui dormir durante o voo. Afinal, se fosse para morrer, queria estar acordada.Ao desembarcarmos, senti a mão de Otávio segurando firmemente a minha. Do lado de fora, havia cerca de oito carros pretos alinhados. Muito extravagantes para o meu gosto. De um deles saiu Giovanni. Sua postura altiva e olhar penetrante eram como o de uma águia prestes a atacar. Ele exalava uma aura de autoridade que rivalizava com a de Otávio, mas havia algo diferente nele. Giovanni parecia mais calculista, mais impiedoso.— Não saia de perto de mim e, se eu tiver que te deixar sozinha, não saia do quarto. — A voz de Otávio era firme, mas soava quase como um aviso.Segurei sua mão com mais força, meu coração acelerado enquanto minha mente gritava a pergunta que eu temia fazer: por que viemos sozinhos? Por que não trouxe ninguém conosco?— É
— Não seja tímida, você é minha filha, dona de tudo isso aqui. – ele diz com um tom firme, como se fosse um juiz em uma audiência.Eu balanço a cabeça negando, sentindo um aperto no peito. – Não quero nada disso, senhor.Ele aperta o botão da cadeira de rodas, se distanciando um pouco, e então fala com um sorriso divertido. – Olha só, você é realmente uma Bianchi, teimosa como uma mula. Se não quer, guarde para os meus futuros netos.Ele fala como se estivesse fazendo um decreto, e por um momento, sinto o peso daquelas palavras, como se fossem implacáveis. Sinto a mão de Otávio apertando minha cintura, um gesto de apoio, mas eu não vou ceder. Isso é demais para mim, é tudo tão novo e confuso.— Eu gostaria de saber o que estou realmente fazendo aqui. — Minha voz soa mais dura do que eu pretendia, mas o cansaço e a confusão me dominam.— Eu só queria conhecer minha filha antes de morrer e dizer a ela que me vingarei do culpado por suas desgraças. — Francesco fala com um tom de resignaç
— Ele não se parece com nada do que imaginei. Pronuncio, tentando, talvez em vão, dissipar a atmosfera caótica entre nós. Sei que fui imprudente ao dizer aquelas palavras, mas já as liberei e não posso voltar atrás.Otávio dá um passo em minha direção, e eu, instintivamente, dou um passo para trás. Isso faz a rixa entre nós se aprofundar ainda mais... droga.— Você acabou de me rejeitar na frente de sua família. — Sinto uma dor contida em sua voz que, ao mesmo tempo, me deixa inquieta.Eu arqueio uma sobrancelha, tentando esconder minha insegurança. — Eles não são minha família. —Tento mostrar que ainda há distância entre mim e aquelas pessoas.— Ah, não? — Ele dá dois passos em minha direção, e eu sinto meu corpo tenso, como se estivesse em guarda, pronta para recuar ainda mais.Vamos lá Desirée enfrente as consequências.— Não. — Pronuncio com firmeza, decidida a não mostrar fraqueza.— Então, quer dizer que se Giovanni não tivesse mentido, você não se casaria comigo? — Me question
No momento em que a beijo, perco completamente o controle. O calor dela invade meus sentidos, nublando qualquer pensamento lógico que eu pudesse ter. Sem hesitar, envolvo minha mão ao redor de sua cabeça, entrelaçando os dedos em seus cabelos, e minha outra mão desliza para o pescoço delicado dela, apertando de forma firme, mas cuidadosa, mantendo-a exatamente onde quero.Minha boca toma a dela com urgência, e o sabor que encontro é ainda mais intoxicante do que me lembrava. Chupo sua língua com força, explorando cada canto de sua boca como se estivesse reivindicando um território que sempre me pertenceu. Meus lábios saqueiam os dela sem piedade, saboreando sua doçura tentadora e irresistível, enquanto o desejo bruto corre por minhas veias como fogo líquido.Então ela geme, um som baixo e rouco que parece vibrar diretamente em minha alma, incendiando algo primitivo dentro de mim. Ela se entrega completamente, sem dúvidas ou hesitação, apenas o desejo puro e avassalador que ainda está
— O que foi? — Ela pergunta ao perceber meu olhar, sua voz carregada de curiosidade. Eu me aproximo devagar, segurando sua cintura e afundando meu rosto em seu pescoço. Seu perfume inebriante me atinge como um golpe certeiro, reacendendo o desejo quase impossível de controlar. — Vamos continuar de onde paramos. — Sussurro contra sua pele, incapaz de disfarçar a necessidade que consome cada parte de mim. Meu Deus, como eu a quero. — De jeito nenhum. — Ela me empurra com firmeza, os olhos determinados enquanto me encara. — Vá ver o que Giovanni quer. — Sua voz carrega um tom de autoridade que me surpreende, mas o que realmente prende minha atenção é a preocupação evidente em seu olhar. — E se for algo importante sobre a máfia ou Salma? Não estamos em casa, Otávio. — Ela completa, como se soubesse exatamente como frear meu impulso. Solto um suspiro frustrado, mas sei que ela tem razão. Não estamos em nosso território, e por mais que minha vontade seja arrancar esse roupão dela e me
Chegamos ao salão onde o jantar seria servido, e, para minha surpresa, havia muito mais gente do que o esperado. Isso imediatamente me deixa em alerta. Colocar Desirée em um ambiente como esse, repleto de olhares curiosos e interesses velados, não é seguro, pelo menos não sob o meu ponto de vista.Antes de adentrarmos o salão, viro-me para encará-la, meus olhos deslizando por sua figura. O vestido longo, em um tom profundo de verde, cai perfeitamente sobre seu corpo, destacando sua cintura de forma sutil e elegante. Embora o corte do vestido não seja revelador, há algo em Desirée que transcende. Ela parece a reencarnação de Afrodite, com uma aura de poder e sedução, misturada à serenidade da deusa da lua.Por um instante, sinto-me dividido entre o orgulho e a possessividade. Orgulho por tê-la ao meu lado e possessividade ao imaginar os olhares que inevitavelmente se voltarão para ela. Aproximo-me, ajustando suavemente uma mecha de seu cabelo que caía sobre o ombro.— Não se esqueça do
Somos apresentados a mais alguns membros e, conforme as apresentações avançam, tudo parece perfeitamente bem à primeira vista. Algumas mulheres se aproximam de Desirée, oferecendo elogios à sua aparência e postura. Apesar de tudo, noto sua dificuldade em compreender o idioma italiano. Ela sorri educadamente, mas posso perceber o desconforto que tenta esconder.Intervindo quando seu nervosismo fica evidente, eu a ajudo a responder, traduzindo ou explicando o necessário. Isso parece aliviar um pouco sua tensão, e fico ainda mais aliviado quando alguns membros começam a falar conosco em nossa idioma. A familiaridade com a nossa língua torna tudo mais fácil para Desirée, algo que seu primo, seu pai e até alguns empregados têm feito para ajudá-la a se adaptar.Enquanto a observo interagir com as pessoas ao nosso redor, percebo o esforço genuíno que ela faz para se integrar, mesmo em meio à desconfiança implícita de alguns e à curiosidade de outros. Seu charme natural e sua inteligência to
— Eu simplesmente não acredito que ele se acha no direito de decidir o meu futuro, e pior, o futuro dos nossos filhos.Parei de tirar a camisa ao ouvir as palavras "nossos filhos". Ela falou com tanta naturalidade, e mesmo que, neste momento, estivesse com raiva, não pude evitar sorrir ao olhar para ela, que continuava a arrancar a sandália e reclamava de Francesco.— Ele acha mesmo que vou carregar uma criança por nove meses, sofrer ao dar à luz e entregá-la de bandeja à máfia? Escute aqui, Otávio... — ela se levanta enfurecida, mas para de falar ao me ver com os braços cruzados, sorrindo em sua direção. — Por que você está rindo? Eu estou falando sério!Me aproximo dela, a abraço e beijo seus cabelos, inalando o doce cheiro deles.— Ninguém irá decidir o futuro dos nossos filhos.Ela me olha com esperança nos olhos. — Confio em você.De novo, as palavras que tanto queria ouvir. Confiança. Era exatamente o que eu precisava agora.— Não irei decepcioná-la. — Beijo seus lábios.— Quand