Ela finalmente se acalma depois de um tempo, mas mesmo assim continuo a embalar seu corpo, o cheiro doce do seu perfume contrastando com o calor da sua pele me fascinam. Sinto o alívio lentamente tomando conta dela, mas a dor ainda persiste em mim, em cada batida do meu coração.Levanto a cabeça e observo seus olhos, que antes estavam cheios de vulnerabilidade, mas agora, com um movimento quase imperceptível, a máscara de indiferença retorna. Ela se afasta lentamente de meus braços, e, em um gesto silencioso, levanta as mãos aos olhos, como se quisesse apagar o que sentiu.— Preciso de um banheiro. — Sua voz, agora fria e controlada, é como uma parede erguida entre nós.Aponto para a porta à esquerda, mas ela não diz mais nada. Apenas se afasta, a passos firmes, deixando-me sozinho na sala. Eu me sento no sofá, perto da janela, e olho para fora.A escuridão da noite é suavemente repelida pelas luzes da cidade, mas, mesmo com o brilho ao longe, sinto como se a escuridão tivesse tomado
Adentro o prédio residencial do hotel Central Park, e a grandiosidade do lugar grita riqueza, como se cada detalhe fosse cuidadosamente desenhado para ostentar algo que não faço questão de entender completamente. Uma sensação de desconforto me invade, como se eu fosse uma intrusa nesse mundo. O medo de tocar em algo, de quebrar alguma peça do luxo que me cerca, cresce dentro de mim. Solto um riso amargo, deixando que ele escape sem intenção, pensando em como minha vida era antes, em quem eu realmente sou e, mais importante ainda, quem é o homem com quem me casei.Cada passo dentro desse ambiente me lembra o quanto é distante do lugar de onde vim. Eu olho ao redor, tentando fazer sentido de tudo, mas, no fundo, sei que nada aqui me pertence, nem mesmo as coisas que me cercam. Tudo isso foi comprado com o dinheiro da organização, aqui está o meu passado sombrio que eu não posso ignorar, mas que, de alguma forma, me define.Me aproximo das largas janelas e olho para baixo, para a cidade
Depois que Otávio saiu do quarto ontem, ele não voltou mais. Eu simplesmente tomei banho e, depois de muito rolar na cama, consegui dormir um pouco.Hoje de manhã, ao acordar, o encontrei sentado à mesa do apartamento, mexendo em um notebook que nem sei como veio parar aqui. Talvez ele tenha mandado trazê-lo ou apenas saiu durante a noite.Sobre outra mesa redonda no canto já estava servido o café da manhã. Quando me aproximei, ele nem me olhou, continuando concentrado na tela.— Bom dia. — Pronunciei, me sentando na mesa ao canto, um pouco afastada da dele.— Conseguiu dormir? — Ele perguntou sem tirar os olhos do notebook.— Sim.— Bom.Só isso?O som do teclado sendo digitado é o único que se escuta na sala.Desanimador!— Queria ver Marcela antes de partirmos.— Ligue para William, ele te levará até ela.Ele ainda não me dirige um único olhar, e eu simplesmente desisto.Começo a tamborilar meu dedo sobre a mesa.O que eu esperava depois de ontem? Uma recepção calorosa? Na verdade,
Foram oito horas de viagem. Eu já estava exausta e com medo. Era minha primeira vez em um jato, e o pensamento de que ele poderia cair não saía da minha mente. Não consegui dormir durante o voo. Afinal, se fosse para morrer, queria estar acordada.Ao desembarcarmos, senti a mão de Otávio segurando firmemente a minha. Do lado de fora, havia cerca de oito carros pretos alinhados. Muito extravagantes para o meu gosto. De um deles saiu Giovanni. Sua postura altiva e olhar penetrante eram como o de uma águia prestes a atacar. Ele exalava uma aura de autoridade que rivalizava com a de Otávio, mas havia algo diferente nele. Giovanni parecia mais calculista, mais impiedoso.— Não saia de perto de mim e, se eu tiver que te deixar sozinha, não saia do quarto. — A voz de Otávio era firme, mas soava quase como um aviso.Segurei sua mão com mais força, meu coração acelerado enquanto minha mente gritava a pergunta que eu temia fazer: por que viemos sozinhos? Por que não trouxe ninguém conosco?— É
— Não seja tímida, você é minha filha, dona de tudo isso aqui. – ele diz com um tom firme, como se fosse um juiz em uma audiência.Eu balanço a cabeça negando, sentindo um aperto no peito. – Não quero nada disso, senhor.Ele aperta o botão da cadeira de rodas, se distanciando um pouco, e então fala com um sorriso divertido. – Olha só, você é realmente uma Bianchi, teimosa como uma mula. Se não quer, guarde para os meus futuros netos.Ele fala como se estivesse fazendo um decreto, e por um momento, sinto o peso daquelas palavras, como se fossem implacáveis. Sinto a mão de Otávio apertando minha cintura, um gesto de apoio, mas eu não vou ceder. Isso é demais para mim, é tudo tão novo e confuso.— Eu gostaria de saber o que estou realmente fazendo aqui. — Minha voz soa mais dura do que eu pretendia, mas o cansaço e a confusão me dominam.— Eu só queria conhecer minha filha antes de morrer e dizer a ela que me vingarei do culpado por suas desgraças. — Francesco fala com um tom de resignaç
— Ele não se parece com nada do que imaginei. Pronuncio, tentando, talvez em vão, dissipar a atmosfera caótica entre nós. Sei que fui imprudente ao dizer aquelas palavras, mas já as liberei e não posso voltar atrás.Otávio dá um passo em minha direção, e eu, instintivamente, dou um passo para trás. Isso faz a rixa entre nós se aprofundar ainda mais... droga.— Você acabou de me rejeitar na frente de sua família. — Sinto uma dor contida em sua voz que, ao mesmo tempo, me deixa inquieta.Eu arqueio uma sobrancelha, tentando esconder minha insegurança. — Eles não são minha família. —Tento mostrar que ainda há distância entre mim e aquelas pessoas.— Ah, não? — Ele dá dois passos em minha direção, e eu sinto meu corpo tenso, como se estivesse em guarda, pronta para recuar ainda mais.Vamos lá Desirée enfrente as consequências.— Não. — Pronuncio com firmeza, decidida a não mostrar fraqueza.— Então, quer dizer que se Giovanni não tivesse mentido, você não se casaria comigo? — Me question
No momento em que a beijo, perco completamente o controle. O calor dela invade meus sentidos, nublando qualquer pensamento lógico que eu pudesse ter. Sem hesitar, envolvo minha mão ao redor de sua cabeça, entrelaçando os dedos em seus cabelos, e minha outra mão desliza para o pescoço delicado dela, apertando de forma firme, mas cuidadosa, mantendo-a exatamente onde quero.Minha boca toma a dela com urgência, e o sabor que encontro é ainda mais intoxicante do que me lembrava. Chupo sua língua com força, explorando cada canto de sua boca como se estivesse reivindicando um território que sempre me pertenceu. Meus lábios saqueiam os dela sem piedade, saboreando sua doçura tentadora e irresistível, enquanto o desejo bruto corre por minhas veias como fogo líquido.Então ela geme, um som baixo e rouco que parece vibrar diretamente em minha alma, incendiando algo primitivo dentro de mim. Ela se entrega completamente, sem dúvidas ou hesitação, apenas o desejo puro e avassalador que ainda está
— O que foi? — Ela pergunta ao perceber meu olhar, sua voz carregada de curiosidade. Eu me aproximo devagar, segurando sua cintura e afundando meu rosto em seu pescoço. Seu perfume inebriante me atinge como um golpe certeiro, reacendendo o desejo quase impossível de controlar. — Vamos continuar de onde paramos. — Sussurro contra sua pele, incapaz de disfarçar a necessidade que consome cada parte de mim. Meu Deus, como eu a quero. — De jeito nenhum. — Ela me empurra com firmeza, os olhos determinados enquanto me encara. — Vá ver o que Giovanni quer. — Sua voz carrega um tom de autoridade que me surpreende, mas o que realmente prende minha atenção é a preocupação evidente em seu olhar. — E se for algo importante sobre a máfia ou Salma? Não estamos em casa, Otávio. — Ela completa, como se soubesse exatamente como frear meu impulso. Solto um suspiro frustrado, mas sei que ela tem razão. Não estamos em nosso território, e por mais que minha vontade seja arrancar esse roupão dela e me