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Ligação inesperada, Anthony fora de casa.

Já é sábado e acordo com meu celular tocando insistentemente.

— Nossa, quem me ligaria tão cedo? - ainda sonolenta, pego o celular no criado mudo '– Alô!

'– Bom dia, senhorita Grace!

Me sento rapidamente na cama ao ouvir a voz grossa do senhor Price, do outro lado da linha.

'– Oh, bom dia senhor Price. - o cumprimento de volta – Como conseguiu o meu número? - indago curiosa.

'– Em sua ficha de emprego! - afirma – De qual outra forma eu conseguiria?

'– Ah, sim, claro, eu havia me esquecido deste detalhe. - corrijo - me – Ahm.. mas qual o motivo da ligação a essa hora? - pergunto olhando para a hora em meu celular.

Ainda são apenas 06:20 da manhã.

'– Eu preciso que você vá até a mansão e separe uma roupa adequada para uma boate.

.." Uau.. eu jamais imaginaria um cara como o senhor Price, em uma boate. - sinto- me surpresa — Ainda mais sabendo que ele está comprometido.

'– Ok, senhor Price, mas seria para o dia ou para a noite?

'– Com certeza é para a noite, você não acha, senhorita Grace? - diz num tom irônico.

'– Ah, claro, com certeza senhor. - concordo – Eu vou só me vestir e já estou indo para lá.

'– Hum.. se vestir? - indagou com um tom de malicia — Porque? A senhorita dorme toda peladinha?

Engulo em seco ao perceber o erro de fala, de expressão, que eu cometi.

O nervoso toma conta de mim totalmente, mudando o meu tom de voz.

'– Ahm.. me desculpe senhor, eu falei, eu me expressei errado. - tento concertar o meu erro – O que eu quis dizer, o que eu queria dizer na verdade, é que eu vou me trocar e já vou para lá.

Há.. há.. há.. - ele ri do outro lado da linha.

'– Tudo bem, senhorita Grace, eu entendi, não precisa ficar nervosa.

'– Mas eu não estou, senhor. - tento ser convincente – estou apenas corrigindo o meu erro.

'– Ah, sim, claro. - diz num tom sarcástico.

'– O senhor desejo mais alguma coisa ou é só isso, senhor Price? - pergunto num tom firme.

'– Não, por hora é só isso mesmo, senhorita Grace. - responde firmemente — Qualquer coisa eu volto a ligar, mas da próxima vez será no telefone que eu deixei com você, então, eu espero que ele esteja ao seu lado como ele deveria estar, ok?

.." Nossa, mas é claro, como eu pude me esquecer. - mordo o canto do lábio – É por isso que ele ligou no meu celular. - riu silenciosamente – O telefone que ele deixou comigo, está lá embaixo na cozinha, dentro da minha bolsa.

'– Ah, mas é claro que ele vai estar senhor. - confirmo – Eu já estou indo tira-ló do carregador. - minto na cara dura.

'– Ok, assim espero.

'– Então, tenha um bom dia, senhor Price!

'– Obrigada, igualmente.

Eu olho para a tela do celular e fico esperando ele desligar.

O que leva apenas um segundo.

— Era só o que me faltava. - balanço a cabeça negativamente sem acreditar — Agora tenho que pular cedo da cama, só para ir até o meu trabalho, separar uma roupa para o bonito curtir a noite em uma boate. - suspiro pesadamente.

Jogo o lençol de lado e me levanto.

— O que foi, amor? - indaga sonolento — Quem era ao telefone desta vez? - boceja.

Mesmo achando que eu não devia dar explicação nenhuma a ele, já que a obrigação dele de homem não estava sendo cumprida, eu resolvi dizer.

— Era só o meu chefe me passando uma ordem. Pode voltar a dormir.

Boceja novamente. — Ok.

Ele se vira para o outro lado, voltando a dormir, enquanto eu vou até o banheiro me arrumar para ir até a mansão.

— Aí.. - bocejo longamente e me espreguiço — Vamos lá, Grace, você consegue.

Escovo os dentes, lavo o rosto, visto uma roupa, vou até a cozinha pegar a minha bolsa, e em seguida vou para a estação de trem.

Já dentro do metrô, ouço o celular bipar com algumas mensagens.

Eu, então, a abro, pego o celular e já vou direto para as mensagens recebidas.

–' Estou lhe enviando estas mensagem, pois esqueci de avisá-la, senhorita Grace.

Não haverá ninguém na mansão hoje, a não ser os seguranças.

Então.. apenas entre, separe o que tiver que separar, deixe tudo em cima da minha cama e vá embora. Ok?

Respirei fundo, me segurando para não responder.

.." O que ele estava pensando ao enviar esta mensagem para mim? - mordo o canto do lábio indignada – Que eu vou armar uma festinha na mansão dele por ele não estar lá, que eu vá usar a casa dele como se fosse minha, ou que eu vá roubar algo de valor daquela m****?

— Cara otário mesmo!

Eu chego na mansão, o segurança abre o portão para mim, eu abro a porta dos fundos com a chave que a senhora Constança me entregou, vou até o quarto dele, e em seguida vou até o closet.

Separo tudo o que ele me pediu só que ao meu gosto, deixo em cima da cama como ele também me pediu e em seguida vou embora.

— Bom, eu separei tudo o que eu achei que irá ficar perfeito nele, para uma noite de curtição em uma boate. Agora se ele irá usar ou não, isso eu já não sei. - digo baixinho a mim mesmo enquanto caminho de volta para a minha casa.

Ao entrar na cozinha meu celular começa a tocar novamente.

— Eh, hoje parece que todos irão precisar de mim para alguma coisa. - digo pegando o celular de dentro da bolsa.

Ao olhar para a tela, vejo o nome da Elisa.

'– Bom dia, miga.. - cumprimento- a gentilmente.

'– Bom dia.. - me cumprimenta da mesma forma – E aí, ansiosa para hoje a noite?

'– Bem, eu não diria ansiosa, e sim nervosa.

'– A mais isso é totalmente compreensível, até eu fiquei super nervosa no meu primeiro dia.

'– E o que você fez para diminui- ló? - pergunto ansiosa por uma dica.

'– Eu perguntei para o meu chefe se eu poderia usar uma máscara, pelo menos até eu me adaptar, e ele me autorizou.

'– Sério? - indaguei incrédula — Você usou uma máscara?

'– Sim.

'– Mas funcionou?

'– Por incrível que pareça, sim.

'– E será que seu chefe me deixaria usar uma?

'– Eu creio que sim. Se você quiser eu posso falar com ele, assim que chegarmos na boate.

'– Você faria isso por mim?

'– Claro, Grace. - afirma.

'– Obrigada.

'– Você sabe que não precisa me agradecer. Nós somos mais que amigas.

'– Sim, muito mais.

Fazemos alguns segundos de silêncio.

'– Bom, eu passo aí para irmos juntas às 18:00, ok?

'– Ok, eu já estarei pronta, a sua espera.

'– Fechado.

'– Então até às 18:00, Emma?!

'– Até.

Desligo o celular, coloco em cima do balcão e vou preparar o café da manhã, afinal não comi nada antes de sair.

Faço panquecas com calda de chocolate, ovos mexidos com bacon, torradas, café e suco de laranja. E para complementar, pego cookies no armário e coloco na mesa.

— Grace?? Grace??

Ouço o Anthony descendo a escada enquanto chama por mim.

— Oi, tô aqui na cozinha.

Em segundos ele entra com uma mochila na mão.

— Aonde você vai com essa mochila? - indago.

— Vou acampar com meus amigos e só volto na segunda.

— Ah, beleza, vai lá.

Ele me olha surpreso e desconfiado ao mesmo tempo.

— Pera aí, você não vai questionar nada, brigar, ameaçar,..

— Não. - respondo direto.

— Ué, o que há de errado com você? - pergunta suspeitando — Você sempre foi de fazer a maior tempestade num copo d'água, quando eu digo que vou sair com meus amigos.

— Não há nada de errado comigo.. eu só não estou afim de brigar com você hoje.

— Hum.. - me olha desconfiado, alisando a barba rala — Então tá, se você está dizendo.

Levanto as sobrancelhas, mordo o canto do lábio, desvio o olhar e disfarço, mudando de assunto.

— Ahm.. você vai tomar café antes de sair?

— Não, os caras já estão aí fora me esperando.

— Nossa, mas já? - indago surpresa.

— Sim. - aproxima- se de mim e da um selinho rápido — Deixa eu ir, amor. Até segunda.

— Até.

Assim que ele sai pela porta da cozinha, eu vou até ela, para dar uma espiada.

— É, foi o que eu pensei. - suspiro pesadamente — Os piores amigos que ele tem.

No carro estão Brian, Vincent, Lucky e Chris.

Amigos esses, que sempre dão conselhos ruins a ela.

Um desses conselhos, foi o de meter a mão na minha cara, toda vez que eu ousar questiona- ló, bater boca, não fazer o que ele quer, do jeito que ele quiser, ..

— Bom, mas pensando pelo lado bom das coisas, vai ser maravilhoso ficar o fim de semana todo, sozinha aqui. - digo animada e otimista — Sem esse encosto em casa, eu vou poder fazer o que eu quiser, sem precisar ficar pedindo sua autorização.

Assim que vejo o carro saindo de frente de casa, vou correndo ligar o rádio.

— Até que enfim, vou poder escutar as músicas que gosto, sem ele ficar criticando ou dizendo que é porcaria.

Michael Jackson, Taylor Swift, Rihanna, Shakira, Miley Cyrus, .. dentre outros mais.

Tomo meu café da manhã sossegada, faço meu serviço a minha maneira, assisto dois filmes de romance que amo demais (A casa do lago - com Sandra Bullock e Keanu Reeves) e (Um amor para recordar - com Mandy Moore e Shane West), em seguida vou para o banheiro tomar um banho. Afinal já são quase 17:30.

— Cara, esqueci de perguntar para a Emma do que é que eu vou trabalhar lá, hoje e amanhã. - suspiro receosa enquanto eu me troco — Que não seja de dançarina, porque não vou suportar aqueles homens nojentos e asquerosos, tocando em meu corpo.

Estou terminando de fechar o zíper da bota, quando ouço a Emma gritar do andar de baixo.

— Grace, cheguei.

— Tô aqui no meu quarto. - grito de volta.

— Beleza, tô subindo.

— Ok.

Eu, então, ouço o barulho dos seus saltos nos degraus da escada.

— E aí, pronta? - pergunta entrando no quarto.

— Eu acho que sim. - dou uma volta lenta sem sair do lugar para que ela veja e diga se está bom — O que você acha? - a olho atentamente – Exagerei demais?

— Não, você está perfeita. - diz com sinceridade.

— Ah, então tá. - pego minha bolsa em cima da cama — Vamos?

— Vamos.

Saímos para fora de casa, tranco a porta e vamos em direção a estação de trem.

Uma caminhada de mais ou menos vinte e cinco minutos.

Enquanto caminhamos até a estação de trem, resolvo tirar a minha dúvida com ela.

— Emma, eu vou trabalhar como garçonete ou dançarina, na boate, hoje e amanhã?

Ela me olha e sorri enigmaticamente.

— É como dançarina, não é? - indago já com meu coração começando a palpitar mais rápido.

Ela não responde com palavras, e sim, balançando a cabeça positivamente.

— Não sei porque, mas eu já estava prevendo isso. - suspiro fundo.

— Mas Grace, você não é obrigada. - explica- me — Se você quiser eu fico como dançarina no seu lugar e você como garçonete no meu.

— Não, tudo bem, acho que eu consigo encarar essa. - digo otimista.

— Ok, mas se caso você quiser trocar comigo, é só falar.

— Beleza.

Do metrô até a tal boate são mais meia hora, e ao olhar para o tanto de carros que já tem no estacionamento, fico bem nervosa.

.." Essa noite promete. - suspiro de leve para a Emma não notar como estou tão nervosa.

Caminhos do lado da boate e entramos pela porta do fundo.

Já ouvindo o som estrondoso de música house (música eletrônica).

Conforme vamos em direção ao camarim, sinto meu coração disparar cada vez mais.

.." Senhor, daí me forças e coragem, pois se estou aqui, é porque preciso.

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