— Amanhã meu marido estará com o lábio machucado... Porque nós gostamos de fazer isso um no outro. E não haverá ninguém para nos criticar ou cobrar nada...— O médico disse que ela precisa falar tudo que pensa e não guardar nada. Isso que a deixou doente — Chain tentou não soar debochado demais.— Quem sabe amanhã eu nem esteja mais com tanta raiva de vocês... E amanheça os amando de novo. Mas hoje não quero vê-los na frente... Vocês me fizeram adquirir uma gastrite. Agora vamos, Chain! — O puxei pela mão.— Antes que eu esqueça de dizer: Milano, sua filha é uma puta de uma gostosa! — Chain provocou.Milano foi na direção dele, com raiva, mas Candy o conteve.— Vou falar o que penso também... Não quero ficar doente. Vocês dois deveriam fazer o mesmo. Guardar palavras pode trazer indigestão e doenças graves. – Chain não se conteve.— Eles não vão sofrer disto, Chain. Nunca deixaram de dizer as palavras que tinham... Só nunca se importaram de ouvir as nossas.Eu saí com Chain sem olhar
Chain foi embora às 9 horas da manhã seguinte. Não fazia nem cinco minutos que ele havia saído e o interfone tocou.— Ok, forasteiro, voltou para mais um beijo? Admita que não consegue ficar mais cinco minutos longe de mim.— Bem, eu acho que consigo. Até uns cinco mil quilômetros...— Vó? — gritei.— Olá, minha linda. Eu aceito uns beijos babados depois de Chain.Liberei o acesso ao portão e não aguentei ficar esperando na porta. Desci as escadas descalça, do jeito que eu estava, louca para vê-la. Assim que nos encontramos no segundo lance de escadarias, joguei-me nos braços dela, sentindo seu corpo quente e magro junto do meu. Fechei os olhos e aconcheguei-me em seu peito:— Vó, eu senti tanta saudade!— Ouvi dizer que você estava para virar jabuticaba, Liah.— Não sei se era para tanto... — Comecei a rir, puxando-a pela mão para que me acompanhasse subindo as escadas.Assim que ela entrou no apartamento olhou curiosamente para tudo e disse:— Ah, isso é muito fofo. Até parece uma
— Vó, não quero falar sobre isso.Ela pegou minha mão e olhou nos meus olhos:— Então diga que me perdoa.— Claro que eu a perdoo. Assim como acho que já perdoei minha mãe e meu pai por terem me afastado de Chain.— Faça o que você tem vontade, meu amor. Muito me vi entre a cruz e a espada com relação a este sentimento entre vocês dois. Mas quer saber? É amor. E amor é amor... Não podemos contestar.Ficamos ali até quase meio-dia. Ela na jacuzzi e eu ao seu lado, conversando sobre nosso passado e planos para o futuro. Então lhe contei sobre a proposta da rainha e minha rejeição.Vovó pensou um pouco antes de dizer:— Mas você não precisa de dinheiro para montar uma loja, ateliê ou seja lá o que for?— Sim.— E como pensa em fazer isso, se não está nos seus planos pegar o dinheiro de ninguém para começar?— Posso alugar um espaço. E conforme for vendendo vou montando tudo do jeito que quero.— Não acha difícil competir com a rainha deste lugar?— Sim... Não será muito fácil. Mas ainda
— Senhor Chalamet, acalme-se! — disse o doutor Royalt.Não consegui mover-me quando vi que ele não se referia nem a mim, tampouco a Milano de “senhor Chalamet”. Era o homem que estava de pé, furioso.Caralho! O desgraçado era muito parecido com meu pai. Talvez fosse... Um irmão mais novo?— Chain, Merliah... Por favor... — Doutor Royalt apontou-nos as duas cadeiras vazias.Eu e Liah estávamos completamente indecisos sobre sentar ou não. Chegou a me dar vontade de ir embora e não me inteirar da palhaçada que provavelmente aconteceria ali.— Venha... Por favor, Chain — Milano pediu.Eu e Liah finalmente andamos, com os olhares atentos de todos sobre nós. Sentamos e meus olhos encararam os verdes do homem à minha frente, que estava sério.Tinha a pele clara, cabelos claros levemente crescidos e olhos verdes. Diferente de todos ali, não usava terno e gravata. Aliás, depois dele eu era o único que não usava gravata, preferindo deixar para o uso obrigatório durante o trabalho.— Podemos com
— Eu... Não fui culpado... — o homem disse, com voz fraca, sendo amparado pela bela morena que estava ao seu lado.Ambos puseram as mãos sobre a mesa e enlaçaram os dedos e pude ver a tatuagem de um ano em específico nos dedos deles, cada um trazendo um número.— Você não tem culpa de nada... Ele era louco! — a mulher falou-lhe num tom de voz baixo.O olhar dela veio na minha direção e abaixei a cabeça, fixando-me na tatuagem que os dois traziam iguais.“...Haroldo se transformou em Hardlles e ali eu perdi meu filho. Depois da morte de Alda, dei Haroldo como perdido e passei a viver com Ildes. Dois anos depois fui procurado por Jordan Rockfeller, que revelou que sua filha tinha engravidado de Haroldo, e que ele não queria a criança, tampouco o relacionamento dos dois. A questão é que não nos preocupávamos com nossos filhos, no entanto ambos tínhamos um neto que estava por vir. E era um Rockfeller Archambault Chalamet. Jordan disse que colocaria a criança para adoção assim que nascesse
POV MERLIAHNão imaginei que Chain fosse aceitar conversar com eles de imediato. Eu também não o faria. Sim, ele precisava de um tempo. Era tudo muito recente... E confuso. E eu sabia exatamente como ele se sentia: numa vida de mentira.- Eu... Espero o tempo que for... O quanto precisar. – A mulher disse, sorrindo, parecendo satisfeita com a resposta dele.- Obrigado! – Chain foi educado.- Só quero que saiba que há uma explicação para tudo isso. Não pense que o abandonei porque quis – ela limpou as lágrimas – Procurei você... Toda a minha vida. Nunca desisti! Nunca!Percebi a lágrima solitária descendo pelo rosto do amor da minha vida. E conseguia sentir a dor dele dentro de mim. Mas sabia que Chain superaria tudo e poderia finalmente encontrar a felicidade, porque o desgraçado do Robson não era o pai dele. E Milano não era o irmão... E eu não era sua sobrinha.- Temos que... Falar sobre negócios. – Haroldo disse a Chain.- Negócios? – Chain franziu a testa, confuso.- Tudo isso é s
- Robson nunca amou ninguém. – Milano disse.- Ele amou Alda e Ildes. E criou você como se fosse o filho de sangue.- E destruiu o neto, que realmente tinha o seu sangue. Robson Archambault Chalamet era um monstro. E espero que neste momento esteja queimando no inferno.- Sei que foi errado ele tentar separá-lo de Candy... Mas as intenções dele não eram ruins. Você tem filhos... E sabe como funciona quando se é pai.Candy gargalhou de forma sarcástica:- Você entende perfeitamente sobre amor materno e paterno, não é mesmo? Afinal, foi embora com todo meu dinheiro e deixou seu filho para trás, nas mãos de desconhecidos, fazendo com que o pobre tentasse inclusive se suicidar pela rejeição.- Fala como se Cris tivesse 10 anos de idade, Candy. Ele já completou 21. Precisava crescer... E isso só seria possível longe de mim.- Você só pode estar louca, Corinne!- Não, não estou. Deveria me julgar se eu deixasse um bebê para trás. Mas não... Simplesmente optei por não partir com o filho que
POV CHAINMilano e eu fomos para um Pub próximo da Partenon, onde chegamos a frequentar no passado. Assim que sentamos, Milano pediu uma garrafa do melhor whisky que tivessem. E encheu os dois copos até a borda. Talvez fosse o equivalente a uma dose quádrupla.Toquei o copo e fiquei a olhar a bebida forte, que me atraía muito.- Fiquei feliz em saber que não sou filho dele. – Milano disse.- Eu... Creio que senti o mesmo, apesar de tudo.- Mas... É estranho saber que você não é mais o meu irmão... – Ele sorriu, me empurrando com o braço.- E apesar de tudo, bom... Muito bom... Por conta de Liah. Sabe que apesar de nos amarmos, isso era um tanto quanto ruim. Principalmente pela questão de filhos...- Confesso que tirei um peso da minha mente e coração. Por amá-los tanto, não quis que sofressem e dei-lhes meu consentimento, mesmo que de fato não concordasse. Mas sabia do quanto era importante para ambos minha aceitação.- Sim... Era muito importante. Me sentia de certa forma estranho...