POV MERLIAHNão imaginei que Chain fosse aceitar conversar com eles de imediato. Eu também não o faria. Sim, ele precisava de um tempo. Era tudo muito recente... E confuso. E eu sabia exatamente como ele se sentia: numa vida de mentira.- Eu... Espero o tempo que for... O quanto precisar. – A mulher disse, sorrindo, parecendo satisfeita com a resposta dele.- Obrigado! – Chain foi educado.- Só quero que saiba que há uma explicação para tudo isso. Não pense que o abandonei porque quis – ela limpou as lágrimas – Procurei você... Toda a minha vida. Nunca desisti! Nunca!Percebi a lágrima solitária descendo pelo rosto do amor da minha vida. E conseguia sentir a dor dele dentro de mim. Mas sabia que Chain superaria tudo e poderia finalmente encontrar a felicidade, porque o desgraçado do Robson não era o pai dele. E Milano não era o irmão... E eu não era sua sobrinha.- Temos que... Falar sobre negócios. – Haroldo disse a Chain.- Negócios? – Chain franziu a testa, confuso.- Tudo isso é s
- Robson nunca amou ninguém. – Milano disse.- Ele amou Alda e Ildes. E criou você como se fosse o filho de sangue.- E destruiu o neto, que realmente tinha o seu sangue. Robson Archambault Chalamet era um monstro. E espero que neste momento esteja queimando no inferno.- Sei que foi errado ele tentar separá-lo de Candy... Mas as intenções dele não eram ruins. Você tem filhos... E sabe como funciona quando se é pai.Candy gargalhou de forma sarcástica:- Você entende perfeitamente sobre amor materno e paterno, não é mesmo? Afinal, foi embora com todo meu dinheiro e deixou seu filho para trás, nas mãos de desconhecidos, fazendo com que o pobre tentasse inclusive se suicidar pela rejeição.- Fala como se Cris tivesse 10 anos de idade, Candy. Ele já completou 21. Precisava crescer... E isso só seria possível longe de mim.- Você só pode estar louca, Corinne!- Não, não estou. Deveria me julgar se eu deixasse um bebê para trás. Mas não... Simplesmente optei por não partir com o filho que
POV CHAINMilano e eu fomos para um Pub próximo da Partenon, onde chegamos a frequentar no passado. Assim que sentamos, Milano pediu uma garrafa do melhor whisky que tivessem. E encheu os dois copos até a borda. Talvez fosse o equivalente a uma dose quádrupla.Toquei o copo e fiquei a olhar a bebida forte, que me atraía muito.- Fiquei feliz em saber que não sou filho dele. – Milano disse.- Eu... Creio que senti o mesmo, apesar de tudo.- Mas... É estranho saber que você não é mais o meu irmão... – Ele sorriu, me empurrando com o braço.- E apesar de tudo, bom... Muito bom... Por conta de Liah. Sabe que apesar de nos amarmos, isso era um tanto quanto ruim. Principalmente pela questão de filhos...- Confesso que tirei um peso da minha mente e coração. Por amá-los tanto, não quis que sofressem e dei-lhes meu consentimento, mesmo que de fato não concordasse. Mas sabia do quanto era importante para ambos minha aceitação.- Sim... Era muito importante. Me sentia de certa forma estranho...
- Eu sei muito bem tudo que você está sentindo, meu amor! E tenho certeza que vai passar. Agora venha comigo... Precisa de um banho.Ajudei-o a levantar-se e o levei ao banheiro, retirando sua roupa. Liguei o chuveiro e o empurrei para baixo da água fria.Ele ficou trêmulo:- Isso aqui está um gelo.Comecei a rir e avisei:- Vou pedir para que tragam um café bem forte. Enquanto isso deixe a água fria cair um pouco sobre seu corpo.Fiquei incerta se ele sairia dali. Fui rapidamente até o telefone e pedi na recepção que mandassem café fresco e doces. Quando voltei ao banheiro, Chain estava de costas, a testa escorada na parede, a água escorrendo pela sua cabeça, descendo pelo corpo imóvel.Observei as cicatrizes e senti a dor dele. Porém eu acreditava que o sofrimento havia acabado. Estávamos juntos, o testamento já havia sido aberto e Chain tinha pai e mãe. O que ele poderia querer mais? Para mim ficou bem claro que ficaram felizes por encontrá-lo. E sim, devia ter uma explicação concr
Percebendo meu silêncio que durou mais do que deveria, ele continuou:- Eu gostaria de falar com você e Milano, ainda hoje, se possível. - Sobre o que seria?- Quero lhes fazer uma proposta. - Uma proposta? – Arqueei a sobrancelha, confuso e curioso.- Será que poderia vir à Partenon, depois do meio-dia?- Eu... Bem, se for breve o assunto, posso. Porém não devo me demorar, pois eu e Liah pretendemos partir de volta para Alpemburg ainda hoje.- Prometo ser breve, mesmo querendo que você ficasse mais tempo.- Infelizmente não posso. Liah tem seus compromissos por lá e eu estou em tratativas de abrir minha empresa nas próximas semanas e também será em Alpemburg.- Vocês ficarão morando lá?- Sim.- Eu... Ainda assim gostaria de conversar com vocês dois.- Estarei aí logo depois do meio-dia. – Garanti.Levantei da cama, enquanto Merliah olhava pela janela de vidro, observando a paisagem urbana do andar alto do Hotel. Abracei-a por trás, descansando minha cabeça em seu ombro:- Está tom
- Você foi a família do meu filho por uma vida inteira. E conhecendo Robson como conheci, sei que era a única coisa que Chain tinha. – Haroldo olhou para Milano com seriedade.- Eu... Não quero o seu dinheiro.- Não é meu... É nosso. Ambos fomos criados pelo monstro, desde bebês. Merecemos usufruir da porra do que ele deixou. – Haroldo foi claro.Estreitei os olhos, confuso com onde ele queria chegar.- Minha proposta é que Milano dirija a Partenon. Siga fazendo o que já fazia muito bem, sendo o CEO da construtora. Todos os funcionários, parceiros e empresários já o conhecem. Estou desde ontem tentando entender como funciona toda esta porra aqui, mas não sei nada. A única coisa que sei fazer é música... Sei tocar, sei criar acordes, sei montar a letra inteira na minha cabeça. Mas não tenho a mínima noção do que fazer com um prédio deste tamanho, com inúmeros funcionários que dependem disso para viver e sustentarem suas famílias.- Eu... Não posso aceitar. – Milano foi enfático.- Sim,
Assim que saímos da Partenon, encontramos Chain recostado na parede externa da empresa, com as mãos nos bolsos, o olhar perdido, parecendo longe.O abracei, tirando-o de seus próprios pensamentos.- Como se sente? – Perguntei.- Bem... Estou bem.Eu sabia que era mentira a afirmação dele.- O que vai fazer quanto à proposta deles, Milano? – Chain perguntou ao meu pai.- Eu... Sinceramente não sei. A Partenon não tem mais nada a ver comigo e isso ficou muito claro. Ainda estou tentando me adaptar a toda mudança da minha vida e as mentiras com relação ao meu passado. E sei exatamente o que você sente, Chain... Assim como o que Liah sentiu quando soube que nada era como pensou a vida inteira.- Eu acho que deve aceitar, Milano. Eles não têm noção do que fazer com este lugar. Bem sabemos o quanto é lucrativo e próspero. Não me importo com o que isso significou para o filho da puta do Robson, mas com número de pessoas que são empregadas aqui. Haroldo não vai ficar com a empresa se você rej
- Não quero nada. – Mariane disse.- Nós viemos tentar fazer com que nos dê uma chance, Chain. – Haroldo foi direto, fazendo-me engolir em seco.Fiquei em silêncio, pensando no que dizer-lhes naquele momento.Merliah levantou-se e falou, propositalmente:- Vou verificar se a comida já chegou. E pôr a mesa. Fiquem a vontade, por favor.Achei que Mariane fosse acompanhá-la. Mas não. Ela ficou ali, os dois com os olhos fixos em mim. Merliah me deu um beijo no rosto e abraçou-me por trás, dizendo:- Amo você.Apertei suas mãos, que me envolviam carinhosamente, e afirmei:- Também te amo, Liah.Assim que ela saiu, fiquei frente a frente com o homem e a mulher que me conceberam, que me geraram a vida. E depois me largaram num orfanato, entre desconhecidos, pouco se importando com quem me levaria para casa e me criaria.- Você não é obrigado a nos aceitar como seus pais – Mariane disse – Ainda assim, eu vou lhe contar tudo que aconteceu no nosso passado, que também faz parte da sua história,