— Vó, não quero falar sobre isso.Ela pegou minha mão e olhou nos meus olhos:— Então diga que me perdoa.— Claro que eu a perdoo. Assim como acho que já perdoei minha mãe e meu pai por terem me afastado de Chain.— Faça o que você tem vontade, meu amor. Muito me vi entre a cruz e a espada com relação a este sentimento entre vocês dois. Mas quer saber? É amor. E amor é amor... Não podemos contestar.Ficamos ali até quase meio-dia. Ela na jacuzzi e eu ao seu lado, conversando sobre nosso passado e planos para o futuro. Então lhe contei sobre a proposta da rainha e minha rejeição.Vovó pensou um pouco antes de dizer:— Mas você não precisa de dinheiro para montar uma loja, ateliê ou seja lá o que for?— Sim.— E como pensa em fazer isso, se não está nos seus planos pegar o dinheiro de ninguém para começar?— Posso alugar um espaço. E conforme for vendendo vou montando tudo do jeito que quero.— Não acha difícil competir com a rainha deste lugar?— Sim... Não será muito fácil. Mas ainda
— Senhor Chalamet, acalme-se! — disse o doutor Royalt.Não consegui mover-me quando vi que ele não se referia nem a mim, tampouco a Milano de “senhor Chalamet”. Era o homem que estava de pé, furioso.Caralho! O desgraçado era muito parecido com meu pai. Talvez fosse... Um irmão mais novo?— Chain, Merliah... Por favor... — Doutor Royalt apontou-nos as duas cadeiras vazias.Eu e Liah estávamos completamente indecisos sobre sentar ou não. Chegou a me dar vontade de ir embora e não me inteirar da palhaçada que provavelmente aconteceria ali.— Venha... Por favor, Chain — Milano pediu.Eu e Liah finalmente andamos, com os olhares atentos de todos sobre nós. Sentamos e meus olhos encararam os verdes do homem à minha frente, que estava sério.Tinha a pele clara, cabelos claros levemente crescidos e olhos verdes. Diferente de todos ali, não usava terno e gravata. Aliás, depois dele eu era o único que não usava gravata, preferindo deixar para o uso obrigatório durante o trabalho.— Podemos com
— Eu... Não fui culpado... — o homem disse, com voz fraca, sendo amparado pela bela morena que estava ao seu lado.Ambos puseram as mãos sobre a mesa e enlaçaram os dedos e pude ver a tatuagem de um ano em específico nos dedos deles, cada um trazendo um número.— Você não tem culpa de nada... Ele era louco! — a mulher falou-lhe num tom de voz baixo.O olhar dela veio na minha direção e abaixei a cabeça, fixando-me na tatuagem que os dois traziam iguais.“...Haroldo se transformou em Hardlles e ali eu perdi meu filho. Depois da morte de Alda, dei Haroldo como perdido e passei a viver com Ildes. Dois anos depois fui procurado por Jordan Rockfeller, que revelou que sua filha tinha engravidado de Haroldo, e que ele não queria a criança, tampouco o relacionamento dos dois. A questão é que não nos preocupávamos com nossos filhos, no entanto ambos tínhamos um neto que estava por vir. E era um Rockfeller Archambault Chalamet. Jordan disse que colocaria a criança para adoção assim que nascesse
POV MERLIAHNão imaginei que Chain fosse aceitar conversar com eles de imediato. Eu também não o faria. Sim, ele precisava de um tempo. Era tudo muito recente... E confuso. E eu sabia exatamente como ele se sentia: numa vida de mentira.- Eu... Espero o tempo que for... O quanto precisar. – A mulher disse, sorrindo, parecendo satisfeita com a resposta dele.- Obrigado! – Chain foi educado.- Só quero que saiba que há uma explicação para tudo isso. Não pense que o abandonei porque quis – ela limpou as lágrimas – Procurei você... Toda a minha vida. Nunca desisti! Nunca!Percebi a lágrima solitária descendo pelo rosto do amor da minha vida. E conseguia sentir a dor dele dentro de mim. Mas sabia que Chain superaria tudo e poderia finalmente encontrar a felicidade, porque o desgraçado do Robson não era o pai dele. E Milano não era o irmão... E eu não era sua sobrinha.- Temos que... Falar sobre negócios. – Haroldo disse a Chain.- Negócios? – Chain franziu a testa, confuso.- Tudo isso é s
- Robson nunca amou ninguém. – Milano disse.- Ele amou Alda e Ildes. E criou você como se fosse o filho de sangue.- E destruiu o neto, que realmente tinha o seu sangue. Robson Archambault Chalamet era um monstro. E espero que neste momento esteja queimando no inferno.- Sei que foi errado ele tentar separá-lo de Candy... Mas as intenções dele não eram ruins. Você tem filhos... E sabe como funciona quando se é pai.Candy gargalhou de forma sarcástica:- Você entende perfeitamente sobre amor materno e paterno, não é mesmo? Afinal, foi embora com todo meu dinheiro e deixou seu filho para trás, nas mãos de desconhecidos, fazendo com que o pobre tentasse inclusive se suicidar pela rejeição.- Fala como se Cris tivesse 10 anos de idade, Candy. Ele já completou 21. Precisava crescer... E isso só seria possível longe de mim.- Você só pode estar louca, Corinne!- Não, não estou. Deveria me julgar se eu deixasse um bebê para trás. Mas não... Simplesmente optei por não partir com o filho que
POV CHAINMilano e eu fomos para um Pub próximo da Partenon, onde chegamos a frequentar no passado. Assim que sentamos, Milano pediu uma garrafa do melhor whisky que tivessem. E encheu os dois copos até a borda. Talvez fosse o equivalente a uma dose quádrupla.Toquei o copo e fiquei a olhar a bebida forte, que me atraía muito.- Fiquei feliz em saber que não sou filho dele. – Milano disse.- Eu... Creio que senti o mesmo, apesar de tudo.- Mas... É estranho saber que você não é mais o meu irmão... – Ele sorriu, me empurrando com o braço.- E apesar de tudo, bom... Muito bom... Por conta de Liah. Sabe que apesar de nos amarmos, isso era um tanto quanto ruim. Principalmente pela questão de filhos...- Confesso que tirei um peso da minha mente e coração. Por amá-los tanto, não quis que sofressem e dei-lhes meu consentimento, mesmo que de fato não concordasse. Mas sabia do quanto era importante para ambos minha aceitação.- Sim... Era muito importante. Me sentia de certa forma estranho...
- Eu sei muito bem tudo que você está sentindo, meu amor! E tenho certeza que vai passar. Agora venha comigo... Precisa de um banho.Ajudei-o a levantar-se e o levei ao banheiro, retirando sua roupa. Liguei o chuveiro e o empurrei para baixo da água fria.Ele ficou trêmulo:- Isso aqui está um gelo.Comecei a rir e avisei:- Vou pedir para que tragam um café bem forte. Enquanto isso deixe a água fria cair um pouco sobre seu corpo.Fiquei incerta se ele sairia dali. Fui rapidamente até o telefone e pedi na recepção que mandassem café fresco e doces. Quando voltei ao banheiro, Chain estava de costas, a testa escorada na parede, a água escorrendo pela sua cabeça, descendo pelo corpo imóvel.Observei as cicatrizes e senti a dor dele. Porém eu acreditava que o sofrimento havia acabado. Estávamos juntos, o testamento já havia sido aberto e Chain tinha pai e mãe. O que ele poderia querer mais? Para mim ficou bem claro que ficaram felizes por encontrá-lo. E sim, devia ter uma explicação concr
Percebendo meu silêncio que durou mais do que deveria, ele continuou:- Eu gostaria de falar com você e Milano, ainda hoje, se possível. - Sobre o que seria?- Quero lhes fazer uma proposta. - Uma proposta? – Arqueei a sobrancelha, confuso e curioso.- Será que poderia vir à Partenon, depois do meio-dia?- Eu... Bem, se for breve o assunto, posso. Porém não devo me demorar, pois eu e Liah pretendemos partir de volta para Alpemburg ainda hoje.- Prometo ser breve, mesmo querendo que você ficasse mais tempo.- Infelizmente não posso. Liah tem seus compromissos por lá e eu estou em tratativas de abrir minha empresa nas próximas semanas e também será em Alpemburg.- Vocês ficarão morando lá?- Sim.- Eu... Ainda assim gostaria de conversar com vocês dois.- Estarei aí logo depois do meio-dia. – Garanti.Levantei da cama, enquanto Merliah olhava pela janela de vidro, observando a paisagem urbana do andar alto do Hotel. Abracei-a por trás, descansando minha cabeça em seu ombro:- Está tom