— Não, vó. O patrimônio já estava no lixo a partir do momento que não conseguiram recuperar o prédio no leilão. Já não é de agora que o Bordel dá lucros enquanto o Hotel destrói nosso dinheiro. Exceto o quinto andar, tudo precisa de reformas. Isso aqui mais parece um prédio de um filme de terror. Aliás, já pensou num terror erótico? — debochei.
— Não brinque com nossa desgraça, garotinha — Rosela criticou.
— Estou brincando, vó. Eu vou ajudá-las... Em tudo que precisarem. Só não sei se Chain tem grana para bancar mais isso.
— Nem é de responsabilidade dele — Rambo afirmou. — Sua avó quer muito fazer o tal filme. E não é só pela questão financeira. Ela também se acha uma diva do erótico agora...
—
Fui acordada pela empregada naquela manhã. Sim, eu havia dormido a noite inteira. Quer dizer, a noite inteira não. Eu e Chain devemos ter tirado de uma a duas horas para transar sob o lençol branco que nos cobria para não sermos vistos nas câmeras, embora já tivéssemos mostrado tudo há dias atrás.— Senhora, me desculpe acordá-la. Mas tem uma encomenda que só pode ser entregue em mãos. É do casamento. — Ela estava receosa por ter me chamado.— Sim... Sem problemas. Peça para aguardar que já estarei descendo. Aliás, tenho outras encomendas para hoje e peço que todas sejam entregues em mãos, para que eu as verifique ao abrir. São para o casamento. – Pedi.Ela fechou a porta. Levantei e encontrei um botão de rosa vermelha aos pés da cama. Cheirei o odor maravilhoso e sorri. Sim, tinha sido ele... O
Levou horas para que eu conseguisse acalmar Diogo. No fim, ele acabou adormecendo em meus braços, sem ao menos tomar a mamadeira. Assim que me liberei, liguei para o doutor Telles, que era o único advogado que eu conhecia. Ele garantiu que resolveria a situação de Davina, mas disse que de nada adiantava eu ir até lá. Praticamente deu certeza de que ela seria solta em horas.Marta levou Diogo para seu quarto. Depois de toda loucura, me senti mais tranquila. Era só questão de tempo para Davina estar de volta em casa. Comecei a bordar o peito do vestido, para passar o tempo e ocupar minha mente.Não demorou muito para que Chain chegasse, me encontrando sobre a cama, bordando à mão cada florzinha do vestido, individualmente.— Ainda acho que não devo olhar o vestido! — ele brincou, tapando os olhos com a mão.Eu sorri:— Não se preocupe q
— Você foi ao médico? Por quê? Não me ligou por qual motivo? Eu tinha o direito de saber... — Sentou, me encarando furiosa.— Sim, tem o direito... E por isso está sabendo neste momento.— Me fale agora o que houve.— Passei mal... E o diagnóstico foi crise de ansiedade.— Eu não sabia que isso era contagioso. — Sorriu, alisando meu rosto. — Relaxe, Chain. Vai dar tudo certo. Acho que esta cerimônia na igreja está deixando-o nervoso.— Não... Não é isso que está me deixando nervoso, Merliah. Eu preciso lhe contar uma coisa, antes do casamento. Sei que vai passar pela sua cabeça o porquê de eu não ter contado antes, já que houve tempo e oportunidades. Mas juro que tentei... Porém sempre alguma coisa impedia. E depois... Bem, depois ficou tudo tão perfeito entre nó
— Não tenho dúvidas do que sente por mim, Chain. Mas fico me perguntando quantas vezes mais terei que passar por cima de suas burradas, lhe dando novas chances...— Sinto muito, Liah, mas eu sou imperfeito... Ainda estou aprendendo a lidar com isso de amor... Cuidar, se importar com alguém além de mim mesmo. Tenho tentado ver além, respeitar as pessoas... Durante muitos anos eu não pensei em nada além de mim... Talvez pela porra de um passado obscuro, onde as cicatrizes não ficaram só aqui... — Apontei para a coxa. — Eu pouco me importo com as marcas na pele... Mas cresci achando que a vida era uma porra do caralho... E que as pessoas só queriam se aproveitar de mim... E... — Coloquei as mãos na cabeça, tentando me acalmar.Eu não tinha mais o que dizer. Falar sobre mim mesmo me fazia voltar a um passado que eu não gostava de relembrar.
POV MERLIAHAssim que ouvi o grito enfurecido dele, virei-me na sua direção, ainda sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.— Eu... Me desculpe! Achei que já tivesse partido — falou, sem sair do entremeio entre o corredor e a porta.— Eu não partirei, Chain!Ele não disse nada. Parecia não estar acreditando nas minhas palavras. Sentei na cama e pus a mão no colchão, olhando para o lugar dele:— Poderia... Vir aqui? — Limpei as lágrimas ao olhá-lo.Percebi o peito dele mexendo-se aceleradamente, certamente em função do coração estar batendo mais forte. Se ele soubesse o quanto eu estava nervosa... E tudo que sentia naquele momento.Chain fechou a porta e veio até mim, sentando-se exatamente onde pedi. Nossos olhos se encontraram e por alguns segundos me perdi nas profundezas daquele esverd
- Pré-infartada... – E totalmente monopolizadora, pensei.- Estou me sentindo traída.- E eu chateada por você achar que a minha faculdade é uma “idiotice”.- Eu... Não quis dizer isto.- Vó, eu conversei com Davina. Cuidarei de Diogo até que ela consiga a guarda novamente.- Como assim? Você está com a posse do menino?- Não, vovó, não estou com a “posse” de Diogo. Ele está sob a guarda de Tessália Archambault Chamalet, madrasta de Chain.- Minha querida, ainda há tempo de escapar deste casamento louco que está a entrar... Pela segunda vez.Eu cheguei a imaginar sua cara naquele momento, arqueando as longas sobrancelhas escuras, tentando me convencer de que ficar com ela e mamãe era o melhor.- Eu amo Chain, vó.- Eu... Sei. E ele a ama, não tenho d&uacut
— Eu gostaria de dizer que você ouviu errado, Chain. Mas não, é isso mesmo. Ela vai usar Rambo... E algumas das meninas junto.— Isso é... Surreal.— Sim. Eu... Nem sei o que dizer. Tentei explicar que era uma loucura, mas vovó está com a ideia fixa nisso. Acha que vai ganhar muito dinheiro.— Sobre ganhar dinheiro... Talvez ela tenha razão nesta parte. O mundo dos pornôs ainda é rentável.— Mais que um Bordel, onde você paga pelo sexo de verdade?— Eu não entendo muito sobre estas coisas, Liah. Mas confesso que não entendo como sua mãe e avó conseguiram falir, pelo preço que cobravam.— Creio que o Hotel fosse por onde o dinheiro escapava.— Ainda assim... Quem cuidava do dinheiro?— Mamãe... E antes dela, vovó. Ou seja, não há como uma te
Naquela manhã finalmente terminei meu vestido. E me senti tranquila, já que teria 48 horas para preparar-me para a cerimônia sem me preocupar com roupa e calçado, já que havia comprado um par de botas novas. Ainda tinha que pensar no que faria nos cabelos.Eu não queria ir a algum lugar para fazer maquiagem, unhas e tudo mais. Realmente para mim o que importava era usar a vestido de noiva e estar enfim casando com Chain... De verdade desta vez.Quando chegou às 16 horas, usei meu motorista pela segunda vez, pedindo que me levasse até a Construtora Partenon.— Pode ir embora. Voltarei com Chain — avisei-o.Quando parei na frente da matriz da Partenon, olhei para cima, observando o prédio enorme. E pensar que tempos atrás tentei ir ali para encontrar o homem que queria nos tirar do Hotel Califórnia. E acabei encontrando Chain. Fiquei imaginando se eu tivesse conseguido e