— Vocês só perderão o Hotel se eu estiver morta — Rosela falou de uma forma tão séria, como eu nunca havia visto antes.
— Eu pensei em tentar alguns contatos... Mas não sei se resolveria muito — Candy disse, sem esperanças.
— Tente o que puder. Vou ver o que consigo fazer com meus contatos também. Não é só pelo valor do lugar, apego a lembranças... É muito mais. — Rosela estava com o olhar distante. — Nossa vida inteira está ali. Sabemos que aquela porra não vale nada para ninguém a não nós. E não há para onde ir... O Hotel Califórnia sempre foi o Hotel Califórnia. A rua se chama Califórnia por conta do Hotel e não o contrário, como deveria ser. Aquelas paredes têm histórias...
— De sexo? — Arqueei a sobrancelha, não q
Chain não apareceu no Bordel na noite seguinte. E o pior era não ter certeza se achei aquilo bom ou ruim. Mas ainda ecoava na minha mente o que minha mãe havia falado sobre ele querer pagar por mim... Qualquer valor. Por quê?O movimento foi fraco e antes das seis conseguimos fechar e ir descansar. Tomei um longo banho, ainda com o idiota de olhos verdes na minha cabeça.Enxuguei-me e pus uma calcinha e a velha camiseta de dormir. Deitei na cama e finalmente me senti confortável e livre. Aquele era sempre um dos melhores momentos do dia.Olhei pela janela, antes de fechar a cortina blackout que fazia o dia virar noite dentro do meu quarto. Avistei o cemitério, minha visão diária e mais atraente e tentei sentir a presença de meu pai:— Pai, acho que a gente precisa muito de você. Mamãe não suportará perder este Hotel. É tudo que temos. E sair daqui
Rambo soltou-o, vagarosamente. Cristiano, com o rosto completamente vermelho e pingos de suor na testa, arrumou a camiseta, enquanto eu disse, olhando nos seus olhos:— Não sou e nunca fui mulher para você, Cris. Tem um vulcão dentro de mim, em erupção. E você é um copo d’agua tentando apagar um incêndio. Eu não sou vagabunda. Só estou em busca de ser bem comida.Ele não ousou falar nada, pois certamente temia Rambo ao meu lado. Saiu, fazendo questão de deixar a porta aberta.Olhei para Rambo e o abracei, sentindo meu coração desesperado, parecendo querer deixar o peito.— A ofensa vinda dele foi horrível — falei.— Nunca achei que vocês combinassem. — Ele afagou meus cabelos.— Obrigada. — Afastei-me.— Jamais deixarei que ninguém faça nada de mal a nenhuma de
Despertei sentindo dor de cabeça. Olhei no relógio e era cinco da tarde. Levantei da cama, confuso. Como dormi tanto? Certamente o uísque me pegou.Fui para o banho, tentando acabar com a preguiça. Enquanto me enxugava, olhei para todos os lados, imaginando “se” e “onde” estava a câmera dali. Vivíamos sendo observados e isso me deixava bem incomodado algumas vezes.Enrolei a toalha na cintura e fui até o espelho, enquanto penteava os cabelos. Vi os olhos castanhos de Merliah, o rosto claro emoldurado pelos cabelos escuros e lisos. Caralho, o que a mulher estava fazendo ali?— Eu bebi demais! E embora o uísque tivesse gelo, me pegou de jeito.Abri a porta e vi Milano sentado na minha cama. Arqueei a sobrancelha e ele levantou uma xícara na minha direção, enquanto bebia da outra.— Uísque? — perguntei, enquanto pegava uma roupa no armário.— Você beberia uísque em caneca? — Meu irmão riu.— Claro que não.— Então por que acha que eu beberia? É café. Puro e forte.— Acha que preciso? — B
POV MerliahCombinamos que o aniversário de Irma seria às 19 horas, para que eu pudesse participar e voltar para o trabalho antes da meia-noite. Eu estava ansiosa, especialmente pelos pedidos da aniversariante: uma volta de montanha-russa, um bolo e strippers. Vi mulheres tirarem a roupa a vida inteira, mas homens, por mais incrível que pareça, não.Parque de vestido, impossível. Optei por um short em jeans preto, customizei uma camiseta branca com pérolas, retirando as mangas, deixando-a mais fresca. E nós pés, botas de cano curto. Sim, eu era a louca das botas. Não importa a temperatura, elas estavam sempre nos meus pés. Se estavam na moda? Nem sempre. Mas eu gostava de fazer minhas próprias tendências e que elas intencionalmente me diferenciassem dos demais. A vida era uma só e passava rápido como um sopro para se vestir como todo o mundo.Claro que fiz um vestido para Irma. Foi o presente de aniversário dela. Usei linho bege, produzindo algo fresco e confortável, ao mesmo tempo el
— Aquela é... A sua mãe?— Sim. A minha mãe — confirmei, orgulhosa.Estávamos parados no meio do parque de diversões, tão próximos que eu conseguia sentir o cheiro do perfume caro dele. Chain vestia calça jeans escura e camisa preta, mangas dobradas na metade do braço, mostrando o que sobrava de pele, morena, cabelos na medida... Dedos longos e unhas bonitas.Me vi completamente atordoada, observando cada centímetro daquele homem que me fascinava de uma forma que não eu não conseguia entender.— Liah, eu fui um idiota. Me desculpe.— Por ter me tratado feito uma puta? Ou por tratar qualquer mulher que julga puta daquela forma? — Fiquei em dúvida se me fiz entender.— Em minha defesa, digo que nunca fui num lugar assim antes. Era minha primeira vez. Nunca paguei para fazer sexo, entende?Eu imaginava que ele não precisava daquilo mesmo.— E como foi parar lá? Você já sabia, quando me encontrou na recepção, naquela noite?— Não... Eu realmente não sabia. Para mim, você era só uma louca
Dei um passo para trás:— Pelo visto você lembra bem o que fez.Chain riu:— Sim... E você também.Suspirei:— Definitivamente, você é um idiota.— Por que senti vontade de transar com você?Ele foi bem direto. E eu até estava acostumada com aquilo. Mas no Bordel e não num parque de diversões.Por que mesmo eu estava me fazendo de difícil? O diabinho assoprava no meu ouvido: “Vai lá, Merliah, dá para este monumento e tire a prova de que você não tem problema com sexo”. O anjinho sussurrava do outro lado: “Chamalet é problema na certa. Não finja que ele não mexe com você porque sabe que sim... Lá dentro. Se apaixonar por ele seria o fim da sua existência”.— Podemos fazer um trato. Eu convido você para o aniversário e aceito suas desculpas por me tratar daquela forma.— O que preciso fazer em troca?— Tirar a sua roupa... Toda.Chain arqueou a sobrancelha:— Posso começar agora?Eu comecei a rir:— Quer tanto comer o bolo da dona Irma? Ou seria eu aceitar suas desculpas, que são fundam
Assim que chegamos ao Lar, já haviam organizado na sala, o maior cômodo do lugar, uma mesa com a torta, pratos e garfos. E sim, Irma exigiu 79 velinhas individuais. Cantamos os parabéns e Candy cortou o bolo, que parecia apetitoso.Mas eu sabia que elas não estavam se importando com o bolo. Estavam todas sentadas, esperando ansiosamente pelo show.Eu e Denis já havíamos combinado tudo. Então, quando Irma terminou de comer sua fatia de torta, o enfermeiro desligou as luzes principais, colocando a música que eu havia escolhido para tocar no celular, em volume máximo. Claro que o volume máximo do celular dele era praticamente nada, na imensidão daquele cômodo, parecendo mais um eco do que a música em si.Então, desajeitadamente, entraram meus strippers iniciantes, mas promissores: Chain Cha Chamalet, Tiago não sei de que e Rambo, ao som de “Rhythm is a Dancer”, uma música famosa nos anos 90, que escolhi com muito carinho para elas. Lembro de ter visto algum filme com homens dançando àque
Passei o dedo indicador no chantilly da torta dele e lambi, fazendo-o me encarar, sem mover-se.— Realmente... Bom — falei, ainda ouvindo os gritos na sala, mas completamente compenetrada naquele momento.Ele pôs o prato sobre a pia e se aproximou de mim, o suficiente para eu sentir o cheiro e ouvir sua respiração, tão acelerada quanto a minha. Meus olhos fixaram-se nos dele e eu não iria dar para trás desta vez.Chain aproximou os lábios dos meus, mas não me beijou. Meus olhos estavam automaticamente fechados, esperando pelo que não veio. Encostou o rosto no meu e ofegou na minha orelha, arrepiando até meus dedos dos pés.— Você quer um beijo, Merliah? — sussurrou sem pressa, parecendo soletrar cada palavra.Não fui capaz de responder, mas minha cabeça acenou com um sim. Senti ele sugar o lóbulo da minha orelha e gemi, parecendo estar prestes a gozar, recriminando-me por aquele ato.Abri os olhos e nos encaramos.— Onde quer que eu a beije?Me vi direcionando a mão para minha boceta,