Dei um passo para trás:— Pelo visto você lembra bem o que fez.Chain riu:— Sim... E você também.Suspirei:— Definitivamente, você é um idiota.— Por que senti vontade de transar com você?Ele foi bem direto. E eu até estava acostumada com aquilo. Mas no Bordel e não num parque de diversões.Por que mesmo eu estava me fazendo de difícil? O diabinho assoprava no meu ouvido: “Vai lá, Merliah, dá para este monumento e tire a prova de que você não tem problema com sexo”. O anjinho sussurrava do outro lado: “Chamalet é problema na certa. Não finja que ele não mexe com você porque sabe que sim... Lá dentro. Se apaixonar por ele seria o fim da sua existência”.— Podemos fazer um trato. Eu convido você para o aniversário e aceito suas desculpas por me tratar daquela forma.— O que preciso fazer em troca?— Tirar a sua roupa... Toda.Chain arqueou a sobrancelha:— Posso começar agora?Eu comecei a rir:— Quer tanto comer o bolo da dona Irma? Ou seria eu aceitar suas desculpas, que são fundam
Assim que chegamos ao Lar, já haviam organizado na sala, o maior cômodo do lugar, uma mesa com a torta, pratos e garfos. E sim, Irma exigiu 79 velinhas individuais. Cantamos os parabéns e Candy cortou o bolo, que parecia apetitoso.Mas eu sabia que elas não estavam se importando com o bolo. Estavam todas sentadas, esperando ansiosamente pelo show.Eu e Denis já havíamos combinado tudo. Então, quando Irma terminou de comer sua fatia de torta, o enfermeiro desligou as luzes principais, colocando a música que eu havia escolhido para tocar no celular, em volume máximo. Claro que o volume máximo do celular dele era praticamente nada, na imensidão daquele cômodo, parecendo mais um eco do que a música em si.Então, desajeitadamente, entraram meus strippers iniciantes, mas promissores: Chain Cha Chamalet, Tiago não sei de que e Rambo, ao som de “Rhythm is a Dancer”, uma música famosa nos anos 90, que escolhi com muito carinho para elas. Lembro de ter visto algum filme com homens dançando àque
Passei o dedo indicador no chantilly da torta dele e lambi, fazendo-o me encarar, sem mover-se.— Realmente... Bom — falei, ainda ouvindo os gritos na sala, mas completamente compenetrada naquele momento.Ele pôs o prato sobre a pia e se aproximou de mim, o suficiente para eu sentir o cheiro e ouvir sua respiração, tão acelerada quanto a minha. Meus olhos fixaram-se nos dele e eu não iria dar para trás desta vez.Chain aproximou os lábios dos meus, mas não me beijou. Meus olhos estavam automaticamente fechados, esperando pelo que não veio. Encostou o rosto no meu e ofegou na minha orelha, arrepiando até meus dedos dos pés.— Você quer um beijo, Merliah? — sussurrou sem pressa, parecendo soletrar cada palavra.Não fui capaz de responder, mas minha cabeça acenou com um sim. Senti ele sugar o lóbulo da minha orelha e gemi, parecendo estar prestes a gozar, recriminando-me por aquele ato.Abri os olhos e nos encaramos.— Onde quer que eu a beije?Me vi direcionando a mão para minha boceta,
Depois do enterro de Irma, que ocorreu no final da tarde do dia seguinte da morte, estava me encaminhando para o Hotel Califórnia quando Cris alcançou-me:— Como se sente?Olhei todos se dirigindo ao portão de saída do cemitério. Eu não queria ficar sozinha com ele:— Como me sinto? Feliz! Pensei inclusive em soltar um foguete em homenagem à morte dela.— Foi... Só uma pergunta. Me preocupei com você.— Então não perca seu tempo: não se preocupe. Não temos mais nada um com o outro, entendeu?— Sempre fomos amigos, Liah.— Sim, “fomos”... Tempo passado. Não somos mais e nem voltaremos a ser. Além do mais, acho que não pega bem para você ser visto ao lado de uma vagabunda como eu. Sabe como é... — debochei, virando as costas.— Eu não acho vo
Respirei fundo e olhei-o firmemente:— Chain, eu poderia dizer que sim. Mas... Estou cansada. Não durmo desde ontem. Então, se você me levar para um Motel, eu vou literalmente ferrar no sono. Porque é isso que farei quando ver uma cama na frente. E não vou mentir: não sou como as mulheres que dormem com você, mas não são prostitutas. Toda minha vida eu foquei em não ser como minha mãe ou as meninas que trabalham no Bordel Califórnia. Ou seja: não sou mulher de uma noite.Ele arqueou a sobrancelha e respirou fundo:— Nossa, me deixou sem palavras. Muito direta... Até demais.— Nem sempre sou uma mentirosa. — Sorri, tentando parecer não ser tão sério o que eu havia dito.— Isso quer dizer que... Não vamos transar?— Não... Por enquanto. Se eu dormir com você, vai virar as c
Acordei era 9 horas da manhã do dia seguinte. Ninguém me chamou sequer para trabalhar. E agora, certamente todos estavam descansando. Poderia ir ao lar ver como estavam Rosela e as meninas, mas precisava deixar que repousassem também. Se eu estava triste pelo acontecido, imaginava como estava os coraçõezinhos comprometidos delas.Fiquei na cama até meio-dia. Tomei um banho e desci. Não havia comida pronta, pois não estava na hora do almoço. Encontrei Diogo com a babá e brinquei um pouco com ele, no quintal dos fundos, que seguia cheio de reparos para fazer, começando por cortar a grama.Peguei algo para comer na cozinha e sentei na academia do Hotel, olhando pelo vidro, que me presenteava com árvores e mato alto, gritando por socorro e algo belo aos olhos. Minhas pernas estavam tipo “borboleta” na confortável cadeira enquanto devorava uma das maçãs.
— Passou pela minha cabeça que se o dono nos deu mais tempo, talvez acabe nos vendendo o Hotel de volta.— Não vejo esta possibilidade, sinceramente.— Precisamos de dinheiro... Estamos completamente falidas e não posso de forma alguma oferecer menos aos clientes. O Bordel sempre será nossa prioridade.— Qual seu plano? Botar as meninas a trabalhar mais? Elas não dariam conta. Já fazem o melhor que podem.— Não, não me passa pela cabeça estender o horário de funcionamento do Bordel, como Diany sugeriu. Não resolveria nossos problemas.— E alguma coisa, sem ser dinheiro, resolveria?— Eu estou pensando numa coisa.— O quê? — Arqueei a sobrancelha, curiosa, vendo a empolgação dela.— Um dos clientes do Bordel me falou sobre um bilionário que quer uma mãe para se
Antes da meia-noite, horário que abríamos as portas do quinto andar para os clientes, Candy chamou todos para uma breve reunião.— Reunião de novo? Agora virou rotina? Espero que não tenham roubado Candy novamente — Ketlin sussurrou no meu ouvido.— Assim espero — falei, incerta sobre o que poderia ser.— Você não sabe o que é?— Não.— Mas... É a filha dela.— Brigamos um pouco. — Mordi os lábios, começando a ficar nervosa.Os olhos de Candy vieram diretamente para mim e Ketlin. Minha mãe odiava quando falavam junto com ela. Paramos imediatamente.— Recebi uma ligação de uma pessoa importante há algumas horas atrás. Teremos hoje a visita de um político influente de Noriah Norte. Quero que ele tenha uma ótima noite e prazer garantido.