A porra da dor que eu sentia ao vê-lo com ela era estranha e horrível. Ao mesmo tempo que eu era completamente louca por ele, tinha vontade de esfolá-lo vivo.
Acho que não havia mais como negar, com todos aqueles sinais dentro de mim: eu estava apaixonada. E não... Jamais senti aquilo antes. Então tudo era novidade, inclusive minha indecisão e insegurança na hora de agir com relação a Chain.
Os dois desceram na frente em direção à garagem. Eu seguia arrastando a mala de Drag Queen anos 80 da minha avó, amedrontada do que tinha dentro.
Já não havia muitos carros ali. Vi acionar o alarme do Mustang Shelby branco e enquanto analisava cuidadosamente aquela belezinha, minha “colega” tomou o lugar da frente, ao lado do motorista.
Não que eu esperava ir à frente, com ele. Mas ela sequer me deu oportunidade. E nem daria. E
Esperei enfurecer Chain de alguma forma, mas não. Recebi o silêncio moral dele e Jadis seguiu a reação do nosso “comprador”.— Vai gostar da experiência — Jadis afirmou, fazendo com que um frio percorresse a minha espinha.— Não vou dizer que fiz sexo a três muitas vezes... Mas tenho certa experiência — Chain se gabou. — Então, como Cristal também já fez, creio que terá bons professores, Liah.Deitei de novo, sentindo uma lágrima escorrer pelo rosto. Tracei meu plano: ele estacionaria o carro e eu sairia correndo e fugiria. Sobre devolver o dinheiro em dobro para ele: eu daria um jeito. Papai proveria... Do céu.Limpei meus olhos com força usando a mão e segui virada de lado oposto para eles. Seguiam conversando e eu tentei fixar minha mente num vestido lindo que eu faria... De noiva. Isso, um vestido de noiva ocuparia minha mente e eu não prestaria atenção no que eles estavam discutindo ali sobre a nossa noite.Ouvi meu nome e fingi estar dormindo. Sequer me prestei a atentar-me ao q
Chamalet gargalhou:— Achei perfeito.— Você vai sofrer muito com a minha morte. Lembrará do que eu disse na tenda do Parque de Diversões: “o amor está chegando, mas é cheio de empecilhos, no entanto, sua vida vai cruzar com a dela...”— De forma indissolúvel — ele completou, fazendo meu corpo arrepiar-se.Minhas pernas recusaram a mover-se. Era como se a terra tivesse parado de girar naquele momento e só existisse eu e ele... E a curta distância que nos separava. Nossos olhos não se deixavam, e eu podia sentir algo em Chain...— Onde fica nosso quarto? — Ouvimos Cristal, parada na nossa frente.Será que ela não percebia que estava sobrando? Se eu mandasse ela embora Chain ficaria muito bravo? Poderíamos brincar de marido e mulher e fingir por 48 horas que estávamos em lua de mel? Ele poderia me dar o anel do humor, que não passava de uma porcaria. Eu não me importaria de pô-lo no meu dedo... Mostrando para ele cada sentimento que existia dentro de mim.— Vamos subir — ele disse, vira
Milano seguiu dirigindo, me olhando de relance:— Tem sangue no seu braço?— Eu caí...— Isso parece estar feio.— E dói muito.A luz interna do veículo continuava ligada. Observei-o de relance, cabelos claros e por cortar, olhos azuis, braços fortes, barba bem-feita.— Caso esteja passando pela sua cabeça me estuprar, quero que saiba que tenho uma doença sexualmente transmissível — falei, num ímpeto, o medo tomando conta de forma tardia.O homem riu, sem me olhar:— Eu não vou estuprá-la. E tenha certeza que esta decisão foi tomada totalmente em função do que acabou de me dizer. Pegar uma DST me assustaria muito.Eu ri também, balançando a cabeça:— Ok, fui ridícula... Mas estou com medo de você — confessei.— Não tenha. Sou um homem do bem, Merliah. Mas curioso sobre o que faz aqui, na madrugada, com esta mala e a roupa neste estado. Me parece que já foi estuprada.Respirei fundo e não controlei o choro.— Quer me contar o que aconteceu? — ele perguntou.— Não estou chorando em funç
Olhei para Milano, que nos observava:— Encontrei-a na estrada. Ela está machucada. O que está pensando, Chain? O que se passa nesta porra que você chama de cabeça?— Ela... Fugiu.— Você comprou a menina num leilão? Que tipo de lugares está frequentando? Como pode agir assim? Você parece... Ele!— Eu não queria, juro. Não era minha intenção... Liah, me desculpe.— Quero ir embora... Por favor — ela repetiu.— Eu só vim me certificar do que estava acontecendo. Mas agora já imagino para que me pediu dinheiro. Uma quantia altíssima... Um caso de vida ou morte! — Milano me olhou com desdém. — Vou levar Merliah embora, para casa dela.— Ela sequer tem casa. — Ouvimos Cristal, completamente nua, próximo de nós.Milano me olhou e também fiquei confuso ao vê-la daquele jeito ali. Tinha na mão uma taça com algo que não identifiquei dentro. Se sentia em casa a vagabunda.— Eu tenho uma casa... Que divido com você e não o contrário — Liah defendeu-se.— O que está acontecendo aqui, Chain? — Mil
POV MerliahChain e Milano se entreolharam, como se partilhassem de algo que eu não sabia.— O que mais quer saber sobre minha mãe, Chain?— Merliah, acho que vamos ficar aqui esta noite. Está muito tarde e você precisa descansar. Vou olhar seu ferimento e ver o que consigo fazer. Prometo que amanhã a levo para Azah... Sem falta — propôs Milano.Olhei para Chain, que disse:— Por favor, Liah... Fique.Peguei minha mala e subi até a mansão, na frente de todos. Não tinha ideia de que horas eram, mas realmente dirigir de novo para lá era uma loucura.— Você precisa tomar um banho, Merliah. E pôr uma roupa limpa — Milano avisou.— Quer que eu me vista também, bonitão? — Cristal perguntou, debochadamente.— Não quero, exijo — ele disse firmemente.Eu ri. Chain
— Obrigada pela gentileza e preocupação, Milano.Chain levantou e fechou a mala:— Deixarei nossas coisas por aqui, Liah. Amanhã vemos juntos o que usar. — Se referiu ao conteúdo da mala.— Foi Rosela que fez a mala.— Eu sei. Já disse que adoro a sua avó?Arqueei a sobrancelha e antes que dissesse qualquer coisa, Milano ordenou:— Vista algo, Merliah.Mostrei a camiseta na minha mão e expliquei:— Não há nada usável dentro daquela mala... Juro.— Por isso mesmo, vovó Rosela é um amor. — Chain começou a rir. — E creio que mamãe Candy seja assim também, não é mesmo, Milano?Milano não disse nada, só ficou me observando. Fui para o banheiro e pus a camiseta de Chain, recusando-me a pôr uma calcinha daquelas que pudesse a
Não tenho certeza de quanto tempo fiquei deitada, no escuro, sem sentir sono. Porque por mais cansada que eu estivesse, não costumava dormir àquela hora. Meu relógio biológico não era como o da maioria das pessoas.Via a cortina mover-se com o vento vindo da praia e fiquei a imaginar se Chain estaria dormindo no quarto da frente ou junto de Jadis, que ele conhecia como Cristal.Imaginei ele beijando-a, a língua deles juntas, trocando saliva... Sua mão na pele dela... Cristal de pernas abertas, completamente nua, acolhendo o corpo dele junto de si... Então senti lágrimas descendo dos meus olhos, mesmo sem querer.Respirei fundo e levantei. Eu tinha que ver com meus próprios olhos se eles não estavam juntos. E caso me certificasse de que sim, o que eu faria? Sairia correndo novamente, como uma menininha ingênua e ciumenta?Andei pelo corredor devagar para não fa
Chain subiu a rampa de acesso ao Pronto Socorro, estacionando o automóvel exatamente em frente à porta principal.Antes que eu pudesse abrir a porta do carro, ele já estava me pegando no colo, como se eu não pesasse nada.Entrou comigo porta adentro:— Um médico urgente... Ela está passando mal.A única coisa que pensei naquela hora foi que minha bunda estava de fora e eu estava nua por baixo da camiseta. Posso apostar que aquele fato fez com que meu coração acelerasse ainda mais.Por sorte, rapidamente trouxeram uma maca e fui levada por dois enfermeiros. Procurei por Chain, mas ele não estava mais comigo.— Ele não pode entrar por enquanto — avisou o enfermeiro, parecendo perceber que eu procurava meu acompanhante.Entrei numa espécie de quarto amplo e começaram a verificar meus sinais: pressão, temperatura e oxigena&c