Ranço

Procurei por Rosela no quarto, mas ela não estava. O enfermeiro me avisou que minha avó estava no jardim. Quando cheguei lá, a mulher estava rodeada por outras senhorinhas, sob o sol, sentadas em confortáveis cadeiras. Percebi as gargalhadas de longe e cruzei os braços, ouvindo a ex prostituta contar uma de suas inúmeras histórias. Sorri, orgulhosa de vir daquela família, descender de uma mulher tão forte e especial.

— Minha neta querida... Aproxime-se destas velhas depravadas.

Me dirigi ao círculo, dando um beijo no rosto dela, enquanto a observava rir alegremente.

— Amo suas histórias — confessei.

— Eu sei disto. Mas agora não é hora de contar mais histórias. Na verdade, estávamos organizando a festa de aniversário do lar... E acabei contando uma pontinha do que já me aconteceu nesta vida.

— Quando sua avó morrer, as pernas dela finalmente se encontrarão — uma das idosas falou debochadamente.

— Pode apostar que sim — confirmei. — Que festa de aniversário? Eu nem sabia nada sobre iss
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