— Oi... Vim cobrar minha maçã — brinquei.— Liah! O movimento está bom por aqui. Mas não imaginei ler a sua mão.— Eu quero ler a minha — Ketlin sentou-se na cadeira antes de mim, pondo a palma da mão sobre a pequena mesa de vidro.Irma, do outro lado, pegou a mão da minha amiga e disse:— Você tem uma mão pequena... Significa que é bastante atenta e observadora.— Realmente sou.— Uma mulher prática e pouco racional. Romântica e muito dedicada ao relacionamento.— Não tenho um relacionamento.— Mas vai ter... Irá se apaixonar. Mas não vai ser fácil conseguir a felicidade junto dele. Você é muito flexível e isso a deixa constantemente indecisa. É uma pessoal saudável e terá vida longa. É comunicativa... E otimista.Irma olhou para Ketlin:— Está pronta.— Mas eu quero saber mais.— Não há mais... Eu vejo as linhas.— Posso fazer perguntas?— Não sou vidente, leio as linhas da palma da mão.Ketlin levantou não muito satisfeita. Parecia querer descobrir todo seu futuro naquele momento.
— Eles vão ficar ouvindo? Isso é de praxe? — ele olhou para Ketlin e o homem que entrara junto dele.— Bem... Eu já encerrei a leitura da sua, senhorita — olhei para Ketlin. — Você pode ficar do lado de fora e aguardar, por favor? — agora pedi ao amigo dele ou seja lá quem fosse que entrou junto.Os dois saíram e ficamos eu e o homem, olho no olho. Abaixei meu rosto e observei o relógio caríssimo que ele trazia no braço. O cheiro de perfume era bom e sobressaiu-se ao incenso.— Você é muito criativo e concentrado — toquei numa linha qualquer da mão dele, sem imaginar qual fosse de verdade.— Hum, me conhece de onde?— Você deve saber que não nos conhecemos. Acabo de encontrá-lo. Ou seja, sou boa nisto — gabei-me.— Você é relativamente jovem para ler mãos.— Imaginou que encontraria uma velhinha na tenda?— Confesso que sim.Lembrei de Irma e imaginei que logo ela voltaria do banheiro. Tentei ser mais rápida:— Sua linha do coração se une a da cabeça. Isso significa que você é muito i
Assim que saí da tenda, encontrei-o do lado de fora, de braços cruzados.— Olá, mentirosa.— Esqueci de uma parte... — peguei a mão dele com força. — Seu passado é cheio de segredos e mentiras. Mas você vai se apaixonar... Hum, vejo amor. Mas haverá muitos empecilhos. Sua vida cruzará com a dela de forma indissolúvel.O homem gargalhou:— Jamais eu vou amar uma mulher... Tampouco ter minha vida atrelada à de outra pessoa. Não há segredos nem mentiras do meu passado, embora ele seja uma porra. Deve estar se baseando na sua vida... Porque a mentirosa aqui é você — ele puxou a mão.— Se sabia que era mentira, por que ficou ali?— Para ver até onde você iria.— Nem me conhece. Que diferença faria na sua vida eu mentir ou não?— Previu minha morte... Você é cruel.— Foi o que eu vi... Realmente.Olhei para os lados e procurei Ketlin.— Ela saiu com Tiago.— Tiago?— Meu amigo.Desgraçada! Me deixou sozinha.Suspirei e saí, tentando fingir que estava tudo bem e que eu nunca tinha visto aque
O idiota virou-se na minha direção: — Caralho! Você me mataria de verdade? E se tivesse uma porra de bala aí dentro? — Achei que era de chumbo... — olhei para o cano, confusa. — E eu morreria se fosse de chumbo, sua mentirosa louca. — Não tem nada que simule a bala... — o dono da tenda me explicou. — É tudo por computador... Inclusive o som. Devolvi a arma, chateada. — Esta é a sua cara por que não matou o jovem? — ele me perguntou, arqueando a sobrancelha. — Ele merecia o tiro. — Mas... Você mirou na cabeça dele. — Achei que tivesse munição de chumbo... — Teria feito um estrago do mesmo jeito. — Ele merecia. — Você é louca... — o homem pegou a arma e guardou. O morto-vivo havia desaparecido no meio da multidão. Sorte minha... Ou não. Porque ele ficou na minha mente. ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ POV Chain Cheguei a parar e tocar minha cabeça, atrás. A desgraçada teria mesmo atirado. Nunca vi alguém tão sem noçã
Eu estava morrendo de fome. E só tinha coisas estranhas para comer naquele lugar. Quem seria capaz de comer um cachorro-quente feito num trailer? Ou ingerir a pura doçura que era um algodão doce? Deveria se chamar açúcar em forma de algodão. E aquelas maçãs? Certamente feitas sem nenhuma higiene, embaladas à mão, esperando por uma pessoa gulosa que ingeriria todas as impurezas juntas e misturadas.Pensei em converter calorias e ver quanto de malhação era necessário para eliminar o açúcar do corpo para uma daquelas coisas vendidas.Acabei optando por uma água com gás, que fiz questão de verificar se a tampa não estava rompida. Não tinha coragem de comer uma coisa naquele local. Nem beber. Li uma placa luminosa com a palavra “Capeta”. Que diabos era aquilo, feito num copo? Em que mundo eu estava? Porque Noriah Norte certamente não era. Talvez um portal... Do que poderia ser nosso país caso tivéssemos um governante ruim.Voltei para o local da minha morte anunciada: a roda gigante. E par
— Tente pensar em outra coisa e não no enjoo... Deixe-me ver...— Preciso descer — respondeu nervosamente.Assim que giramos até a parte térrea, avisei o homem responsável pelo brinquedo:— Vamos descer. A moça não está passando bem.— A avó dela pagou mais uma hora.— Uma hora rodando? — perguntei, incrédulo.— Sim... — ele afirmou, enquanto subíamos de novo.— Sua avó é maluca?— Sim...— Esqueci, ela não é sua avó — debochei.Ela me olhou e não parecia a fim de me retrucar. E isso me deu até pena dela. Estava com a cara péssima e os lábios sem cor.— Vai para o outro lado... — pediu, com a voz fraca.— Vamos fazer assim... — retirei o plástico com o anel do me
— Onde você lavaria a minha camiseta?— No banheiro.— Eu vou aceitar. Não posso entrar no carro neste estado. Tiago me mataria.Esperamos até que quase todos descessem para que chegasse a nossa vez. Não conversamos neste meio tempo. Estava muito envergonhada de ter vomitado nele. Que dizer, não porque era “ele” em específico... Pois eu ficaria assim se fosse em qualquer outra pessoa. Até... Em Cris.Assim que a nossa gaiola foi aberta, o atendente do brinquedo olhou para dentro e fez cara feia:— Nossa! Que estrago!— Ela fez isso só para me ver sem camisa — ele garantiu, enquanto saltava antes de mim da gaiola.— Seu metido, convencido... — me vi indo atrás dele.Para minha sorte, ele foi na direção de Ketlin e seu amigo. Acabamos chegando juntos.Nos encaramos, os quatro. O amigo dele perguntou:— O que houve com a sua camiseta?— A mentirosa vomitou nela.— Eu não sou mentirosa. Se disser isso outra vez eu vou...— Me matar de verdade? — encarou-me seriamente.— Você bem que merec
— Não sei se posso acreditar em você, mentirosa.— Liah?Olhei para o lado e vi minha avó vindo na nossa direção. Não... Aquilo era minha destruição, na certa.Ela me abraçou e encarou Chain:— Como foi na roda gigante, bonitão?— Obrigada por pagar para mim... Sou Chain — ele estendeu a mão para ela, que apertou-a, olhando para o homem de forma sedutora.— Sou Rosela... Mãe da mãe de Merliah.Chain enrugou a testa, parecendo com dificuldade de assimilar o que minha avó disse.— Prazer em conhecê-la, Rosela.— O que um homem como você faz neste Parque... Para não ir mais profundamente e perguntar o que faz nesta cidade?— Um pouco perdido... Só isso... — ele respondeu, depois de pensar um pouco.— Enfim, se encontrou. E não é que achou o que tinha perdido?O homem a olhou, confuso.— Merliah — Rosela explicou.Revirei os olhos:— Não, vó!— Vó? Eu mal conheço você, garota. Como ousa me chamar de vó?Ele me olhou e começou a rir:— Você mal a conhece... E ela afirmou não saber quem a s